O CDS-PP que se cuide. Manuela Ferreira Leite revelou — ontem, na TVI — que está disposta a lançar uma cruzada pelos bons costumes: “a família tem por objectivo a procriação”¹. No tempo em que o CDS-PP detinha em exclusivo a agenda da procriação no seio da família, o PSD abria-se à sociedade pela mão da deputada Natália Correia:
O Truca Truca
Já que o coito – diz Morgado –
Tem como fim cristalino,
Preciso e imaculado
Fazer menina ou menino;
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca,
Temos na procriação
Prova de que houve truca-truca.
Sendo pai de um só rebento,
Lógica é a conclusão
De que viril instrumento
Só usou – parca ração! – Uma vez.
E se a função
Faz o órgão – diz o ditado –
Consumada essa excepção,
Ficou capado o Morgado.
_________
¹ Mais chocante na entrevista de Ferreira Leite nem foi a explícita discriminação (termo que usou) que defende em relação aos homossexuais, mas o desprezo com que se referiu às relações entre homossexuais: “Chame-lhe o que quiser, não lhe chame é o mesmo nome. Uma coisa é o casamento, outra é outra coisa qualquer”.
7 comentários :
WHAT THE FUCK ?...
Se não é "outra coisa qualquer", esclareça-nos...
Sexo não é, certamente...
Prática de sexo tem a ver com interacção entre orgãos sexuais (no gánero humano, pénis e vagina)... "acho eu de que"...
Pénis e ânus parece-me "outra coisa qualquer"...
Porém, como sou um kota muito "bota de elástico" admito estar desactualizado...
Só cá faltava defenderem a paneleirice.
Também não admira, num blogue de lacaios deste governo de pedófilos...
Quer queiram quer não uma e outra coisa andam ligadas.
São duas taras com a mesma natureza.
"Pénis e ânus parece-me "outra coisa qualquer"...
E vagina e vagina?
caro kota, não esteja armado em estúpido.
Edie Falco
Ó anónimo das 05:19:00, se sexo para si é só pénis e vagina, que vida sexual tão triste que você tem... :)
Ser alto é uma coisa, não ser alto é uma outra coisa qualquer. Que há de errado nesta frase? Há que as pessoas vêm nela.
É lógico que é diferente um casamento homossexual e um casamento heterossexual. E por tal têm que ser tratados de forma diferente, ainda que ambos de forma justa. A lei funciona assim em democracia, a igualdade é um direito absoluto apenas num regime anárquico perfeito.
E como tal seria mais importante reparar em outras barbaridades que a MFL disse.
Se houvesse honestidade intelectual neste blogue, explicar-se-ia que, nos idos do século XX, quando Natália Correia era viva e escreveu este lindíssimo poema satírico, o deputado do CDS estava a defender sexo só no casamento e só com vista à procriação.
Com maior ou menor elegância ou acerto nas palavras de MFL, estamos actualmente a discutir se se deve ou não aprovar um contrato similar ou igual ao do casamento, mas entre pessoas do mesmo sexo.
E também se discute - o que não é nenhum retrocesso civilizacional - se se deve chamar casamento.
E quem acha que isso não deve ser discutido é que é dogmático e bota de elástico.
Como todos já devem ter concluído, existem fufas e paneleiros desde que há humanidade, mas nunca se instituiu, em qualquer época histórica, país, região do globo, um "casamento" de homossexuais.
Em milhares de anos, nunca se criou um contrato tipo casamento para homossexuais.
Agora discute-se, logo, só podemos concluir que estamos avançadíssimos!
E concordo plenamente com a MFL: chamem-lhe outra coisa. Porque o casamento existe como instituição há milhares de anos, e foi sempre entre homem e mulher.
Por isso, não se subverta a história, e chame-se-lhe outra coisa.
Só um cego não vê isto.
Nem vislumbro qualquer razão para que um homossexual faça finca-pé para que se chame casamento. Chama-se uma coisa diferente, porque é diferente, mesmo que de ambos advenha o mesmo regime jurídico.
Mesmo que a frase “a família tem por objectivo a procriação” fosse dita a pretexto de casamento entre homossexuais, a verdade é que pode ser bem comentada ao estilo do poema da Natália.
Porque o casamento não se reduz a isso, o casamento não implica isso. Doutro modo, haveria, antes do casamento, que fazer a prova das capacidades físicas para procriar e ser assumido que, prova feita, à procriação não se poderia ninguém esquivar.
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