quinta-feira, fevereiro 26, 2009

A auto-estrada rosa que, afinal, é laranja

O Público, perdão, o PSD inventou agora uma auto-estrada rosa, um luxo socialista.

Olhando atentamente para o mapa que o PSD distribuiu na Assembleia da República, facilmente se percebe que, se auto-estrada do luxo existe, ela foi lançada precisamente pelo PSD, mais precisamente pela Ministra de Estado e das Finanças de Durão Barroso, que assinou por baixo a construção da auto-estrada Porto-Oliveira de Azeméis. Provavelmente, porque o PSD achava, na altura, que essa seria a melhor maneira de servir aquelas populações.

Mas, se continuarmos a olhar para o mapa, percebemos que a auto-estrada do luxo desce por aí abaixo, substituindo o IC2 (antiga EN1), entre Oliveira de Azeméis e Coimbra, eliminando, dessa maneira, uma das estradas que mais vidas ceifou nas últimas décadas - é que o IC2 está transformado numa estrada quase urbana de grande densidade de tráfego.

Nesse troço, a auto-estrada do luxo vai beneficiar directamente os concelhos de Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha, Anadia e Coimbra, que de cor-de-rosa pouco têm.

Mas olhemos melhor para o mapa. A partir de Coimbra, e até Tomar, a auto-estrada do luxo inclina-se para o interior e vai tirar do isolamento os seguintes concelhos: Miranda do Corvo, Penela, Ansião, Figueiró dos Vinhos, Alvaiázere, Ferreira do Zêzere e Tomar. Também eles muito pouco rosa...

De Tomar para baixo, o mapa só existe ainda na cabeça dos estudiosos da São Caetano...

Antes de voltar a mostrar o mapa da auto-estrada cor-de-rosa, talvez não fosse má ideia a Dr.ª Manuela falar com os autarcas dos concelhos acima mencionados. Para perceber que não, essa auto-estrada não é para viajar de Lisboa para o Porto, ou vice-versa. Essas estradas, porque de várias se trata, destinam-se a servir, em condições similares às das populações do litoral, os portugueses do interior, que já pagaram com os seus impostos as auto-estradas do litoral e ainda são obrigados a perder horas e vidas em estradas feitas para os (poucos) carros dos seus avôs.

Se falar com os autarcas acima mencionados, a Dr.ª Manuela é capaz de ter uma surpresa:
    Não, Senhora Doutora, para ir de Lisboa ao Porto, os senhores têm há décadas a A1, que agora até tem três faixas em quase toda a extensão. Estas são mesmo para nós, para as nossas empresas, para as nossas actividades... que não somos portugueses de segunda.

3 comentários :

Anónimo disse...

Acabei de ouvir o Vital Moreira na TVI 24. Fosga-se até que enfim! O Vasco P. Valente meteu a viola no saco. É que mentir e ser desmentido, é lixado.
Fosga-se ainda, porque pela primeira vi na TVI uma "coisa" que segue as regras do jornalismo.

Anónimo disse...

O grave é essa AE estar em grande parte desse percurso a escassos quilómetros da A1. Isto é um desperdício de recursos de todo o tamanho.
A acessibilidade aos concelhos que menciona, não necessita de ser feito por uma AE de 200km. Melhorar as estradas existentes, ou construir ferrovia (onde Portugal se afunda ano após ano nas estatística a nível europeu) seria mais do que suficiente.

Construir AEs também agrava fortemente o défice externo no curto e longo prazo, por promover o transporte por rodovia que é energeticamente ineficiente e altamente dependente do petróleo (cuja importação explica a maior parte do défice externo).

Anónimo disse...

Caros amigos, é obvio que todos nós gostaríamos de uma boa via de comunicação de nossa casa até onde "eu" deseja-se ir ou necessita-se de ir. Até aqui todos teríamos razão. Mas o que distingue a razão dos homens é a sua inteligência, e será inteligente ter a via mais estruturante do País (A1) com o cidadão a pagar portagem, e depois, construir uma via ao lado, sem portagem, como se não fosse novamente o cidadão a pagar? Há já me esquecia, é que para muitos, como não tem portagem não é paga! Estes últimos não são os tais que fazem a razão dos homens, mas votam nas eleições como os outros.
Muito mais haveria para dizer, mas por hoje basta, como bastou 3 dias de campanha em Espinho, há os congressistas utilizaram a IC Estarreja-Espinho, pois, não ganham dinheiro para pagar a portagem da estrada paralela ao lado.
Um cidadão, Pedro Silva