1. Admitamos que existem, de facto, "pressões incomportáveis" sobre os magistrados que investigam o caso Freeport?
Não existem no interior do sistema judicial órgãos de recurso para esses casos? Por exemplo, o Conselho Superior do Ministério Público?
Como é que as "pressões" relacionadas com um processo se tornam num caso sindical? Tem o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) algum papel no sistema judicial português?
2. Segundo o Correio da Manhã de hoje [ainda não online], "no essencial, a prescrição [as pressões...] foi defendida pela defesa dos dois arguidos [Charles Smith e Manuel Pedro]."
Desde quando é que a argumentação da defesa pode ser tomada como pressão? Não tem a defesa o direito de apresentar a sua... defesa?
Já segundo o Diário de Notícias, as "pressões incomportáveis" terão ocorrido durante uma reunião entre a directora do DCIAP, Cândida Almeida, e os dois procuradores que tratam do processo. Nessa reunião, terão sido manifestados pontos de vista diferentes sobre o curso da investigação. E então? Havendo três pessoas numa sala, não é natural que existam posições divergentes?
3. O SMMP desenvolve uma campanha contra o novo Estatuto do Ministério Público. E é nesse contexto que surgem as suas tomadas de posição. Será legítimo contaminar um processo em concreto com as posições de orientação geral de um sindicato?
4. A nova direcção do SMMP toma posse a 16 de Abril. Até lá, garante que vai ficar em silêncio - isto depois de ter dito que vai pedir uma reunião "com carácter de urgência" ao Presidente da República para tratar das "pressões incomportáveis". Sendo que a direcção sindical só toma posse daqui a duas semanas, como pode haver uma "reunião de emergência"? Não serão as palavras públicas do novo presidente do sindicato, João Palma, uma "pressão incomportável" sobre o sistema judicial, no que ao caso Freeport respeita, e sobre o sistema político, no que se relaciona com o EMP?
5. Pode um Presidente da República receber uma direcção sindical nestas condições?
5 comentários :
O que verdadeiramente me choca é a forma intencionamente desonesta como que se faz esta politicazinha oposicionista de trazer-por-casa.
Admito que, na oposição, haja a necessidade de, uma ver por outra, ordenar os argumentos conforme dá mais jeito.
Mas o PSD e o Bloco já há muito que passaram esse estádio para algo muito mais desonesto para com os portugueses. E isso é evidente em todos os argumentos políticos que tentam esgrimir, em todos os processos de intenções levantados, em todas as injúrias proclamadas.
Esta forma de fazer política tem na sua base um pressuposto: que o bom do tuga é um idiota que não consegue distinguir o que é um 'innuendo' do que são factos. E o pior é que, às tantas, é mesmo assim.
A "jogada" destes sindicatos até tem nome e é inglês: chama-se fazer "bluff".
E para que é que o fazem?!
Para que as pessoas pensem que é o Ps que está a pressionar!
o presidente da república pode receber quem quiser!
Pode, mas não deve, sob pena de desmerecer o respeito que lhe é devido.
O presidente do sindicato devia imediatamente ser solicitado pela hierarquia a revelar as alegadas pressões. Se não as revelar, deveria, pelo menos, ser objecto de processo disciplinar!
Tão simples quanto isto!
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