domingo, janeiro 24, 2010

Leituras

• Fernanda Palma, Reforma francesa:
    ‘(...) o actual modelo francês é criticável por uma razão decisiva: concentra na mesma entidade a direcção da investigação e o controlo da sua legalidade. Além disso, como os juízes não têm perfil de polícia, o inquérito pode acabar, na prática, sob direcção policial.

    No entanto, não se deve discutir uma alteração de modelo processual por razões políticas conjunturais. Além disso, a atribuição da instrução a um Ministério Público como o francês, sem tradição de autonomia e dependente do poder executivo, é vista com alguma desconfiança.

    Por seu lado, o modelo português é equilibrado. Concebe o juiz de instrução como garante dos direitos, liberdades e garantias e atribui a direcção da investigação ao Ministério Público, que é autónomo do Governo e controla a actividade investigatória da polícia.’
• Loureiro dos Santos, Fronteiras no ciberespaço?:
    ‘Está em jogo a permanência da Google num dos mercados da internet mais rentáveis do mundo (superior a 300 milhões de utilizadores), razão por que se conformou com as regras chinesas. Sem grande êxito, pois vem perdendo mercado para a empresa chinesa Baidu, que tem ligações estreitas ao governo. Será possível que um Estado poderoso tenha a possibilidade de erigir muralhas electrónicas nas fronteiras, substituindo a internet global por uma intranet que controla, o que ameaça a globalização da comunicação/informação e prejudica as relações entre Estados?’
• Paulo Baldaia, Passos seguro rumo à liderança:
    ‘Consta que há muitos barões incomodados com esta possibilidade, mas ainda nenhum se atreveu a dar o passo em frente. A falta de experiência governativa já não é a principal fragilidade apontada a Passos Coelho, parece que agora o principal defeito é a sua "excessiva ligação" aos negócios de Ângelo Correia. O PSD dá como certa a vitória de Pedro e Pedro já promete unir o partido.’
• Pedro Adão e Silva, A troca orçamental:
    ‘Ao mesmo tempo que o PS não consegue hegemonizar à esquerda, as condições de diálogo têm sido impossibilitadas pelo efeito combinado - ainda que assimétrico - de um PS partido-charneira e de um BE e um PCP em acantonamento auto-infligido (sustentado por uma combinação que não encontra paralelo na Europa parlamentar entre irrealismo e conservadorismo).’
• Raúl Vaz, A cada um a sua bicicleta:
    ‘A história tem mais de 20 anos, desde que - no seguimento da conspiração a quatro mãos com Eurico de Melo - Cavaco Silva chegou ao poder. E lá permanece, ora prejudicando o processo de sucessão, ora afastando a solução indesejada, ora condicionando a afirmação de uma estratégia.

    Tem sido assim: Fernando Nogueira foi fintado em plena campanha eleitoral, Santana Lopes despedido em exercício de funções, Manuela Ferreira Leite abandonada a duas semanas da prova final.

    (…)

    Também já se percebeu - porque o homem é previsível - que o fosso que o distancia do primeiro-ministro tende a aprofundar-se e ameaça ruptura depois de o tempo de Cavaco exceder o de Sócrates (o artigo patético do assessor Fernando Lima indicia o regresso à teoria da conspiração).’

3 comentários :

efelima disse...

Este Raul Vaz é o máximo!... Grande analista!

Anónimo disse...

O sistema português apenas é teoricamente equilibrado. De facto, os juízes são polícias, os polícias são procuradores e os procuradores são uma baratas tontas.

Pedro Nunes disse...

Para nos animar um pouco!!!
Mario Vargas Llosa refere na edição de hoje do jornal “EL PAÍS” a propósito das eleições Presidenciais no Chile que deram a vitória ao candidato da direita, Sebastian Piñera, que num encontro que teve com este, três dias antes do acto eleitoral, lhe perguntou qual queria que fosse a sua melhor contribuição no governo se ganhasse as eleições. “Dar um impulso decisivo ao nosso plano de oito anos, para crescer a um prometido 6% anual, algo perfeitamente realizável. Se o conseguirmos, o PIB, que é agora de 14.000 dólares terá um aumento para 24.000. Alcançamos Portugal”, Chile deixará então o subdesenvolvimento e será o primeiro país da América Latina a integrar o primeiro mundo.

Tendo o nosso governo copiado o modelo Chileno de Avaliação de Professores, eis senão quando que passamos a ser o modelo a seguir.
Um abraço,
Pedro Nunes