quinta-feira, maio 06, 2010

Furto, dizem eles

Proliferam nos media e na blogosfera os especialistas que condenaram Ricardo Rodrigues por um crime de furto — por ter subtraído dois gravadores. A estes especialistas aconselha-se a leitura do artigo 203.º do Código Penal.

Para haver furto, é preciso que quem subtrai uma coisa tenha “a ilegítima intenção de apropriação”. Se Ricardo Rodrigues não tinha, como se tornou evidente, intenção de fazer dos gravadores sua propriedade, mas sim de os entregar a um depositário (como o fez), não há furto nenhum.

Qualquer conversa séria sobre o que aconteceu na Assembleia da República começa aqui e não com as levianas acusações de furto. E nessa conversa não podemos pôr de lado o nível deontológico (abaixo de cão) dos jornalistas que entrevistaram (?) Ricardo Rodrigues.

26 comentários :

Anónimo disse...

Falta de deontologia é o que tu fazes com a realidade...

Miguel Marujo disse...

ó Miguel, o eventual mau jornalismo permite tudo? E para mim, que já vivi o suficiente do jargão jurídico-limpa-as-mãos, essa do furto é falacioso: o gajo gamou, palmou os gravadores... É crime, qualquer que seja o artigo e o código invocado. E o senhor não tem estatura (noutras ocasiões já o provou à saciedade) para ser deputado e mantê-lo como tal é dar tiros no pé. Não ver isto é andar a brincar aos códigozinhos.

Miguel Abrantes disse...

Miguel, como é que nós reagiríamos àquelas perguntas provocatórias ou à procura de algo sensacionalista (como aconteceu)?

Unknown disse...

O mais interessante - e que ainda ninguém denunciou publicamente - é que Fernando Esteves não possui carteira profissional de jornalista.

Ora perguntem lá para a Comissão da Carteira.

GM

Francisco Clamote disse...

É evidente que, como diz o Miguel, não há crime. Dito isto, também é evidente que a atitude de Ricardo Rodrigues está muito longe de ser louvável. Ou antes, é lamentável. E, por esta e por outras, melhor servido seria o PS, se ele não fosse seu deputado.

Carlos Rodrigues Lima disse...

Miguelito,

Vc de facto é um génio do spin. Não havia intenção de ficar com os gravadores? claro que não, eles até regressaram à Sábado.

E que tal aquela de entregar material furtado como prova para uma providência cautelar? Esta é também é de génio.

Se calhar o penalista (e também ministro) Rui Pereira explique isto

baladupovo disse...

José Eduardo Martins, deputado do Psd.
Se formos a escrutinar todos os deputados, um por um, a assembleia depressa se transformaria numa charneca. Ok, foi um gesto irreflectido, não se deve fazer. Errou e pediu desculpas. Cada caso é um caso. Não é o mesmo que dizer que os coitados são os que dão a palmada nos bancos. Há roubos e roubos, meus amigos. E há roubos que não o chegam a ser.

Miguel Abrantes disse...

Carlos, por momentos achei-o muito nervoso. Não o tinha na conta de que sofria dos nervos ao vê-lo sempre tão brincalhão no Twitter. É por causa do fêquêpê? Não se irrite.

Miguel Marujo disse...

Miguel, mais valia mandar os jornalistas à merda. Um fazer-lhes um manguito.

Luís disse...

Fui ali roubar um computador para escrever este comentário.

Perdão. "Subtraí" o computador sem intenção de torná-lo minha propriedade, com intenção de entregá-lo a um fiel despositário.

Amanhã vou pedir desculpa ao proprietário. De qualquer modo, não roubei nada, não me pode acusar.

Certo?

Errado. Este post tem uma descrição:

http://en.wikipedia.org/wiki/Doublethink

É um autêntico estertor da honestidade intelectual. Já não há qualquer traço de dignidade? Tudo vale para proteger a iniquidade?

Já agora, se você andar na rua e alguém lhe subtrair a carteira, "sem intenção de fazer dela sua propriedade", entregando-a a um depositário (um receptador), presume-se que irá para casa chorar, porque não pode ir a uma esquadra apresentar queixar e reportar o furto.

Direito? Não. É mais a madeira torta da humanidade.

Anónimo disse...

Crime ou não crime, furto ou não furto, o deputado devia saber com quem estava a lidar e ninguém o obrigou a falar para o pasquim.
Quem anda à chuva molha-se.
Lamentável!

Só deu trunfos à direita arruaceira.

Duarte

Anónimo disse...

Genial Genial, Aplausos Aplausos.

Esta interpretacao literal da lei é genial.

Nunca mais ninguem será preso por roubo em Portugal!

Basta tao somente que argumentem que o quer que tenham em sua posse (e ele ainda tinha os gravadores em sua posse) e para entregar a outrem, e que nao faziam tencao de se apropriarem do bem roubado...

Please...

Anónimo disse...

Tal como Eça de Queirós, Ricardo Rodrigues não deveria ter resolvido o assunto com a apropriação dos gravadores mas sim com umas bengaladas.

Anónimo disse...

Credo, Miguel: excedeu-se.
O Motivo de RR não deve ser confundido com a intenção.
Basta para a intenção de aproprieção o propósito de exercer sobre o bem as faculdades que só cabem ao proprietário (como aquele que furta para destruir).
Imagine que RR pegava nos gravadores e, depois de chegar ao seu gabinete, os incendiava. O crime não é de dano, mas de furto.
Depois de se apropriar dos gravadores, RR decidiu do seu destino, como só um proprietário pode decidir, contra a vontade do seu legítimo proprietário.
E, neste momento, sabendo da oposição do proprietário, continua a fazê-lo!!!
Vá lá, homem, não faça papel de RR (que o confessou nas férias judiciais), fazendo o frete ao patrão, a qualquer preço.

Anónimo disse...

Oh Miguel!
Que raio de coisa, voce dá-se ao trabalho de ir ao CP procurar argumentos para defender o deputado expropriador?!
Então você não não é capaz de entender o que está em jogo? Entender o significado disto tudo?...
Deus o valha homem e lhe faça entender que há gestos e atitudes sem defesa possível...
Elias

Ruben Correia disse...

Cada vez menos de me identifico com esta merda de país. Como permitimos que gentalha desta chegasse a ocupar os cargos que ocupam? Uns bafientos inúteis, vindos das jotinhas corruptas e peões do partido, que vivem à grande da extorsão que impõem sobre toda a sociedade e especialmente sobre os trabalhadores.
Houvesse o mínimo de vergonha na merda que impesta a bancada do PS e essa serpente tinha sido posta no seu lugar.

Ze Maria disse...

Pelos vistos o Zeca Pereira da Marmeleira, faz escola. Qual alguém aqui escreve: "E o senhor não tem estatura (noutras ocasiões já o provou à saciedade) para ser deputado e mantê-lo como tal é dar tiros no pé.", pode declarar-se, caso o entenda, seguidor do ex-estratega laranja. A palavra "saciedade" significa que uma pessoa se encontra completamente saciada; satisfação completa. Logo aplicar esta e outras palavras, de cariz pessoal, relativamente aos outros é um abuso. Isto no mínimo porque quando toma o todo pela parte, nestes casos, é com grande probabilidade de ser "conversa de confessionário" de quem gostaria de ver os seus desejos (inconfessos?) mais que seguidos talvez aplaudidos por muita gente, mas isso por certo não seria democracia porque as boas/más intenções são de outra esfera e não consta que dêem votos.É esta a verborreia "pachequista" que quando balbucia assim: " o País está farto, nós já vimos TODOS que, já toda a sociedade entendeu, etc." . Quando se ouve esta merdice o que pensar deste comediante? Quem é ele para interpretar o TODO, ou será o mundinho dele assim tão curtinho? Só para terminar: Ricardo Rodrigues foi eleito pelos partido MAIORITARIAMENTE votado em eleições livres e democráticas. O resto é conversa de mau perder.
Quanto aquela porcaria que distribuiu bugigangas com papel - como qualquer catalogo de (in)utilidades -nem apetece falar !

Jls disse...

Caro amigo do Ricardo Rodrigues,

No seguimento da sua linha de pensamento era também legitimo o Sr. Rodrigues ir ao BANIF apropriar-se de uns milhões para colocar num fundo, obviamente gerido por ele. Mas esperem lá, não foi isso que ele já fez, ou mandou fazer, na CGD.

João Santos disse...

O gajo 'palmou' os gravadores.
O gajo não foi obrigado a falar com os funcionários da «Sábado».
O gajo sabia que a entrevista era a doer.
O gajo, se não queria responder, ia-se embora.
O gajo tentou limpar-se dando os gravadores ao MP? Fazendo dele seu cúmplice...
O gajo é um nojo.

Como não sou filiado no PS, peço aos filiados que limpem este traste do seu partido. Conheço um túmulo, onde deve estar a haver um tremor de terra. A meio do cemitério de Côja, na álea central!

Ricardo António Alves disse...

Ricardo Rodrigues não deve continuar a ser vice-presidente da bancada do PS. É simples.
Os pseudo-jornalistas são uns sacanitas; melhor fora então que RR
1-os desprezasse virando-lhes as costas;
2- lhes insultasse as respectivas mães;
3 - fosse à tromba ao rapazinho (esta a solução mais limpa e digna).
Agarrar nos gravadores e metê-los no bolso, tramou-o.

Anónimo disse...

Para integração do elemento subjectivo do crime de furto impportará saber em que data subtraiu, em que data entregou o que subtraiu ao dito depositário e o quais as circunstâncias que determinaram tal entrega.
O hiato existente e as ditas circunstâncias, apreciadas à luz das regras da experiência comum, terão o seu significado.
Mas para lá disso, o certo é que a destreza funcional de mãos evidenciada pelo Exmº Sr. deputado não fica atrás da de experiente larápio

Rui Costa Pinto disse...

LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

Anónimo disse...

Este sr. está mesmo a falar a sério?!!?

Deve ser mais um inginheiro, devem-se formar todos no mesmo sitio...

H. Ramos disse...

Caro Miguel:

Não sei se gostei mais da versatilidade manual do Ricardo Rodrigues se da sua vontade de mostrar serviço.

Estão os dois de parabéns e merecem tudo, depois disto.

aoliveira disse...

Caro Gonçalo. A discussão tem estado interessante como aliás o são todas as discussões acerca de comportamentos de jornalistas e de políticos. Mas não deixei de reparar no comentário sobre o Fernando Esteves e a sua carteira profissional, o que sendo necessário para o exercício da profissão não faz dele um jornalista. Esse é o caso das centenas de "encarteirados" que, infelizmente,hoje pululam nas redacções sem distinguirem o sujeito e o predicado numa oração. Sobre o Fernando Esteves os registos da Comissão da Carteira indicam-no como detentor do título 8210. Fica a informação.
AO

Radagast disse...

Este PS até usa o CP para legitimar o gamanço :-D

Bravo, Abrantes!