É difícil calcular a dimensão de uma manifestação?

Longe de mim pôr em causa a manifestação de ontem, apesar de entender que os objectivos estão desfocados. A questão é outra: saber se a estimativa da CGTP, na esteira do que vem sendo assumido em manifestações anteriores, tem alguma coisa a ver com a realidade.

Há tempos, dei conta de uma estimativa feita pelo diário El País sobre o número de pessoas presentes numa manifestação de apoio a Baltasar Gárzon. Também se fez alusão aqui a uma estimativa de uma ex-sindicalista da CGTP, responsável exactamente pela contagem das pessoas nos protestos, que revela quão diferentes são as estimativas da CGTP e a participação efectiva nas manifestações.

Como se pode ver no Público, no DN ou no CM, os media aceitam acriticamente as estimativas da CGTP. O mesmo não fez o “professor de Jornalismo Steve Doig, um norte-americano que está em Lisboa a ensinar num mestrado da Universidade Nova, [que] levou a sua turma a fazer um exercício prático de contagem de manifestantes. E chegou a números muito diferentes dos anunciados pelos organizadores. A estimativa de Steve Doig, que nos Estados Unidos se especializou na medição do número de participantes em manifestações, é a de que terão participado na manifestação entre oito a dez mil pessoas, muito menos do que as cem mil reivindicadas pelos organizadores. Doig diz ainda que cinco mil pessoas assistiram aos discursos nos Restauradores.” A análise de Steve Doing está documentada no seu blogue.