Tudo pela Verdade, nada contra a Verdade

Infelizmente, espantamo-nos cada vez menos com a crescente ausência de sentido democrático que vem varrendo este PSD. Por vezes, manifesta-se de forma desabrida, como quando mandam princípios como o da presunção de inocência às malvas. Outras, aparece sorrateira, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Como este exemplo:

«(…) com os principais envolvidos a alegar sigilo profissional para recusar responder às dúvidas dos deputados na Comissão de Ética para a Liberdade de Expressão, o PSD admite até mudar a lei do inquérito parlamentar, de forma a não dar margem para tais recusas, escreve o “Diário de Notícias”.»

E, adiante, em discurso directo, para que não subsistam dúvidas:

“Se for necessário, proporemos alterações na lei das comissões parlamentares de inquérito, para que não haja qualquer tipo de obstáculo ao apuramento da verdade”, disse ontem ao DN Agostinho Branquinho, da direcção da bancada parlamentar social-democrata.

As conveniências políticas do PSD (ou a Verdade, como também gostam de lhe chamar) parecem ser, assim, o parâmetro aferidor da boa ou má lei. Se esta atrapalha os seus objectivos de curto prazo, nada mais simples: muda-se.

Curioso é que esta mesma direita se empertigue toda quando vê líderes sul-americanos a alterar as regras constitucionais para poderem permanecer mais tempo no poder. Qual é que é mesmo a diferença?