terça-feira, junho 30, 2009

Momentos Chávez (série Tesourinhos Deprimentes)


A "tempestade de Verão" (3)

A Dra. Ferreira Leite não se lembra de alguma vez ter feito pressões editoriais quando esteve no Governo. A memória - vidé Dias Loureiro - é um bem escasso pelos lados da São Caetano.
Mas, admitamos, talvez a Dra. Manuela tenha razão.
Como o Miguel em tempos demonstrou, a antiga Ministra de Estado não precisava de sujar as mãos com essas coisas. Havia quem o fizesse por ela:

"Cair na maldade"

Queixa das almas jovens censuradas com link para Não me Câncio de o dizer (barnabé)

E - quem sabe? - talvez Henrique Granadeiro esteja disposto a abrir um pouco mais o livro da sua experiência enquanto administrador do JN, DN e TSF...

Post de uma morte anunciada




As páginas 34 a 38 do Público trazem finalmente notícias… sobre o Público.

O jornal gerou um prejuízo de 4.414.846 euros em 2008, depois de, em 2007, ter atingido um pico de perdas de 5.827.674 euros. No Balanço, observa-se que o Capital Social é de 50 mil euros e que os prejuízos acumulados (incluindo 2008) ascendem a mais de 21 milhões de euros. Para fazer face a esta gestão, os accionistas tiveram de injectar 4,4 milhões de euros. Ainda assim, os capitais próprios são inferiores às receitas extraordinárias de 2008, pelo que, sem elas, o Público estaria imediatamente em falência técnica. Porventura fruto de todas estas dificuldades, as dívidas a fornecedores crescem 50 por cento num ano e atingem os 6,127 milhões de euros.

O Conselho de Administração Executivo é composto por José Manuel Fernandes, Hugo Figueiredo e Pedro Rafael Nuno Pedro. Contrariamente a algumas das boas práticas que tantos exigem, o Relatório publicado não identifica as remunerações individuais dos responsáveis, apenas se dizendo que os membros da direcção da empresa receberam 407.600 euros em 2008

As contas merecem duas ênfases na Certificação Legal de Contas, que alerta que ”as demonstrações financeiras em 31 de Dezembro de 2008 foram preparadas no pressuposto da continuidade das operações apesar dos prejuízos registados pela Empresa nos últimos exercícios. Desta forma, a continuidade das operações da Empresa depende da manutenção do suporte financeiro do seu Accionista único e do sucesso das suas operações futuras”.

Não é preciso recorrer à Sr.ª D. Maya para saber antecipadamente o que aí vem.


PS — Isto anda tudo ligado: o Público decide redução salarial esta semana.

Ai, ai Manuela, que com a verdade me enganas…



O CC já se havia referido à auto-estrada rosa que, afinal, é laranja. Mas a Dr.ª Manuela fala como se tivesse chegado esta manhã à política:
    • No site dos TSD: ‘No Concelho [sic] Nacional dos Trabalhadores Sociais-Democratas, a líder do PSD afirmou que a Auto-Estrada do Litoral, a terceira alternativa na ligação entre as duas maiores cidades portuguesas, “dá zero de aumento de competitividade” e que, ao construir a via, “é necessário endividar-se, o que quer dizer que se está a retirar crédito a quem precisa dele”.’
    • No site da Dr.ª Manuela: ‘(…) o PSD é contra a terceira autoestrada [sic] entre Lisboa e Porto porque é um desperdício dramático dos nossos impostos.’
Agora veja-se quem assinou o despacho para a construção da auto-estrada rosa que, afinal, é laranja:



Clique na imagem para a aumentar

As campanhas negras da época eleitoral

Depois da estreia da prédica dominical de Pacheco, está em preparação um novo produto: um semanário com a colaboração de personalidades como António Balbino Caldeira, Zeferino Boal e Manuel Monteiro. Quem financia isto?

A história repete-se. As técnicas refinam-se. E os protagonistas agora já não podem ser afectados na sua carreira… académica!

A "tempestade de Verão" (2)

A Dra. Manuela veio hoje responder a Henrique Granadeiro:
1. Corrigiu Henrique Granadeiro, que falou em pressões para a venda da rede fixa pela PT. “A decisão política já estava tomada pelo Governo socialista do engenheiro António Guterres quando cheguei ao Ministério das Finanças”, afirmou.

2. Sobre eventuais tentativas do Governo PSD de influenciar a linha editorial do “DN” e do “JN”, Manuela Ferreira Leite admite que, se tal aconteceu, foi errado. “Se o PSD fez isso, só tenho a considerar que fez mal. E é não pelo facto de um dia nós termos feito uma coisa mal que eu posso deixar de criticar algo que está feito mal”, disse. E insistiu: “Se fez, fez mal, não devia ter feito”.

Acontece que a venda da rede fixa da PT foi realizada em 11 de Dezembro de 2002, era Manuela Ferreira Leite ministra de Estado e das Finanças e já António Guterres não estava no Governo há quase um ano.

Mesmo que - admitamos a hipótese-sacode-a-água-do-capote da Dra. Manuela - a "decisão política" tivesse sido do Governo anterior, o PSD poderia ter seguido o alto sentido ético da sua Ministra de Estado: "Se estava mal feito, não devia ter sido feito".

Mas, claro, como a própria admitia na altura: Aliado a outros factores, o encaixe do valor da venda da rede fixa agora aprovada faz com que "estejam reunidas as condições para que o défice orçamental previsto para 2002 se cumpra".

É esta a Política de Verdade - e de rigor nas Finanças - que nos propõe o PSD da Dra. Manuela...

“(…) ficcionando-se o povo como vigilante através de outras mediações opostas à mediação institucional”

Extracto do discurso de tomada de posse do Conselheiro António Henriques Gaspar como vice-presidente do Supremo Tribunal de Justiça:
    Mas os tempos são de validações negativas, frágeis e voláteis, e de afirmação dos poderes de recusa em democracias de confrontação e de culpabilização.
    A afirmação de poderes não institucionais, ou em expressão marcada, de "contra-poderes", que têm por característica funcional distanciarem-se e repelirem as instituições, elimina as mediações, com a consequente desvalorização dos poderes tradicionais.

    A democracia limita a democracia.

    O cepticismo generalizado marca esta época e anda de par com a inquietude e a acentuação das linhas de fractura.

    As expectativas dos cidadãos e as enormes exigências que transferem para as instituições conduzem, paradoxalmente, à deslegitimação dos poderes a que se dirigem.

    Os sentimentos difusos de injustiça, em que os excessos de emoção obscurecem a razão das coisas, saturam o quotidiano.

    Reclamam-se outras utopias erguidas em vez do ideal democrático.

    A transparência, a denúncia e as exigências de responsabilização sempre mais insistentes, tornaram-se nos valores da exterioridade essencial e da intervenção popular, ficcionando-se o povo como vigilante através de outras mediações opostas à mediação institucional.

    A suspeita e a denúncia constituíram-se em novas virtudes políticas alimentando o sentimento de impaciência dos cidadãos.

    Mas a democracia imediata e simples, que é servida com a aparência sedutora da intervenção popular como quase-instituição sem mediações, não constitui mais do que patologia exaltada da suspeita sistemática e da obsessão pelo novo valor da transparência.

    Criam-se emocionalmente «ultra-realidades» ou meta-factos em real ficcionado que bloqueiam a razão da análise.

    A democracia de fiscalização, de «soberania negativa» e vigilância exacerbada, em estigmatização compulsiva e permanente da autoridade, pode levar por direitas linhas ao populismo, como manifestação destruidora da ideia de verificação e de controlo dos poderes.

    A exigência de escrutínio funcional e a elaboração intelectual sobre as formas de controlo institucional, reduzindo a entropia representativa, não constituem, no entanto, a marca de água das sociedades actuais marcadas pela presença obsidiante da comunicação.

    Basta revisitar Benjamin Constant na efervescência intelectual e política post-revolucionária de há dois séculos, e passar pela reconstrução teórica de Rosanvallon através da cunhagem e densificação do conceito de «contra-democracia».

    O controlo da acção das instituições decorre, neste tempo, da presença activa e permanente da opinião pública, com todas as derivas pseudo-representativas. O fórum ou os "discursos directos" que enchem a emissão de manhãs ou tardes do áudio-visual aí estão a revelar uma patologia de pseudo-representações.

    A opinião pública apresenta-se, no entanto, como expressão da vontade geral e constitui-se numa espécie de espaço e lei em que qualquer um se quer sentir ou ser juiz ou ministro - em expressão marcada, o «povo-juiz».

A amnésia do Grande Consumidor


Por falar em Verdade, Credibilidade e outras palavras do mesmo quilate, alguém sabe onde está a continuação deste texto, onde o autor prometia pronunciar-se doutoral e definitivamente sobre o Público, o DN e a ERC (e, já agora - dizemos nós -, a SIC)?

“Pacheco Pereira e os anúncios”

    Pacheco Pereira tem um novo programa, sobre opinião - Ponto Contra Ponto, na SIC Notícias. Um programa de "opinião, opinião, opinião." A minha opinião: nenhuma opinião vale mais, em Portugal, que a de PP. Alguém que lembra a importância da hesitação no discurso televisivo de Vitorino Nemésio (a quem PP dedicou o seu programa) deve ser escutado. É uma luta necessária, a de PP, contra o "demasiado espectáculo e a pouca razão" na Comunicação Social portuguesa. Mais uma razão para o criticar. No primeiro Ponto Contra Ponto, PP abriu as páginas de procura de emprego do Correio da Manhã, de 26/06/2009, para concluir sobre os maus tempos em que vivemos. Fui ver esse CM: havia 52 anúncios de procura de emprego. Há 15 anos, o CM de 27/06/94 (não escolhi o de 26 porque foi domingo) tinha 104 procuras de emprego. Julgo que seria pouco razoável - PP até diria mais: situacionista! - alguém dizer, à luz dos anúncios do CM, que ao fim de nove anos de Governos de Cavaco (1985-1994) havia o dobro de desemprego que temos hoje... Conclusão: em televisão, abanar as páginas de anúncios de um jornal é demasiado espectáculo. Nemésio hesitaria, pensava e não o faria.

A escola económica do salazarismo resiste enquanto o mundo pula e avança




Um dos ensinamentos desta crise é que, para corrigir os desequilíbrios globais, as economias emergentes devem poupar menos e gastar (consumir e investir) mais, enquanto as economias desenvolvidas e avançadas devem poupar mais e gastar menos.

Portugal está algures a meio caminho e por isso a “receita” deve ser também um mix: se, por um lado, deve poupar mais, evitando o consumo supérfluo não reprodutivo, deve também gastar mais, promovendo o investimento reprodutivo e que aumente o crescimento potencial da economia.

Insistir só num dos lados — o poupar mais, gastar menos — é condenar Portugal à não convergência, reduzir o crescimento potencial, fomentando a crise e o desemprego, com riscos de introduzir uma espiral depressiva... Até pode corrigir o défice externo... mas a que custo?

A receita da Dr.ª Manuela é ficarmos pobres mas felizes... Já vivemos 48 anos disto, como se recordarão.

Mais leituras

• António Costa, Um presidente demasiado interventivo:
    O país atravessa um momento político, económico e social particularmente sensível, porque vive um período eleitoral, porque está ainda numa situação de recessão económica, porque o desemprego ainda não dá sinais de recuperar.

    Ora, se este enquadramento explica um ambiente mais tenso entre os líderes partidários, também exige um comportamento político irrepreenssível do Presidente da República. Mas Cavaco Silva não tem ajudado.
• Pedro Adão e Silva, Famílias sanduíche:
    (…) o estudo da TESE serve para revelar aquele que é, hoje, o principal estrangulamento da sociedade portuguesa: há um conjunto de famílias que beneficiando de recursos materiais que são suficientes para as excluírem do acesso às prestações sociais de combate à pobreza, têm contudo recursos insuficientes para fazer face às suas despesas e cumprir expectativas e aspirações naturais de vida. Essas famílias são adequadamente descritas como "famílias sanduíche": estão fora da rede de apoios sociais de combate à pobreza, mas não deixam por isso de ser pobres. Esta asfixia das classes médias baixas tem várias consequências. Com os fracos rendimentos não são só as famílias portuguesas que estão ensanduichadas, é a própria democracia. Sem classes médias cooptadas para o sistema, a democracia vive uma permanente crise de legitimidade. E não há cooptação possível quando as classes médias vivem maioritariamente com menos de 900 euros por mês e, não menos grave, com a percepção que as trajectórias de mobilidade social ascendente que, ainda assim, tiveram, não se reproduzirão nos seus filhos. Não por acaso, o estudo revela que 70% dos portugueses não confia nas instituições que nos governam.

    Romper este ciclo de precariedade consolidada, ao qual se tem juntado um conjunto de rupturas recentes (desde logo o crescimento do desemprego), e com isso aliviar as classes médias baixas tem de ser o desafio do próximo ciclo político. O objectivo não pode apenas passar por continuar a responder às formas mais severas de pobreza, como revela este estudo, é urgente encontrar soluções para os que estando acima da linha de pobreza, não deixam por isso de ser pobres. No número não surpreende, apenas revela uma realidade que se pressente: mais de metade das famílias portuguesas (57%) vive com menos de 900 euros por mês. Ao mesmo tempo, 30% tem rendimentos entre os 500 e os 900 euros. Os dados fazem parte de um estudo promovido pela ONG TESE e servem para confirmar que a pobreza persiste como a marca mais resistente da sociedade portuguesa. Naturalmente que o retrato não é estático. Portugal tem hoje uma rede de mínimos sociais à imagem da existente nos países com Estados providência consolidados. Pese embora o ataque populista de que muitas dessas medidas foram alvo, com o rendimento mínimo, o complemento solidário para idosos ou a diferenciação nas prestações familiares, as formas mais severas de pobreza têm hoje resposta no contexto das políticas públicas. Claro que estas respostas serão sempre insuficientes, mas Portugal não precisa de criar novos instrumentos, precisa de aumentar a eficiência dos que já existem e de contaminar o conjunto das políticas com alguns dos princípios entretanto introduzidos (por exemplo, estender a condição de recursos como requisito para beneficiar de pensões com uma componente não contributiva).
NOTA: O artigo do Pedro Adão e Silva está desconfigurado na edição on-line do Diário Económico, pelo que o melhor é lê-lo aqui.

Leituras (atrasadas)

• Emídio Rangel, As atitudes de Cavaco:
    Fico-me por dois exemplos elucidativos que põem em causa até a neutralidade do Sr. Presidente da República. Primeiro exemplo: todos os partidos, com excepção do PSD, pronunciaram-se pela realização, em datas distintas, das eleições legislativas e autárquicas. Cavaco Silva, fora do País, fala aos jornalistas de sondagens que asseguram que os portugueses preferem a simultaneidade dos actos eleitorais (ninguém conhece a sondagem).

    Segundo exemplo: a PT começa a discutir com a Prisa eventuais possibilidades de adquirir uma posição minoritária na TVI (que todos concordam ser vantajoso para as duas partes) e Cavaco Silva, sem falar com o primeiro-ministro (que desconhece o que está a acontecer, como afirmou o insuspeito Henrique Granadeiro, porque 'não deu conhecimento a nenhum membro do Governo das conversas preliminares e secretas que ocorrem entre a PT e a Prisa'), exulta/critica a PT a dizer o que se passa, falando de transparência, e insurge-se com a hipotética demissão de Moniz (inventada pela central de intoxicação que o PSD tem ao seu serviço).

    Dir-se-á que a intervenção do Presidente da República é inoportuna, nervosa, apressada e não es-tá escorada em informação credível e verdadeira. Moniz já veio dizer que o negócio era do interesse da TVI. Zeinal Bava foi à RTP garantir que há conversas mas não há negócio. A Prisa já explicou que de Moniz nem se falou. Como se distingue a intervenção do Presidente da República da de qualquer político no calor do combate partidário, com demagogias e suspeições? Como se separa o discurso do Presidente da República do discurso de Manuela Ferreira Leite? Há aqui qualquer coisa de errado...
• Raúl Vaz, Frenesim Cavaco:
    Mário Soares, que nunca deixou de fazer política, cumpria uma regra enquanto Presidente: a seis meses de eleições, recatava-se.

    A três meses de eleições, Cavaco fala, fala, fala. (…)

    Ninguém tem dúvidas de a quem favorece o frenesim Cavaco.

♪ Sam Cooke (1931-1964)

You Send Me (1956)

A "tempestade de Verão"


Henrique Granadeiro, em declarações ao i de terça-feira:

"Já parecem esquecidas as tentativas de intervenção do governo PSD na Lusomundo Media que levaram à minha demissão."


O Presidente da PT indigna-se ainda com a surpresa da presidente do PSD, afirmando que foi Manuela Ferreira Leite que, como ministra das Finanças, obrigou a Portugal Telecom a comprar a rede fixa (que era do Estado) para dessa forma realizar receitas extraordinárias que equilibrassem o défice orçamental.

(continua)

segunda-feira, junho 29, 2009

“Que putedo que anda para aí, sim senhor.”

Que o Dr. Pacheco não leve a mal, mas não troquei o jantar que tinha combinado para assistir à homilia do cónego da Marmeleira. Tive no entanto o cuidado de procurar inteirar-me do que se passou na estreia. Veja-se:

Aparentemente, a avaliar pelo que diz o CAA, não foi propriamente uma estreia feliz:
    “Foi uma inestética masturbação do imenso ego do protagonista. Do alto de uma cátedra que só alguns acólitos lhe reconhecem, JPP tentou condicionar a informação sobre aquilo que lhe interessa, sentenciando, reprovando e elogiando consoante as suas conveniências de agenda. Não fez opinião, expeliu acinte.
    Não sou nada apologista de queixinhas à ERC – mas, desta vez, julgo que o PS tem razões de queixa. Em vésperas de eleições, JPP, mal reciclado em ‘grande educador da classe média’ dispõe de um espaço de (im)pura propaganda eleitoral. Uma vez mais, a Sic-N está a patinar no ‘terreno pantanoso’ da informação que JPP tanto gosta de denunciar – o dos outros, bem entendido…”
No Twitter, João Pedro Dias, por exemplo, não precisou que Pacheco ocupasse o ecrã para regressar à infância: “Quando eu era puto lembro-me do Marcello Caetano assim a falar sozinho na TV para o people. Ele e o Vitorino Nemésio...” E, aparentemente impaciente, lança um aviso à SIC-N: “É bom que a loira não se atrase porque às 22H entra o Marcelo na rtp1. E eu não queria ter de escolher entre cabeleireiro e vichysoise...

Continuando a procurar na Net telespectadores isentos, deparo com o relato em directo feito por Luciano Alvarez, jornalista do Público, que, antes de mudar para a homilia do lado, ficou siderado com as cenas de sexo que apimentaram a estreia de Pacheco: “A melhor parte da Missa da Marmeleira foi a dos anúncios sobre sexo. Só não entendi se estava a elogiar, a criticar, ou a babar[-se].” Segundo a Fernanda afiança, as cenas de sexo tiveram um lado lúdico: “o espectáculo de pacheco a desfolhar as páginas hard do cm comentando as fotos 'sugestivas' é já um clássico”. E acrescenta um pormenor que faz supor que Pacheco não passou pelas mãos de Snu Avillez: “que programa cómico. e, dr pacheco pereira, que casaco pavoroso. botões dourados? vai andar de barco?

O Pedro Sales, recordando que uma anterior tentativa de Pacheco para fazer de one man show na própria SIC fora um notório fracasso, não augura grande êxito à iniciativa actual: “Tv é óptimo para propaganda é verdade, mas no registo de Pacheco Pereira espectadores ou fogem ou adormecem. É um flop audiências.” Mas a verdade é que Pacheco, que não gosta de praia e de tudo o mais de que os portugueses gostam, só precisa de levar a coisa até finais de Setembro.

A Susana — é compreensível — foi talvez a excepção que confirma a regra, pois gostou muito do formato do programa e, ao contrário da generalidade dos telespectadores que frequentam a Net, não achou execrável a exibição de Pacheco, embora o tenha apanhado fora de pé sem braçadeiras: “É pena que, logo no primeiro programa, tenha quebrado o compromisso, falando do que, claramente, não leu. Se assim não fosse, não teria apresentado o suplemento de emprego do correio da manhã como uma prova do desemprego galopante. É que o suplemento de emprego anuncia empregos. Não anuncia desempregados.

Felizmente, o Val viu o Pacheco e faz-nos o favor de contar como foi:
    “É bom que o programa do Pacheco exista, particularmente por aparecer em período eleitoral. É bom para estarmos contra o seu autor, o qual presta um mau serviço à cultura e sociedade portuguesas. E o mau serviço não resulta das suas opiniões estarem cheias da bílis gerada na cruzada contra Sócrates, nem de ser um dos mais importantes apoiantes e conselheiros de Ferreira Leite, nada disso. Esse é o lado legítimo e folclórico.

    O problema com o Pacheco é a sua superficialidade e ignorância. Parece paradoxal, num ser que ganha a vida a transmitir informações, e cuja fama é a de ser um intelectual sofisticado. Só que não há outra conclusão a tirar, pois é ele que revela a sua inanidade. Por exemplo, um dos motes centrais na sua retórica é o de que vivemos tempos excepcionalmente adversos para a liberdade de expressão. Esta ideia é repetida à exaustão vai para três anos, com especial intensidade nos dois últimos. Com ela o Pacheco consegue manter um papel activo e relevante na campanha negra, explorando as zonas fronteiriças entre a insinuação e a insídia. Porém, o que ele nunca faz é demonstrar, apresentar nomes, dar elementos objectivos a montante da sua interpretação subjectiva. Quando fala de pressões a jornalistas, de que fala exactamente? Do que um jornalista lhe contou ou do que ele testemunhou? E como sabe ele que lhe estão a contar a verdade se for apenas essa a sua fonte de informação? E por que razão esse jornalista não formalizou a queixa junto das várias autoridades competentes? E por que razão, se o Governo é useiro e vezeiro nessa prática opressora, não há provas coligidas pelas vítimas e opositores políticos? Ou será que as pressões são do tipo que o Crespo descreveu, onde há um Ministro que lhe telefona para discutir um aspecto politicamente inócuo da sua prestação? Acima de tudo, e este é que é o aspecto decisivo na deontologia e honestidade intelectual do prolífico autor, quais os critérios com que aferiu ser este tempo pior do que tempos passados para a vivência da liberdade? Temos polícias políticas e ainda ninguém foi avisado? Há perseguições a quem ataca o Governo ou Sócrates, e por isso são muito poucos os que se atrevem a fazê-lo? Haverá menos meios de comunicação do que costumava haver a ponto de se ter reduzido a liberdade? É hoje o cidadão um ser que diminuiu as possibilidades de se ligar a outros cidadãos e comunicar interpessoal e publicamente? Está, no presente, a informação menos disponível do que no passado? Com Sócrates há menos liberdade de expressão do que no cavaquismo? Do que com Guterres? Do que com Sá Carneiro? Do que no PREC? De que estás a falar, Pacheco?

    A leitura de um texto tontinho do pequenino foi o seu momento zen. E na abertura do Correio da Manhã esteve o grande acontecimento deste primeiro programa. Porque lhe deu para falar do putedo. Coisa de homem, e de homem na crise de ser homem. Então, anunciou aos telespectadores que vai para aí um putedo que faxavor. Desemprego, hipotecas e putedo, eis o retrato do Portugal de Sócrates visto da Marmeleira. E eu levantei os braços e gritei alarmado, a ponto de ter assustado a vizinha do 4º andar, quando ele disse que tinha sido só por causa da feitura do Ponto Contraponto que reparou no fenómeno de haver tantos anúncios de serviços sexuais nos jornais. É que se o Pacheco não sabia disso até finais de Junho de 2009, eu tenho agora a certeza de vivermos tempos infames onde a liberdade é algo só ao alcance de quem se prestar a fazer um programa de televisão, nem que para isso tenha de juntar mais uns trocos aos seus rendimentos.

    Que putedo que anda para aí, sim senhor.”

Os novos assuntos de Estado

Abençoado o País em que um Presidente da República tem tempo e disponibilidade institucional para fazer de analista político. Seja comentando sondagens ainda mais fictícias que as do costume, seja os malabarismos circenses dos domingos à noite.

Lá e cá



Madoff condenado a 150 anos por maior fraude financeira da história.

"Um abalozinho de terras"



    "La crisis parecía un aterrizaje suave y ha sido aterriza como puedas", al parecer, eso es lo que le dijo el presidente del Gobierno a cuatro ciudadanos españoles que se reunieron con él en La Moncloa. Zapatero matizó esta frase, "en octubre estuvimos a punto de una catástrofe mundial".
      Zapatero sobre a crise financeira mundial, numa conversa com “un bombero, una ama de casa, un estudiante y una desempleada” para El País (de28.06.09), com o objectivo de “medir el termómetro de la sociedad” [encontro referido aqui].

Leituras

• António Correia de Campos, Grelha de leitura [sobre o manifesto dos 28]:
    Através de uma grelha de leitura sob a forma de questões, procuraremos demonstrar que o documento é político, duramente político e não económico, como o título pode erradamente induzir. E como tal deve ser tratado. 1. Terão os três projectos e dentro deles os lanços ou fases, todos o mesmo impacto económico? Existirá uma ordem de prioridades dentro deles? Ou a condenação é genérica? 2. Terão todos os projectos, executados ou suspensos, o mesmo efeito político? Serão alguns politicamente correctos (coesão territorial, ambiente) e outros danosos? Ou são todos errados? 3. O ARGIP contém argumentos genéricos para condenação ou atraso, mas é omisso quanto aos específicos. Haverá ou não especificidades, graus de condenação ou de absolvição, passíveis de visão diferente por cada signatário? 4. Pessoas conhecidas e antigos responsáveis políticos, alguns dos signatários estiveram profundamente envolvidos em decisões ligadas ao endividamento nacional. Como deve este apelo ser visto pelos cidadãos: penitência, responsabilização, catarse, arrependimento, orgulho? 5. Alguns dos signatários poderão apoiar o Governo, outros a Oposição, parecendo muito mais numerosos os segundos que os primeiros. Será a diversidade minoritária valor suficiente para excluir a motivação política, na génese do ARGIP? 6. Se os signatários, pensando o que pensam, fossem membros do actual Governo, defenderiam a suspensão dos projectos? E se vierem a fazer parte do Governo no próximo ciclo político, manterão a actual posição? 7. Face à gravidade da crise e à omissão de propostas alternativas, vão os signatários organizar-se para sugerir medidas anti-crise? Ou contentam-se com esta posição negativa?

• Clara Ferreira Alves, O meu cérebro loiro:
    O cérebro do homem sabe o que faz, gere o mundo. O da mulher é (seria, seria) uma harpa onde se dedilham uns sentimentos e presságios. Algumas lágrimas. Eu detesto chorar, embora menos do que detesto futebol. E, já agora, adoro uma boa piada. Do género: O Pacheco é a loira do PSD. É mauzinho e tem graça. Nisto, sou um homem. Se fosse mulher achava ofensivo o modo como o Pacheco se ofendeu e as loiras não. E agora, peço desculpa, tenho de ir ao cabeleireiro aclarar o loiro. Do cabelo.
• João Rodrigues, Tempo de manifestos:
    Não usar todos os instrumentos para combater uma crise como nunca vimos outra seria trair as gerações futuras, a quem temos a obrigação de legar uma economia ambiental e socialmente sustentável. Foi por isto que subscrevi o manifesto, lançado no sábado, por uma política económica centrada no emprego.

Do ‘Bandeira Vermelha’ a ventríloquo de Marques Mendes



    «José António Lima, que fez a sua carreira de jornalista no ‘Bandeira Vermelha’ do Partido Comunista Reconstruído (PCR), a glorificar Enver Hosha, e depois, mais tarde, migrou rapidamente para apoiante do PSD, como ventríloquo de Marques Mendes, vem, a propósito de Moniz e da TVI, tentar apoucar a minha longa vida como jornalista livre. (…) Este ‘copy-desk’, travestido de jornalista, que nunca fez uma reportagem na vida e que agora passou a debitar de cátedra no ‘Sol’, instituição que faliu em dois anos sob a sua orientação, arvora-se em exemplo de boa prática jornalística, de crítico contundente (…). Poderei sempre receber lições de pessoas qualificadas com provas dadas no exercício desta profissão. Mas nunca de uma figura deste estilo que vive nas catacumbas das redacções a receber recados e a produzir textos venenosos.

    Lima, que antes era um feroz inimigo de Angola, mostra-se agora um bajulador e cooperante ‘jornalista’ do regime angolano. Vejam só como o dinheiro cala estes serventuários e os transforma em cordeiros sem fúrias!! Muito gostava de ver o seu jornal, que já sonega informação de relevo, realizar os mesmos trabalhos que outrora mandou publicar contra Angola e José Eduardo dos Santos. (…)«
      Emídio Rangel, em resposta a um artigo publicado pelo director adjunto do ‘Sol’

Quem é, afinal, incompetente?

Durante a campanha eleitoral para as europeias, Paulo Rangel clamava "Escândalo!" quando falava do QREN e da "pura incompetência" do Governo na sua gestão.
Os dados revelados agora pela Comissão Europeia concluem que a taxa de execução do QREN é baixa em toda a UE, mas que Portugal até está em 4.º lugar.
Paulo Rangel não precisará, seguramente, que enumeremos os 23 governos (e respectivas famílias políticas) que, entre 27, ainda conseguem ser mais "incompetentes" que Portugal.

♪ Gene Vincent (1935-1971)

domingo, junho 28, 2009

Viagens na Minha Terra

Os economistas antes e depois (segundo Pulido Valente)

    (…) Leonardo Ferraz de Carvalho, concordando em substância comigo, lembrou que muitas luminárias do ramo ou de ramos adjacentes (uma parte das quais, como ele calculará, eu não conheço) não eram tão primitivas como o Sr. Beleza, o Sr. Borges ou o Prof. Ferreira do Amaral e que tinham escrito coisas um pouco mais subtis, lúcidas e pertinentes do que eles. (…) A longa lista de autores que Leonardo me forneceu parece pretender provar que a economia, como «ciência», não se reduz ao Sr. Beleza e ao Sr. Borges. (…) O Eng. Mira da Indústria ou repele horrorizado a ideia de uma «política industrial» ou anuncia «planos» para «salvar» o Vale do Ave. E o Dr. Cavaco anda numa tragédia hamletiana entre a «convergência» e um certo nacionalismo económico. (…) Ninguém sabia, literalmente, do que estava a falar, embora ninguém se coibisse de falar com abundância em «modelos». (…) Não há «modelos» de «desenvolvimento» (aliás, já de si um conceito mais do que ambíguo), há apenas exemplos de «desenvolvimento» insusceptíveis de generalização. Se houvesse «modelos», não haveria querelas sobre o «modelo» que nos convém. Mas não se peça esse «modelo» aos economistas.
      VPV, “E, no entanto, ela existe”, 15.04.94¹
    Um grupo de economistas resolveu fazer um aviso aos portugueses. Não é um grupo qualquer: são os grandes nomes do país. São antigos governadores do Banco de Portugal, antigos ministros das Finanças, professores, empresários, deputados. Politicamente vêm de toda a parte, excepto do PC e do Bloco, e têm, em conjunto, uma experiência que começou em Marcelo Caetano e chega até hoje. É impossível em qualquer profissão reunir tanta autoridade em tão pouca gente. (…) Por que razão iriam Cadilhe ou Silva Lopes, Beleza ou João Salgueiro, Mira Amaral ou Daniel Bessa mentir ou exagerar?
      VPV, “O aviso dos 28”, 21.06.2009
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¹ Isto vem numa compilação de crónicas intitulada “Esta Ditosa Pátria”. Posso emprestar-lhe, Dr. Pacheco.

Leituras

Assembleia da Madeira pagou pareceres para iniciativas do PSD

(…) Marcelo Rebelo de Sousa também integra o elenco de jurisconsultos a que a ALM encomendou dezenas de pareceres. Em 1996, o então líder do PSD foi solicitado a dar cobertura jurídica ao escândalo das ilegais viagens fantasma dos deputados madeirenses, detectadas pelo Tribunal de Contas, entre 1989 e 1993, num montante superior a 160 mil euros (32 mil contos). O professor de Direito não reconheceu a este tribunal competência para "proceder a um controlo político (...) da conduta dos parlamentares regionais", aos quais era exigida a reposição das verbas indevidamente pela assembleia e utilizadas em viagens de férias a destinos exóticos.

♪ Mingus Dynasty



Sketch Two

sábado, junho 27, 2009

"O debate deve ser centrado em prioridades: só com emprego se pode reconstruir a economia"

Estamos a atravessar uma das mais severas crises económicas globais de sempre. Na sua origem está uma combinação letal de desigualdades, de especulação financeira, de mercados mal regulados e de escassa capacidade política. A contracção da procura é agora geral e o que parece racional para cada agente económico privado – como seja adiar investimentos porque o futuro é incerto, ou dificultar o acesso ao crédito, porque a confiança escasseia – tende a gerar um resultado global desastroso.

É por isso imprescindível definir claramente as prioridades. Em Portugal, como aliás por toda a Europa e por todo o mundo, o combate ao desemprego tem de ser o objectivo central da política económica. Uma taxa de desemprego de 10% é o sinal de uma economia falhada, que custa a Portugal cerca de 21 mil milhões de euros por ano – a capacidade de produção que é desperdiçada, mais a despesa em custos de protecção social. Em cada ano, perde-se assim mais do que o total das despesas previstas para todas as grandes obras públicas nos próximos quinze anos. O desemprego é o problema. Esquecer esta dimensão é obscurecer o essencial e subestimar gravemente os riscos de uma crise social dramática.

A crise global exige responsabilidade a todos os que intervêm na esfera pública. Assim, respondemos a esta ameaça de deflação e de depressão propondo um vigoroso estímulo contracíclico, coordenado à escala europeia e global, que só pode partir dos poderes públicos. Recusamos qualquer política de facilidade ou qualquer repetição dos erros anteriores. É necessária uma nova política económica e financeira.

Nesse sentido, para além da intervenção reguladora no sistema financeiro, a estratégia pública mais eficaz assenta numa política orçamental que assuma o papel positivo da despesa e sobretudo do investimento, única forma de garantir que a procura é dinamizada e que os impactos sociais desfavoráveis da crise são minimizados. Os recursos públicos devem ser prioritariamente canalizados para projectos com impactos favoráveis no emprego, no ambiente e no reforço da coesão territorial e social: reabilitação do parque habitacional, expansão da utilização de energias renováveis, modernização da rede eléctrica, projectos de investimento em infra-estruturas de transporte úteis, com destaque para a rede ferroviária, investimentos na protecção social que combatam a pobreza e que promovam a melhoria dos serviços públicos essenciais como saúde, justiça e educação.

Desta forma, os recursos públicos servirão não só para contrariar a quebra conjuntural da procura privada, mas também abrirão um caminho para o futuro: melhores infra-estruturas e capacidades humanas, um território mais coeso e competitivo, capaz de suportar iniciativas inovadoras na área da produção de bens transaccionáveis.

Dizemo-lo com clareza porque sabemos que as dúvidas, pertinentes ou não, acerca de alguns grandes projectos podem ser instrumentalizadas para defender que o investimento público nunca é mais do que um fardo incomportável que irá recair sobre as gerações vindouras. Trata-se naturalmente de uma opinião contestável e que reflecte uma escolha político-ideológica que ganharia em ser assumida como tal, em vez de se apresentar como uma sobranceira visão definitiva, destinada a impor à sociedade uma noção unilateral e pretensamente científica.

Ao contrário dos que pretendem limitar as opções, e em nome do direito ao debate e à expressão do contraditório, parece-nos claro que as economias não podem sair espontaneamente da crise sem causar devastação económica e sofrimento social evitáveis e um lastro negativo de destruição das capacidades humanas, por via do desemprego e da fragmentação social. Consideramos que é precisamente em nome das gerações vindouras que temos de exigir um esforço internacional para sair da crise e desenvolver uma política de pleno emprego. Uma economia e uma sociedade estagnadas não serão, certamente, fonte de oportunidades futuras.

A pretexto dos desequilíbrios externos da economia portuguesa, dizem-nos que devemos esperar que a retoma venha de fora através de um aumento da procura dirigida às exportações. Propõe-se assim uma atitude passiva que corre o risco de se generalizar entre os governos, prolongando o colapso em curso das relações económicas internacionais, e mantendo em todo o caso a posição periférica da economia portuguesa.

Ora, é preciso não esquecer que as exportações de uns são sempre importações de outros. Por isso, temos de pensar sobre os nossos problemas no quadro europeu e global onde nos inserimos. A competitividade futura da economia portuguesa depende também da adopção, pelo menos à escala europeia, de mecanismos de correcção dos desequilíbrios comerciais sistemáticos de que temos sido vítimas.

Julgamos que não é possível neste momento enfrentar os problemas da economia portuguesa sem dar prioridade à resposta às dinâmicas recessivas de destruição de emprego. Esta intervenção, que passa pelo investimento público económica e socialmente útil, tem de se inscrever num movimento mais vasto de mudança das estruturas económicas que geraram a actual crise. Para isso, é indispensável uma nova abordagem da restrição orçamental europeia que seja contracíclica e que promova a convergência regional.

O governo português deve então exigir uma resposta muito mais coordenada por parte da União Europeia e dar mostras de disponibilidade para participar no esforço colectivo. Isto vale tanto para as políticas destinadas a debelar a crise como para o esforço de regulação dos fluxos económicos que é imprescindível para que ela não se repita. Precisamos de mais Europa e menos passividade no combate à crise.

Por isso, como cidadãos de diversas sensibilidades, apelamos à opinião pública para que seja exigente na escolha de respostas a esta recessão, para evitar que o sofrimento social se prolongue.


Manuel Brandão Alves, Economista, Professor Catedrático, ISEG; Carlos Bastien, Economista, Professor Associado, ISEG; Jorge Bateira, Economista, doutorando, Universidade de Manchester; Manuel Branco, Economista, Professor Associado, Universidade de Évora; João Castro Caldas, Engenheiro Agrónomo, Professor Catedrático, Departamento de Economia Agrária e Sociologia Rural do Instituto Superior de Agronomia; José Castro Caldas, Economista, Investigador, Centro de Estudos Sociais; Luis Francisco Carvalho, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL; João Pinto e Castro, Economista e Gestor; Ana Narciso Costa, Economista, Professora Auxiliar, ISCTE-IUL; Pedro Costa, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL; Artur Cristóvão, Professor Catedrático, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Álvaro Domingues, Geógrafo, Professor Associado, Faculdade da Arquitectura da Universidade do Porto; Paulo Areosa Feio, Geógrafo, Dirigente da Administração Pública; Fátima Ferreiro, Professora Auxiliar, Departamento de Economia, ISCTE-IUL; Carlos Figueiredo, Economista; Carlos Fortuna, Sociólogo, Professor Catedrático, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; André Freire, Politólogo, Professor Auxiliar, ISCTE; João Galamba, Economista, doutorando em filosofia, FCSH-UNL; Jorge Gaspar, Geógrafo, Professor Catedrático, Universidade de Lisboa; Isabel Carvalho Guerra, Socióloga, Professora Catedrática; João Guerreiro, Economista, Professor Catedrático, Universidade do Algarve; José Manuel Henriques, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL; Pedro Hespanha, Sociólogo, Professor Associado, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; João Leão, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL; António Simões Lopes, Economista, Professor Catedrático, ISEG; Margarida Chagas Lopes, Economista, Professora Auxiliar, ISEG; Raul Lopes, Economista, Professor Associado, ISCTE-IUL; Francisco Louçã, Economista, Professor Catedrático, ISEG; Ricardo Paes Mamede, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL; Tiago Mata, Historiador e Economista, Universidade de Amesterdão; Manuel Belo Moreira, Engenheiro Agrónomo, Professor Catedrático, Departamento de Economia Agrária e Sociologia Rural, Instituto Superior de Agronomia; Mário Murteira, Economista, Professor Emérito, ISCTE- IUL; Vitor Neves, Economista, Professor Auxiliar, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; José Penedos, Gestor; Tiago Santos Pereira, Investigador, Centro de Estudos Sociais; Adriano Pimpão, Economista, Professor Catedrático, Universidade do Algarve; Alexandre Azevedo Pinto, Economista, Investigador, Faculdade de Economia da Universidade do Porto; Margarida Proença, Economista, Professora Catedrática, Escola de Economia e Gestão, Universidade do Minho; José Reis, Economista, Professor Catedrático, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; João Rodrigues, Economista, doutorando, Universidade de Manchester; José Manuel Rolo, Economista, Investigador, Instituto de Ciências Sociais; António Romão, Economista, Professor Catedrático, ISEG-UTL; Ana Cordeiro Santos, Economista, Investigadora, Centro de Estudos Sociais; Boaventura de Sousa Santos, Sociólogo, Professor Catedrático, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Carlos Santos, Economista, Professor Auxiliar, Universidade Católica Portuguesa; Pedro Nuno Santos, Economista; Mário Rui Silva, Economista, Professor Associado, Faculdade de Economia do Porto; Pedro Adão e Silva, Politólogo, ISCTE; Nuno Teles, Economista, doutorando, School of Oriental and African Studies, Universidade de Londres; João Tolda, Economista, Professor Auxiliar, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra; Jorge Vala, Psicólogo Social, Investigador; Mário Vale, Geógrafo, Professor Associado, Universidade de Lisboa.

Os "círculos restritos" falaram ao Expresso


O Expresso, do grupo Impresa - especialmente afectado por qualquer operação que fortaleça ainda mais a TVI - faz a sua manchete de hoje com o título: Governo já conhecia negócio PT/TVI desde o início do ano.
Lá dentro, em duas páginas, a única frase que corrobora a manchete é a seguinte: "Desde Janeiro que o Governo admite em círculos restritos que a PT poderia comprar a MC [Media Capital]".
Há quem admita, embora em círculos restritos, que há muito, muito tempo o Expresso até fez jornalismo.

♪ Tina Brooks



Tina Brooks (ts)
Lee Morgan (tp)
Sonny Clark (pf)
Doug Watkins (b)
Art Blakey (ds)

Everything Happens to Me

sexta-feira, junho 26, 2009

A última pessoa que deveria falar sobre negócios dos media com o Estado




Cavaco decidiu não promulgar a lei do pluralismo e da não concentração dos meios de comunicação social. Esse diploma pretendia garantir, entre outros aspectos, a independência da comunicação social em relação ao poder político.

Cavaco, cedendo nomeadamente às pressões de Alberto João Jardim para poder continuar com o Jornal da Madeira, diário gratuito do Governo Regional, invocou, na mensagem dirigida à Assembleia da República, o seguinte para não promulgar o diploma:
    «(…) importa notar que a restrição de acesso, prevista no artigo 13º, ao desenvolvimento de actividades pelo Estado e demais entidades públicas no domínio da comunicação social pode constituir um limite ao sector público, não se sabendo se, em determinadas circunstâncias, não poderá “pôr em causa a prossecução de interesses públicos de relevo, incluindo o próprio pluralismo e a independência dos meios de comunicação social”, como referi na mensagem relativa ao Decreto 265/X.»
Quando o PS procurou impor por lei que o Estado não pudesse deter participações em órgãos da comunicação social e Cavaco vetou o diploma, parece estranho que o Presidente da República apareça agora a mostrar-se preocupado com as conversações entre a Media Capital e a PT.

Michael Jackson nas mãos da TVI


Durante o telejornal das sextas na TVI, as tentativas de reanimação de Michael Jackson prolongaram-se por:

a) três quartos de hora, segundo a peça exibida sobre o assunto;
b) uma hora, segundo o rodapé que esteve a correr durante todo o noticiário;
c) duas horas, segundo MMG.

O jornalismo de investigação não poupa ninguém... Nem o Michael Jackson.

A palavra aos leitores




    O Metro do Porto foi um projecto lançado no primeiro mandato do então presidente da Câmara Municipal, Fernando Gomes, sendo adjudicada a sua construção em 1998 (Governo de António Guterres).

    Na altura, foi considerado um projecto "irrealizável", por muita e muita gente (Oh, que grande coro de velhos do Restelo!). Gozavam com o "centímetro".

    Dez anos depois, com 70 estações distribuídas por 60 km de linhas comerciais duplicadas, em seis concelhos, soma recordes atrás de recordes. Supera os seis milhões de passageiros por mês. O último recorde: mais 278 mil clientes e novo máximo histórico de procura na noite de S. João.

    Estamos a pagar a obra? Sim. E estaremos. Mas transformou profundamente a vida da região. Os utentes adoram-no. Já é indispensável.

    É útil visitar o passado para compreendermos quem, no presente, tem visão do futuro.
      Fernanda G.

Leituras

• Daniel Amaral, A dança do TGV:
    A análise custo-benefício de um grande projecto pressupõe o domínio de vários conceitos: o investimento implícito, as receitas esperadas, o horizonte temporal, a taxa de desconto, etc.

    Desconheço as entidades que o analisaram o TGV - Lisboa-Porto, Porto-Vigo e Lisboa-Madrid. Mas não tenho razões para duvidar da competência e da honorabilidade dos seus autores. Vou admitir que a análise foi bem feita.

    Estudos recentes apontam para que o TGV custe € 7,5 mil milhões, dos quais apenas 36% serão suportados pelo Estado. E o impacto económico-financeiro, num horizonte de 30 anos, será de €126 mil milhões de PIB, de €64 mil milhões de receita fiscal e de 56 mil novos empregos permanentes.

    A que se juntam aqueles benefícios mais dificilmente mensuráveis ligados ao ambiente, à mobilidade e ao desenvolvimento regional. É pouco? É o que é.

    Ao longo de uma década, o TGV passou por todos os crivos: foi estudado ao milímetro, foi aprovado pelo PSD/CDS, esteve em duas Cimeiras com a Espanha, foi confirmado pelo PS, é prioritário em Bruxelas e pode ser financiado pelo BEI. Mais: foi "vendido" ao país como exemplo modelo de uma Parceria Público-Privada em regime de concessão. Quando agora nos dizem que é preciso parar para pensar - querem dizer o quê?

    Um projecto como o TGV é composto por duas fases: a fase de financiamento e de construção; e a fase de exploração e de reembolso. Os custos são suportados pelos utilizadores. A esta luz, o modelo é análogo ao das auto-estradas com portagem. Gritar aos quatro ventos que há uma sobrecarga para as gerações futuras é o mesmo que ir tomar banho ao mar e concluir que a água é salgada. Como é que queriam que fosse?

    Dito isto, é preciso acrescentar que, sendo o dinheiro um bem escasso, escolher um investimento é preterir investimentos alternativos. E não me custa admitir que possa haver outros melhores. Pois bem, onde estão as alternativas ao TGV? Quem as estudou? Não sei de qualquer resposta a estas perguntas. Mas sei de muita gente a reclamar estudos. É uma obsessão doentia: estudos e mais estudos, sempre os estudos...

    A dança do TGV é a imagem de Portugal ao espelho. Perdemos tanto tempo a fazer estudos que ficamos sem tempo para os materializar.

Despudoradamente!

"Num estilo de provedor dos jornais, o impoluto e independente director do jornal da Sonaecom, José Manuel Fernandes, dedicou ao Diário Económico o título de ‘jornal do regime'. Porquê? Porque o Diário Económico noticiou que a Telefónica quer ter uma influência directa na gestão da TVI, facto confirmado pela própria empresa espanhola.
O director do jornal da Sonaecom diz-se preocupado com a entrada da PT na TVI e considera que a notícia é ‘poeira para os olhos', mas o que revela é ignorância: bastaria ter lido, por exemplo, o research do Millennium Investimento que chama a atenção para os riscos que ameaçam a PT se a Telefónica assumir uma posição de influência na TVI. Já agora, não lê o seu próprio jornal, que, no online desse dia, deu grande destaque à referida notícia. Ou a agência Reuters, outra agência do ‘regime'...
O Diário Económico não está preocupado com centros de decisão, nem com política, mas com notícias e com os seus leitores. Deveriam essas, também, as mais importantes preocupações do director do jornal da Sonaecom. Mas, despudoradamente, não são."

António Costa, director do Diário Económico, 26 Junho 09

TENHAM MEDO, MUITO MEDO©




Manuela Ferreira Leite, dirigindo-se à bancada parlamentar escolhida numa noite de nevoeiro, afirmou que, se chegar ao Governo, pretende “rasgar e romper com todas as soluções que têm estado a ser adoptadas em termos de política económica e social”.

Significa isto — portanto — que o PSD pretende “rasgar e romper”, por exemplo, com:
    • O Complemento Solidário para Idosos;
    • As escolas do 1.º ciclo do básico a funcionarem a tempo inteiro, até às 17:30, com inglês e refeições escolares;
    • O abono pré-natal;
    • A majoração do abono de família;
    • O apoio público à procriação medicamente assistida para casais com problemas de fertilidade;
    • O programa PARES, que tem financiado a criação de centenas de novos equipamentos sociais, nomeadamente assegurando um investimento sem precedentes na expansão do pré-escolar;
    • O cheque-dentista para grávidas e crianças e jovens;
    • As unidades de cuidados continuados integrados para idosos acamados e outros doentes prolongados;
    • O programa de cirurgia oftalmológica, que permitiu no último ano operar — no sistema nacional de saúde — milhares de pessoas que há anos esperavam por uma simples operação às cataratas;
    • O aumento da acção social escolar e o alargamento dos respectivos beneficiários;
    • Os programas e-escolas e e-escolinhas;
    • A reforma da segurança social, que assegurou a sua sustentabilidade e retirou Portugal do grupo de países de alto risco;
    • O investimento nas energias renováveis, que tornou Portugal um caso de sucesso e um exemplo elogiado a nível internacional;
    • A redução do IRC para empresas do interior e a criação de dois escalões (em que os primeiros 12.500 euros de matéria colectável são taxados a metade);
    • O incentivo fiscal à actividade empresarial de Investigação & Desenvolvimento.
É isto que Manuela Ferreira Leite pretende “rasgar”? Tenham medo, muito medo...

Investimento público → relançamento da economia → criação de emprego

José Reis, professor da Universidade de Coimbra, ao CM:
    O que levou um grupo de economistas a assinar um manifesto em defesa das obras públicas?
    José Reis – O manifesto não é a favor das obras públicas, mas sim em defesa do relançamento da economia e da criação de emprego e uma das maneiras de o fazer é através do investimento público, que pode ser feito através de obras. Mas este manifesto ainda não é público, só será sábado [amanhã].

    Numa altura de crise como a que atravessamos, obras como o TGV são prioritárias?
    José Reis
    – É precisamente por estarmos numa época difícil que se tem de fazer investimento público e seria ruinoso se não fosse feita alguma coisa que relançasse a economia. E isso tem de ser liderado pelo Estado, para que as empresas privadas sigam o exemplo. Os cidadãos não podem exigir aos privados que invistam, mas podem pedir ao Estado que actue para relançar a economia.

A incompreensível teimosia do PSD

A líder do PSD recusou o nome de Jorge Miranda para provedor de Justiça, personalidade que até foi militante do PSD. A Dr.ª Manuela acabou por aceitar Alfredo José de Sousa, o nome que havia sido escolhido apenas pelo PS para provedor do crédito.

O Lomba inteligente

Se Pedro Lomba admite, hoje no i, que a crise “abala precisamente aquilo que se sabia sobre a ciência económica”, donde só “um génio” a poderia ter previsto, então por que nos pede que acreditemos naquilo que 28 iluminações económicas acham que sabem sobre a ciência económica? De resto, nós já sabíamos que os 28-do-manifesto não eram génios, mas é sempre agradável quando Pedro Lomba confirma o óbvio. Mas a questão não é essa, como já explicou Pedro Lains: “[está lá] um dos mais consagrados economistas da teoria do crescimento à escala internacional (Sérgio Rebelo). Mas isso não chega. Rebelo é Rebelo e pensa como Rebelo. Não pensa como Krugman, por exemplo.

Estes baços economistas que não nos avisaram da crise; estes baços economistas, que, dogmaticamente, nos meteram na crise vêm agora criticar a forma de sair da crise, forma essa amplamente caucionada. Se Pedro Lomba não acredita no Krugman, leia o que pensam os ganda malucos do FMI (sobretudo, capítulos 1 e 3). E quando se esperaria encontrar em Pedro Lomba o novo Burke contra os jacobinos da “tirania das fórmulas” do mercado, ele deixa-nos com um contributo de Mr. Aníbal Cavaco Chance: primeiro lemos que “o importante não é ser-se de esquerda ou de direita para fazer escolhas certas”. É uma opinião apolítica, mas ao menos é uma opinião num certo sentido, o sentido do fim da política imolada no altar da tecnocracia. Mas, depois, lemos, e não acreditamos, que não devemos “alinhar pelo economicismo mais hostil ao debate político”. O que é outra opinião, uma excelente opinião, é pena é ser contraditória com a anterior.

“Política de verdade” – aula prática (facadas à parte)

É irónico que a líder do PSD venha agora elogiar Pedro Santana Lopes, o mesmíssimo Pedro Santana Lopes no qual, se tivesse estado no boletim de voto em 2005, Ferreira Leite não teria votado (“se lá estivesse o nome de Santana Lopes não votava”). O mesmíssimo Pedro Santana Lopes que, ainda há pouco tempo dizia que: “a maneira de governar da Dr.ª Manuela Ferreira Leite castiga, desmoraliza e deprime” e que acha que “o que ela defende para Portugal é o contrário do que Portugal precisa”.

O que pensar de tudo isto, o mesmo é perguntar: o que pensa Pacheco Pereira disto tudo? O grande Jhdanov do Leitismo já tinha avisado que a escolha de Santana para Lisboa “Seria um péssimo sinal”. Um péssimo sinal. E porquê? Límpido: porque “Pedro Santana Lopes é a imagem da derrota do PSD de 2005, uma das derrotas maiores que o PSD alguma vez teve”.

Da série "Frases que impõem respeito" [334]

    A colagem Cavaco/MFL é cada vez mais notória.

Presidente da PT explica pacientemente à Dra. Manuela como funciona a economia

A PT não discutiu o tema formalmente na comissão executiva, garantiu Zeinal Bava, presidente da operadora. Em entrevista à RTP, garantiu que “não abordámos este tema no conselho de administração de forma formal”, embora tivesse “de prestar esclarecimentos”. A comissão executiva “é o primeiro fórum em que o assunto tem de ser discutido”. É desta forma que Zeinal Bava responde à pergunta sobre se informou o Governo do potencial negócio. “Eu respondo ao meu conselho de administração”, a PT “investe tendo em atenção o interesse dos accionistas”. Zeinal Bava afirmou, ainda, que a venda da Lusomundo não foi aprovada pela “golden share”.

Presidente da PT explica pacientemente aos comentadores como funciona a economia

Zeinal Bava reiterou que não há nenhum negócio, mas que se fossem os 30% da Media Capital de que se fala a PT teria os seus poderes limitados, entre os quais a nomeação de um director geral para a TVI.

Presidente da PT explica pacientemente aos comentadores como funciona a economia

Zeinal Bava reiterou que não há nenhum negócio, mas que se fossem os 30% da Media Capital de que se fala a PT teria os seus poderes limitados, entre os quais a nomeação de um director geral para a TVI.

Presidente da PT explica pacientemente ao Presidente da República como funciona e economia

Zeinal Bava afirmou na RTP ter "muito respeito" pelas palavras do Presidente, mas, a concretizar-se um acordo entre as empresas, o mesmo será ainda submetido a um "duplo escrutínio": da Entidade Reguladora da Comunicação Social (a que Zeinal Bava se referiu como a extinta Alta Autoridade para a Comunicação Social), que analisará uma eventual quebra do pluralismo nos media, e da Autoridade da Concorrência, cuja análise incidirá sobre o mercado dos media e a concorrência entre empresas.

Separados à nascença


"É verdadeiramente notável em termos de humildade democrática que desejo que todas as pessoas soubessem protagonizar. Efectivamente, é um exemplo democrático para todos os elementos do partido."

(25 de Junho de 2009)

quinta-feira, junho 25, 2009

PSD – um partido com parte do aparelho na clandestinidade?

O estatuto de certas profissões impede que aqueles que as desempenham possam ter actividade política. É o caso dos militares no activo ou dos magistrados.

Foi, por isso, com espanto que li que Paulo Marcelo, jurista e membro da Comissão Política do PSD, diz que, nas comissões de educação e justiça que preparam o programa da Dr.ª Manuela, há "juízes, magistrados, procuradores, pessoas ligadas à PJ e professores universitários". Estas palavras atribuídas a Paulo Marcelo vêm no i de ontem [p. 23] e, 24 horas depois, não foram desmentidas.

Revisão Constitucional por Decreto Presidencial

«É o Governo em primeiro lugar que tem de anunciar a sua decisão sobre o dia das eleições autárquicas. E só depois disso é que o Presidente da República pode anunciar a sua decisão. Fá-lo-ei quando chegar o meu tempo. Estarei de certeza preparado para anunciar aos portugueses essa data depois de o Governo anunciar a data das eleições autárquicas.»

Aníbal Cavaco Silva, 24 de Junho de 2009

Parece que deixaram Cavaco fora de pé (2)

Rui Moreira criticou Cavaco por falar sobre a TVI:
    O presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, criticou hoje a intervenção do Presidente da República sobre a eventual compra pela Portugal Telecom (PT) de 30 por cento da Media Capital, detentora da TVI.

    "Acho mal que o Presidente da República se manifeste sobre estas questões empresariais. Acho pior ainda por cima quando se sucede em poucas horas à entrevista da líder da oposição sobre esta matéria. Não acho que o Presidente da República deva apanhar boleia sobre estas questões", disse à agência Lusa Rui Moreira.

Parece que deixaram Cavaco fora de pé (1)

Comunicado à CMVM - Moniz favorável a entrada da PT na TVI:
    O director-geral da TVI, José Eduardo Moniz, mostrou-se hoje favorável à venda de parte da Media Capital à Portugal Telecom (PT), dizendo que abre novas oportunidades para os conteúdos do grupo e favorece o crescimento da estação de televisão.

    Em comunicado hoje divulgado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), José Eduardo Moniz refere que "a eventual associação [da Media Capital] a uma empresa de telecomunicações de grande dimensão em Portugal e no estrangeiro, numa perspectiva estrita de negócio, pode proporcionar a uma estação de televisão líder a abertura de novas oportunidades para a geração de conteúdos e o alargamento da sua capacidade de oferta, favorecendo o seu crescimento nos mercados nacional e internacional”.

A Dr.ª Manuela devia ser entrevistada todos os dias [3]

A dado passo da entrevista, a Dr.ª Manuela disse que o PSD assumiu ao longo da legislatura uma atitude responsável, deixando subentendido que o PSD tem contribuído para a consolidação orçamental. Vejam-se alguns exemplos de como a Direita reagiu às iniciativas do Governo para reduzir a despesa do Estado:
    • Convergência dos regimes de segurança social [PSD e CDS abstiveram-se];
    • Lei da Mobilidade na Administração Pública [PSD e CDS votaram contra];
    • Sistema de Avaliação de Desempenho na Administração Pública [PSD e CDS votaram contra];
    • Vínculos, Carreiras e Remunerações [PSD e CDS votaram contra];
    • Contrato de trabalho em funções públicas [PSD e CDS abstiveram-se];
    • Alteração da contribuição dos beneficiários dos subsistemas de saúde da administração pública (ADSE) [PSD e CDS votaram contra];
    • Lei de Bases da Segurança Social [PSD e CDS votaram contra];
    • Criação do indexante dos apoios sociais e novas regras de actualização das pensões e outras prestações sociais [PSD e CDS votaram contra];
    • Lei das Finanças Locais [PSD votou contra e CDS absteve-se];
    • Lei das Finanças Regionais [PSD votou contra e CDS absteve-se];
    • Prorrogação do Congelamento de Carreiras [PSD e CDS votaram contra];
    • Antigos combatentes [PSD e CDS votaram contra];
    • Financiamento da rede rodoviária a cargo da EP [PSD e CDS votaram contra];
    • Lei da Programação Militar [PSD absteve-se e CDS votou a favor]
    • Orçamentos do Estado de 2006, 2007 e 2008 [PSD e CDS votaram contra];
    • GOP 2005-2009 [PSD e CDS votaram contra];
    • GOP 2007, 2008 e 2009 [PSD e CDS votaram contra];
    • Programa de Estabilidade e Crescimento [PSD e CDS votaram contra].
Não se trata de uma relação exaustiva dos “contributos” da Direita para a consolidação orçamental. A esta relação haveria a acrescer muitas iniciativas do PSD e do CDS, mas a mais extraordinária de todas é uma proposta de lei da Assembleia Legislativa da Madeira, votada favoravelmente pela oposição na Assembleia da República, na qual se estabelecia que, relativamente às pessoas com dificuldades para pagar o empréstimo para a habitação, o Estado suportaria “cinquenta por cento dos juros que são devidos na prestação mensal” [artigo 4.º], que se aplicaria a qualquer imóvel, independentemente do seu valor [cf. aqui].

Economia para principiantes


O mesmo homem que, em 1987, quase acabou com a Bolsa em Portugal, ao afirmar que nela se vendia "gato por lebre", desafiou hoje uma empresa privada cotada em Bolsa a revelar que negócio(s) tem, ou não, em vista!

A Dr.ª Manuela devia ser entrevistada todos os dias [2]




A circunstância de a Dr.ª Manuela ter ontem dito na SIC que o PSD não irá apresentar um “calhamaço” como programa eleitoral só pode significar uma coisa: a Dr.ª Manuela prepara-se para se apresentar aos eleitores com meia dúzia de medidas avulsas a tiracolo, pedindo-lhes um cheque em branco para governar. Neste contexto, a “política de verdade” do PSD não é mais do que uma política de omissão.

A Dr.ª Manuela devia ser entrevistada todos os dias [1]




Ao contrário do que aconteceu com a entrevista ao primeiro-ministro, a conversa de Ana Lourenço com a Dr.ª Manuela não provocou uma crise de histeria. Foi cordata, como deveriam ser todas as entrevistas.

E foi por ter a possibilidade de falar à vontade que pudemos ouvir mais uma das pérolas da Dr.ª Manuela , quando reduziu a actual crise financeira mundial, seguramente a maior dos últimos 80 anos, a um acontecimento sem significado: “esta crise foi um abalozinho”.

Mais leituras

Dois artigos de opinião que cuja leitura se sugere (e dos quais não se reproduzem passagens, tal a riqueza de argumentos aduzidos):

Leituras

• Fernando Sobral, A renovação do PSD:
    Renovação é uma palavra que se escuta em todas as bocas, quando não se tem nada para propor. E é esse o maior problema do PSD. Estava conformado em ser oposição durante os próximos quatro anos e agora foi apanhado a tentar tirar doces da lata do poder.
• Ferreira Fernandes Cavaco, sondagens e Jorge Jesus:
    Os portugueses estão escaldados com as soldagens, mas o Presidente confessa que as ouve: "(...) sondagens que terão sido feitas manifestam uma preferência por eleições simultâneas...", disse. Cavaco fez bem em ser dubitativo: "terão sido feitas..." De facto, sondagens recentes sobre o assunto, não se conhecem. Antigas, há uma, do Expresso, de de Janeiro (em matéria de sondagem, pré-História). E mesmo essa diz o contrário do que Cavaco sugeriu: a maioria queria eleições separadas; e a minoria que as queria juntas falava das europeias e legislativas. Então, onde foi Cavaco desencantar a tal sondagem que prefere legislativas e autárquicas no mesmo dia? Só se fala daqueles inquéritos on-line que os jornais fazem. Ontem mesmo, o Correio da Manhã tinha um, onde se apontava para aquela leve ideia de Cavaco: sim, o povo quer eleições juntas... Mas se o Presidente dá ouvidos aos inquiridos do CM, posso adivinhar também o pensamento presidencial sobre outros temas tratados nos inquéritos do jornal. Lembro perguntas recentes: "CR é melhor que Messi?", "Sporting perde com saída de Derlei?", "Jesus vale indemnização de 700 mil?"
• Francisco Murteira Nabo, O manifesto:
    Como antigo responsável político da área dos transportes é pública a minha posição de defensor da construção, quanto antes, de um novo aeroporto de Lisboa, fora da cidade, por razões de segurança e ambientais - decisão que a meu ver só peca por tardia - e da construção de uma rede de ferroviária de alta velocidade (TGV) por razões europeias e ambientais e, por isso, não tenho dúvidas quer quanto à sua enorme importância estratégica para o país, quer quanto à necessidade da sua construção se efectuar enquanto Portugal puder beneficiar de fundos comunitários, o que provavelmente só acontecerá até 2013. (…) discordando da oportunidade do manifesto, como Bastonário da Ordem dos Economistas, parece-me que prestaríamos um grande serviço ao país se, dentro da nossa Ordem, estudássemos profundamente este assunto e apresentássemos ao país as nossas conclusões, acabando de vez com este "para-arranca" que nos não prestigia.

♪ Joshua Redman



My One and Only Love 1 of 2

My One and Only Love 2 of 2

Montreux Jazz Festival 1997

quarta-feira, junho 24, 2009

Note to President Obama: Want to Fix the Schools? Look to Portugal!



Note to President Obama: Want to Fix the Schools? Look to Portugal!:
    To show the way, I suggest the president take a look at a modest country across the Atlantic that's turning into the world leader in rethinking education for the 21st century.

    That country is Portugal. Its economy in early 2005 was sagging, and it was running out of the usual economic fixes. It also scored some of the lowest educational achievement results in western Europe.

    So President Jose Socrates took a courageous step. He decided to invest heavily in a "technological shock" to jolt his country into the 21st century. This meant, among other things, that he'd make sure everyone in the workforce could handle a computer and use the Internet effectively.

    This could transform Portuguese society by giving people immediate access to world. It would open up huge opportunities that could make Portugal a richer and more competitive place. But it wouldn't happen unless people had a computer in their hands.

    In 2005, only 31% of the Portuguese households had access to the Internet. To improve this penetration, the logical place to start was in school, where there was only one computer for five kids. The aim was to have one computer for every two students by 2010.

    So Portugal launched the biggest program in the world to equip every child in the country with a laptop and access to the web and the world of collaborative learning. To pay for it, Portugal tapped into both government funds and money from mobile operators who were granted 3G licenses. That subsidized the sale of one million ultra-cheap laptops to teachers, school children, and adult learners.

    Here's how it works: If you're a teacher or a student, you can buy a laptop for 150 euros (U.S. $207). You also get a discounted rate for broadband Internet access, wired or wireless. Low income students get an even bigger discount, and connected laptops are free or virtually free for the poorest kids. For the youngest students in Grades 1 to 4, the laptop/Internet access deal is even cheaper -- 50 euros for those who can pay; free for those who can't.

    That's only the start: Portugal has invested 400 million euros to makes sure each classroom has access to the Internet. Just about every classroom in the public system now has an interactive smart board, instead of the old fashioned blackboard.

    This means that nearly nine out of 10 students in Grades 1 to 4 have a laptop on their desk. The impact on the classroom is tremendous, as I saw this spring when I toured a classroom of seven-year-olds in a public school in Lisbon. It was the most exciting, noisy, collaborative classroom I have seen in the world.

O financiamento em cascata da economia real

Leio no suplemento Local/Porto do Público de hoje [p. 20] que a “Câmara do Porto pagou mais de 50 mil euros pela cascata de S. João instalada na Praça do General Humberto Delgado, mesmo em frente aos Paços do Concelho”. O problema é que a tal cascata é a mesma que foi paga no ano anterior.

O vereador da Cultura de Rui Rio não esclareceu a questão, mas sossegou os portuenses: “O que importa referir, relativamente à cascata, ao fogo-de-artifício e aos concertos, é que os custos são quase na totalidade suportados por patrocinadores.” Que esses patrocínios pudessem ter outro destino não ocorreu à equipa de Rio.

Viagens na Minha Terra

    • Eduardo Pitta, EXPLICAR O ÓBVIO:

      “Desacreditada? Claro! E com pompa e circunstância! Exemplos avulsos: o comportamento do PSD durante o bloqueio dos camionistas em Junho de 2008 (com MFL no poleiro); as posições do PSD em matéria de Código do Trabalho; a instrumentalização do desemprego, que infelizmente não se resolve com passes de mágica; o blasé do PSD face às ameaças concretas de alguns militares; o episódio dos bonés da polícia; o apoio explícito às manifs da Fenprof, sem que o PSD tivesse apresentado no Parlamento um projecto alternativo de avaliação de professores; a cumplicidade objectiva com a liquidação de Correia de Campos (o melhor ministro da Saúde desde que existe SNS); o descarado lobby contra a Ota, cujo único objectivo foi favorecer os interesses do Sul elitista; os ziguezagues com o TGV, que no tempo de Barroso ia ter sete linhas, e agora cai o Carmo e a Trindade porque Sócrates quer três (Madrid, Porto, Vigo); o horror à terceira travessia do Tejo, porque o lobby do PSD quer um túnel Algés-Trafaria; as obsessões bipolares quanto à reforma da Administração Pública; o descaso do estado da Justiça; o desinteresse com a roda-livre dos sindicados do MP; a hipocrisia no caso BPN; as assobiadelas para o lado no caso BPP; a tentativa de demolição de Constâncio (não simpatizo com o personagem), que, como sabem, não pode ser demitido de governador do BdP, por muito que o sr. Nuno Melo barafuste com óbvia má-educação (cf. Pacheco Pereira), e que já devia ter mandado a comissão de inquérito catar macacos, fossem quais fossem as consequências; a complacência com as fugas ao segredo de justiça; o apoio descarado à estratégia tablóide de alguns media; etc., etc., etc. Para já não falar no défice da economia e no dossiê Provedor de Justiça.”

    • José Medeiros Ferreira, Cooperação estratégica ou institucional?:

      “Se a Constituição quisesse que o PR marcasse dois actos eleitorais para o mesmo dia tinha-lhe atribuído a competência de marcar a data de ambas.”

    • Tomás Vasques, Leve duas pelo preço de uma:

      “Essa de levar duas eleições pelo preço de uma não é um argumento próprio de um presidente da República, mas de um gerente de supermercado.”

    • Carlos Santos, Lapsos da Dra. Manuela sobre consolidação orçamental
    • Carlos Santos, Desmontando 5 argumentos contra o investimento público
    • Carlos Santos,
    PR quer escolher data das legislativas com base em sondagens?? Ouvi mal?
    • Francisco Clamote, Revolta na Bounty?
    • Gonçalo Pires,
    Um pequeno esclarecimento
    • João Galamba,
    Politólogos e treinadores de bancada
    • João Galamba,
    Táctica política
    • João Rodrigues,
    Para quê?
    • Paulo Pedroso,
    No ranking dos impostos face ao rendimento, somos o 15º país da União Europeia
    • Pedro Adão e Silva,
    Um Presidente da República
    • Pedro Lains, Querem outro susto?
    • Rodrigo Moita de Deus,
    Já que nas últimas eleições as sondagens funcionaram tão bem…
    • Val,
    E tu, com quem te vais coligar?