domingo, novembro 30, 2008

O ‘desesperado "povo" do partido’

    «Duas coisas se juntaram para transformar a crise latente que tudo isto provocou numa crise aguda. Primeiro, as sondagens tornaram a descer (26 por cento, na última semana). E, segundo, com a recessão que se anuncia, as famigeradas "bases" do PSD começaram (erradamente) a acreditar que poderiam ganhar a Sócrates, com alguma sorte e "chefe" popular e hábil. Os candidatos, como sempre, pululam: o inevitável Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Passos Coelho - que anda em campanha desde que perdeu com Manuela -, Rui Rio, Alexandre Relvas (mais conhecido pelo "Mourinho de Cavaco") e o putativo intelectual Nuno Morais Sarmento. Claro que nenhum destes senhores alberga na cabeça um pensamento próprio, um programa original ou sequer uma estratégia prometedora. Mas são "diferentes" - diferentes de Ferreira Leite - e isso basta ao desesperado "povo" do partido.»
      Vasco Pulido Valente, Longe da salvação [Público de hoje]

O silêncio era de ouro



Via Blasfémias

El País ao domingo

Viagens na Minha Terra





Fátima Rolo Duarte, Sociedade. Pensar. Educação. Portugal, 2008. (excerto)


"Numa capa bem ao estilo do Público"




    «Numa capa bem ao estilo do Público, lê-se hoje: "Receitas dos casinos caem pela primeira vez em 20 anos". Mas, no corpo do texto, por pressão da sua própria consciência, a jornalista Sara Felizardo lá confessa: "nunca os casinos nacionais conheceram uma diminuição tão expressiva das suas receitas como a que estão a enfrentar desde o início de Outubro, exceptuando o período compreendido entre 2003 e 2004, onde se registou uma pequena quebra (...)". Ou seja, mais uma vez, uma capa e um título que mentem com a dentição completa.»

♪ Ray Stevens



Surfin’ U.S.S.R.

sábado, novembro 29, 2008

'De onde vem a força do "pê cê"?'




Pela chamada de primeira página, estava à espera de três suculentas prosas sobre o PCP. Afinal, trata-se de um artigo de São José Almeida, no qual reproduz opiniões esparsas de Ruben de Carvalho, Pacheco Pereira e André Freire.

Pacheco e Freire disseram o que é costume dizer-se nestas ocasiões solenes: o PCP está implantado nos meios operários e rurais, tem influência nos sindicatos, apresenta-se como provedor dos idosos e “os jovens aderem também por um factor comunitário de identificação”. O PCP sobreviveu à derrocada, acrescenta Pacheco, porque tinha uma “dimensão nacional”, não sendo apenas “um braço da política externa soviética”.

As opiniões mais estimulantes acabam no entanto por ser as de Ruben de Carvalho. É certo que passa como cão por vinha vindimada pela história do PCP, ignorando, por exemplo, as dores de cabeça que a linha política adoptada chegou a provocar na Internacional Comunista. Mas, em todo o caso, conforta saber que, entre as múltiplas razões do “sucesso” actual do PCP, Ruben aponta “a democracia interna do partido” e a sua “visão humanista e solidária da actividade política”. Como está escrito no Público, eu não duvido.

PS — “O PCP é um caso único de influência na Europa”? Então, Demetris Christofias, o líder do AKEL - Partido Progressista do Povo Trabalhador do Chipre, não é presidente da República de um país da EU? Ai se fosse na RTP, os átomos e os bits de Pacheco já andavam aos pulos.

Da série "Frases que impõem respeito" [235] (número reforçado)

    “Todos sabemos que respeitar o Presidente da República faz parte daquilo que nos ensinam, ou devem ensinar, na escola. A bandeira nacional, o hino nacional e o chefe do Estado.”
      Pedro Santana Lopes, sobre o affaire BPN [Sol, 29 de Novembro de 2008]
    “No Governo estava Cavaco Silva e o dinheiro jorrava de Bruxelas: era preciso gastá-lo depressa e tolerar algumas irregularidades — constava ser esta a posição de Cavaco — senão o direito de o receber caducava. Foi assim que tudo começou.”
      Saldanha Sanches, sobre o affaire BPN [Expresso, 29 de Novembro de 2008]
    “(…) há um enxame de grandes personagens do PSD, quase sem excepção do tempo dele [Cavaco Silva], que inocentemente ou criminosamente (ninguém sabe ainda) se envolveram nas trapalhadas do BPN e das ‘sociedades’ que o sustentavam.”
      Vasco Pulido Valente, sobre o affaire BPN [Público, 29 de Novembro de 2008]
    “A loucura está instalada no PSD”.
      Marcelo Rebelo de Sousa, comentador, professor, jurisconsulto, militante do PSD, conselheiro de Estado e avô [Expresso, 29 de Novembro de 2008]
    “Numa peça de teatro pode haver um intervalo, na democracia não.”
      Victor de Sousa, actor, sobre a hipótese lançada pela Dr.ª Manuela de suspender a democracia durante uns breves seis meses [Sol, 29 de Novembro de 2008]

Autoridade, pois então

Dei uma vista de olhos por vários blogues de professores. Entre dezenas de outras fotos que poderia ter escolhido, optei por esta:



Imagem reproduzida de um dos blogues de professores mais na berra



Pode-se querer impor a autoridade quando os professores não se demarcam de comportamentos como este?

O rancor na política



Como se já não bastasse a circunstância ímpar de um líder de um grande partido manter uma coluna de opinião (no Expresso), a Dr.ª Manuela preenche-a, em regra, com inanidades ditas de um modo que faz acreditar que a crise da educação tem séculos.

Hoje, embora dizendo que não quer falar do assunto, a líder do PSD põe em destaque um ranking do Financial Times, no qual Teixeira dos Santos aparece em último lugar entre os ministros de 19 países europeus. É evidente que a Dr.ª Manuela omite que, no ano anterior, o mesmo Teixeira dos Santos havia sido colocado em terceiro lugar — o que retira credibilidade a um ranking tão volúvel. O artigo é a cara da líder do PSD: uma pessoa que não apresenta uma só ideia, mas que não consegue abafar o rancor que transporta para a política.

O Expresso cita uma sondagem do Semanário Económico, em que o PSD aparece estabilizado em valores em torno dos 26 por cento. A reforma compulsiva da Dr.ª Manuela parece estar em marcha acelerada. Ela merece-o, mas é uma pena.

♪ The Fugs



"And we thought the world might change for the better
That capitalism and communism be made more benign
And the CIA and KGB would fall"


Summer of Love

sexta-feira, novembro 28, 2008

Da série "Frases que impõem respeito" [234]

    “Começa a ser imperioso que o PSD mostre quais são os seus projectos alternativos”.

Quem o viu e quem o vê

    “O acto de avaliar alguém de forma justa e objectiva é difícil. Mas sem avaliação, sem uma cultura de avaliação permanente que confronte todos — mas mesmo todos — com os seus deveres e responsabilidades, nenhuma organização pode progredir; nenhum país pode evoluir. Isso é especialmente verdade no sistema de ensino, mas não pode envolver apenas os alunos. É também necessário avaliar os professores e as escolas."
      José Manuel Fernandes, que agora está absolutamente centrado em garantir a “boa disposição” dos professores [editorial do Público de 11 de Abril de 2002, citado por Ana Maria Bettencourt]

O seguro morreu de velho




A Caixa Geral de Depósitos mandou várias camionetas recolher os 82 quadros de Joan Miró, que estavam na sede do Banco Português de Negócios.

Não há mistérios que mais tarde ou mais cedo não tenham uma explicação

O cenário catastrófico anunciado em primeira mão ao Jornal de Negócios por uma tal Optimize tem, afinal, uma explicação óbvia: quer promover “a subscrição de PPR sob a forma de seguros” (in Público em papel e edição on-line, tal a relevância da tal Optimize).

Viagens na Minha Terra (actualizado)

♪ Dean & Britta


Words You Used To Say

quinta-feira, novembro 27, 2008

“Sindicalismo unitário” ou unidade do sindicalismo?

Carlos Trindade e Ulisses Garrido, dirigentes da CGTP-IN, criticam, em artigo (p. 41) no Público de hoje, “a prática da CGTP-IN [que] não alarga a influência da central e não permite a renovação de ideias e dos eleitos”:
    «Não raro se contrapõe a “visão revolucionária” dos comunistas à visão “recuada” e conservadora dos dirigentes que não pertencem ao PCP, sendo, porém, verdade que isso não corresponde a qualquer análise sustentada. Não é uma atitude revolucionária a de entender que as lutas sindicais têm o fim em si próprias, como se se tratasse de cumprir um dever; nem a vida e a dinâmica de um sindicato ou de uma central sindical se mede exclusivamente pelo número de lutas que promove, num activismo radical de fracos resultados — como parece ser o entendimento da corrente comunista da CGTP-IN.

    Tanto como de luta, a vida sindical precisa de obter sucessos, de infundir confiança aos trabalhadores através da resolução dos seus problemas concretos. Precisa, sobretudo, de se “tornar presente” na solução dos conflitos e ter coragem de assumir, negociar e acordar soluções, compromissos, entendimentos. Também esta perspectiva nos diferencia das práticas dos “maioritários”.»

Da série "Frases que impõem respeito" [233]

    “Ó Pacheco Pereira, tem que ter um pouco de humildade para falar da arrogância dos outros”.
      António Costa, há alguns minutos na Quadratura do Círculo

Dr. Jekyll and Mr. Hyde




Enquanto em público se apresenta como uma pessoa afável (o Avô Boca Doce, aquele que cantarolava “O Boca Doce é bom, é bom é, diz o avô e diz o bebééééé”), Jerónimo de Sousa transfigura-se nas catacumbas da Soeiro Pereira Gomes: depois da caça à mão dos “renovadores”, parece ter chegado a hora de arredar os que trabalharam com Carvalhas. Não é seguramente o tempo das cerejas.

TPC para meninos de seis anos

Isto é a cópia de um trabalho para casa (TPC) para meninos de seis anos no primeiro ano de escolaridade na Escola do Montalvão em Setúbal:




Acham isto normal?

Viagens na Minha Terra


Miguel Baltasar



• João Pinto e Castro, O planinho Barroso:
    9. Como Keynes recomendou a Roosevelt após a sua eleição, do que agora se necessita é de gastar, gastar, gastar. Para evitar ter que gastar mais depois, quando isso for mais difícil e perigoso. Este conselho, em circunstâncias normais insensato, é o único prudente no momento actual.

    10. Tudo indica que, quando finalmente os nossos líderes acordarem, poderá ser demasiado tarde para evitarem o pior.
• Francisco Clamote, Então, ninguém aplaude?
• Hugo Mendes,
“O que não era difícil”
• Luís Paixão Martins,
No tempo em que os media iam atrás dos ministros
• S,
Vale tudo...
• Tiago Barbosa Ribeiro,
Suspender
• Valupi,
Ai, se não fosse o Magalhães…
• Vital Moreira,
Sem emenda

Sinusite



Não é alérgica, nem traumática, muito menos infecciosa: é crónica. Mas há um caminho para a cura.

♪ Jefferson Airplane



If You Feel

quarta-feira, novembro 26, 2008

A avaliação que Mário Nogueira quer

Quem tiver estado atento a Mário Nogueira nos últimos tempos (por exemplo, na entrevista recente de Constança Cunha e Sá), ouviu-o certamente garantir que a Fenprof tem apresentado vários projectos de avaliação dos professores. Afinal, só existe um projecto, reproduzido em dois desdobráveis.

O mesmo Mário Nogueira prometeu há dias que iria reformular o projecto (o dos desdobráveis), apresentando uma alternativa ao modelo simplificado aprovado em Conselho de Ministros. Afinal, também não o fará: Admitindo que esta é a última palavra da Fenprof sobre a avaliação, vale a pena conhecer a forma como Mário Nogueira quer que os professores sejam avaliados.

A avaliação constaria de quatro passos:
    1º passoauto-avaliação, também designada por “auto-análise”, “deverá (…) partir do próprio avaliado” e culmina numa proposta de classificação feita pelo próprio;
    2º passoco-avaliação, em que todos os professores são simultaneamente avaliadores e avaliados, fórmula que “resolve o problema do reconhecimento da autoridade do avaliador uma vez que há a co-responsabilização de todos os pares”;
    3º passoaferição processual da avaliação de desempenho, em que são aprovadas as propostas de classificação elaboradas pelos avaliados;
    4º passoavaliação externa da escola, “dirigida à escola e não ao professor (…), em ordem a promover a sua qualidade.”
Se o leitor quiser aferir a consistência da proposta da Fenprof, o melhor é mesmo lê-la. Para ser franco, duvido que tenha sido elaborada por professores, atendendo aos momentos quase hilariantes que a sua leitura proporciona. Para estimular a curiosidade do leitor, eis o primeiro parágrafo da proposta:
    “O saber profissional constrói-se dentro das regras e dos conhecimentos que os próprios profissionais geram ou dominam. Deste modo, é inviável avaliar contra os docentes, é inviável avaliar desvirtuando o princípio primeiro da qualidade educativa em nome de interesses sociais ou políticos externos à educação. A avaliação do desempenho docente só será credível e reconhecida se orientada para a melhoria efectiva do desempenho, se tiver no seu horizonte o desenvolvimento e o progresso das instituições e das nações e, nesse sentido, ela terá de ser intrínseca aos professores e educadores, participada e co-construída pelos próprios.”

O que a história do Zé-que-já-não-faz-falta esconde

            “Na minha opinião, o Bloco viu, desde a primeira hora, este acordo com desconfiança. Por razões de política nacional, por receio em assumir responsabilidades de poder, ainda mais com o PS, e por falta de uma relação de confiança mútua entre o partido e o vereador. Algumas razões para este desconforto são profundas e preocupam-me muito.”


Tenho lido vários blogues que dão como explicação para o divórcio litigioso entre o BE e José Sá Fernandes a circunstância de o partido de Louçã não se sentir à vontade na arte de governar. Parece-me no entanto que a causa da ruptura reside no primeiro dos três motivos invocados pelo Daniel no excerto reproduzido, que curiosamente se percebe melhor após ler o segundo motivo (“ainda mais com o PS”).

Ou seja: a ala do BE que não aceita aproximações ao PS levou os “colaboracionistas” ao tapete. Resta agora prosseguir o único objectivo do agrupamento: ter mais votos do que o PCP. O tempo joga aparentemente a seu favor.

Dúvida

Pedro Magalhães está com uma dúvida pertinente. Alguém o pode ajudar a esclarecer-se?

O plano Barroso e nós

Durão Barroso diz que o esforço de 1,5 por cento do PIB para este plano de recuperação é uma média. No caso português, pode-se dizer, desde já, que as medidas tomadas e a tomar ultrapassam esse limiar: 1,5 por cento do PIB correspondem grosso modo a 2,5B€ em Portugal.

Só que, recorde-se, medidas como as linhas de crédito do QREN, a redução do prazo de pagamento a fornecedores, as medidas na área da eficiência energética e o investimento em termos de banda larga ultrapassam largamente este valor.

Quem?




O Jornal de Negócios dá hoje quase toda a página 25 a uma notícia alarmista: “valor das pensões nacionais cairá para metade em 40 anos com novo cálculo”. É certo que este género de notícias tem sido recorrente… e sempre desmentidas ou clarificadas.

O caso mais importante aconteceu quando o próprio Ministério do Trabalho e da Segurança Social teve de chamar a atenção da OCDE por esta ter cometido um erro de facto nos cálculos efectuados sobre Portugal no estudo “Pensions at a Glance”.

Ora, mantendo-se as restantes circunstâncias inalteradas, a introdução do factor de sustentabilidade significará para os pensionistas que se reformem aos 65 anos (e que não tenham descontado mais do que os mínimos obrigatórios) uma quebra no valor expectável da pensão inferior a 20 por cento, e não de cerca de 40 por certo que se depreende do estudo publicitado hoje pelo Jornal de Negócios. Basicamente, o estudo considerou que, antes de 2001, a taxa de formação das pensões variava entre dois a três por cento, quando, de facto, era de dois por cento independentemente da remuneração.

Por outro lado, é de registar que a OCDE, à semelhança do Banco de Portugal, da Comissão Europeia e de outras instituições, reconhece o profundo impacto da reforma da segurança social na consolidação das contas públicas. Com a reforma proposta pelo Governo e negociada com os parceiros sociais, foi possível ultrapassar um dos principais — se não o principal — entraves à sustentabilidade orçamental a médio e longo prazo. E sem que haja qualquer redução das pensões que actualmente são pagas.

O mais caricato no caso do Jornal de Negócios é que o estudo é de uma tal Optmimize Investment Partners. Quem?, perguntará o leitor. O jornal diz nas últimas linhas do artigo que a tal Optimize está em actividade desde Setembro deste ano e que possui oito milhões de euros em activos e entre um e dois milhões de euros na área da mediação de seguros! Com este cartão de visitas, não se estranha que o jornal desconheça o número de trabalhadores, os técnicos que fizeram o “estudo” e as notas metodológicas. Acresce que a empresa de nome estrangeiro não tem sequer um site e o referido estudo não está publicado.

Um coisa é certa: não sabemos o que vale esta empresa como gestora de activos mas há que lhe retirar o chapéu em termos de marketing. Menos de dois meses depois de ser criada, já tem uma página de promoção num dos jornais económicos. É possível que a área da mediação de seguros suba em flecha.

Fernandes em portunhol: “pero que las hai, las hai”


José Manuel Fernandes andou esta manhã pelo Buçaco e pelas Linhas de Torres Vedras para recordar a política de “terra queimada” adoptada para travar o avanço das tropas napoleónicas.

Embora não identifique no editorial o André Masséna dos tempos modernos, o director do Público mostra-se genuinamente preocupado, a propósito do caso BPN, com a situação actual: «o país arrisca-se a regressar ao clima de uma guerra de "terra queimada" onde nenhuma referência se salva: nem Governo, nem oposição, nem Presidente. Em democracia não se deve brincar com o fogo — mas numa democracia em tempos de crise, optar pela táctica da "terra queimada" pode ser suicidário.»

Diz-se, e parece que se confirma, que os pirómanos sofrem de um transtorno do controlo dos impulsos que os levam não só a atear fogos como também a assistir ou participar na sua extinção.

Gelatina




            “Não sou candidato à liderança do PSD certamente até 2009. Em nenhum momento, não está na minha intenção, mas sei lá se isso não acontece. Não tenciono ser, mas eu uma vez disse que nem que Cristo descesse à Terra.”
              Marcelo na TV (de acordo com a transcrição do DN)


Cada um é para o que nasce. Não se pode exigir ao Prof. Marcelo que faça um trabalho de oposição profundo e consistente. Ele é mais fogachos — conferências de imprensa que se atropelam, salpicadas por uma intriga diária. A fim de não enfadar, não pode arrastar-se por um período dilatado. Assim, para Cristo dar uma saltada à São Caetano, seria necessário que a situação económica se agravasse mais do que nos outros países europeus, o que as instituições internacionais não prevêem (FMI, Comissão Europeia, OCDE…), que a Dr.ª Manuela fizesse o favor de se retirar só lá mais para o Carnaval e que o pessoal do circuito da carne assada se mantivesse então sossegado. Em todo o caso, o Prof. Marcelo só terá de aguardar mais 35 dias para que não lhe atirem à cara que não cumpre a sua (última) palavra.

♪ Friend of the Devil


American Beauty


Grateful Dead
Jerry Garcia & David Grisman
Lyle Lovett
Counting Crows
Elvis Costello
Ministry

terça-feira, novembro 25, 2008

Condecoração pelos serviços prestados

O destaque dado hoje a um trabalho jornalístico sobre Timor e o editorial de José Manuel Fernandes são um murro no estômago das autoridades timorenses na véspera da visita do primeiro-ministro Xanana Gusmão a Portugal. O director do Público ainda acaba por receber uma comenda do governo australiano.

A Educação Política da Doutora Manuela [3]

Pedro Passos Coelho ao Diário Económico:
    DE — As sondagens dizem que é o Governo que está a aproveitar a crise e não o PSD. Concorda?
    PPC — Sim. As pessoas não sentem que exista uma alternativa ao PS.

“Desapego”

Questionado sobre se Dias Loureiro se deveria demitir do Conselho de Estado, Paulo Rangel — que fez parte do Governo de Santana & Portas, colaborou no programa eleitoral de Santana, filiou-se no PSD com Mendes e serve agora Manuela — declarou, com a mão a cirandar diante da câmara da SIC-N, que os políticos devem revelar “desapego” pelo poder. Joana Amaral Dias, que estava esta noite vestida à Zita Seabra, pareceu estar de acordo com o seu parceiro de debate.

Leituras

Pedro Adão e Silva, Mais um circo mediático:
    “Pensemos na prisão preventiva de Oliveira Costa. Como é norma em Portugal, o segredo de justiça faz com que pouco possamos saber sobre os motivos desta prisão preventiva, quanto mais sobre o que está em investigação, que factos e que responsabilidades foram apurados. Neste contexto, perante o desconhecimento público, e sem nenhuma prerrogativa que lhes conceda poderes especiais de investigação, o que resta aos deputados é colocar questões com base na informação jornalística assente em investigação própria dos media (invariavelmente escassa) ou em fugas de informação (invariavelmente contraproducentes para o apurar da verdade). Tudo bem revelador do papel que os deputados tranquilamente se atribuem: o de “perguntadores” a quem faltam elementos para questionar consequentemente.”
Pedro Magalhães, Os custos da democracia:
    “(…) temos os eleitores, esses egoístas e manipuláveis míopes que impelem os Governos à adopção de políticas eleitoralistas e insensatas, voltadas para o curto prazo. Mas a verdade é que muito do que sabemos sobre os eleitores contraria em grande medida esta imagem. Por exemplo, os eleitores parecem ser muito mais atreitos a castigar ou recompensar Governos na base da percepção da situação do país como um todo e em reacção a indicadores objectivos do que na base da sua própria situação financeira pessoal. Para alegados egoístas, não deixa de ser curioso. Também não são tão influenciáveis e inconstantes como se pensa. A maioria, de resto, vota no mesmo partido (ou abstém-se) eleição após eleição, e a maior parte das mudanças que observamos nos resultados eleitorais decorrem de passagens do voto à abstenção (e vice-versa) e só raramente de mudanças de partido. E importa não esquecer que, há cerca de quatro anos, os eleitores portugueses saudaram com alívio a demissão de um Governo que poucos dias antes lhes tinha prometido, para o orçamento do ano seguinte, nada mais e nada menos do que aumentar as pensões e diminuir os impostos. Os eleitores não são tolos, mesmo que por vezes os eleitos pareçam julgar que sim. Devíamos ter mais fé neles e na democracia.”
Rui Tavares, Portugal é um problema político:
    “Há quem ache que Portugal é um problema económico. É a doutrina que vai de Herman José a Vasco Pulido Valente: se fôssemos mais ricos, seríamos mais cultos e informados e desenvolvidos. Há quem ache que Portugal é um problema administrativo. É a doutrina que vai do "Homem" dos Gato Fedorento a Manuela Ferreira Leite: se as pessoas parassem de falar, falar, falar - e simplesmente arrumassem a casa - pois bem, a casa ficaria arrumada. E em seis meses! (Também há quem ache que o problema de Portugal é não ser a Inglaterra. É a doutrina que vai de João Pereira Coutinho a Rui Ramos - outro par de bobo da corte e pessoa muito séria, respectivamente - e simplesmente considera que se Portugal fosse a Inglaterra eles próprios seriam ingleses e toda a gente reconheceria o seu espírito e elegância inatos).”

E o pin?

Vítor Dias questiona a notícia do Sol na qual se afiança que o PCP perdeu um terço (1/3) dos militantes, alegando que são comparados números reais (os de 2008) com previsões (relativas a 2004). E para o provar, saca deste argumento: “[o Sol escamoteia] que as Teses para este Congresso revelam que ainda falta contactar directamente 40.000 inscritos (alguém imagina o ciclópico que é um trabalho destes ?), embora se admita que, em grande parte sejam pessoas cujo contacto se perdeu.”

Se bem que este argumento pareça confirmar que o Sol não andará longe da verdade, o que é mais relevante é que, ao tentar puxar o cobertor para cima, Vítor Dias destapa os pés. Fica-se a saber que os Estatutos do PCP (em especial, os artigos 9.º e 14.º) não são para levar muito a sério. Ou seja, os militantes do PCP não se distinguem, ou podem não se distinguir, daqueles militantes, sem qualquer ligação efectiva ao PSD, que Pacheco Pereira disse estarem nas mãos do gang do Multibanco. Ainda vamos ver a Comissão Central de Controlo a discutir as benfeitorias que a utilização do pin pode trazer ao “Partido”.

Um pouco de história

A influência do PCP era tal que Ângelo Veloso, o chefe comunista do Norte, tinha um cartão de livre-trânsito, emitido pelo Corvacho [anterior comandante, conotado com o PCP], para entrar e sair do quartel, de noite ou de dia, quando entendesse.

Viagens na Minha Terra

“Isto é que são horas de chegar?”


Foto da reportagem da Visão



Aires Almeida, 48 anos, professor de filosofia na Escola Manuel Teixeira Gomes, de Portimão, saltou para a ribalta na passada quinta-feira, ao ser capa da Visão e figura central de uma reportagem sobre a vida dos professores. Ontem, no Prós & Contras voltou a ser notícia, ao defender uma série de posições surpreendentes.

Não se sabe como era a vida de Aires Almeida antes da introdução das reformas que estão na origem do estado de cansaço do professor de filosofia. Mas sabe-se como é a sua vida actual (de acordo com o que o próprio transmitiu à Visão):
    10:15 — “Após a primeira aula, às 8h, há mais uma reunião agendada”;
    10:30 — “Reunião sobre o projecto europeu Web2Class”;
    11:45 — “Quatro alunos comparecem à aula”;
    12:30 — “Na turma do 11.º ano, a lição de Filosofia é sobre dilemas e falácias”;
    14:00 — “Reunião na biblioteca para preparar o Dia Mundial da Filosofia”;
    16:10 — “À saída, o professor quer saber como correu a greve”.
    16:30 — “Chegada a casa”.
Aires Almeida dá conta de que, perante a hora tardia a que regressa ao ninho, “o seu filho (…), em jeito de queixa, agora costuma perguntar-lhe: «Isto é que são horas de chegar?»” Marca o relógio 16 horas e 30 minutos.

PS — Muito embora Aires Almeida sublinhe que a filosofia se ensina há 2.500 anos, ele acha que as reformas introduzidas nas escolas o impedem, de “há dois anos para cá”, de se preparar convenientemente: “Socorro-me dos meus 25 anos de experiência e dou muitas aulas de improviso.” Sempre me fez muita confusão este argumento, sobretudo quando há professores que invocam, para recusar a avaliação do desempenho, ter feito um curso no qual já foram avaliados.

A palavra aos leitores — “A educação do meu umbigo”

O leitor Eduardo Luís F. enviou-nos um novo e-mail em que dá a sua opinião sobre o debate de ontem no “Prós e Contras”:
    «(...) O debate “Prós e Contras” na RTP ontem à noite foi revelador de várias coisas. Revelou que há professores que não sabem ler ou não compreendem (ou querem compreender) as leis que regulam a sua avaliação de desempenho; que, provavelmente – a perceber pela reacção do dr. Mário Nogueira -, os sindicatos, em vez de ajudarem a esclarecer os professores nas dúvidas que existam neste domínio (não é para isso que eles deviam servir?), alimentam provavelmente a confusão, o medo e a irracionalidade individual e colectiva; que há professores que aparecem na televisão aos berros e a dizer “tretas”¹ e depois queixam-se que lhes falta autoridade para lidar com os miúdos; que há professores que se queixam de itens de fichas de avaliação por motivos, no mínimo, infantis (não me parece normal um professor de Filosofia achar uma “treta” a valorização do uso das tecnologias da informação, tendo em conta, por exemplo, os recursos informacionais hoje disponíveis na Internet para os miúdos)…

    (...) Sobretudo, ficámos a perceber que muitos professores - a maioria? - não quer ser avaliado segundo as regras deste Estatuto da Carreira Docente: querem, sim, regressar ao modelo anterior, no qual todos progrediam até ao topo da carreira. Como eu os compreendo. Que, como sublinhou Maria do Céu Roldão, isso faça deles uma excepção nacional (comparando com outras profissões) e internacional, não interessa nada. Justiça inter-profissional e o facto de um professor português no topo de carreira ser um dos mais bem pagos do mundo (em paridades de poder de compra) é, para eles, irrelevante. Esta é, afinal de contas, a mensagem inscrita na fórmula nacionalmente conhecida por “educação do meu umbigo”».
______
¹ Isto fez-me lembrar o que li na Visão desta semana. Transcrevo mais logo, quando chegar a casa.

Os aliados da Fenprof

Aqui.

Ontem e hoje

Ontem: entrevistas, declarações, debates e rasteiras — e eu a ter de dar despacho a trabalho(s) com prazos inadiáveis. Hoje: vou procurar recuperar o tempo perdido.

♪ Lou Reed



Coney Island Baby

segunda-feira, novembro 24, 2008

O Público mente aos seus leitores



Ontem, fui ler um estudo de Marco Lisi na Análise Social, ao verificar que a secção "Destaque" do Público (págs. 2 a 5) invocava esse estudo para fazer comentários alucinantes. Concluí que, salvo o nome do investigador do Instituto de Ciências Sociais, tudo o resto é uma invenção do Público. Mais uma vez.

O leitor poderá verificar isso mesmo, seguindo o link para o estudo de Marco Lisi. Mas aqui deixo quatro excertos para quem não estiver disposto a ler o estudo:




    Resumindo: é possível distinguir duas fases na organização das campanhas socialistas: a primeira situa-se entre 1976 e 1995, enquanto a segunda abrange o período entre 1995 e 2005. [p. 11]

    Segundo a opinião dos dirigentes entrevistados, o consultor externo (LPM) planeou a campanha eleitoral e ocupou-se da concepção do material publicitário e de delinear a estratégia de comunicação. As propostas eram avaliadas dentro da comissão executiva da campanha, mas a decisão final competia directamente ao líder do partido. [p. 16]

    No caso do PS, a hipótese de uma adesão dos partidos das democracias recentes à profissionalização da política verifica-se apenas parcialmente. De facto, apesar de o marketing político assumir uma importância crescente, o recurso a consultores e agências depende, em grande medida, da vontade do líder e dos factores conjunturais das campanhas. (…) Neste sentido, a experiência do PS aproxima-se do caso do Partido Socialista espanhol, em que a evolução das campanhas eleitorais não teve um impacto significativo sobre a transformação organizacional, como aconteceu, por exemplo, no caso do Labour Party. [p. 23]

    Apesar de não existirem estudos aprofundados sobre os outros partidos portugueses, quer os estudos sobre a comunicação política, quer as investigações sobre comportamento eleitoral, sugerem que o fenómeno da personalização e da concentração de poderes nas mãos do líder é uma característica não só do PS, mas também dos outros partidos, em particular do PSD (Jalali, 2006). Foi neste partido também que se recorreu, antes dos socialistas, à utilização de especialistas e de consultores externos para melhorar a organização das campanhas e o desempenho dos candidatos. [p. 24]

Manual de guerrilha urbana [1]

E-mail a circular entre os professores (reproduzido da caixa de comentários deste post):

    «Dar à Sra. Ministra um pouco do seu veneno...

    Colegas,

    A está a pôr à prova a nossa união. Como devem saber, já começámos a receber as indicações para utilizar a aplicação informática on-line para mandar os objectivos individuais.

    Eu sou amigo de um dos engenheiros informáticos que criaram esta aplicação naquela altura [Governo PSD/CDS] que houve problemas com os concursos. Lembram-se?

    Então, é assim: podemos devolver o presente envenenado à Sra. Ministra. Como?

    Simplesmente bloqueando a aplicação. E para isso basta introduzir três vezes a password de forma errada. Se todos o fizermos, o ME fica com um problema: 140 000 aplicações bloqueadas. Bloqueadas para a avaliação, para os concursos, para tudo... Para melhorar a situação, os engenheiros informáticos que criaram a aplicação já não trabalham para o ME.

    No meu agrupamento, vamos fazê-lo todos juntos. Vamos ligar um computador à net no bar e um por um, com os outros como testemunhas, vamos bloquear a nossa aplicação.

    Passem este esta informação, via e-mail e, se entenderem fazê-lo, melhor. Vamos dar à Sra. Ministra um pouco do seu veneno.

    Continuemos unidos e ninguém nos vencerá. Vamos vencer a ditadura.»

♪ Velvet Underground



New Age (estúdio)

New Age (ao vivo)

domingo, novembro 23, 2008

Agenda da próxima semana




Os professores estarão, na próxima semana, em protesto nacional, descentralizado pelas capitais de distrito:
    25 de Novembro - Norte;
    26 de Novembro - Centro;
    27 de Novembro - Grande Lisboa;
    28 de Novembro - Sul.
O corolário de toda esta mobilização é, naturalmente, o início, no dia 29 de Novembro, do XVIII Congresso do PCP.

Com o PCP a perder 1/3 dos militantes

… foram hoje aprovadas, com dois votos contra e três abstenções, a proposta de composição do Comité Central a apresentar ao XVIII Congresso Nacional do partido, e também, por unanimidade, as “Teses”, designadamente esta:
    “Importante realidade do quadro internacional, nomeadamente pelo seu papel de resistência à «nova ordem» imperialista, são os países que definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista - Cuba, China, Vietname, Laos e R.D.P. da Coreia” (a bold nas próprias teses).

Tiro na água




Ou Cavaco Silva é ingénuo ou quer fazer os portugueses de ingénuos. O que está em causa não é o Presidente da República, mas aqueles que aparecem associados ao seu trajecto político, um dos quais continua a merecer a sua confiança pessoal e política.

Viagens na Minha Terra

Leituras

• Fernanda Palma, O sistema do segredo:
    “Para a investigação seria preferível o segredo, mas a questão é saber que valores se jogam no plano da Constituição. O sistema do segredo só é suportável se, de alguma forma, for garantido ao arguido o acesso aos autos. O Tribunal Constitucional, na linha do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, considerou que uma imposição rígida do segredo seria inconstitucional, por não respeitar o direito de defesa.

    (…)

    O Estado não pode resolver dificuldades crónicas de investigação reduzindo direitos ao grau zero. Os prazos de segredo também não devem, por isso, ser ilimitados. Confiar a juízes independentes, imparciais e tão empenhados na realização de justiça como nas garantias de defesa a decisão sobre o segredo é uma solução equilibrada. Como dizia Ricoeur, ela permite manter sob "suspeita" a acusação, ou seja, exige-lhe fundamentação.”
• Nuno Brederode Santos, Da boa ou má Criação:
    «Mas o mais digno de atenção, por mais revelador, foi o mais singelo: essa visão do mundo, da vida e da espécie que vem embrulhada na ideia de que, em democracia ou ditadura, "se está". Pois, nós bem sabemos. Mas é uma abordagem que sulca ondas melindrosas. Porque pressupõe distância e alteridade. A democracia não se vive e frui, como a ditadura não se sofre. Numa e noutra, está-se. Como quem diz: a gente nasce e logo vê. Logo vê o modelo de organização social e política em que nos foi dado viver. Paridos, olhamos em volta: se há liberdade, melhor, mas, se não há, a gente governa-se. Porque isso da liberdade, ou falta dela, é um dado. É um adereço rígido da própria Criação, entendida esta como tudo o que está - ou seja, tudo o que sempre foi, ligeiramente alterado pelos poucos menos e mais que a humanidade, laboriosamente, lá foi conseguindo introduzir. É contingência, é circunstância, e nada podemos (ou nos cumpre) fazer contra o que nos transcende e formata. Como já aqui escrevi, este capitulacionismo moral é maioritário em qualquer democracia acabada de instituir. E subsiste em qualquer democracia fresca de 30 anos. Porque, sem ele, a democracia - que pressupõe a maioria - não poderia existir. Ele molda o espírito dessa amarga e omissiva maioria com que os ditadores governaram, ainda que o hajam feito contra ela também. Mas, integrando um pacto histórico com a minoria que quis e soube resistir, faz parte do regime, com todos os direitos de cidade.»
• Vasco Pulido Valente, Sinais do tempo:
    «O dr. Dias Loureiro queria mesmo ir dizer com solenidade à Assembleia da República o que disse sem solenidade e com um arzinho macilento à RTP? Queria mesmo explicar que "não sabia", que lhe disseram, que ele, coitado, ia acreditando e que "não achava nada"? Queria mesmo confidenciar aos srs. deputados que prevenira o Banco de Portugal, um ponto essencial que, segundo o Expresso, nem António Marta nem Vítor Constâncio confirmam? Onde se meteu o senso deste conselheiro de Estado e, já agora, o senso da gente que se espantou por o PS ter impedido um exercício absurdo e fora de toda a tradição parlamentar?

    E, por falar de senso, onde está a cabeça do PSD, quando a menos de um ano de eleições volta a falar em mudar de chefe, por causa de meia dúzia de gaffes da dra. Ferreira Leite e do habitual desconsolo com o resultado das sondagens? Não a elegeu há seis meses? Pensa seriamente que ainda consegue descobrir num canto obscuro do partido um salvador chegado direitinho do Céu? Ou que esse salvador é um jovem-maravilha que não se cansa de comer febras de porco e, na vida civil, se chama Pedro Passos Coelho? Ou talvez, nunca se sabe, o célebre "Mourinho de Cavaco", Alexandre Relvas, que passaria a "Mourinho do PSD"? Ou até, apesar da sua pudica recusa, o mágico Marcelo, sempre suspeito de puxar os cordelinhos por detrás da cortina?»

Da série "Frases que impõem respeito" [232] (número duplo)

    “Em Portugal não há uma profissão de professor, toda a gente o pode ser. Se calhar é por isso que estamos na cauda da Europa”.
      Palavras de Graziela Rodrigues [vice-presidente do Sindicato Nacional dos Professores Licenciados] ao Jornal de Notícias de 26 de Fevereiro de 2004, reproduzidas aqui
    “Há um conjunto de polémicas que apontam para que alguém não está a falar verdade e isso é, de facto, um incómodo para a Presidência.”
      Pedro Passos Coelho ao DN, sobre a situação do conselheiro de Estado Dias Loureiro

E não foram?

O Conselho Superior da Magistratura e o Conselho Superior do Ministério Público são invariavelmente ouvidos e consultados pelo Ministério da Justiça sobre todas as leis, desde a formação de magistrados até ao mapa judiciário, passando pelo regime de divórcio ou pela cooperação judiciária internacional.

O Ministério da Justiça leva tão longe o seu escrúpulo que também ouve sempre a Associação Sindical dos Juízes Portugueses e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, mesmo em assuntos que não digam respeito propriamente às regalias e ao estatuto dos magistrados (o que pode ser confirmado através dos pareceres que essas organizações elaboram e constam dos respectivos sites).

A mensagem do Presidente da República [via M. Ferrer] ao congresso do sindicato dos juízes só pode ser entendida como uma manifestação de apoio à prática governamental — e como uma crítica a quem se queixa de não ser ouvido, quando realmente o é.

PS — Penso que ninguém quer transferir a competência legislativa dos órgãos de soberania para os sindicatos dos doutores Martins e Cluny. Se for esse o propósito, é capaz de ser preciso rever previamente a Constituição.

O arrependido

António Martins multiplicou-se em declarações — no congresso do sindicato dos juízes (impropriamente chamado de Congresso dos Juízes Portugueses) — contra a circunstância de juízes aceitarem cargos de confiança política.

Quem o ouvisse pensaria que António Martins tem atrás de si um passado exclusivamente dedicado à magistratura judicial e nunca deu um passo em falso em direcção ao pecado, ou seja, aos tais cargos de confiança política que ele tanto abomina. Mas realmente não é assim.

António Martins foi director adjunto da Polícia Judiciária — e justamente numa altura em que os factos se encarregaram de demonstrar a inconveniência do exercício de certos cargos pelos juízes (ou, pelo menos, por alguns juízes).

O seu companheiro de aventuras ex-judiciais, Fernando Negrão, acabou por criar uma das maiores polémicas entre a Polícia Judiciária e o Ministério Público, envolvendo-se numa história de violação do segredo de justiça, e foi salvo providencialmente pelo garantismo das leis, as quais não permitiram a utilização da gravação de uma conversa telefónica apresentada pelo procurador-geral da República. Negrão tomou de tal maneira o gosto após esta surtida que se tornou autarca, deputado e ministro, pontificando hoje no grupo parlamentar do maior partido da oposição.

Será este passo que faltou dar a António Martins que agora o atormenta? Ou está arrependido do seu passado de exercício de cargos de confiança política numa altura em que outros legitimamente criticavam essa actuação sem nunca a terem adoptado?

♪ Beatles

Fez ontem 40 anos que foi lançado este álbum¹:




The Continuing Story of Bungalow Bill
Happiness Is a Warm Gun
Rocky Raccoon
Mother Nature's Son
Sexy Sadie
Long, Long, Long
Revolution


¹ Já talvez ninguém se lembrasse, mas parece que, nos anos 60, John Lennon terá dito que os Beatles eram mais importantes do que Jesus Cristo. Associando-se às comemorações em honra do White Album, o Vaticano vem agora declarar que PERDOA John Lennon por tal afirmação.” [Joana Lopes, via Ana Matos Pires]

sábado, novembro 22, 2008

O nível e a seriedade da Fenprof

Peço aos leitores que vejam com atenção o cartoon que se encontra neste momento na página principal da Fenprof:


Equívoco


Ponte Europa



Passando os olhos pelos blogues que costumo ler, quase parece que é o PS que está atolado no BPN. Não quero estragar a festança, mas convém recordar que os coelhos que vêm saindo da toca trazem um rótulo pregado nas orelhas. E que desta vez, aparentemente, nem a má moeda é chamada ao caso.

O saber não ocupa lugar


ESTATUTO DOS MEMBROS DO CONSELHO DE ESTADO
(Lei n.º 31/84, de 6 de Setembro)


Artigo 1.º
(Definição)

O Conselho de Estado é o órgão político de consulta do Presidente da República.


Artigo 2.º
(Composição)

O Conselho de Estado é presidido pelo Presidente da República e composto pelos seguintes membros:

(...)
g) 5 cidadãos designados pelo Presidente da República pelo período correspondente à duração do seu mandato;
(...)

Artigo 14.º
(Inviolabilidade)

1. Nenhum membro do Conselho de Estado pode ser detido ou preso sem autorização do Conselho, salvo por crime punível com pena maior e em flagrante delito.
2. Movido procedimento criminal contra algum membro do Conselho de Estado e indiciado este definitivamente por despacho de pronúncia ou equivalente, salvo no caso de crime punível com pena maior, o Conselho decidirá se aquele deve ou não ser suspenso para efeito de seguimento do processo.

A supervisão bancária




António Marta entrou para a administração do Banco de Portugal em 1994, no último governo de Cavaco Silva. Chegou a vice-governador, com o pelouro da supervisão bancária, tendo abandonado de mansinho o banco central em 2006, consumadas que estavam as fraudes que viriam a ser classificadas como o “caso BCP” e o “caso BPN”.

Bata-se no Dr. Constâncio — que, mesmo que a gente não saiba por que lhe bate, ele sabe por que leva —, mas não vale deixar em paz os outros intervenientes. Mesmo que António Marta se tenha recolhido para prosseguir a sua formação espiritual, não teria sido difícil o Expresso descobrir nos seus arquivos uma fotografia dele para ilustrar o (des)encontro com Dias Loureiro.

A palavra aos leitores - Sobre os incentivos institucionais




O leitor Eduardo Luís F. enviou-nos um e-mail em que sublinha a importância dos “incentivos institucionais para substituir as más práticas por boas”. Vale muito a pena ler atentamente o excerto que se reproduz [sublinhados do CC]:
    «(...) Não considero que os "professores" não trabalhem o suficiente; nem acho que não se preocupam com os alunos. Falar nos "professores" em geral e tecer considerações desse tipo não faz sentido. Uns trabalharão muito e outros pouco (e é por isso que precisamos da avaliação, porque agora ninguém sabe quem são uns e os outros). Mas há coisas muito reveladoras sobre aquilo que os professores não fazem, deviam fazer e, note-se, fariam se fossem a isso incentivados.

    Noto que a Ministra da Educação deixou cair os critérios relativos aos resultados escolares dos alunos e do abandono escolar da avaliação de professores. Talvez seja, neste ano e dada a balbúrdia instalada, justificável. Ora, o que é verdade é que um familiar meu, que é psicólogo numa EB 2/3, teve mais visitas de professores nestas semanas do que nos últimos anos lectivos inteiros (e ele diz que o mesmo se passa com a assistente social do mesmo estabelecimento). Porquê? Porque os professores apareceram subitamente preocupados com o perfil psico-sociológico de crianças em risco de abandono, com as condições económicas e culturais da família, etc., para perceberem como é que podiam ajustar as suas estratégias de combate ao abandono à difícil realidade daquelas crianças. Engraçado, não é?

    Isto significa que os professores estavam a responder ao incentivo, e que só a inclusão de um critério como este leva os professores a interessarem-se realmente por formas que ajudem a evitar o abandono escolar dos miúdos. Significa que sem este sistema os professores são preguiçosos? Não, significa que precisam incentivos institucionais para substituir as más práticas por boas (e isto responde à conversa oca dos sindicatos, com a sua defesa de que avaliação deve ser apenas formativa: ora, esta também o é, no sentido que leva a que os professores mudem de práticas), e com real impacto na vida escolar (e não só) dos seus alunos. É por isso que tem que haver avaliação».

♪ Love and Rockets



Saudade

sexta-feira, novembro 21, 2008

Púlpito, precisa-se

Dias Loureiro precisava de falar com urgência. Frustrada a possibilidade de utilizar a Assembleia da República como tribuna, a RTP abriu-lhe, de imediato, as portas através de uma emissão especial conduzida por uma entrevistadora muito afectuosa. Agora, quando houver fugas de informação relativas à investigação do BPN, o conselheiro de Estado poderá esquivar-se a falar com o pretexto de que já disse tudo o que sabia. Só o PS percebeu que deveria rejeitar que a Assembleia da República fosse transformada, na estratégia individual de defesa de Dias Loureiro, num palanque de feira?

Fernandes, discípulo de Inácio de Loyola

José Manuel Fernandes (JMF) é um cidadão preocupado com a escola pública. O director do Público, segundo escreve no editorial de hoje, tem um “conselho [a dar], que mão amiga me fez ontem chegar, (…) extraído do Ratio Studiorum da Companhia de Jesus, uma obra de… 1599.” É este o conselho: “nada deve ser mais importante nem mais desejável (...) do que preservar a boa disposição dos professores (...). É nisso que reside o maior segredo do bom funcionamento das escolas (...). Com amargura de espírito, os professores não poderão prestar um bom serviço, nem responder convenientemente às [suas] obrigações.”

“Preservar a boa disposição dos professores”: como é que ninguém se tinha lembrado, antes da “mão amiga” de JMF, de uma coisa tão óbvia e tão simples de proporcionar?

Bem, JMF ainda hesitou se esse será o melhor caminho a seguir, mas depois veio-lhe à memória que se, “passados mais de quatro séculos, os jesuítas continuam a gerir algumas das escolas mais procuradas em todo o mundo (Bill Clinton estudou numa delas, a celebrada Universidade de Georgetown) é porque algum nexo teriam as regras que sempre seguiram.” JMF não explica como concluiu que “a boa disposição dos professores” se deve a regras que se mantêm há quatro séculos.

No momento em que está em causa a avaliação dos professores, JMF vem defender que o que faz sentido é garantir a “boa disposição” dos professores, mesmo que isso implique que estes não sejam avaliados.

É uma espécie de eduquês para professores: para assegurar a melhor performance dos professores, nada como garantir a sua “boa disposição” e evitar a sua “amargura de espírito”. Por outras palavras, não precisamos de ciências da educação — Inácio de Loyola, há quatro séculos, já sabia tudo.

Imagine-se quão empolgados não seriam os editoriais (e as manchetes) do Público se alguém viesse defender que, relativamente aos alunos, era preciso garantir a sua “boa disposição” e evitar a sua “amargura de espírito”.

Até ler hoje este editorial do director do Público eu estava convencido de que o fundamental na escola pública deveria ser o trabalho contínuo para uns e para outros — em particular para os professores, dado que eles são, nesta relação, os profissionais pagos para ensinar. Mas eu estava enganado.

O Comité Central Público apela à mobilização total!


A Educação Política da Doutora Manuela [2]

Vasco Pulido Valente escreve sobre “Gaffes” no Público de hoje:
    «As gaffes da dr.ª Manuela Ferreira Leite (com ou sem "ironia") revelam uma tendência especial para a "ditadura administrativa". Educada politicamente no espírito autoritário do "cavaquismo", e boa discípula do mestre, sofre com irritação os vexames da democracia. Os jornais não publicam o que ela quer, os professores resistem à ministra e até a lei "transforma o polícia em palhaço": Portugal inteiro parece incontrolável. Pensando não só em Sócrates, Manuela Ferreira Leite começou a ver as dificuldades de reformar o país com as restrições que existem.

    Como, de facto, reformar a justiça sem os juízes? Como reformar a saúde sem os médicos? No fundo do seu coração, Manuela Ferreira Leite não sabe. Sabe apenas que não há reformas sem eles, nem com eles.

    A "ironia" não foi uma ironia. Foi um desabafo: se a deixassem a ela e às pessoas como ela (com inteligência, visão e capacidade) mandar a sério, bastavam seis meses para pôr as coisas "na ordem".»
(a continuar)

Da série "Frases que impõem respeito" [231]

    “A sua inflexibilidade [a de Manuela Ferreira Leite] ficou célebre quando, no Verão de 2003, pôs Figueiredo Lopes [então ministro da Administração Interna] à beira do choro, e lhe recusou um tostão para o combate aos fogos que assolavam o país.”

Leituras


• Daniel Amaral, As obras públicas:
    “Comparemo-nos com a área do euro, que é o que parece mais lógico, e observemos os gráficos abaixo. Portugal, que já chegou a investir 27-28% do PIB, tem vindo a reduzir esse contributo e está hoje na casa dos 22%. Já a Europa tem estado quase sempre a subir e ainda hoje não passa dos 21%. Mas o investimento português repercute-se mal na riqueza criada, que é sempre inferior. Hipótese mais provável: o nosso multiplicador médio é mau.

    Eis um tema que daria um debate muito interessante: por que é que, investindo mais, crescemos menos do que os nossos parceiros europeus? Mas disto falamos pouco. Preferimos zurzir no investimento público, uns meros 10% do total. Gastos megalómanos – sugere a líder do PSD. Talvez. Deixo aqui os números, face ao PIB: com Durão Barroso, em 2002/04 – 3,2%; com Sócrates, em 2005/08 – 2,4%. Para quem não se lembra, a ministra das Finanças de Barroso chamava-se Manuela Ferreira Leite.

    Sejamos sérios. O consumo está em baixo, com tanta crise. O investimento privado estagnou, à míngua de confiança. E as exportações caíram a pique, porque não há mercado comprador. Resultado: de todos os motores que sustentam a economia, o único que podemos accionar é o investimento público. Por que razão ele é tão atacado? Não será óbvio que estamos a investir de menos, não de mais?

    Com isto chegamos aos investimentos estratégicos, que só por si definem uma geração: as auto-estradas, as barragens, os aeroportos, o TGV. Como se sabe, todos estes investimentos foram discutidos, analisados, ponderados e aprovados por toda a gente, ao longo de várias décadas. Como é que iríamos agora parar tudo a pretexto de uma crise, quando as crises são cíclicas? Não acham que parar por esta razão seria parar indefinidamente? A solução para as crises é o imobilismo?

    Dizem-me que investir aqui significa não investir noutros projectos, porque os recursos são escassos. Que grande novidade! Optar por uma solução em vez de outra não é o que fazemos todos, todos os dias? Onde estão alternativas melhores? Entendamo-nos: as barragens são indiscutíveis, o aeroporto de Lisboa é inatacável e a linha Lisboa-Madrid envolve compromissos de Estado que devemos respeitar. O resto são trocos. Parar tudo? Por causa da crise? Perdoai-lhes, Senhor, que eles não sabem o que dizem…”
• Leonel Moura, Suspender a democracia:
    “Nas mais recentes declarações, a propósito da chatice que é a democracia, Ferreira Leite levanta uma questão bem diferente e muito mais decisiva para o que está em causa no cenário político actual. Estamos a falar de alguém que se propõe concorrer ao cargo de primeiro-ministro e formar o próximo Governo. Ora, Ferreira Leite vem agora dizer, de forma frontal e bastante peremptória, que, enquanto vigorar o sistema democrático, ela não será capaz de realizar nenhuma reforma, ou seja, que, caso venha a ser eleita, não vai fazer nada. E isso é todo um programa eleitoral.”

A Educação Política da Doutora Manuela [1]

Pacheco Pereira anda melancólico e nostálgico. Livros velhos, poemas obstusos, Coisas Simples e Vírus... Já só comunica com a Doutora Manuela por post-its. E a Doutora Manuela, que nunca teve muita paciência para pensamentos elaborados, baralha tudo. Pacheco mandou-lhe, na mesma semana, uma cópia da primeira edição de "As Reformas da Década", de Aníbal Cavaco Silva, e uma fotocópia de uma célebre entrevista de Mário Soares ao Diário de Notícias, em que, a propósito da mesma década, se falava de "ditadura da maioria". Daí à confusão na cabeça da Doutora Manuela foi um pequeno passo. Bom... ou será que não?

(a continuar)

O regresso de Pacheco

1. “Não pode ser a comunicação social a seleccionar aquilo que transmite”. Este desabafo lá vai fazendo o seu caminho. Hoje, Graça Moura Pacheco Pereira, na Quadratura do Círculo, apresenta-o sob um novo prisma: a enormidade que a Dr.ª Manuela disse foi uma manobra vergonhosa da agência Lusa. Foi para evitar estas vergonhas que Pacheco, quando era presidente do grupo parlamentar do PSD, cortou o mal pela raiz: correu com os jornalistas dos Passos Perdidos.

2. Pacheco Pereira apoia incondicionalmente Manuela Ferreira Leite, a qual quer a suspensão da avaliação dos professores. Mas, a verificar-se a tal suspensão (alerta Pacheco na Sábado), será a “derrota (…) total” — seguindo-se “um longo período de impossibilidade de reformas, com as escolas e os professores voltando rapidamente ao statu quo ante.” Perceberam?

3. Pacheco Pereira quer que “em última instância o principal avaliador de escolas e professores [seja] a performance escolar dos alunos.” Tem Pacheco a certeza de que, a ser dado um peso excessivo à performance, isso não conduziria os professores a treinarem os alunos apenas para ultrapassar obstáculos (os exames) em lugar de os incentivar a aprender e a raciocinar?

4. Pacheco Pereira compara, na Sábado, a ministra da Educação a Leonor Beleza: as dificuldades para instituir o processo de avaliação são postas no mesmo plano que o que designa por “falta de cuidado com que [a ex-ministra da Saúde] permitiu as trapalhadas envolvendo o seu ministério”. É feio brincar com coisas sérias: Leonor Beleza esteve envolvida no processo dos hemofílicos (conduzido para a prescrição), em que morreram pessoas, para além de ter deixado gravitar à sua volta casos de corrupção (conduzidos para a prescrição).

♪ Velvet Undergound & Nico



Femme Fatale

quinta-feira, novembro 20, 2008

A quadratura de Lobo Xavier


JCS


António Lobo Xavier disse, na Quadratura, que Ferreira Leite falou na suspensão da democracia para criticar por absurdo a política de Sócrates. Vamos lá ver se compreendi:
    1. Sócrates é autoritário (tal como pretende a Dr.ª Manuela e o acólito Paulo Rangel);
    2. Ferreira Leite acha, aliás, que a avaliação dos professores deveria ser suspensa, porque a reforma do sistema educativo não pode ser feita contra os professores;
    3. Mais, Ferreira Leite acha que, em democracia, é muito difícil fazer reformas por causa da oposição dos grupos socioprofissionais.
Peço desculpa, mas não entendi: onde é que está a crítica a Sócrates?