quinta-feira, junho 30, 2011

Ongoing, 1 – Impresa, 0

    “(…) a defesa da concorrência em excesso prejudica a concorrência. (…) Nos últimos 10 anos a publicidade baixou muito em Portugal e não haverá mercado para mais um player nesta área de televisão aberta; nesta matéria, o programa do governo é prudente, pois ficou claro que isto não é uma medida imediata.”

Que mais terá dito Passos Coelho no Dia das Mentiras?

'Ir mais longe que a troika' (caso prático)

Governo vai ficar com metade do subsídio de Natal, mesmo dos trabalhadores que não têm subsídio de Natal.

“Perguntem a Horta Osório”

Cavaco afirmou na última campanha eleitoral que o seu paradigma da gestão — o exemplo em carne e osso que gostaria que fosse seguido em Portugal — está personificado em António Horta Osório: “Perguntem a Horta Osório”, disse então o recandidato à presidência da República. Nunca mais deixámos de procurar afanosamente acompanhar tudo o que o guru de Cavaco fazia. Descobrimos, há tempos, que se socorria de métodos muito peculiares de planeamento fiscal. Descobrimos hoje que se prepara para reduzir custos, adoptando um método original para o conseguir: despedir 15 mil trabalhadores no Lloyds.

A privatização da Lusa já começou

É a agência do Pedro.

E os outros 800 milhões?

Nas negociações dos PEC e do Orçamento do Estado 2011, o PSD exigiu sempre ao Governo que, a cada aumento da receita pela via fiscal, correspondesse o mesmo valor em cortes efectivos da despesa do Estado.
Hoje, Passos Coelho anunciou o saque de 50 por cento do subsídio de Natal, arrecadando o Estado 800 milhões de euros à conta dessa manobra.
Quer isto dizer que o défice do Estado vai reduzir-se em 1,6 mil milhões de euros, visto que o Governo deve estar prestes a apresentar um corte na despesa da ordem dos 800 milhões de euros. Ou não?

Ana Vidigal no Museu do Chiado: inaugura hoje às 19 h.


Um jornal a precisar de ctrl+alt+del

Agora que Jaime Antunes, antigo jornalista e dono de jornais, comprou o jornal i, será que vamos continuar a ver manchetes destas?


Na verdade, enquanto foi propriedade de uns empreiteiros, o jornal especializou-se em manchetes idiotas e a despedida não poderia ser excepção.
Quem escreve este texto não faz a mínima ideia do que está a escrever, não apresenta um único caso (à excepção de um anónimo que "já trabalha há anos e vai continuar a trabalhar no Ministério das Finanças" ???), baralha dados pessoais com dados oficiais, escreve coisas sem sentido (o Ministério da Economia ficou sem mails !!!)...
E a conclusão de tudo isto é: "os documentos oficiais estão seguros e protegidos num sistema de armazenamento de documentação que passou para o novo executivo". Ou seja, no pasa nada.
Um leitor regular de jornais tem o direito de se interrogar: mas onde foi o i desencantar estes 'jornalistas'?

Isto promete muito

♪ Brian Eno [4]



(com Harold Budd)

Not Yet Remembered

O cobrador de fraque

Olha que estive contigo na campanha e tudo, lembras-te Pedro?

Ainda o SNS

Comentário do besugo a este post:
    "O SNS inglês não é muito melhor do que o americano, depois da "iron-lady".
    O nosso "péssimo" SNS vai deixar saudades - é melhor do que qualquer dos 2 que citei. Meu Deus, se é.

    Mas os nossos doentes "postos de fora pelo seu escasso futuro" mais criativos podem sempre assaltar um banco exigindo cinco cêntimos: a menos que o subsecretário de Estado (deve haver este, com mil raios) responsável, ao mesmo tempo, pelo cruzamento de dados na Justiça e pela limpeza de latrinas das cadeias determine que nem assim um pobre de Cristo pode ser tratado como Cristo acho que um dia disse que se podia e, atrevo-me a dizer, que se podia tratado ser.

    Claro que o PP não é o CDS, claro que a Democracia Cristã até chegou a ter um partido próprio - afastando-se do ponto de vista "urnal" do CDS (cuido que despareceu de vez com a criação do PP, por motivos alheios ao meu entendimento).
    Mas tudo isto, mais do que ser fado, é um bocadinho triste. Peço quase desculpa."

quarta-feira, junho 29, 2011

Gangues à solta

Que se passa em Massamá?

Qual é a posição do governo português perante as grandes questões que abalam a Europa?



ABC de amanhã

Curriculum vitae


Fotografia de Pedro Elias


O currículo do Senhor Primeiro-ministro, na página do Governo, é curioso:
    • Tem uma referência temporal para tudo, menos para a conclusão da licenciatura;
    • Antes de assumir a “gestão de empresas – recentemente no campo da energia e ambiente”, não explica o que andou a fazer por aí;
    • Faz uma referência ao cargo de vereador, mas não explicita se teve pelouros ou não;
    • Não se fica a saber que foi presidente da JSD;
    • Não informa o povo em que estabelecimento de ensino exerce a “docência em Economia”.
Pode ser que, quando tiver vagar, o Senhor Primeiro-ministro mande compor a coisa.

"O que é que é a Ongoing?"

    ‘(…) acabo de ouvir na SIC Notícias, precisamente o director do Expresso, num debate sobre o programa do Governo, a dizer que Bernardo Bairrão, (convidado e desconvidado para secretário de Estado) foi vítima de uma “campanha baixa” nos dois últimos dias, uma coisa que não devia ter acontecido, uma estória “complicada e triste”.’

    ‘(…) não acredito que Bairrão tenha ficado de fora por causa de um delito de opinião. Tem de ter sido qualquer coisa mais importante. Talvez nunca cheguemos a saber, porque a transparência nunca é a que nos prometem.’

ADENDA: ‘Para Pais do Amaral, a perda de Bernardo Bairrão "era um fait-accompli" [assunto arrumado] e foi surpreendido pelo DN com o anúncio da sua não ida para o Executivo de Passos Coelho.

SNS



O Público contava, na segunda-feira, a história: um norte-americano não encontrou outra forma para tratar um tumor e mais umas hérnias do que procurar ser preso — garantia de tecto, comida e tratamento médico. Entrou num banco e entregou um bilhete à funcionária: “Isto é um assalto. Por favor, dê-me um dólar apenas.” Até agora, o Serviço Nacional de Saúde não permitiria que acontecesse uma situação como esta em Portugal.

Ainda que mal pergunte… [42]

É o INE que nos alerta: o “indicador de clima económico” manteve em Junho o acentuado perfil descendente; o “indicador de confiança dos Consumidores” retomou a trajectória descendente. Fala em mínimos históricos. Então, com a direita no poder com condições de governabilidade nunca vistas — uma maioria, um governo, um presidente, para além da presidência da Comissão Europeia, da Associação de Municípios e do Banco de Portugal —, como é possível que os índices de confiança do INE estejam em mínimos históricos e os juros nos máximos?

Os trimestres de 12 meses

Um jornalista, sejamos generosos, de um jornal de economia (!) a garantir que as previsões do défice do governo anterior para todo o ano de 2011 deveriam ter sido atingidas no primeiro trimestre. Nos outros nove meses, a malta descansava...

♪ Brian Eno [3]



(com Harold Budd & Daniel Lanois)

Late October

terça-feira, junho 28, 2011

E, afinal, além do acordo com a troika, há um novo PEC que a gente não votou



Jornal de Negócios de amanhã

A palavra aos leitores

De e-mail do leitor Henrique D.:
    'Esta malta da comunicação social é muito má. Vejam lá que corre por esses corredores que, afinal, não foi Passos Coelho que vetou o indigitado Secretário de Estado da Administração Interna mas sim…Balsemão. Ou, como diria a senhora de (não) saudosa memória: quem paga, manda. E quem se lixa (neste caso) é o Bairrão.'

Deve ter alguma coisa a ver com o Magalhães...

Relatório da OCDE: acesso de alunos à internet em casa quase quadruplicou em nove anos.

Natal…

… é quando o Governo quiser.

Tópicos para um estudo sobre a miséria natureza humana



Ele pôs-se tanto a jeito que o empresário luso-cabo-verdiano-brasileiro Miguel Relvas lá lançou uma OPA (amigável) ao Portugal dos Pequeninos:
Caros leitores: comprometo-me a não repetir a graça. Mas por uma vez não resisti a fazer alusão a um dos blogues intelectualmente mais pobres e desonestos que há por aí. Lá foi ele a correr, como se sabia à partida.

Da série "Frases que impõem respeito" [627]


Álvaro no Toy Story
(recebido por e-mail)



Não dá para fazer comparações [entre Vieira da Silva e Álvaro Santos Pereira].
      Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, após o primeiro encontro com o Álvaro

E o yuan aqui tão perto

• Timothy Garton Ash, La crisis de Europa, una oportunidad para China:
    '¿Por qué prestar tanta atención a la periferia? Porque en esos países se pueden hacer inversiones prometedoras, y esas economías periféricas, más pequeñas, son una forma sencilla de entrar en un mercado europeo único de 500 millones de consumidores. El mercado de la UE está mucho más abierto a los inversores chinos que el chino a los europeos. Además, hacer grandes inversiones en estos países tiene una compensación política. Cuanto más dependan económicamente de China, menos probabilidades habrá de que apoyen las acciones comunes de la UE que China considera hostiles a sus intereses fundamentales. No es demasiado cínico darse cuenta de que Pekín está construyendo una especie de lobby chino dentro de las estructuras de toma de decisiones de la UE, donde, al menos en teoría, el Estado más pequeño es igual que el más grande.

    Con la eurozona en cuidados intensivos, a países como Grecia, España y Portugal también les gustaría que China comprase parte de sus desolados bonos del Estado. Aunque no conocemos las cifras exactas de las adquisiciones de bonos por parte de China, sí sabemos que los gestores chinos de fondos soberanos llevan un tiempo diversificando discretamente sus inversiones para no limitarse a los bonos del Tesoro estadounidense. Sus dirigentes políticos pronuncian palabras comprensivas y hablan de ayudar a la eurozona. La verdad es que a la economía china le perjudicaría que la economía europea cayese en picado.'

♪ Brian Eno [2]



Taking Tiger Mountain

O 'affaire' BB

segunda-feira, junho 27, 2011

O verdadeiro albergue espanhol




25? Não, 35



______
Enviado por Hugo C..

A palavra aos leitores - Um gigantesco erro de casting

De e-mail o leitor Gabriel L.:
    'Parece que o ministro da Economia e de não sei mais quantas pastas, disse que preferia que o tratassem por 'Álvaro, apenas'. Consta que não gosta de formalidades e mordomias.

    "Álvaro, apenas" cometeu o erro mais elementar de todos os académicos que se tornam, do dia para a noite, membros de um governo: importar para a política as regras de alguns departamentos de algumas universidades de algumas disciplinas científicas. Álvaro não percebeu que destruiu qualquer ponta de autoridade que alguém com super-responsabilidades num super-ministério devia fazer tudo para guardar. Quando for preciso dar dois berros e mandar a sério, Álvaro vai perceber que nos gabinetes não funcionam segundo a lógica da peer review.

    Atenção, não acho que Álvaro seja mau tipo. É apenas um gigantesco erro de casting.
    '

A 'vichyssoise' serve-se fria


Ou, como escreve Estrela Serrano, será que alguém anda a tentar calar os comentadores do PSD?
Um caso digno de meditação pelos habituais defensores da liberdade de imprensa.

Um passado reinventado

Ainda antes de tomar posse, Passos Coelho garantia: "Não usaremos nunca a situação que herdamos como desculpa para o que tivermos que fazer".
Obviamente que não. Para que precisa Passos de o fazer se tem uma imprensa servil (afinal, a RTP é ou não para privatizar?) que o faz por si?


Manchete do Diário Económico, 27 Jun 11


Como qualquer pessoa de boa fé poderá constatar aqui, Passos Coelho nunca poderia justificar-se com o passado. O passado não o permitiria.

Sem Barreiras forever


A presença de Feliciano Barreiras Duarte no governo deixa as gentes do Oeste muito aliviadas - por mais FMI, ou simples igualdade entre regiões, que haja, nunca haverá portagens no troço Caldas-Óbidos-Bombarral da AE. Viva, por isso, o Feliciano.

Lembram-se do Sócrates, esse louco do mundo paralelo, sempre optimista?

Gente que Conta — três notas sobre a entrevista a Nogueira Leite [1]

António Nogueira Leite deu uma entrevista ao DN (de ontem). A primeira nota é para o papel das relações pessoais na política (ou numa certa forma de fazer política):
    “O professor Ferreira do Amaral é pessoa de quem sou amigo e que muito respeito há muitos anos (…).”

    “É o caso do ministro das Finanças, que conheço muito bem. (…) Digo isto com absoluta franqueza, e não é pela amizade que temos há 30 anos (…).”

    “(…) tendo grande apreço, até pessoal, pelo professor Santos Pereira [o Álvaro] (…). Conheço-o há menos tempo, através de amigos comuns (…).”

    “Conheço o António José Seguro, pessoa por quem tenho não só admiração como muita estima pessoal.”

    “Não conheço pessoalmente o dr. Francisco Assis (…). Conheço bem alguns amigos dele, que também são meus grandes amigos, embora não o conheça a ele, e tenho por essa via a melhor impressão.”

    “Devo dizer que conheço há algum tempo a dr.ª Assunção Esteves, acho que ela tem muita capacidade.”

    “Tenho uma boa relação pessoal com o dr. José Cesário. (…) devo dizer que o dr. José Cesário é uma pessoa que tem tido imenso sucesso enquanto dirigente e, portanto, parece-me que será uma boa escolha [para afastar Miguel Relvas da secretaria-geral do PSD].”

    “Ele [Jorge Coelho] tem imensa graça (…).”

Entrevista de Vasco Pulido Valente à Revista Única

“O problema é ainda mais grave. É saber se há alguém que politicamente consiga persuadir os portugueses a passarem dez ou 15 anos a viver do que produzem”.

“Ainda hoje telefonei para o ICS [Instituto de Ciências Sociais] a lembrar que estou quase a atingir a reforma.”

Secção laranja do DN coloniza o Estado

        No Canadá, país onde vive e lecciona, também ‘há esqueletos no armário’ do Estado?
        O pedido de ajuda ao FMI e à Europa chegou demasiado tarde?

Maria de Lurdes Vale, antiga conselheira de imprensa de Portugal em Espanha (nomeada por Durão Barroso) e coordenadora da “investigação especial” do DN sobre “o Estado do País”, já está a trabalhar com o Álvaro. Começa bem — com uma queixa de que ainda não lhe deram telemóvel e net. É impressão minha ou a secção laranja do DN está a passar de armas e bagagens para o Governo?

♪ Brian Eno [1]



I'll Come Running

domingo, junho 26, 2011

Por mares nunca dantes navegados



Um leitor enviou-me um e-mail no qual colocava a seguinte pergunta: “Isto é a gozar, não é?”. Respondi-lhe: “Se não é, parece.” Mas, pensando melhor, pode não ser. Uma segunda leitura permite concluir que a mocidade portuguesa já está a resolver o problema do primeiro emprego (aliás, seguindo instruções dadas a seu tempo) e que o patriotismo que o Álvaro irradia está a ser devidamente assimilado.

Reintegrem lá o moço no Instituto Sá Carneiro

Está a tornar-se uma manifestação recorrente na blogosfera de direita. Sempre que um tolinho qualquer cai em desgraça lá na sua seita, desata a morder-nos nas canelas. Isto ainda acaba connosco a passar atestados de bom comportamento.

Das argúcias culturais

António Guerreiro escreve na revista Atual do Expresso sobre o novo secretário de Estado da Cultura:
    Diga-se, sem reservas nem ironia: seria difícil encontrar um secretário de Estado da Cultura tão perfeitamente identificado com o mundo cultural como Francisco José Viegas. O seu currículo é o do perfeito agente cultural: o indivíduo que tudo converte à linguagem da cultura e a amplifica nas suas saborosas astúcias. Escritor, o seu mundo é o da cultura literária; editor, a sua tarefa é a cultura editorial; diretor de uma revista literária, a cultura foi no entanto o seu verdadeiro sacerdócio; comentador de futebol, ele responde às exigências profanas da cultura futebolística; homem de gostos mundanos, sejam eles a gastronomia regional, os vinhos ou os charutos, ele inscreve-os na ordem dos requintados interesses culturais. Eis alguém que faz a síntese total com que sempre sonharam os espíritos iluminados pela chama da cultura. A sua vocação de agente cultural é um percurso de santidade: é uma capacidade pacificadora que consiste não apenas em conviver com tudo, mas em fazer com que tudo conviva com tudo, sem exclusões nem conflitos. Os ofícios sacerdotais da cultura, tal como FJV sempre os exerceu, são uma esponja que apaga rugosidades e anula asperezas: constroem o consenso, exaltam o conformismo, glorificam uma arte de viver que sabe aderir, em cada momento, à superfície lisa do tempo. A cultura — sabe muito bem este mestre dela, agora secretário de Estado — rege-se pelo princípio da conformidade. Com os seus mecanismos bem afinados, a cultura nada tem de irredutível, de resistente. É uma matéria plástica, pronta a ser moldada, convertida, traficada — tarefas que os mais dotados agentes culturais exercem com zelo. O poder da cultura é mimético e extensivo. Sem reservas nem ironia: quem agora acedeu a secretário de Estado da Cultura sabe, das argúcias culturais, tudo o que há a saber.

Nascido para falhar

João Cardoso Rosas não escondeu a sua preferência por Passos Coelho nas últimas eleições. Pode ser um bom cartão de visitas para o que diz, no Diário Económico, sobre a constituição do novo governo: "Apesar da retórica do momento, este Governo parece mesmo nascido para falhar."

A Persistência da Memória

• Fernanda Palma, A Persistência da Memória:
    John Galliano, que proferiu expressões de ódio aos judeus e de apoio a Hitler, alega que estava embriagado e não se recorda do que disse. A defesa do estilista levanta dois problemas interessantes: saber se a amnésia posterior afasta a responsabilidade de quem praticou o crime com plena consciência de si e se o estado de embriaguez, ou outra afecção voluntária da mente, exclui a imputabilidade.

♪ Intervalo para almoço [7]



The Durutti Column

Sketch for Summer

sábado, junho 25, 2011

PEC 5


Correio da Manhã, hoje


Miguel Relvas, em entrevista dada a 29 de Abril ao Público: “O PEC IV já era a antecâmara do PEC V e PEC VI”.

Coisas realmente importantes

O céu é o limite



Jornal de Negócios, 27 de Maio de 2011


Não me sinto excessivamente diminuído por não ter ouvido antes falar da Simon Fraser University. Eu só tinha uma ideia das 200 melhores. Mas, a meu favor, declaro conhecer os trabalhos científicos de Álvaro Santos Pereira, o ministro do Comércio, da Indústria, do Turismo, das Obras Públicas, dos Transportes, das Comunicações, da Energia, da Habitação, do Emprego, inter alia: um sobre a caça aos mosquitos e outro sobre o terramoto de 1755. E sei também quão errado é considerar o ministro um ignorante em relação ao tecido empresarial português: Belmiro de Azevedo escreveu o prefácio para uma sua obra (e nós sabemos como estas coisas funcionam bem por osmose) e ele soube escolher para n.º 2 do ministério o vice-patrão dos patrões. De resto, para quem está ao corrente do diário de um deus criacionista, só o céu é o limite.

Foi chegar, ver e vencer

PSI 20 vive maior ciclo de quedas semanais em três anos.

Ao fim e ao cabo…

os membros do Governo não pagam viagens em voos da TAP.

“Passos Coelho escolheu uma mistura explosiva de radicalismo programático com perturbação institucional”

• Pedro Adão e Silva, O FIM DA SILLY SEASON [hoje no Expresso]:
    “Entre várias opções cuja racionalidade é difícil descortinar, a fusão no Ministério da Economia de três pastas gera enorme perplexidade. Só um misto de irresponsabilidade e inconsciência pode explicar a opção por juntar obras públicas, trabalho, emprego, transportes e economia e entregar todas estas competências a alguém que não tem nem experiência política, nem qualquer tipo de socialização primária com a administração pública. Há alguma lojeca que explique esta opção ou tratou-se apenas de uma cedência à ideia populista de que há políticos a mais e que os políticos ganham demasiado? Uma coisa é certa, poupanças marginais em salários vão traduzir-se em perdas significativas de produtividade e eficiência. Independentemente das qualidades académicas do titular das pastas, há um risco demasiado óbvio: um ministro paralisado pela carga administrativa e incapaz de lidar com os vários grupos de pressão que pululam nestas áreas. Se o objetivo fosse falharmos, não me ocorreria melhor opção.”

A descoberta da crise internacional

• Fernando Madrinha, MISSÃO DE ALTO RISCO [hoje no Expresso]:
    “Não será o governo ‘dos melhores entre os melhores’, como prometeu Paulo Portas. Mas alguns desses ‘melhores’ que estariam na sua cabeça e na de Passos Coelho são, afinal, os que ainda há pouco explicavam nas televisões que a culpa de todos os males nacionais era de José Sócrates, não da crise internacional, e que agora já vão dizendo que a crise internacional e a da zona euro em particular podem deitar tudo a perder mesmo que o novo Governo faça tudo certo. Nada garante que esses melhores cumprissem, em competência, motivação e entrega, a árdua tarefa que as segundas escolhas tiveram a coragem de assumir.”

“Este é, a nível de perfil e de intenções, o Governo mais à direita que tivemos em 37 anos de democracia”

• Miguel Sousa Tavares, APERTEM OS CINTOS DE SEGURANÇA [hoje no Expresso]:
    “(…) Passos Coelho fez o Governo que queria, foi coerente com as ideias ultraliberais que defende e, em consequência, este é, a nível de perfil e de intenções, o Governo mais à direita que tivemos em 37 anos de democracia. E nada a dizer quanto a isso: o país votou à direita, vai ter uma governação de direita. As vozes das virgens escandalizadas que já se levantam na extrema-esquerda (PCP, BE e CGTP) são absolutamente hipócritas: eles quiseram derrubar o governo Sócrates para experimentar a direita, porque estimaram que isso iria favorecer o êxito do seu combate de rua. Pois agora experimentem e saiam para a rua (…).”

    “Também houve mais um 10 de junho e Cavaco, o anticlientelas, lá voltou a condecorar as suas habituais clientelas femininas. Leonor Beleza foi condecorada por ter gasto a instalar-se muito (depois se verá se bem) do dinheiro deixado por António Champalimaud a Portugal. Manuela Ferreira Leite deve ter sido condecorada por ter feito, na última meia-legislatura, dois discursos contra Sócrates, criticando-lhe o mesmo género de políticas financeiras que ela própria levou a cabo no governo Barroso. E uma jovem decoradora, cujos talentos o país desconhece, terá sido condecorada por razões que o país também desconhece. Se, de vez em quando, Cavaco Silva tivesse um estertor de grandeza, teria antes condecorado um homem chamado Fernando Teixeira dos Santos, cujas responsabilidades, em tempos terríveis, foram um pouco além da decoração de interiores: teria sido um exemplo para o país meditar. Mas não é por acaso, e sim por ser quem é, que ele prefere antes condecorar a sua gente. De novo me socorro de Camões: ‘Que outrem possa louvar esforço alheio/ Cousa é que se costuma e se deseja/ Mas louvar os meus próprios, arreceio/ Que louvor tão suspeito mal me esteja’.”

O elogio insuspeito (ou de como é possível escrever direito por linhas tortas)

Pacheco Pereira (hoje no Público):
    “O comentário político está tão subserviente e balofo, salvo honrosas excepções, que funciona por simples moldes virais, mais ou menos formatados, entre a adesão ao poder sem disfarces, a propaganda pura e o wishfull thinking. Enquanto na era Sócrates esses moldes virais, frases, pseudo-argumentos, contra-argumentos, eram preparados profissionalmente, agora ainda dependem muito do entusiasmo entre o ingénuo e o servil que por aí anda entre blogues, jornais e televisões. Com o tempo, virá a profissionalização e também teremos a nossa nova câmara corporativa governamental para que não faltam voluntários. Não admira que haja quem queira sanear os comentários que não alinham com o modo dominante, uma pulsão que eu conheço muito bem e já de há muitos anos.”

E a seguir ressuscitam o "homem do leme"?

Portugal de novo o aluno exemplar. Há jornais que são autênticas barrigas de aluguer do spinning.

O ridículo é contagiante... e mata


Expresso, 25 Jun 2011

Quando requisitará a senhora presidente da AR segurança pessoal. Quando tiver visitas do Azerbaijão, ou quando o 'professor' Nogueira se apresentar nas galerias?

A sério: alguém deveria explicar a Assunção Esteves que a segurança não se exerce em part time. E que, com decisões destas, só obriga a PSP a fazer-lhe segurança às escondidas, o que torna a coisa bastante mais cara (mas, enfim, agora que a notícia saiu no Expresso, já alguém deve ter tomado as devidas providências...).

E agora um pequeno momento de humor

"Não fazemos comentários sobre isso. A fuga de informação não partiu de nós e não quisemos tirar vantagens dela" - disse um assessor de Passos Coelho sobre a história das viagens em turística.
Mas, então, a coisa não era para ser "emblemática"?

Nota: a acreditar no título da notícia, mais uma ou duas medidas "emblemáticas" destas e temos o problema do défice resolvido...

♪ Intervalo para almoço [6]



Antena

Camino del Sol

sexta-feira, junho 24, 2011

A Florida da Europa

O novo ministro da Economia defende que Portugal poderia ser a Florida da Europa.
Um soundbite certamente sacado no Wikileaks.

On going?


Encontrado no Facebook.

O ‘harakiri’ do Bloco

• Fernanda Câncio, O ‘harakiri’ do Bloco:
    ‘Em 2008, num debate com Louçã promovido pela editora Tinta da China, confrontei-o com o facto de o Governo PS ter, até então, posto em prática uma parte considerável do programa do Bloco. Ele não negou, limitou-se a dizer qualquer coisa como: "Ainda bem, significa que conseguimos fazer valer o nosso ponto de vista." Sucede que as medidas em causa não se limitavam às áreas que fizeram desde o início a imagem do BE, relacionadas com questões de género, de sexualidade e de regulação legal das relações (e que estapafurdiamente os media insistem em denominar de "fracturantes", sem se darem conta de como estão, nessa denominação, a abandonar a propalada objectividade e a tomar posição). Incluíam a aposta nas energias "limpas" como alternativa aos combustíveis fósseis; o aumento do salário mínimo; a alteração das regras de legalização dos imigrantes; a restrição da prisão preventiva; a generalização do acesso à banda larga e às tecnologias da informação; o reforço das pensões (com convergência com o salário mínimo) e do apoio social aos idosos; a limitação da concentração na comunicação social; o reforço do ensino profissional e "a certificação de competências numa lógica de aprendizagem ao longo da vida". (…)’

♪ Intervalo para almoço [5]



Anna Domino

Land of My Dreams

De que está Passos à espera para ser cliente da Ryanair? (2)



Acabo de ouvir Passos Coelho a dizer na SIC-N que esta opção pela "classe económica" é só para valer nos voos para a Europa. Nos voos de longo curso, os contribuintes que tenham paciência.

quinta-feira, junho 23, 2011

Políticas e política

A eleição de Assunção Esteves deve muito ao contexto criado com a Lei da Paridade apresentada pelo PS (com a manifesta oposição do PSD, do CDS-PP e do PCP). Agora, regressemos à política.

E o Moedas que não se decide a pegar no telefone... (2)


Juros da dívida pública a 5 anos

    Pedro T.

Acta da Assembleia Distrital do Porto do PSD

1. Tanto quanto se percebe do que o secretário da Mesa escreve, Marco António gabou-se entre os seus de ter provocado eleições antecipadas. Nós já o sabíamos, o Fernando Moreira de Sá ficou a saber agora.

2. O divertido assessor da Maia julga que a “ida ao pote” — a que Passos Coelho fez alusão em directo na televisão — se traduz na ocupação de uns tantos lugares no aparelho do Estado. É isso, mas é também mais do que isso, muito mais, Fernando. Vá por mim.

Trazer o governo na cabeça

Foi ontem anunciado que, ao contrário do que havia sido prometido, a tomada de posse dos secretários de Estado não ocorrerá no próximo sábado, ficando adiada para um dia indefinido da próxima semana. Entretanto, à medida que alguns nomes vão saltando cá para fora (aqui, aqui e aqui), fica-se com a ideia de que muitos membros da famosa equipa que Passos Coelho trazia na cabeça vêm recusando o convite, pelo que a pesca à linha continua.

Ainda havemos de ir a Viana...

A propósito desta notícia, lembramos esta história (ou melhor, o muito que estará por contar sobre esta história).

Discurso sobre o método




Passou algo despercebida, mas vale a pena observar a forma como Passos Coelho conduziu a escolha do ministro da Saúde. O primeiro convite seguiu para Isabel Vaz, a gestora da Espírito Santo Saúde que saltou para a ribalta quando reconheceu na televisão que “melhor negócio do que a saúde só mesmo a indústria do armamento” (cf. o vídeo supra). Convite declinado, Passos Coelho lançou as redes a Paulo Macedo. A uma recusa deste vice-presidente da Médis seguir-se-ia um convite a um administrador da José de Mello Saúde?

Quando Passos Coelho diz querer esfaquear emagrecer o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e “dar asas” à saúde privada, o método de escolha do ministro da saúde é, no mínimo, curioso. Não são as pessoas que estão em causa, mas o perfil esboçado aponta para alguém que conheça as aspirações e os problemas do sector privado da saúde e que seja capaz de fazer uma gestão global desses interesses, de modo a que a transferência dos nacos mais suculentos do SNS se faça em boa ordem.

Da série “Eu sou um homem de palavra” [2]


Porque todas estas coisas virão no Diário da República mas esse não é o jornal que os portugueses mais consultam, nós assumimos o compromisso de publicarmos, todos os meses, com toda a transparência, na internet, todas as nomeações que forem feitas, explicando quem é aquela gente, de onde vêm, que habilitações têm, o que vão fazer e o que vão ganhar.

Convergência

Vale a pena ler este post de Rui M.C. Branco - de onde rapinámos este gráfico:

    Pedro T.
P.S. - Sem querer ser mauzinhos, descubram lá quem governava o país nos únicos anos em que a produtividade portuguesa não convergiu com a alemã (2003-2004). Ah, mas esperem: dizem que os governos não são responsáveis por este tipo de coisas?... Que engraçado. Quem diria, depois da demagogia dos últimos tempos...

Não parece, é!

Vários leitores já me perguntaram por que não fiz referência a um vídeo que anda por aí, no qual aparece Passos Coelho a proferir palavras que, se dirigidas a Sócrates, são inqualificáveis. Perante a gravidade da situação, nem soube como pegar no assunto. Está aqui uma análise do que se passou, bem como uma referência à estranha apatia de que a comunicação social deu mostras.

De que está Passos à espera para ser cliente da Ryanair?


Passos Coelho fez questão de que fosse notícia a sua opção pela classe económica. Quando se abre a porta ao populismo, é depois difícil fechá-la. Agora, a gente vai querer que este “sinal simbólico” se converta numa prática de todos os dias, incluindo nos voos de longo curso, que se faça um upgrade, passando da classe económica para o low-cost, e que o Falcon seja vendido em hasta pública.

ADENDA — Escreveram sobre o assunto A.R., Eduardo Pitta e Pedro Marques Lopes.

E o Moedas que não se decide a pegar no telefone...

Escolhas bipolares

Depois de ter escolhido um secretário de Estado do Emprego - Pedro Martins - que não vive em Portugal há pelo menos uma década e não tem qualquer experiência executiva, tudo indica que Álvaro Santos Pereira terá como outro secretário de Estado Silva Rodrigues, que é Presidente do Conselho de Administração da Carris desde Fevereiro de 2003.

Vejo no quadro 5.10 (pág. 253) da bíblia escrita pelo agora ministro que a Carris S.A. é a empresa em Portugal (entre públicas e privadas) mais endividada. Ao contrário de Pedro Martins, Silva Rodrigues tem experiência que se farta.
    Pedro T.

♪ Intervalo para almoço [4]



Tuxedomoon

In a Manner of Speaking

Aceite, aceite, que eles têm lá carros novos à espera



Depois de ter participado no Compromisso Portugal, perdão, no Mais Sociedade, o homem que tão bem geriu a Carris - especialmente a frota da administração - parece estar a caminho do Governo
Como agora se diz - são sinais muito promissores.

Cómico cómico

O João Miranda acha (não acha nada, aquilo sai-lhe porque sim) que a aspiração do Bloco de Esquerda e do Daniel Oliveira é chegar ao poder.

quarta-feira, junho 22, 2011

Não deixar pedra sobre pedra

Camarada Pedro Picoito,

A nossa fonte está à distância de um click. Foi o próprio Nuno Crato que afirmou, em declarações à Rádio Ecclesia, que, por ele, cortava o mal pela raiz: “Acho que o Ministério da Educação deveria quase que ser implodido, devia desaparecer”. Embora admita que, agora que foi convidado para governar, Crato esteja tentado a sustar os seus ímpetos bombistas, espero que não traia as suas expectativas.

A palavra ao Eurostat: seis anos em balanço (2)



Em relação a este post, no qual se dá conta dos dados ontem divulgados pelo Eurostat sobre o PIB per capita em termos da paridade do poder de compra (PPS na sigla inglesa), vale a pena comparar os períodos em que o PS esteve no governo com os da coligação de direita PSD/CDS-PP.

Uma provocação destas não se faz a Passos Coelho (e a Nuno Crato)



Hoje no Correio da Manhã


O Público dá a notícia na página 12. É minúscula e quase não se dá por ela. Não deve ser uma questão importante.
    Pedro T.

É pessoa para conhecer melhor a situação real do país do que a maioria dos colegas de governo


Anunciado pela imprensa como futuro secretário de Estado do Emprego, Pedro Martins tem na sua curta lista de blogues de leitura corrente o Câmara Corporativa. Esperemos que isso não lhe venha a trazer problemas...

“Os professores, agora em êxtase, esqueceram-se disto?”



Paulo Guinote estará de férias?


Estão recordados daquela triste cena do lançamento de um livro de Santana Castilho, cujo prefácio é do próprio Pedro Passos Coelho, em que o líder do PSD se prontificou em directo a alterar o programa para a Educação do PSD? Palavras leva-as o vento e Santana Castilho sente-se enganado pelo “homem de palavra”:
    Bem consciente do ónus de me declarar tão cedo contra a corrente, não comungo da euforia generalizada, que abriu braços à Educação. Explico o que posso explicar. Em Abril, Passos Coelho tinha um programa eleitoral para a Educação. Em Maio tornou público outro, que não só nada tinha a ver com o primeiro, como era a sua antítese. Escassos dias volvidos sobre a divulgação do último, Passos Coelho comprometeu-se publicamente a melhorá-lo. Mas faltou à palavra que empenhou e apresentou-se ao eleitorado com um programa escrito em eduquês corrente, com medidas até a 19 anos de prazo, pasme-se, e que, entre outros disparates, consagrava: a recuperação de duas carreiras no seio da classe docente; o enterro definitivo da eleição dos directores; a diminuição do peso dos professores nos conselhos gerais; o aumento da promiscuidade entre a política partidária e a gestão pedagógica do ensino; a protecção da tirania e do caciquismo; a adulteração do sentido mais nobre do estatuto da carreira docente; a consolidação dos mega-agrupamentos; a manutenção da actividade nefasta das direcções regionais; uma significativa omissão sobre concursos de professores e muitos outros aspectos incontornáveis da política educativa; a recuperação da ideia bolorenta de uma agência externa de avaliação educacional e a subserviência à corporação do ensino privado, por forma que a Constituição proíbe. Os professores, agora em êxtase, esqueceram-se disto? Eu sei que o programa de Governo ainda não é conhecido. Mas só pode resultar do que contém isto e do do CDS. E o do CDS não se opõe a isto.

    Nuno Crato é um notável divulgador de ciência e um prestigiado professor de Matemática e Estatística. Em minha opinião, o merecido prestígio intelectual que a sociedade lhe outorga foi trazido a crédito incondicional como político da Educação. No mínimo, o juízo é precipitado. Permito-me sugerir que leiam a sua produção escrita sobre a matéria. Que ouçam, com atenção, e sublinho atenção, a comunicação apresentada em 2009 ao “Fórum Portugal de Verdade” e as intervenções no “Plano Inclinado”. Os diagnósticos não me afastam. Os remédios arrepiam-me. Nuno Crato é um econometrista confesso, que repetidas e documentadas vezes confunde avaliação com classificação. Nuno Crato pensa que se mede a Educação como se pesam as batatas e que muda o sistema de ensino medindo e examinando. E não mudará. Ou muda ele ou não muda nada. Fico surpreendido como os professores deixam passar com bonomia a hipótese, admitida, de contratar uma empresa privada para fazer os exames ou a intenção, declarada, de classificar os professores em função dos resultados. Estes dislates patenteiam pouco conhecimento sobre as limitações técnicas dos processos que advoga e uma visão pobremente parcial sobre o que é o ensino. Nuno Crato, que muitas vezes tem sido menos cauteloso ao apontar o indicador às ciências da Educação, tem agora o polegar da mesma mão virado para ele. Espero que não se entregue às ciências ocultas da Economia para redimir a Escola pública.

♪ Intervalo para almoço [3]



Fred Angst

Blauw Blauw

Da série "Frases que impõem respeito" [626]

Ana Vidigal



Não há uma questão de legitimidade da actual direcção, ela foi eleita três semanas antes das eleições, mas há um problema de credibilidade política do núcleo dos fundadores do Bloco.

terça-feira, junho 21, 2011

A palavra ao Eurostat: seis anos em balanço

No dia em que a coligação de direita assume o governo do país, o Eurostat divulga dados sobre o PIB per capita em termos da paridade do poder de compra (PPS na sigla inglesa) para 2010, através dos quais se observa que, apesar da crise actual, Portugal melhora a sua situação, tendo mesmo o valor mais elevado de sempre (igual a 1999 e 2000). Assim sendo, não houve divergência em relação à Europa entre 2005 e 2010:

1995 - 77
1996 - 77
1997 - 78
1998 - 79
1999 - 81
2000 - 81
2001 - 80
2002 - 80
2003 - 79
2004 - 77
2005 - 79
2006 - 79
2007 - 79
2008 - 78
2009 - 80
2010 - 81

Não se pode dizer, atendendo à violência da crise das dívidas soberanas, que não seja uma boa despedida. Ou dito de outra forma, para o ano voltamos a falar.

Mudança de epígrafe

Muito embora nunca tenha explicitado o sentido das suas palavras, Pedro Passos Coelho afirmou o seguinte: “Por isso é que disse sempre que o programa do PSD está muito para além daquilo que a 'troika' propõe”. Esta ameaça encapotada justificou que tivesse sido dado a estas palavras destaque no CC, reproduzindo-as na epígrafe.

É altura de mudar — a epígrafe. Revemo-nos nestas palavras de Cavaco Silva no discurso de tomada de posse como Presidente da República, em 9 de Março de 2011: “Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos.”

A palavra aos leitores

De e-mail recebido do leitor Hugo C. (recebido ontem):



    Conseguem ver a dor expressa na cara de Fernando Nobre?
    Talvez porque Pedro Passos Coelho, neste abraço, ostentava um punhal.
    Sim, um punhal. Um punhal em forma de voto e um voto em forma de serviço fúnebre político.
    O que se passou hoje no parlamento foi uma atitude de cobardia da parte do líder do PSD e futuro Primeiro-Ministro.
    Pedro Passos Coelho, como líder do partido da coligação que obteve mais votos ou simplesmente porque é o futuro Primeiro-Ministro, tinha o poder de requisitar o sentido de voto aos deputados do CDS através de Paulo Portas, por exemplo, aquando da negociação com o CDS no acordo para o Governo.
    Mas tal não aconteceu. Aproveitando-se da ingenuidade de Fernando Nobre, Pedro Passos Coelho fê-lo passar pela humilhação de ser recusado duas vezes, quando à partida já sabia que esse seria o desfecho final.
    Dias antes o CDS afirmou que não ia votar a favor.
    Dias antes o PS afirmou que não ia votar a favor.
    O PCP e o BE igual.
    A somar ao facto que o voto é secreto, condiciona ainda mais, um controlo da própria bancada que nem sequer era unânime na sua eleição.
    Então estranha-se... porque é que o apresentou? Depois de todas as certezas que era quase impossível ser eleito, qual o objectivo de continuar a enxovalhar uma pessoa?
    Mas depois, o que se entranha... é a cobardia de Pedro Passos Coelho. É a falta de coragem em tomar a decisão difícil de o afastar, de sugerir um nome consensual e que poupava ao homem o vexame, a vergonha de ser recusado duas vezes, acontecimento único na história do Parlamento.
    Mas isso pouco interessa. O que interessa é que o corpo já estava em câmara ardente há alguns dias e alguém tinha de o enterrar, politicamente. Era quase uma jogada brilhante, não tivesse a Direita a maioria no parlamento...

Viagens na Minha Terra

Era uma vez o Ministério da Educação…



Nuno Crato é o escolhido de Passos Coelho para a educação. Será, porventura, o primeiro ministro que assume a pasta de um ministério que considera que devia desaparecer.

Crato ganhou fama na última década pela forma supostamente sofisticada como critica o estado da educação em Portugal. Por cá, basta ser especialista em Matemática, citar uns académicos americanos e os nomes de uns filósofos e pedagogos famosos para merecer a admiração de meio mundo mediático.

O problema é quando alguém leva a sério as trivialidades que Crato andou para aí a espalhar e as questiona no plano que elas merecem. Por isso, vale a pena ler estes dois textos, aqui e aqui.

Muitas oportunidades existirão para voltar a estes assuntos, enquanto Crato prepara a implosão da 5 de Outubro.
    Pedro T.

A primeira de muitas voltas de 180.º

O PSD indicou Assunção Esteves para corrigir a vergonha por que passou ontem na Assembleia da República.

A nova "Presidenta" do Parlamento reuniu assinalável consenso, mas a questão mais relevante não é essa. Ontem, Passos Coelho lamentava a desistência de Nobre, afirmando que se perdia a oportunidade de o Parlamento ter como presidente um "independente". Hoje, avançou com o nome de alguém que não só de independente não tem nada, como desempenha as funções de deputado há um quarto de século (Assunção Esteves chegou ao Parlamento em 1987, aquando da primeira maioria absoluta de Cavaco). Passos Coelho deu uma volta de 180º. Será a primeira de muitas.
    Pedro T.

Ainda a chapelada do Rio de Janeiro

1. Apesar das hesitações do PS, não se percebe que o próprio Pedro Passos Coelho não tenha exigido que a chapelada do Rio de Janeiro fosse esclarecida, evitando deixar ficar uma nódoa nas eleições. Por uma questão de princípio.

2. Esta chapelada só aconteceu porque Cavaco vetou a lei que exigia o voto presencial.

♪ Intervalo para almoço [2]



Wim Mertens/Soft Verdict

Le Pouvoir des Folies Theatrales

Primeiras impressões do discurso de Cavaco na posse do XIX Governo Constitucional

Este executivo, se existe, deve-se a mim e eu é que apresento o programa de governo.

Um político peculiar

"Fernando Nobre reservou 40 lugares nas galerias" [da Assembleia da República].

Uma única certeza: o próximo presidente do parlamento será, segundo Passos Coelho, um comissário do PSD

      “Tenho pena que o Parlamento não tenha aproveitado esta oportunidade para dar esse passo que nunca foi dado até hoje, que era o de ter um verdadeiro independente a presidir ao Parlamento”.

A Shyznogud diz que “isto soa um bocado a insulto a todos os anteriores presidentes da AR”. Diria mais: isto é mortal para o próximo presidente da Assembleia da República, que será indicado pelo PSD.

Nobre e o feeling do Prof. Karamba

Aqui.

El nuevo gobierno de centro-derecha portugués empieza con mal pie

El País: “Más que una derrota de Nobre, el rechazo expresado por la mayoría de diputados es una derrota personal de Passos Coelho, que no augura un camino fácil al nuevo gobierno de coalición del PSD y el CDS”.

Equívoco simbólico

Há várias horas que dirigentes do PSD e comentadores (desculpem a redundância) insistem na ideia de que a rejeição do nome de Fernando Nobre para a presidência da Assembleia da República foi uma reacção corporativa dos políticos profissionais contra os independentes.
Obviamente, trata-se de uma falácia: os deputados rejeitaram aquele deputado, sendo que o facto de ser um "independente" nada tem a ver com o assunto.
Algum dos repetidores laranja que inundam o espaço mediático poderá explicar qual seria o valor acrescentado de termos um "independente" na presidência da AR? Mesmo como mero simbolismo?

É isto um Governo?

João Pinto e Castro: Num momento tão difícil, dir-se-ia que precisamos de gente com autoridade e experiência. Puro engano: o que se quer é leviandade e amadorismo.

segunda-feira, junho 20, 2011

O legado do actual governo no âmbito das finanças públicas



A execução orçamental revela que, nos cinco primeiros meses de 2011, o défice global da administração central e da segurança social registou uma diminuição de 89 por cento face aos mesmos meses do ano passado. A despesa efectiva do Estado caiu 7,2 por cento, enquanto a receita fiscal cresceu seis por cento.

A Síntese da Execução Orçamental pode ser consultada aqui.

Da série "Frases que impõem respeito" [625]


Consideramos que Fernando Nobre não é a pessoa para a função de presidente da Assembleia da República, que tem também a responsabilidade de ser o substituto do Presidente da República nos termos da Constituição.

A ler

Entrevista a João Ferreira do Amaral.

♪ Intervalo para almoço [1]



Richard Jobson

Autumn

A defesa da produção nacional



Estava a deitar fora o Expresso da semana anterior e descobri esta notícia sobre a Lacticínios das Marinhas. Com sede em Esposende, a empresa tem 27 trabalhadores e facturou pouco mais de um milhão de euros em 2010. Além de queijos, produz manteigas, que foram consideradas uma das 13 melhores do mundo pela revista Wallpaper.

A Lacticínios das Marinhas publicou recentemente um anúncio na imprensa a comunicar que os seus produtos deixariam de estar disponíveis nas lojas Pingo Doce e Recheio. A razão para esta ruptura deve-se às pressões do grupo Jerónimo Martins para esmagar as margens de lucro desta PME. A gerente da Lacticínios das Marinhas não podia ser mais clara: “Se tivermos de morrer, morremos hoje. Não vamos estar a morrer aos soluços”. É assim que Soares dos Santos, que domina o mercado da distribuição com Belmiro, defende a produção nacional. Da próxima vez que ouvirem Barreto a tratar Portugal por tu, lembrem-se das palavras de Berta Castilho, a gerente da Lacticínios das Marinhas.