Lê-se no Semanário Económico:
“A Associação Nacional de Farmácias (ANF) arrecadou cerca de 300 milhões das suas associadas, desde 1988, com a percentagem que cobra às farmácias sobre a verba adiantada das comparticipações dos medicamentos suportados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). Para o próximo ano, o organismo liderado por João Cordeiro prevê receber cerca de 19 milhões de euros.”
Tudo começou quando Leonor Beleza, então ministra da Saúde, celebrou o primeiro acordo com a ANF. Desde então, várias tentativas se fizeram para denunciar o acordo. Por uma ou outra razão, a ANF conseguiu que esta situação se mantivesse até agora.
Mas o Orçamento do Estado para 2006 (p. 8) prevê o fim deste negócio absurdo. A intermediação financeira entre o Estado e as farmácias será efectuada em novos moldes — prevendo a proposta de lei o recurso aos procedimentos legais para a contratação com o Estado. João Cordeiro, presidente da ANF, está desconsolado — e toca de escrever uma carta aos deputados:
Mas o Orçamento do Estado para 2006 (p. 8) prevê o fim deste negócio absurdo. A intermediação financeira entre o Estado e as farmácias será efectuada em novos moldes — prevendo a proposta de lei o recurso aos procedimentos legais para a contratação com o Estado. João Cordeiro, presidente da ANF, está desconsolado — e toca de escrever uma carta aos deputados:
“A finalidade desta carta não é a de apresentar qualquer proposta a V. Ex.ª sobre o assunto, mas apenas a de transmitir a nossa posição, com o objectivo de lhe permitir fazer um juízo mais fundamentado sobre o art.º 8.º da proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2006.”
E que diz a ANF em defesa da agiotagem? Sustenta que o Governo, ao procurar outros mecanismos que reduzam os pesados juros que o Estado paga à ANF, quer “apenas (…) atingir interesses vitais do sector das farmácias, concretizando, aliás, ameaças que têm sido feitas em público e privado.”
Diz mais a ANF: “Quando o Ministério da Saúde, pela primeira vez, vai obter e bem um orçamento realista, a primeira coisa que faz, sem qualquer diálogo prévio com a ANF, é pôr em causa, através do art.º 8.º da Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2006, o Acordo em vigor, que livremente celebrou connosco, onde tal solução está consagrada.”
Afinal, a “posição” da ANF, transmitida na carta, não é demasiado sofisticada: apenas não aceita que o Governo procure reduzir a despesa do Estado. Por isso a carta é uma lamentação profunda contra a opinião pública (“as farmácias são continuamente diabolizadas na opinião pública”) e, agora, contra o Governo (“a hostilidade do poder político”).
É compreensível… Foi este regabofe que permitiu à ANF criar um autêntico império, cujo raio de acção não se limita aos remédios. Detém uma participação de 30 por cento no capital da José de Mello Saúde (hospitais e clínicas CUF e gestão do Hospital Amadora-Sintra); detém outra participação de 30 por cento na Mello Residências e Serviços, que gere lares de idosos; possui empresas na área da informática e robótica; igualmente concentra empresas de venda de equipamentos farmacêuticos e de comercialização de produtos farmacêuticos e de meios de diagnóstico; criou um fundo imobiliário e acabou de adquirir 49 por cento da filial portuguesa da multinacional Alliance UniChem, tendo a José de Mello SGPS adquirido outros dois por cento, permitindo que a ANF controle dois terços do mercado grossista de mercadorias (22 por cento através da Alliance UniChem e os outros 40 por cento através de cooperativas ligadas à ANF).
Os próximos episódios seguem dentro de momentos.
Diz mais a ANF: “Quando o Ministério da Saúde, pela primeira vez, vai obter e bem um orçamento realista, a primeira coisa que faz, sem qualquer diálogo prévio com a ANF, é pôr em causa, através do art.º 8.º da Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2006, o Acordo em vigor, que livremente celebrou connosco, onde tal solução está consagrada.”
Afinal, a “posição” da ANF, transmitida na carta, não é demasiado sofisticada: apenas não aceita que o Governo procure reduzir a despesa do Estado. Por isso a carta é uma lamentação profunda contra a opinião pública (“as farmácias são continuamente diabolizadas na opinião pública”) e, agora, contra o Governo (“a hostilidade do poder político”).
É compreensível… Foi este regabofe que permitiu à ANF criar um autêntico império, cujo raio de acção não se limita aos remédios. Detém uma participação de 30 por cento no capital da José de Mello Saúde (hospitais e clínicas CUF e gestão do Hospital Amadora-Sintra); detém outra participação de 30 por cento na Mello Residências e Serviços, que gere lares de idosos; possui empresas na área da informática e robótica; igualmente concentra empresas de venda de equipamentos farmacêuticos e de comercialização de produtos farmacêuticos e de meios de diagnóstico; criou um fundo imobiliário e acabou de adquirir 49 por cento da filial portuguesa da multinacional Alliance UniChem, tendo a José de Mello SGPS adquirido outros dois por cento, permitindo que a ANF controle dois terços do mercado grossista de mercadorias (22 por cento através da Alliance UniChem e os outros 40 por cento através de cooperativas ligadas à ANF).
Os próximos episódios seguem dentro de momentos.
15 comentários :
és deputado Abrantes?
Oh, isto sem juízes não tem piada
Estas bestas olham para este texto interessante e só lhes ocorre escrever piadas de parede de casa de banho?
Abrantes, estás a dar pérolas a porcos!
Amanhã Miguel tens o Cordeiro a rosnar como estas pilecas da magistratura .
O Cordeiro não oha a meios para encher a pança.
Parabéns Abrantes. Tens faro e tens informação. Fazes serviço público. Muito bem.
Parabéns, mas o que se devia denunciar não é, apenas a situação bizarra da ANF, como quem pactuou e alimentou esta situção.
Neste caso a ANF não roubou ninguêm e permitiu um desafogo financeiro às farmácias, quando o Estado se preparava para secá-las financeiramente.
Quando um debate sobre a responsabilidade por esta situação?
Cumprimentos
Talvez o Cordeiro, tão humilde nessa carta, comece agora a aprender a aparência da humildade.
Começo a perceber um pouco do funcionamento das corporações e dos lobies entre nós. Continue o seu trabalho.
Já agora seria interessante saber quanto é que a ANF pagou de impostos (IRC), nos ultimos anos?
Se tudo correr bem, o que é de duvidar, o dr. Cordeiro será, ou deverá, ser detido até final do ano. O problema, sempre presente, é que o dr. Cordeiro conhece pessoalmente e sabe muitos "rabos-de-palha"...
É bem verdade. O dinheiro dá para muita coisa, até para corromper.
È claro que o Camelo apoia o Abrantes.
Com o Abrantes a nossa consciencia de cidadania aumenta e melhora.
Façam as farmacias sociais, Misericodias , bombeiros etç.
Ponham o Laboratorio Miliatar a trabalhar.
Porque Abrantes, não dão ouvidos ao que este ganda Camelo tanto reclama.
Porque Abrantes?
Ó Miguel, cá o aparvalhado, não tem nada a haver com o Camelo, este, é mais um, como haverá milhões a dizer o mesmo.
O País, entregou de mão beijada, um dos negocios do século a uma entente, cujo comando esta a cargo do Guarda Marinha.
Tenho repetido aqui que nada me move ao senhor João Cordeiro, move-me sim, a quem lhe entregou a troco da eficacia da distribuição e venda do medicamento, descurando os interesses do País
Claro, o João Cordeiro está bem protegido, não tanto pelo CDS, mas do PSD e, tambem, com alguns "ilusionistas" do PS, infelizmente.
Como o Camelo reclama, o Estado não pode, não deve, alienar o suculento negocio da venda dos medicamentos, deve ser sim, um "paraceiro" com a ANF, na venda e distribuição.
Quem fez tropa como eu, sabe que o Laboratorio Militar era o "ai Jesus" para as maleitas dos soldados, mas fecharam e continua fechado, quando tinha sido em 73, todo reequipado.
Bem sei que malta não gosta de vergar a mola, e tudo o que é estado, só serve para greves e no quanto pior melhor.
Mas hoje existem formas de contornar, se a propria China faz contratos por 3 anos com os trabalhadores e claro quem se dedica ao trabalho tem "patrão", quem não se dedica, vai fazer vida noutro lado. O País, não pode ser uma creche para adultos, como tem sido e vai continuar a ser, infelizmente.
As vantagens para o País e para o cidadão com a atribuição de farmacias sociais é mais que evidente.
A vantagem de recolocar a funcionar o LM, é mais que evidente, cuja parte dos lucros da venda no processo da "pescadinha com o rabo na boca", seriam para investigar, actualizar a nossa investigação. Isto não tem nada a haver com as nacionalizações, isto tem a haver com o aproveitamento dos nossos recursos, que são raros, logo, são caros, se se perderam, mais caros se tornam
Portanto esta "guerra" entre o Ministerio e a ANF, vai perdurar sem efeitos praticos no proximo futuro, a não ser que o governo se mantenha mais 4 anos, mas, este processo, é para ontem, alias, nunca se devia ter alienado este capital de "now how".
O País tem de ser recuperado das cinzas, mas reconheço que é muito dificil, daí estar grato, enquanto cidadão, ao esforço, á pertinácia, como dizia o Alves dos Santos (largarto ate dizer chega), por mexer nesta "trama" e nas "agulhas de croché).
Estou em crer que o País irá salvar-se e que não será preciso mexer nas ultimas 400t.
Havemos de falar no Banco de Portugal e a sua função, num momento em que não "toca" nada, a não ser, para fazer uns relatorios trimestrais.
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