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terça-feira, dezembro 08, 2015

«Rodeado de caricaturas que se riem dele»


    «Os nossos problemas com Marcelo. A entrevista de Marcelo à SIC, ontem, revelou que os portugueses têm dois problemas com a decisão de Marcelo se candidatar à presidência de República. O primeiro é perderem um "one man show" aos fins de semana. O segundo é correrem o risco de ganharem um "one man show" para um programa de cinco anos.

    Os portugueses e o país, depois da funesta residência de Cavaco Silva em Belém, necessitam de um presidente da República que assuma o cargo, que lhes transmita confiança, que decida, que apoie, que coloque Portugal no centro das suas acções. Correm o risco de lá terem um diletante que lhes vai transmitindo em sinal aberto o que os famosos da Quinta Marinha, o que os tios e as tias pensam de Portugal. Correm o risco, como Marcelo afirmou, de Belém se transformar num Pabe em ponto grande, com bar aberto.

    A ideia dos especialistas em marketing de fazer a entrevista no salão da Faculdade de Direito, rodeado de fantasmas de vestes talares e colar vermelho era a de retirar Marcelo do seu espaço natural dos estúdios de televisão e transmitir uma credibilidade institucional que ele não tem. Penso que a coisa saiu mal. Os jornalistas estavam deslocados e o candidato parecia rodeado de caricaturas que se riam dele.»

sexta-feira, outubro 30, 2015

Marcelo entre Cavaco e os patrocínios

José Pacheco Pereira, na revista Sábado:
    «(…) 7. Como ele próprio [Marcelo] já o disse, Cavaco deixou-lhe a pior das heranças, ao determinar que a questão central das eleições será se demite ou não um governo PS-BE-PCP, e se dissolve o parlamento para haver novas eleições, mesmo havendo uma maioria de governo, ou não. Este dilema vai ser o centro da campanha que vai ter que fazer, longe da que desejava fazer. Ao proceder como procedeu. Cavaco Silva mobilizou toda a direita para a exigência de que o primeiro acto do novo Presidente seja fazer eleições, e os seus eleitores do ex-PAF não lho vão pedir, vão exigi-lo.

    O clamor será tal que Marcelo, que em condições normais não o faria sem haver uma grave crise de natureza institucional, pode ter que o fazer, mobilizando com esse acto toda uma frente de esquerda que se sentirá não só vitimizada, mas em risco de ser excluída do sistema político. Não vai ser bonito de ver, com responsabilidade directa de Cavaco que envenenou toda a campanha de Marcelo e condicionou os passos iniciais da sua presidência caso ganhe.

    8. No entanto, embora ninguém ligue a isso, a candidatura de Marcelo tem aquilo que chamei uma "mancha ética" que não vai ser fácil de apagar tanto mais que a ela se deve muito do seu putativo sucesso. Que diríamos nós, que diria Marcelo, de alguém que usasse abusivamente dos recursos da sua profissão não só para se colocar numa vantagem em relação aos seus pares, como para deliberadamente os prejudicar numa qualquer competição?

    O problema não é o facto de Marcelo ter um espaço televisivo ímpar, que conquistou com o seu mérito de comunicador. O problema é que pelo menos nos últimos dois anos, em bom rigor quase sempre, o ter usado até ao limite para promover a sua candidatura e para argumentar contra a daqueles que poderiam ser seus adversários eleitorais. Usou o seu comentário contra Durão Barroso, Santana Lopes e Rui Rio, quando pensava que estes podiam ser seus adversários eleitorais, colocando-se sempre como observador desinteressado. Ninguém acreditava nisso, mas a cumplicidade que este tipo de silêncios gera não é sadia na vida pública portuguesa.

    9. E não adianta comparar Marcelo com qualquer outra pessoa que faça comentário e que tenha uma carreira política que beneficie do acesso ao pódio televisivo, porque nem toda a gente que comenta a política pretende ter uma carreira política e eleitoral, ou há contraditório ou é um comentário de representação partidária que já quase ninguém ouve. Claro que foi a TVI que lhe permitiu isso, e Marcelo é em primeiro lugar o candidato da TVI. E sabemos porque a TVI o fez, o que também faz com que Marcelo seja um candidato que foi patrocinado.

    10. Deixemos para outra altura outro tipo de patrocínios, igualmente perigosos para o fair play eleitoral, como seja o modo como muitos jornalistas portugueses são completamente acríticos face a Marcelo, para não dizer mais.»

domingo, outubro 25, 2015

«Há mesmo quem não conheça limites
para agradar ao Correio da Manhã»



    1. Não posso com demagogos. Ainda por cima quando nem sequer têm a desculpa da ignorância. Este até é professor catedrático de Direito Constitucional.

    2. Eu ficaria contente se soubesse que Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e, futuramente, Cavaco Silva, andassem por aí como vulgares reformados, sem sequer disporem de um gabinete para trabalho, um adjunto para colaborar no trabalho e um motorista e viatura de serviço?

    3. Que o país tratasse como simples amanuenses pessoas que os portugueses escolheram, por voto livre, universal e secreto, como seus máximos representantes?

    4. A República sairia prestigiada? A democracia fortalecida?

    5. Bolas, há mesmo quem não conheça limites para agradar ao Correio da Manhã.»

sexta-feira, outubro 23, 2015

«O “entertainer” do regime»


• Augusto Santos Silva, ELEIÇÃO PRESIDENCIAL: UMA VITÓRIA DIFÍCIL, MAS POSSÍVEL:
    «(…) Olhando para o próximo futuro, o que importa é ter bem consciência de três coisas. A primeira é que a figura e o papel do Presidente não podem ser desvalorizados: nos momentos críticos, ele pode ser determinante. Como aliás o estamos, por omissão, vendo. Em segundo lugar, num processo que é difícil para a nossa área, como ficou mostrado, é preciso que a campanha não acrescente mais dificuldades do que aquelas estritamente associadas ao livre debate democrático. Quer dizer: é preciso que ninguém se engane no adversário principal. Terceiro, mesmo que difícil, o processo está muito longe de decidido. Não está escrito em lado nenhum que o próximo Presidente não possa ser um ou uma candidata oriunda da esquerda democrática.

    Na minha opinião, para que isso seja possível, é necessário reunir duas condições. A primeira é tornar claro que a esquerda entende a primeira volta das presidenciais como o equivalente prático de umas primárias – e, portanto, atua tendo em vista a unidade futura na segunda volta. E a segunda condição é pôr política e Estado no debate eleitoral. Marcelo pode ser (e em grande parte é) o “entertainer” do regime. Fará, se o deixarem, uma campanha sem política. Pois é preciso não o deixar fazer. As pessoas sabem distinguir o brilho comunicacional e a popularidade televisiva das funções nobres e críticas do Presidente da República. Dessas é que importa falar. E, quando se principia a falar delas, a estrela da TVI começa logo a empalidecer.»

quinta-feira, outubro 15, 2015

A palavra a Marcelo


Aquando da apresentação da sua candidatura à presidência da República na sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa recusou-se a responder a perguntas, afirmando então que estaria ao dispor dos jornalistas na semana seguinte.

Acontece que, sendo hoje quinta-feira, a semana está a correr para o fim e não há sinal de vida do ex-comentador. Assim sendo, quando é que o país pode saber qual é a posição do candidato Marcelo Rebelo de Sousa sobre a situação política actual, em especial o que faria, cabendo-lhe hipoteticamente a ele a decisão, se António Costa lhe apresentasse uma solução estável de governo?

segunda-feira, outubro 12, 2015

Da crise da causa monárquica


1. Longe vão os tempos em que Rodrigo Moita de Deus era visto como o caudilho do movimento que se entretinha a substituir a bandeira de Portugal pela da monarquia. É vê-lo agora como «especialista de comunicação» ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa. Tudo leva a crer que a abstenção terá uma baixa nas próximas eleições presidenciais.

2. O próprio Marcelo Rebelo de Sousa esquiva-se a identificar a fundação a que tem estado ligado «administrativamente», como se a Fundação da Casa de Bragança fosse uma espécie de gafaria. Evitou fazê-lo em Celorico de Basto, voltou a evitar ontem, no comício da TVI. Teme queimar-se?

domingo, outubro 11, 2015

O Estado ao serviço das conveniências de Marcelo


Ou porque as experiências de juventude marcam ou porque a única ocasião a que foi a votos não foi propriamente um êxito, Marcelo Rebelo de Sousa gostaria de secar tudo à sua volta para que a corrida presidencial se transformasse numa nomeação — em lugar de uma eleição.

A trupe colocada na comunicação social tem feito tudo para aplanar o caminho à direita. Domesticado Santana Lopes, urge remover Rui Rio. Ontem, na SIC, com o à-vontade de quem considera o Estado uma coutada laranja, Marques Mendes, porta-voz oficioso de Marcelo, ofereceu a Rui Rio o cargo de presidente do Tribunal de Contas, que estará vago no final do mês. Já se fazem traficâncias à luz do dia.

sábado, outubro 10, 2015

«Have you no sense of decency, Doctor Marcelo?»


Durante anos e anos, Marcelo Rebelo de Sousa usou e abusou do púlpito dominical para promover, sob o disfarce de comentário, as suas ambições políticas. Não se coibiu sequer de se comentar a si próprio. Nem de se sevandijar quando o pantomineiro-mor fez aprovar uma moção no congresso do PSD a qualificá-lo como um cata-vento.

Agora que se vê forçado a abandonar a TVI, decide fazê-lo com um autêntico comício, tendo a seu lado, além da inefável Judite de Sousa, todos os outros pés de microfone que fizeram a triste figura de corpo presente nas homilias.

Faz falta alguém como Joseph Welch, que, no senado norte-americano, se voltou para Joseph McCarthy e lhe disse (pondo um ponto final na carreira deste hediondo inquisidor), com a televisão a transmitir para todo o país: «Have you no sense of decency, Sir?»

O candidato que a direita descobriu na Fundação da Casa de Bragança


A escolha de Celorico de Basto para a apresentação da candidatura à presidência da República, longe dos palcos em que Marcelo Rebelo de Sousa costuma actuar, pode ter surpreendido muito boa gente. Ao que se vê, foi o município mais distante de Vila Viçosa que Marcelo encontrou.

Mas o expediente da avó Joaquina não evita que Marcelo tenha de fazer mais uma cabriola: renegar o compromisso vitalício de presidir à Fundação da Casa de Bragança, um cargo que «é sério e pesado». Ou como o próprio assumiu quando optou por ser testamenteiro da Casa de Bragança: «Não posso dizer, quando aceito esta incumbência, "olhe vou ali num instante fazer um lugar honorário, depois vou fazer isto, aquilo, e depois volto". É um lugar de empenhamento efectivo». Afinal, voltou.

terça-feira, outubro 06, 2015

A austeridade ganhou ou perdeu as legislativas?
E vai ganhar ou perder as presidenciais?

• Paulo Pedroso, A austeridade ganhou ou perdeu as legislativas? E vai ganhar ou perder as presidenciais?:
    «Há duas perguntas incómodas mas a meu ver decisivas na interpretação dos resultados eleitorais de domingo e na escolha dos caminhos políticos nos meses que aí vêm. A austeridade ganhou ou perdeu as eleições? Se perdeu, há capacidade política e apoio popular suficientes para lhe gerar alternativas políticas nesta legislatura? Se a austeridade tiver perdido, como acho que perdeu, a prioridade principal é a da construção de alternativa consistente e com apoio popular à essa austeridade, o que o "quadro macroeconómico" do PS manifestamente não conseguiu e implicaria muito trabalho político, com espíritos abertos em toda a esquerda, que está por fazer. Se as esquerdas escolherem o caminho da construção de alternativas, o modo como se relacionam com as candidaturas presidenciais é uma grande prioridade imediata. Vai Portugal eleger um Presidente da República solidamente comprometido com as alternativas à austeridade ou vai escolher um Presidente que referende o caminho actual? O empenhamento das esquerdas nas presidenciais e a capacidade política para gerir o caminho que escolherem vai determinar se o pêndulo está ainda a balançar contra o PSD+CDS ou se está já de regresso ao crescimento da direita.»

domingo, setembro 20, 2015

Já houve uma fusão do PSD com o CDS
e só avisaram o Observador e o Prof. Marcelo?


Como é sabido, as coligações extinguem-se no dia das eleições. Por isso, não haverá na Assembleia da República um grupo parlamentar da coligação, mas um constituído pelos deputados do PSD e um outro pelos deputados do CDS. Ainda que se viesse a verificar a mais do que improvável vitória da coligação de direita nas eleições legislativas, ninguém terá dúvidas de que o grupo parlamentar com maior número de mandatos será o do PS. Ora, apesar de Passos Coelho ter metido Paulo Portas no bolso, tanto quanto se sabe os respectivos partidos não se fundiram. Assim sendo, a que propósito é que o Prof. Marcelo torce a realidade?

segunda-feira, setembro 14, 2015

«Esta campanha é marcada por um défice de pluralismo»


• Estrela Serrano, DESAFIOS PARA ANTÓNIO COSTA:
    «(…) O debate decorreu, é preciso lembrá-lo, num ambiente mediático hostil a António Costa e ao PS, dominado por fait-divers alimentados nas redes sociais por ativistas da coligação especialistas em perfis falsos e na propagação de mensagens destrutivas para abafarem a discussão das propostas do PS e esconderam o vazio absoluto das suas.

    Esta campanha é marcada por um défice de pluralismo, patente no facto de as televisões privadas de sinal aberto - SIC e TVI – manterem em exclusividade e sem contraditório, em horário nobre, dois comentadores políticos, ex-líderes do PSD, clara e assumidamente apoiantes da candidatura da coligação PAF, um dos quais protocandidato às eleições presidenciais, o que cria um ambiente de promiscuidade inaceitável em democracia. (…)»

sábado, setembro 05, 2015

Comentador em trabalho de campo


    «Não posso comentar o PCP sem ver a Festa do 'Avante!'. Só vendo se pode perceber a realidade, única na Europa, de um partido que mobiliza jovens, com este papel de militantismo e de mobilização constante, que não perde eleitorado, aguenta... a dúvida é até onde vai subir. Não tem comparação nem com Podemos, nem com Syriza, nem nenhuma outra força política europeia».

quinta-feira, julho 02, 2015

Sobre o afastamento de Augusto Santos Silva da TVI 24

Francisco Seixas da Costa reage ao afastamento de Augusto Santos Silva da TVI 24 num post intitulado Notas para dois amigos, que se reproduz:

                     

Caro Sérgio

Com a vida a ocupar-nos as agendas, ainda não falámos desde que trocámos mensagens por ocasião da tua nomeação para diretor de informação da TVI. E, podes crer, não é com gosto que esta minha nota, que tem de ser pública, seja para lamentar a decisão de afastamento do Augusto Santos Silva da sua "coluna" de comentário semanal. Sei que as coisas às vezes são mais complexas do que parecem. Por isso, por não conhecer os detalhes da decisão, imagino que eles possam eventualmente ser mais esclarecedores do que aquilo que já veio a público. Mas, para já, e antes que esses possíveis factos sejam conhecidos, apenas me posso pronunciar sobre os resultados. E esses são claros: o pluralismo dentro das nossas televisões sofreu um imenso "trambolhão" e, até ver, isso foi da tua responsabilidade pessoal. Sentir-me-ia mal se não to dissesse. Já nos conhecemos há muito tempo e, como sabes, nunca me dei ao luxo de esconder o que penso. Principalmente aos amigos, como tu és.

Um forte abraço

Francisco


                    


Caro Augusto

Agora que o teu mano-a-mano com o Paulo Magalhães saiu de cena, quero deixar-te um abraço de gratidão. Ao longo de muito tempo, foste capaz de dar voz a uma visão das coisas que, estando muitas vezes bem longe de ir com "l'air du temps", era importante que fosse conhecida. Só aos patetas soava como uma visão partidária oficiosa. É de quem te não conhece! A tua palavra, serena, inteligente e acutilante, com a dignidade de quem pensa sempre pela sua cabeça e sabe, como poucos, exprimir organizadamente as ideias, vai fazer falta nas noites da TVI 24, e digo-o agora mesmo ao Sérgio Figueiredo. Alguns, claro!, estão a exultar já, pelo mundo das "redes sociais", com a tua saída de cena. Não imaginam que é o maior elogio que te podem fazer! 

Um solidário abraço do

Francisco

terça-feira, junho 30, 2015

Augusto Santos Silva afastado da TVI


«Os Porquês da Política» da TVI 24, com Augusto Santos Silva à terça-feira, acaba no fim de Julho. Convidado a comentar o seu afastamento, o professor catedrático da Faculdade de Economia do Porto afirmou: «A TVI exerceu o seu direito contratual e ao exercê-lo afastou-me de antena. Não sei se tecnicamente é censura». Mas é.

Com efeito, não há nenhuma razão aceitável para acabar com um programa que tem uma das maiores audiências da TVI 24, tendo resistido às constantes mudanças de horário e até à circunstância de, não raras vezes, não ir para o ar a pretexto de dar lugar à estopada do futebol.

Numa estação de televisão em que imperasse a racionalidade financeira, Augusto Santos Silva teria de ser levado ao colo. Não há por aí muita gente com um pensamento tão estruturado e com competência para explicar a complexidade da política através de raciocínios simples. O afastamento desta voz muito incómoda, em vésperas de eleições, só pode ficar a dever-se a pressões políticas sobre a TVI.

Com o «comentário» político nas televisões em sinal aberto entregue a Marcelo e Marques Mendes, terá chegado o momento de afastar dos canais de informação (ou, pelo menos, da TVI 24) a linha de pensamento que Augusto Santos Silva representa. A sua eventual substituição por um inócuo boneco de palha não disfarça o que está em curso: uma gigantesca operação de asfixia democrática.

quinta-feira, abril 30, 2015

«Um suave colorido obsessivo, outras vezes depressivo
e, outras ainda, controladamente agressivo»


Agora, já se percebe por que razão o Prof. Marcelo recomendou o livro de um psiquiatra sobre Rui Rio — e por que José António Lima, na fanzine da Newshold, dá destaque ao assunto, não vá ter escapado a alguém a recomendação do «cata-vento».

quarta-feira, abril 15, 2015

Poder, podia — mas não era a mesma coisa


Sopram bons ventos do Largo do Rato. O PS começa a explicar as suas propostas e a pôr em evidência a devastação do país levada a cabo pelo governo da direita, depois de o PSD ter feito, há quatro anos, uma campanha repleta de mentiras a prometer o paraíso na terra. É uma empreitada tão mais difícil quanto a direita está entrincheirada nos órgãos de comunicação social (com o PSD, através de Marcelo, Marques e Morais Sarmento, a ter o exclusivo das prédicas em canais de televisão de sinal aberto) e utiliza sem qualquer pudor os meios do Estado para fazer a mais rasteira propaganda.

Sendo uma tarefa complicada furar este cerco asfixiante, o PS não pode errar no alvo sempre que se manifesta. Tal como António Costa afirmou na campanha das primárias, «a mudança necessária exige ruptura com a actual maioria e a sua política», sob pena de, «se pensarmos como a direita pensa, acabamos a governar como a direita governou.»

Veja-se o caso do cartaz acima reproduzido (que, note-se, ao não conter os elementos que o permitam identificar com o PS, não vincula o partido à mensagem que se procura transmitir). Trata-se, a meu ver, de um bom exemplo de um tiro que acerta no alvo de raspão.

Com efeito, é verdade que Passos Coelho mentiu com quantos dentes tem. Mas não é verdade que o alegado primeiro-ministro tenha mentido porque se comprometeu com aquilo que não poderia cumprir. Passos Coelho mentiu porque tinha um programa oculto que não poderia desvendar para levar os eleitores ao engano.

A troika foi o pretexto de que a direita se socorreu para promover uma brutal transferência de rendimentos do trabalho para o capital. Por isso, adoptou a política de «ir além da troika» sempre que isso favoreceu a brutal transferência de rendimentos do trabalho para o capital e não seguiu o memorando de entendimento em relação às medidas que frustravam a delapidação dos dinheiros públicos (v.g., transferências dos orçamentos do Estado para os colégios privados).

A violenta austeridade que o governo de Passos & Portas impôs ao povo português não foi consequência de uma imposição externa. Foi uma decisão interna para consumar uma alteração radical da relação de forças na sociedade portuguesa. Assim sendo, creio que a frase-chave do cartaz — «prometeu sabendo que não podia cumprir» — reflectiria mais adequadamente a realidade se tivesse sido escrito qualquer coisa como isto: «prometeu sabendo que não iria (ou não queria) cumprir».

Teria sido posto em evidência a total falta de credibilidade de Passos Coelho, mas também seria sublinhado que o alegado primeiro-ministro é o responsável n.º 1 por uma política austeritária que provocou graves danos ao país por muitos e bons anos. Contrariamente ao que aconteceu na Irlanda, Espanha ou Itália.

terça-feira, abril 14, 2015

É terça-feira


Na última terça-feira, foi assim:
    «É evidente que os dois principais partidos estão numa posição desconfortável em relação às eleições presidenciais. Porquê? O Partido «Social-democrata», que é até ver o maior partido político português, porque o perfil que definiu no seu congresso é exactamente o contrário das qualidades que são muitas que assistem àquele que é o candidato mais forte na sua área política. O candidato mais forte na sua área política é o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa e o perfil que o congresso do PSD definiu é exactamente o anti-Marcelo. O Dr. Passos Coelho escreveu na moção que fez aprovar que não podia ser candidato a presidente da República apoiado pelo PSD alguém que fosse um cata-vento de opiniões e que vivesse sobretudo da exposição mediática. Eu não estou a citar literalmente, mas não estou a trair o espírito.

    (…)

    O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa tem, em primeiro lugar, o privilégio único de poder fazer campanha sem a fazer, vista a posição excepcional que tem no panorama televisivo português — por muitos méritos, não nego. Mas, portanto, ele não precisa de dizer que é candidato para o ser e, ao mesmo tempo, como é publico e notório, todos nós sabemos, ele vai fazendo a ronda dos comícios, jantares e outras reuniões públicas do seu partido para conquistar o seu partido a favor dele, isto é, contra o actual presidente desse partido.»

Hoje, presumo que depois da maratona do futebol, lá estará Augusto Santos Silva de novo na TVI 24.

quinta-feira, abril 09, 2015

Marcelo, o cata-vento

João Taborda da Gama lembrou-se da reprovação nas provas de agregação de Saldanha Sanches para tentar pôr em causa o carácter de António Sampaio da Nóvoa, que, como reitor da Universidade Clássica, presidiu ao júri. Augusto Santos Silva e Isabel Moreira desmontam a traquinada.

Muito a propósito, Paulo Pena foi ao baú e reproduz, no Facebook, uma peça publicada aquando da reprovação: «Deixo-vos um texto, escrito em 2007, uma semana depois do tal chumbo. Eu era editor e lembro-me muito bem de tudo o que o Pedro Vieira e o Tiago Fernandes aqui contam, na Visão. Um texto que fala com toda a gente que aceitou falar (e são muitos). Uma coisa este texto e a crónica [de João Taborda da Gama] têm em comum, apesar de um ser de 2007 e a outra de 2015: ambos têm um último parágrafo demolidor para alguém que se pensa poder vir a ser candidato a Belém em 2016. E não é o mesmo alguém...»

Vale a pena transcrever passagens do artigo da Visão:
    «O júri era formado por 10 elementos, mas Paulo Pitta e Cunha, decano do grupo de disciplinas em que está integrado Saldanha Sanches, faltou. Os outros nove foram os catedráticos Leite de Campos, Braga de Macedo, Menezes Cordeiro, Marcelo Rebelo de Sousa, Fausto de Quadros e Paz Ferreira, que terão votado contra, e Jorge Miranda, Teixeira de Sousa e Paulo Otero, que terão votado a favor.

    (…)

    Na Faculdade de Direito de Lisboa, é preciso recuar até aos anos 60 do século passado para encontrar o registo do chumbo de Taborda Ferreira, na agregação. Se Saldanha Sanches estava condenado a chumbar, o normal teria sido que alguém por cortesia lhe tivesse sugerido a desistência ou o adiamento das provas.

    Mas, segundo o fiscalista, o que aconteceu é que recebeu sinais de Marcelo Rebelo de Sousa de que «podia avançar». Resta-lhe a consolação de continuar a ser director da revista Fiscalidade e a saborear o facto de, ao contrário do seu, os pareceres de Leite de Campos e de Marcelo não terem tido vencimento na apreciação da constitucionalidade da Lei das Finanças Locais.»
Marcelo é um homem em quem se pode confiar? Imagine-se o que faria em Belém.

segunda-feira, março 30, 2015

O candidato com a roupa chamuscada
e queimaduras de primeiro grau por todo o corpo


• António Correia de Campos, Marraquexe:
    «(…) Sei que tens pressa Tito, mas diz-me o que pensas das presidenciais. Olha, meu caro, a única coisa que me causa dúvidas é não se conhecer candidato da área do centro esquerda. Mas é impossível, respondi, não temos ninguém que possa ser atirado às feras e que as consiga domar ao longo de seis meses. Quando chegasse Outubro, tal candidato estaria com a roupa chamuscada e queimaduras de primeiro grau por todo o corpo, sem que pudéssemos substituí-lo. O endosso partidário desta vez será sempre tardio e pós-eleitoral. O mesmo acontecerá na direita, acrescenta Tito: Marcelo passeia e mostra-se, sorri ao Governo a quem dá tréguas, mas no final não se apresentará. Seria pedir a Mefistófeles que se redimisse em anjo. Santana Lopes, resiliente, unirá o que restar então. Para partir perdendo, será necessário ter coragem.»