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sábado, maio 10, 2014

Quebra-cabeças de fim-de-semana


Dos presidentes do PSD vivos, faltam nesta fotografia três: Machete, Cavaco e Barroso, que não estiveram presentes num evento comemorativo dos 40 anos do PSD. Francisco Pinto Balsemão, o «militante n.º 1» que foi escolhido para presidir às comemorações do aniversário do partido, disse na ocasião o seguinte: Estando ao lado de Passos Coelho quase todos os anteriores presidentes do PSD, eis um verdadeiro quebra-cabeças para o fim-de-semana:
    Quais são os que representam o «PSD bom» e o «PSD mau»?

terça-feira, fevereiro 25, 2014

Onde Marcelo deixou a mala de viagem?

1. Cinco ex-presidentes do PSD — Balsemão, Marcelo, Santana, Mendes e Menezes — prestaram, de uma forma ou de outra, vassalagem a Passos Coelho. A ausência (para não dizer indigência) de debate no congresso revela que a elite laranja dá cobertura à política de empobrecimento. A crise é uma oportunidade e a elite agarrou-a. Passos Coelho, isolado no país, saiu do Coliseu com um cheque em branco na mão. Não existe oposição interna, salvo um ou outro foco de resistência inconsequente.

2. A este propósito, Rodrigo Moita de Deus, vogal cessante da Comissão Política, resumiu bem o comportamento da elite laranja (mostrando ao mesmo tempo que a reputação do barrosismo está muito degradada):


3. José Luís Arnault, outro barrosista, abandonou de fininho a presidência da Comissão Nacional de Auditoria Financeira. Passos Coelho promoveu-o no congresso anterior, apesar do caso Somague. Foi removido agora. Qual é o significado: o governo pode negociar com a Goldman Sachs, mas o PSD não? Pedro Reis, que o substitui, não teve grande êxito na AICEP, com excepção dos salvo-condutos gold para chineses. Vai agora fiscalizar as OPA sobre o PSD.

4. Neste contexto, o regresso do Dr. Relvas não é propriamente uma surpresa. Aliás, ele nunca abandonou o inner circle de Passos Coelho, a despeito de isso poder ter constituído um choque para a maioria dos delegados laranjas. A lista para o Conselho Nacional proposta pelo presidente do PSD obteve a mais fraca votação de sempre:


5. A guarda pretoriana de Passos Coelho foi reforçada: a Pedro Pinto, Marco António e Teresa Leal Faria, juntam-se Matos Correia e Carlos Carreiras.

6. O populismo histérico do Pinguim — alcunha que os passistas puseram a Rangel — pode ser travado se Francisco Assis mostrar que há um outro caminho a percorrer na Europa.

7. Depois de os comentadores terem cantado loas a Marcelo, Ricardo Costa, um dos que aplaudiu o seu número de vaudeville, faz esta síntese espectacular: “Marcelo fez o discurso mais importante, mas sem qualquer mensagem política.


8. Marcelo, vindo da Madeira, apanhou um táxi e, a meio do percurso, deu-lhe um “vaipe afectivo” que o levou directo ao congresso. Fica por esclarecer onde deixou a mala de viagem, porque a sua saída do Coliseu foi filmada pelas televisões e o comentador “cata-vento” ia de mãos a abanar. É o grande mistério do congresso: onde Marcelo deixou a mala de viagem?

segunda-feira, fevereiro 24, 2014

Os segredos do mordomo de São Bento


A última edição da Sábado traz uma reportagem com o homem que começou a trabalhar em São Bento com Marcello Caetano e se reformou com Passos Coelho. «O Silva», como era tratado o mordomo, não é homem para grandes inconfidências. Talvez com excepção do consulado de Santana Lopes, que parece ter virado do avesso a residência oficial: «Sempre lidei com o dr. Santana Lopes e era um homem impecável. Mas quando entrou para primeiro-ministro talvez o mando lhe tenha subido à cabeça. Aquilo mudou como do dia para a noite. Não sei se as pessoas não tinham conhecimento do que era um gabinete de um primeiro-ministro. Um dia, o chefe de gabinete pediu um cinzeiro a um colega meu, coitadito, que já era velhote, e lhe disse que ali ninguém fumava. “Sr. dr., vou ver se arranjo…” Mas ele pega no charuto que estava a fumar e apaga-o em cima da secretário do contínuo. Andava tudo às aranhas.»

«O Silva», aparentemente, estranhou os hábitos do santanismo: «Festas não havia. Mas ele recebia pessoas. Às vezes eram 21h ou 22h, apareciam ministros ou pessoas amigas. Ficam até às 3h ou 4h. Ou 5h. Era conforme. E a gente tinha de lá estar. Eu ou outro colega. Nessa altura, tinha mais dois colegas que faziam o mesmo: serviam whiskies, cafés e chás. Nessa fase gastava umas duas caixas de whisky JB por mês, de seis garrafas cada uma.»

O regime de bar aberto começou e acabou com Santana. Cavaco, por exemplo, tinha outro hobby mais salutar: dar umas braçadas. Para tanto, construiu uma piscina no local onde estavam os históricos galinheiros que tinham pertencido à outra Maria, a célebre governanta de Salazar, e a horta dos jardineiros e motoristas. Usava-a aos fins-de-semana, na companhia da família e dos amigos dos filhos. «O Silva» nunca viu o estudo de custo-benefício da transformação da actividade agro-pecuária em turismo de lazer.

Cavaco levou uma vida sem sobressaltos em São Bento. A excepção que confirma a regra aconteceu quando o general Garcia dos Santos entrou na mansarda, postou-se à porta dos aposentos de Aníbal e Maria e exigiu — «aparentemente zangado e sem autorização» — falar com o então primeiro-ministro. «O Silva» temeu o pior: «E se fosse um atentado? E se os militares quisessem tomar o poder?» Pela primeira e única vez na vida, bateu à porta do quarto de Cavaco. Explicada a situação, o primeiro-ministro disse: «Fez bem, fez bem. Eu não recebo esse homem, não recebo esse homem.» Depois, perguntou: «Está aí o oficial de segurança?» «O Silva» assegura que a normalidade foi reposta, já o Sol ia alto: «Enquanto o oficial veio e não veio, o primeiro-ministro não saiu lá de cima do quarto, e já deviam ser umas 9h e tal quando desceu.»

Pouco mais há a acrescentar sobre as inconfidências do mordomo: «o Silva» jogava à bola com os filhos de Balsemão, que, «quando deixou o Governo [em 1983], desceu as escadas de São Bento agarrado a mim a chorar». Guterres gostava de chocolates. Durão Barroso era «uma pessoa mais distante». «Para o pessoal menor, o eng. Sócrates foi sempre correcto», mas foi com o último primeiro-ministro que as horas extraordinárias do pessoal foram reduzidas. Quem diria que um primeiro-ministro apodado de despesista pela direita se preocupou em reduzir a despesa?