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sexta-feira, setembro 04, 2015

Do populismo miserável

Imagem retirada daqui

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados estimou, em Julho deste ano, que haveria mais de quatro milhões de refugiados da Síria. A União Europeia sugeriu então que Portugal acolhesse 94 sírios. O governo de Passos & Portas mostrou-se relutante em os aceitar, sendo a única vez em que não seguiu caninamente a Alemanha.

Entretanto, a situação atingiu proporções inimagináveis, com os povos da Europa a exigir aos seus governos que acudam aos refugiados. De imediato, o governo português, que torcera o nariz a receber 94 sírios, dispôs-se a abrir as portas a 1.500, admitindo ontem o inefável ministro Maduro que haverá condições para acolher 3.000.

Esta manhã, com o maior desplante, Passos Coelho afirmou que a União Europeia tem obrigação moral de ajudar os refugiados. Ao lado do alegado primeiro-ministro, David Cameron aproveitou a oportunidade para anunciar que o Reino Unido iria também acolher mais sírios. O mesmo Cameron que, há um mês, apostava em recorrer a mais cães e vedações contra a «praga» dos imigrantes ilegais.

sábado, agosto 08, 2015

sexta-feira, maio 08, 2015

O destino marca a hora


Conhecidos os resultados das eleições na Grã-Bretanha, o pantomineiro-mor não perdeu tempo para se agarrar aos fundilhos de David Cameron, deixando subentendido que a situação em que está é similar à que deu a vitória ao «colega inglês» [sic]. Acontece que não é. Veja-se:

1. A economia britânica cresceu a um ritmo mais rápido no final de 2014 do que o estimado. Um crescimento impulsionado pelo aumento das exportações e do orçamento anual familiar, o mais elevado em mais de quatro anos. Com efeito, o PIB cresceu 2,8%, como já não acontecia desde 2006.

Há cerca de um mês, Angus Campbell, analista da FX Pro, resumia a situação nestes termos: «O quadro geral e as perspectivas económicas para o Reino Unido ainda parecem relativamente cor-de-rosa. O desemprego está a cair, os salários a subir. Isso deve manter a confiança do consumidor bastante forte nos próximos meses».

A verdade é que nem a asfixia democrática chega para dissimular o estado em que se encontra a sociedade portuguesa: um crescimento anémico da economia que não impede que o desemprego volte a aumentar; uma dívida que não pára de crescer; um orçamento do Estado que, apesar das sucessivas doses de austeridade, não evita o procedimento da Comissão Europeia por défice excessivo; um agravamento indecoroso da pobreza e das desigualdades.

2. Ao longo do tempo, os estudos de opinião mostraram que os eleitores preferiam David Cameron a Ed Milliband. Em Portugal, acontece exactamente o oposto: em todas as sondagens, os portugueses vêm indicando que preferem António Costa a Passos Coelho, que, de resto, se vai afundando à medida que o tempo passa.

Acresce que António Costa revelou — com o documento dos 12 economistas — que há alternativas, no quadro europeu, à política austeritária de «ir além da troika». Uma política que serviu para uma enorme transferência de recursos do trabalho para o capital, mas que falhou os próprios objectivos a que se comprometera.

Em consequência, o que a direita de Passos & Portas tem para oferecer para a próxima legislatura, de acordo com o Programa de Estabilidade enviado para Bruxelas, é mais do mesmo: cortes para os pensionistas (salvo para as de montante mais elevado) e funcionários públicos, manutenção do «enorme aumento de impostos» para as famílias (com a garantia de que para as grandes empresas a tributação continuará a baixar), redução dos apoios sociais e asfixia progressiva do SNS.

A tentativa de se colar a Cameron denuncia que o alegado primeiro-ministro está em pânico. A pose de vendedor do elixir da longa vida esconde o pavor da aproximação da data do ajuste de contas.