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terça-feira, novembro 24, 2015

O CINISMO TRANSFORMADO EM PROGRAMA DE GOVERNO


• Mário Centeno, O CINISMO TRANSFORMADO EM PROGRAMA DE GOVERNO:
    «Depois do que observámos nos últimos quatro anos, a forma mais simples de definir a visão da economia apresentada no Programa de Governo da Coligação Portugal à Frente é a do cinismo em forma de vazio.

    O Programa do Governo da Coligação é uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. Não há compromissos acerca do salário mínimo; é vago no que toca à atitude a assumir na Europa; e os poucos que tem não estão certos. A dívida pública no final de 2015 será 125% do PIB Senhora Ministra das Finanças? Já vendeu o Novo Banco? Ou terá o Dr. Sérgio Monteiro, com a sua remuneração milionária, mais uma saída limpa, vendido o Banco na semana passada sem que de tal nos tenha dado conta?

    Ao Governo da coligação falta-lhe a troika. Durante 4 anos, com a desculpa da troika, o Governo de direita instrumentalizou as instituições da República e impôs a ditadura do “não há alternativa”. A direita portuguesa sempre teve o péssimo hábito de confundir a fiscalização democrática com as forças de bloqueio. Pretende “suspender a democracia”.

    Recorrendo a uma brilhante frase de Mia Couto, para o Governo de que agora nos despedimos:

      “A diferença entre a Recessão e a Expansão é que na Recessão os pobres são os primeiros a perder; na Expansão os pobres são os primeiros a não ganhar”.

    Por isso, temos hoje um país mais pequeno. Somos menos. Desde 2011 emigraram 350 mil portugueses e no terceiro trimestre deste ano perdemos mais 55 mil portugueses trabalhadores. Voltei a ouvir a voz de Adriano Correia de Oliveira: “Este parte, aquele parte, e todos, todos se vão”.

    Hoje, temos um país mais pobre. Quase 1 milhão de portugueses recebem um salário mínimo degradado. Os outros portugueses com trabalho também viram os seus rendimentos cair. Uma realidade que este Governo tentou esconder para justificar o corte no salário mínimo.

    Num ato de pura propaganda, o Governo da coligação de direita “vendeu” ao FMI um gráfico de onde eliminava os portugueses cujo salário tinha sido cortado mais de 5% em 2012, isto é, mais de 25% de todos os trabalhadores.

    Não é assim que se faz política na Europa do século XXI. O Sr. Primeiro-Ministro no debate do Programa do Governo queixou-se de que a austeridade lhe tinha sido imposta. Mas a austeridade, quando é ideologia, é uma escolha. Um destino. Não nos esqueçamos que foi também o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho que se lamentou recentemente de apenas ter falhado na redução dos custos salariais. Apetece perguntar se é austeridade ou redenção?

    Mas a vontade destruidora não se ficou pelo mercado de trabalho. Os milhares de pequenas empresas que fecharam nos últimos quatro anos são disso testemunho. Estas empresas não tiveram uma saída limpa. Empresas para quem o liberalismo do Governo de direita significou aumentos de impostos e das rendas energéticas, que lhes fechou fechando-lhes o mercado nacional, apenas por uma crença de que o pecado morava aqui.

    Entre 2013 e 2015 as importações de bens de consumo cresceram 30%, enquanto a produção interna destes bens dirigida ao mercado nacional caiu mais de 5%. Hoje as importações estão em máximos históricos. Mas a economia é mais pequena.

    O Sr. Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho não perdeu no dia 4 de outubro os tiques de autoritarismo que revelou ao longo destes últimos anos. Apenas, porque foi a isso obrigado, encenou uma farsa a que gosta de chamar negociação.

    É falso que o Partido Socialista não se tenha disposto a saber mais acerca das vossas intenções programáticas. Confrontado com 58 perguntas, a Coligação de direita não respondeu a nenhuma. E continuámos sem encontrar essas respostas no documento a que chamaram Programa de Governo.

    O Governo de direita deixou o sistema financeiro inoperante. Os bancos descapitalizados e incapazes de apoiar o investimento; e o incumprimento bancário de famílias e empresas nos níveis mais altos de toda a história da democracia portuguesa.

    Menos de um mês depois do maior embuste político e económico montado em Portugal com a saída limpa em maio de 2014, caía com enorme estrondo o segundo maior banco privado português. Em nenhum outro sistema financeiro de um país europeu se viu tamanha irresponsabilidade. Mas o Sr. Primeiro Ministro e a Sra. Ministra das Finanças não tiveram nada que ver com isto. Afinal, era apenas o Governo e estava a prazo. (…)»

quinta-feira, novembro 19, 2015

sábado, novembro 14, 2015

quinta-feira, novembro 12, 2015

Depois do serial killer e da sua cúmplice,
chegou o momento de virar a página da austeridade


Que significa virar a página da austeridade? Mário Centeno explicou o que isso significa em entrevista que ontem deu à RTP3.

quarta-feira, agosto 19, 2015

Estudo sobre o Impacto Financeiro do Programa Eleitoral do PS:
o quanto, o quando e o como


O Estudo sobre o Impacto Financeiro do Programa Eleitoral do PS está disponível aqui. A apresentação do documento foi feita por António Costa e Mário Centeno:

António Costa

Mário Centeno

sábado, agosto 08, 2015

Mário Centeno analisa programa eleitoral da coligação de direita


Mário Centeno escreve hoje um artigo sobre o programa eleitoral da coligação de direita: «Quanto? Quando? Como?». Ei-lo:
    «A leitura das 148 páginas da Coligação PPD-PSD/CDS-PP suscita não 29 questões, mas apenas três: Quanto? Quando? Como?

    Quanto é que custa cada uma das medidas e que impacto têm?

    Quando é que essas medidas vão ser aplicadas?

    Como vão ser aplicadas, isto é, qual a sua interligação e que administração pública, reguladores, empresas e famílias vão ser os agentes dessas medidas?

    A resposta requer uma abordagem semelhante à utilizada na construção do Programa Eleitoral do Partido Socialista. Em que o diagnóstico seja claro, o como? Em que o propósito económico e social seja esclarecido para se definirem as prioridades e a sequência das medidas, o quando? Em que a quantificação dos custos e dos benefícios seja transparente, para que todos possamos avaliar a sua bondade e decidir, o quanto?

    O Partido Socialista construiu o seu Programa Eleitoral seguindo um processo comum nos (dez) países mais competitivos do mundo. A coligação perdeu a primeira oportunidade para nos aproximar desses países; não admira que coloque esse desejo num horizonte de longo prazo. A coligação tem uma relação com Portugal que é incompatível com este tipo de ambição.

    Um programa eleitoral deve transmitir uma ambição para os votantes a quem se dirige. O Programa do Partido Socialista define causas, transmite confiança, estabelece princípios inalienáveis de rigor e transparência que devemos assumir para a sociedade portuguesa
    .

    A coligação estabelece alguns desses objetivos gerais, mas cria um hiato de rigor e transparência ao não apresentar uma única quantificação dos mecanismos que nos permitam passar das medidas (poucas e mal definidas) aos resultados (escassos e definidos sem rigor). Pede a cada português que nela votar um "cheque em branco". Eles depois preenchem a quantia (o quanto) e colocam a data (o quando). Falta futuro ao Programa da coligação.

    A REALIDADE ECONÓMICA E SOCIAL

    Nestes quatro anos Portugal perdeu 260 mil trabalhadores em idade ativa. Tantos quantos saíram do país na mais negra das décadas do regime salazarista. Entre 1960 e 1970, a Guerra Colonial, a emigração e a perseguição política fizeram perder ao país precisamente 260 mil portugueses. A desistência é um dos sinais mais alarmantes para o futuro de um país. A confiança é essencial.

    O mercado de trabalho continua a gerar empregos precários - 90% dos que transitam entre desemprego e inatividade para um emprego têm um contrato não permanente - e de baixos salários - o salário médio dos empregos gerados desde outubro de 2013 é de 580 euros. A flexibilidade salarial combina-se com a flexibilidade da precariedade para consolidar o empobrecimento do país.

    A economia portuguesa passou por um ziguezaguear de políticas revogáveis e inconstitucionais até que a acalmia dos mercados, decorrente da política do BCE, permitiu às economias europeias, em especial as mais fragilizadas, começar a respirar de novo. A queda do preço do petróleo, da taxa de câmbio e, em particular, da taxa de juro promoveram o crescimento da economia portuguesa.

    ANÁLISE DO PROGRAMA

    Há medidas no Programa do PPD-PSD/CDS-PP para dar resposta aos desafios da economia portuguesa?

    No funcionamento do mercado de trabalho os desafios são esquecidos. A coligação vive bem com a desistência. Com os baixos salários, com o aumento de 50% dos desencorajados e com mais de 400 mil emigrados.

    Apesar de empresas e sindicatos pedirem outras políticas, não há nada para quantificar porque não há nada proposto.

    Nas políticas ativas de emprego surge a continuidade. A coligação de direita habituou-se a utilizar as políticas ativas de emprego como terapia ocupacional e para mascarar as estatísticas do emprego.

    Um exemplo de cinismo político. A direita sempre questionou a eficácia destas políticas. Agora descobriu o seu elixir do mercado de trabalho e multiplica-as. Mas quanto custam? Qual o impacto económico? Não se sabe. Mas sabemos que os programas de estágios têm uma continuidade de emprego imediata que não excede os 30%, ainda que não se saiba quanto tempo vai durar este emprego, nem o seu salário. Outros há onde a empregabilidade é zero. Os programas de estágios profissionais sem custos para a empresa utilizadora — uma espécie de estágio Scut — perderam a sua racionalidade económica. O Estado paga.

    Na fiscalidade não é possível encontrar rumo para o Programa da coligação.

    Os impostos sobre as famílias mantêm-se. Apenas uma redução faseada e lenta (a contragosto) da sobretaxa. Já para as empresas há uma baixa do IRC. Caem os impostos para as empresas, renega-se o compromisso de redução dos impostos sobre as famílias. Não há nenhuma medida que incentive a criação de emprego. Os mais desfavorecidos não têm nenhuma medida de compensação pelas fortes reduções de rendimento dos últimos anos.

    Na política social, a concretizarem-se as propostas apresentadas teríamos o caos nas pensões e a substituição do Estado na ação social.

    O Programa do PPD-PSD/CDS-PP é profundamente assistencialista. Não se enquadra num programa de segurança social de tradição social-democrata europeia. Este assistencialismo é a continuação do que temos assistido até aqui e é a consequência da liderança desta área por parte de uma direita paternalista. Não há aplicação da condição de recursos, porque a ação social foi transformada num negócio. E o negócio precisa do dinheiro dos contribuintes.

    O Programa estende este negócio a um novo patamar. As parcerias público-privadas para a área social. O como aqui seria crucial, mas não sabemos. Eles lá saberão, mas não dizem. O quanto imagina-se que seja o mais possível, como tem sido até aqui e em substituição dos serviços públicos. O quando? Pois quanto antes melhor, tal como todas as privatizações já feitas.

    O plafonamento das contribuições para a Segurança Social não é uma reforma estrutural. O terramoto pode assumir proporções colossais. Mas a coligação não diz o quanto. O plafonamento dá liberdade de escolha aos contribuintes. É verdade. Se o plafonamento começar nos 2000 euros de salários, a 8% dos contribuintes, 295 mil. Se começar nos 2500 euros, a 5%, 190 mil. Quem são os contribuintes que obtêm liberdade de escolha? Apenas os de salários mais altos.

    Qual é o preço para os outros 95%? Cortes nas pensões. Leu bem. Há um "buraco" (tanto que a coligação gosta desta palavra) gerado pelo plafonamento. Durante 60 anos, duas gerações de portugueses ficam com as suas pensões com défice de financiamento. Porquê? Porque durante esse período coexistem contribuintes plafonados e pensionistas com pensões não plafonadas. Qual a dimensão do "buraco"? Pode atingir 17% do valor das atuais contribuições, cerca de 2,3 mil milhões de euros/ano
    .

    A dificuldade de gestão deste sistema fará que o caos do Citius ou do algoritmo de colocação de professores pareçam problemas triviais. Quererão os portugueses mesmo experimentar tal sistema? Não! É puro experimentalismo social.

    No apoio às empresas voltamos ao "mais do mesmo". A coligação não conseguiu fermentar o banco de fomento, mas comenta a gestão do banco público. A direita tentou destruir o sistema nacional de inovação científica, subalternizando a política científica e promovendo os maiores cortes nessa área não tem, porque não quer ter, necessidade de nos dizer nem o quanto, nem o quando nem o como do apoio à internacionalização, inovação e investigação. Simplesmente, não tem.

    O Programa Eleitoral tem algumas visões caricatas: a "carta de marinheiro" para todos os portugueses no ensino obrigatório. Não nos digam, por favor, nem quanto, nem quando, nem como.

    QUANTIFICAR: UM CONTRIBUTO PARA O DEBATE

    Como não temos números da coligação utilizamos o nosso modelo.

    Partindo do cenário da Comissão Europeia retiramos ao cenário final do Programa do PS as medidas ausentes no Programa do PPD-PSD/CDS-PP: as medidas de promoção do emprego e de redução da fiscalidade, bem como as medidas de aceleração da execução dos fundos comunitários.

    Qual o impacto do programa eleitoral da coligação? Os impactos no PIB e no emprego são nulos. O que a coligação dá com uma mão (na sobretaxa, função pública e tira com a outra (nas pensões). O défice melhora uma décima no conjunto dos quatro anos. A dívida fixa-se nos 120% do PIB. A mais de 13 pontos de distância dos 107% prometidos no Programa de Estabilidade.

    A coligação tem de dizer como consegue trazer o crescimento da economia para valores superiores a 2%. E ao mesmo tempo reduzir o défice e a dívida. E, já agora, como tenciona criar emprego.

    Porque queremos viver num país competitivo. Um país onde a política se faz de forma rigorosa e transparente e com respeito pelo eleitor. Um país onde o quanto, o quando e o como são respondidos. Ficamos à espera. É a economia...

quarta-feira, agosto 05, 2015

Da série "Frases que impõem respeito" [942]


Nada é mais flexível do que um contrato a prazo. É impossível flexibilizar mais a lei portuguesa, porque um contrato a prazo é um acto administrativo de despedimento. É despedimento a prazo, ou seja, a prazo conhecido. Sabemos quando vai terminar.

sábado, junho 06, 2015

Um projeto de cenário económico para a década


Extracto da intervenção de Mário Centeno na Convenção do PS:
    «(…) Os cortes salariais têm um impacto permanente no valor das pensões. Quatro anos a ganhar menos 30 euros por mês (um corte de 5% num salário de 625 euros) reduz o valor total da pensão em 8400 euros. Mas se o mesmo trabalhador tiver um período de desemprego de quatro anos, mesmo que continue a receber proteção social, a quebra do valor total da pensão atinge 22000 euros. Estes são os números do flagelo social que a queda de 40% das contratações, o aumento da duração do desemprego e a generalização dos cortes salariais provocaram nas pensões dos portugueses, sem que de tal NOS tenham dado conta. As duas medidas de redução da taxa contributiva por si só permitem um ganho de remuneração. É esta a valorização que propomos e que se opõe aos cortes observados nos últimos quatro anos.

    Estas medidas garantem uma participação ativa de Portugal na construção da área do euro e um Orçamento do Estado mais sustentável, porque há mais portugueses a contribuir e porque essas contribuições são mais equitativas.

    A redução do desemprego não é uma garantia, é o resultado de políticas. É o resultado do aumento do investimento, desde logo em novas contratações. Com apoio à inovação, com maior eficácia na utilização dos fundos europeus, com redução da carga fiscal de empresas e trabalhadores, ao mesmo tempo mais amiga do trabalho.

    A redução da pobreza não chega na forma de um subsídio. Resulta de uma fiscalidade que eleva o rendimento dos mais pobres, aumentando ao mesmo tempo a coesão social. De um esforço de empregabilidade dirigido aos mais desfavorecidos no mercado de trabalho. (…)»

sexta-feira, junho 05, 2015

Da série "Frases que impõem respeito" [923]


Reduziram-se as prestações sociais e os salários para criar em Portugal os trabalhadores pobres, os mais competitivos na retórica vigente. Aqueles a quem a elevada precarização das relações laborais impede, em cada ano, de ganhar mais do que o salário mínimo nacional. São 41% dos trabalhadores portugueses. Conseguirão 41% dos portugueses viver 'acima das suas possibilidades' recebendo menos de 6800 euros por ano?
      Mário Centeno, coordenador do grupo dos 12 economistas, hoje na Convenção do PS, sublinhando que «a primeira tarefa do grupo que coordenei foi diagnosticar, desmontar uma realidade construída com mitos»