
Subir Lall, representante do FMI na
troika, foi ontem entrevistado pelo
Jornal de Negócios. Uma só resposta é suficiente para comprovar que esta gente olha para o país como um campo de experiências exóticas. À questão de saber se «
a inflação baixa e a deflação são um risco significativo para a sustentabilidade da dívida», Lall dá uma resposta seca (e elucidativa): «
Aumenta o desafio.» Contra todas as
evidências, ele anda por aí para levar as experiências até ao fim. Um «
desafio» no qual os portugueses são apenas as cobaias.
Aparentemente, não seria de esperar nada de novo na entrevista, uma vez que os sucessivos representantes do FMI na
troika já deram provas de que não estão obrigados a tomar em consideração que a direcção do FMI, lá longe em Washington, se desdobra em autocríticas por ter imposto por esse mundo fora a receita austeritária.
Acontece que Subir Lall, muito embora continue a dar total cobertura à política do Governo de «
ir além da troika» e não se canse, de resto, de reclamar a adopção de mais medidas austeritárias, não deixa, pela primeira vez, de se demarcar do Governo. Fá-lo quando, numa alusão ao Orçamento do Estado para 2015, revela que a
fantasia apresentada pela Miss Swaps não tem consistência nenhuma, sugerindo que o Governo já está em
modo eleitoral. Veja-se a pergunta e a resposta:
Jornal de Negócios - O Governo está a adiar o problema para o próximo Executivo?
Subir Lall - Olhando para o esforço estrutural que é necessário no médio prazo, diria que está a adiar.
Noutra passagem da entrevista, Subir Lall distancia-se das mais recentes estimativas da taxa de desemprego, dando a entender que não lhe escapam as manigâncias de criar estágios artificiais pagos com dinheiros do Estado: «
Penso que ninguém ainda percebeu muito bem como é que a taxa de desemprego está a baixar.»
Entre os «
desafios» do Sr. Lall e o empobrecimento prometido (e cumprido) pelo alegado primeiro-ministro, há um país que aguarda o dia das eleições para pôr esta pandilha (Cavaco incluído) com dono.