Mostrar mensagens com a etiqueta Poder. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Poder. Mostrar todas as mensagens

domingo, novembro 04, 2012

Penas políticas

• Fernanda Palma, Penas políticas:
    ‘Quando a responsabilidade política e a responsabilidade penal convergem, há duas tendências a evitar, em nome da separação de poderes. Os titulares de cargos políticos não devem abusar do seu poder para procurar a impunidade, e a responsabilidade penal não pode servir para condicionar adversários, convertendo em crimes opções políticas "erradas".

    A rejeição de imunidades perante graves ofensas aos direitos humanos (como sucedeu com Pinochet) pretende contrariar a primeira tendência. Certas condenações (a da ex-primeira-ministra ucraniana Timochenko?) ou até aplicações de penas insuscetíveis de suspensão e violações do segredo de justiça podem constituir manifestações da segunda tendência.

    Os crimes de "responsabilidade política" só podem distinguir-se da mera responsabilidade política, que se concretiza através do sufrágio, quando estiverem em causa a perversão das funções do Estado, a subversão das instituições democráticas ou a violação de direitos fundamentais. É o que sucede na corrupção, no abuso de poderes ou na denegação de justiça.

    Nessas situações, o Direito Penal atinge o âmago da responsabilidade política. Porém, uma tal convergência de responsabilidades pressupõe uma independência das instituições judiciais "à prova de bala". E exige também, da sociedade, no seu todo, um acréscimo de massa crítica e a substituição do populismo pelo acesso generalizado aos critérios do Direito.’

quarta-feira, agosto 01, 2012

Quem mexe os cordelinhos?

• João Pinto e Castro, Quem mexe os cordelinhos?:
    ‘Embora a noção case mal com as ideias dominantes sobre a liberdade individual, a verdade é que, por regra, os poderosos não passam de agentes mais ou menos entusiastas, mais ou menos passivos, mais ou menos resignados de vastos poderes impessoais que, uma vez aceites, se apoderam das suas almas a ponto de os envolverem numa apertada teia de condicionamentos que, salvo um raro gesto heróico de recusa, os impelem numa via sem retorno. Por alguma razão, Marx intitulou a sua principal obra "O Capital", não "Os Capitalistas": na sua lúcida concepção, os segundos são meros agentes de um princípio activo que os transcende e que é, precisamente, o capital.’