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quarta-feira, novembro 25, 2015

Regresso à normalidade


• Maria de Lurdes Rodrigues, Regresso à normalidade:
    «(…) Estes relatórios revelam bem a herança que o governo de coligação PSD/CDS nos deixou em matéria de ciência, ensino superior e educação. Chegou ao fim sem ter querido ouvir ou compreender a posição dos outros partidos nestas matérias. A troika e a crise financeira serviram de pretexto para políticas de ciência e de educação baseadas em preconceitos, para políticas disruptivas e destruidoras do que tinha sido conseguido no passado com os governos do PS e do PSD. É tempo de regressar à normalidade.»

domingo, novembro 15, 2015

Economia das baixas qualificações explicada às criancinhas


O título do artigo é estimulante: «O ensino está todo errado» (mesmo que, na edição em papel, a palavra «errado» estivesse grafada em itálico). O pequeno grande arquitecto propõe-nos uma revolução no ensino, apoiada, por um lado, na sua experiência docente («dei aulas no Centro de Formação da RTP, nos anos 70») e, por outro, no que se convencionou chamar «universidade da vida», resposta muito comum quando o Facebook quer saber os estudos de cada um.

Antes de nos propor o admirável mundo novo no ensino, o pequeno arquitecto derriba as muralhas do velho e caduco ensino: «Para que me serviu aprender as equações de 2.º e 3.º grau, ou os integrais, na matemática? Ou saber resolver aqueles problemas complicadíssimos na física ou na química? E a gramática? Para quê saber identificar o sujeito e o predicado e o nome predicativo do sujeito? Nunca soube isto. Sempre ignorei a gramática. Mas isso não me impediu de ser bom aluno a português, desforrando-me na redação e na interpretação, provando que a gramática não fazia falta nenhuma.»

Calcados «aqueles problemas complicadíssimos» e a gramática, o olhar do pequeno grande arquitecto volta-se para os métodos de ensino: «uma forma enfadonha, sem vida, que tornava a aprendizagem uma chatice.» Eis a solução:
    «Quando vamos buscar um carro novo ao stand, o vendedor dá-nos montes de explicações – sobre o rádio, o GPS, as variadíssimas funções, os programas automáticos, a abertura do capot, etc. – mas quando pegamos no carro e começamos a andar já não nos lembramos de metade das explicações.

    Porém, se uns dias depois voltarmos ao stand e o vendedor repetir a lição, absorvemos tudo – porque estamos a obter respostas para aquilo que não conseguimos fazer.
    »

A conclusão é óbvia: «deveria haver uma muito maior articulação entre a escola e a vida.»

A base sobre a qual deveria assentar o ensino é a «História universal e História de Portugal» (de acordo com o legado do tio José Hermano, subentende-se), a «geografia», «o mapa-mundo e certos fenómenos da atmosfera», e ainda seria dada atenção «à zoologia, à botânica e à geologia: é importante conhecer os animais, as plantas e os minerais.» E também «conselhos de alimentação» e «noções básicas de economia». Pergunta o pequeno grande arquitecto: «ora, não seria mais útil aprender isto do que as equações de 2.º e 3.º grau?»

Há uma incontida nostalgia que influi na escolha dos outros conhecimentos propostos pelo pequeno grande arquitecto: «já não há ‘criadas de servir’, como havia no passado.» Perante esta perda irreversível, em lugar de «equações de 2.º e 3.º grau» ou de «problemas complicadíssimos na física ou na química», o pequeno grande arquitecto sustenta que venham a ser ministradas «noções básicas de cozinha», «noções básicas de trabalhos domésticos» e «certas noções de bricolage». Para completar o admirável mundo novo do ensino, a sua proposta inclui: «Finalmente, há uma disciplina que deveria ser enormemente valorizada: o desenho. Em certas situações, é mais importante saber desenhar do que saber escrever.» Porquê? «Saber exprimir ideias através de desenhos e outros elementos gráficos valoriza imenso a capacidade de comunicação de uma pessoa.»

Este currículo não atrofiaria os alunos, não lhes tiraria «‘ginástica mental’»? «Discordo. As outras coisas que aprendêssemos em vez destas também dariam essa ginástica, com a vantagem de adquirirmos conhecimentos que se encaixariam na vida quotidiana e que estaríamos sempre a usar.»

Em jeito de conclusão, o pequeno grande arquitecto remata:
    «É isto que se pede ao ensino: dar ao nível básico conhecimentos que estejamos constantemente a utilizar, que nos permitam agir melhor e compreender melhor a realidade em que vivemos.

    Depois, cada um desenvolverá esses conhecimentos de acordo com as suas capacidades, ambições e preferências.»

O que José António Saraiva propõe é a substituição da escola pública pelos cursos de cozinheiro e empregado de mesa do IEFP (suportados por fundos europeus). Para promover a economia dos baixos salários e das baixas qualificações. É o programa de Passos Coelho & Portas traduzido por miúdos. Há sempre alguém que não tem vergonha de o defender em público.

quinta-feira, setembro 17, 2015

E mente e mente e mente

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      «O debate é todo sobre o programa do Partido Socialista. Não houve uma única pergunta sobre o programa da coligação. (...) Passos Coelho falou com a assertividade que usa desde sempre para mentir.»


Eis um exemplo do que Pacheco Pereira disse ao comentar o debate de hoje nas rádios. Passos Coelho afirmou que o Governo de Sócrates apenas prometeu tornar obrigatória a escolaridade de 12 anos, mas que foi o seu governo que a levou a cabo. O alegado primeiro-ministro omitiu:
    • Que a Lei n.º 85/2009, de 27 de Agosto, que estabelece a escolaridade obrigatória de 12 anos, foi aprovada na vigência do primeiro governo de José Sócrates;
    • Que esse diploma estipula a sua aplicação progressiva a partir do ano lectivo 2012/2013;
    • Que o PSD e o CDS se abstiveram na votação da proposta de lei que esteve na génese do diploma.

domingo, julho 19, 2015

Mais uma reforma estrutural

Ontem no Jornal de Notícias

Quando cerca de um milhão de famílias começa a preparar o novo ano lectivo, surge esta denúncia do Movimento pela Reutilização dos Livros Escolares: há escolas pressionadas para não criarem bancos de livros, há professores que marcam falta de material a quem não tem o manual novo.

Governos anteriores incentivaram a partilha e a troca de manuais. A peça do Jornal de Notícias não esclarece quem «pressiona» escolas e professores a colocar obstáculos à reutilização dos livros escolares. Mas a verdade é que, por acção ou por omissão, o actual governo estimula ou, pelo menos, permite esta sórdida prática.

Está em causa um mercado que vale mais de 200 milhões de euros. Nuno Crato não é um ser insensível.

quinta-feira, julho 02, 2015

Adiar o início das aulas para não se notar
a barracada na colocação de professores

— Ó Nuno, evita a barracada da colocação de professores. Adia o início das aulas.

• Valter Lemos, Os cortes no ano letivo:
    «O ano letivo vai começar mais tarde. Poderia haver uma explicação para isso, mas não há. O ministro Crato veio dizer que era para a duração dos períodos letivos se aproximar mais. A explicação se não fosse ridícula era estúpida, porque como se sabe é a mobilidade da Páscoa que determina a alteração da duração dos períodos letivos e como a Páscoa muda todos os anos, a explicação do ministro implicava que o início do ano letivo passava a mudar todos aos anos, o que, a ser verdade, significaria uma entropia total nos ritmos das famílias.

    O ministro, uma vez mais, se prestou a um papel ridículo e tentou fazer de parvos todos os pais e os portugueses em geral. Toda a gente percebeu que a decisão se deve somente ao facto do governo ter medo das asneiras que têm marcado a colocação de professores nas mãos deste ministro e deste governo. A história diz-nos que governos do PSD/CDS não são capazes de dar conta do recado na colocação de professores. Em 2004/2005 no governo Santana Lopes/Paulo Portas foi o descalabro total. O governo seguinte teve que resolver esses problemas e estabilizar a colocação de professores. Nos anos seguintes não voltou a haver problemas. Os professores foram colocados sempre a tempo e horas para o início do ano letivo, introduziu-se a colocação por três e anos e depois por quatro anos, introduziu-se a renovação automática dos contratos, etc. Veio novo governo PSD/CDS e o “rigoroso” ministro Crato e voltámos à incompetência na gestão dos concursos, aos atrasos nas colocações e aos problemas de arranque do ano letivo. (…)»

terça-feira, maio 26, 2015

As últimas cobaias de Crato


Depois das escolas terem suspendido as aulas para as salas estarem disponíveis para a realização dos exames, agora são os professores que deixam de dar aulas para terem tempo para corrigir as provas de exames. É uma forma muito peculiar de impor o rigor nas escolas.

No ensino à moda de Crato, o foco está nos exames e não na aprendizagem. Por isso, Nuno Crato substituiu as provas de aferição pelos exames. Enquanto as primeiras têm por objectivo avaliar conhecimentos (para os melhorar) e detectar eventuais dificuldades (para as superar), os exames servem apenas para reter os alunos menos bem preparados. É neste contexto que Portugal apresenta a terceira maior taxa de retenção dos alunos até aos 15 anos.

Há apenas dois países na Europa em que se realizam exames aos alunos do 4.º e do 6.º anos: a Áustria e o Portugal de Crato. Depois das eleições de Outubro, haverá certamente só um.

quinta-feira, maio 21, 2015

A herança dos estarolas

• Acácio Pinto, Não importa que não haja aulas. Tem é que haver exames.:
    «O atual governo desistiu, desde o início, de travar os combates mais difíceis na educação, que são, como se sabe, os relacionados com o insucesso escolar e com as desigualdades. (…)»

terça-feira, abril 21, 2015

José Mariano Gago, o sonho de um país moderno

• José Vítor Malheiros, José Mariano Gago, o sonho de um país moderno:
    «José Mariano Gago pertencia a um grupo muito restrito de pessoas, que podem ser contadas pelos dedos de uma só mão, a quem nunca ouvi fazer uma intervenção pública sem que dissesse algo substantivo e interessante, que nos obrigava a reflectir. Nunca o ouvi fazer um daqueles vácuos discursos de circunstância, cheios de pompa e de banalidades, a que os governantes habitualmente se dedicam, deliciados por serem o centro das atenções.

    José Mariano Gago estava na política por razões substantivas, porque tinha uma ideia para Portugal e uma estratégia para a pôr em prática, porque tinha a ambição de ajudar a construir uma sociedade europeia cosmopolita de bem-estar para todos, por paixão e por dever de cidadania, e nunca para agradar a algum poder ou servir um partido, para favorecer algum interesse particular ou para seguir um breviário. Era aí que colocava o seu orgulho, nesse trabalho que continuou a preencher até ao último dia da sua vida as páginas da sua agenda, e não nas fúteis disputas territoriais, nas prestações de vassalagem e afirmações de vaidade que são a parte central do quotidiano de tantos políticos. Essa é uma das principais diferenças entre Gago e outros governantes, conhecida ou intuída por todos, e é uma das razões do respeito que granjeou em todos os sectores da vida nacional. Em José Mariano Gago nada era fogo-de-vista, tudo era consistente e reflectido e tudo nos solicitava a pensar e a agir. (…)»

sábado, abril 18, 2015

Mariano Gago


    Caros colegas,

    Como já deve ser do vosso conhecimento o Professor José Mariano Gago faleceu ontem, dia 17 de Abril.

    O Professor Mariano Gago impulsionou e marcou profundamente a ciência em Portugal nas últimas décadas, contribuindo decisivamente enquanto presidente da FCT e Ministro da Ciência para o desenvolvimento do sistema científico nacional em muitas das suas vertentes.

    Alguns de nós não gostaríamos de deixar de assinalar a sua passagem e o seu contributo para a ciência portuguesa. A título de reconhecimento público da comunidade científica nacional pela contribuição do Professor Mariano Gago, propomos que na próxima segunda-feira, dia 20 de Abril, ao meio dia (12h), os centros de investigação e faculdades parem as suas atividades normais durante 5 minutos, e que os colegas se concentrem em frente das portas principais das respectivas instituições.

    Agradecia que divulgassem esta iniciativa.

    Abraços

    António Jacinto (CEDOC)
    Arlindo Oliveira (IST)
    Alexandre Quintanilha (IBMC/I3S)
    Carmo Fonseca (IMM)
    Catarina Resende de Oliveira (CNC)
    Claudio Sunkel (IBMC/I3S)
    Fátima Carneiro (IPATIMUP/I3S)
    Isabel Ribeiro (IST)
    João Bettencourt Relvas (IBMC/I3S)
    João Pedro Conde (IST)
    João Sanches (IST)
    José Manuel Mendonça (INESC)
    José Santos Vítor (IST)
    Leonor David (IPATIMUP/I3S)
    Lopes da Silva (ISR/IST)
    Manuel Heitor (IST)
    Manuel Sobrinho Simões (IPATIMUP/I3S)
    Maria de Sousa (IBMC/I3S)
    Maria Mota (IMM)
    Mário Barbosa (INEB/I3S)
    Pedro Lima (IST)
    Raquel Seruca (IPATIMUP/I3S)
    Sampaio Cabral (IST)
    Teresa Paiva (CENC)
(via Porfírio Silva)

sexta-feira, abril 17, 2015

José Mariano Gago (1948-2015)


    «1. O Zé Mariano Gago era uma pessoa excecional. Um cientista excecional, um professor excecional, um amigo excecional, um político excecional, um cidadão excecional.

    2. Conheci-o, há muitos anos, na luta pela educação de adultos, como passo essencial para recuperar o atraso histórico português e colocar em bases certas o nosso desenvolvimento.

    3. É aquele que, nas últimas quatro décadas, mais lúcida e incansavelmente combateu pela ciência, a educação científica e a modernização tecnológica da economia e da sociedade.

    4. É o maior exemplo de compromisso público, de empenhamento, de ousadia e eficácia na ação, de intransigência perante a ignorância e a demagogia, que posso indicar aos mais novos.

    5. Hoje, que ele partiu, é um dia muito, muito triste.»

sábado, abril 11, 2015

O êxito de Passos: numa economia de baixos salários
a educação não é uma prioridade

Sem um mínimo de pudor, Passos Coelho disse hoje: «É preciso continuar essa aposta que tem sido feita na Educação». Para começo de conversa, eis três gráficos — o primeiro sobre o abandono da qualificação de adultos, o segundo sobre o intolerável agravamento do insucesso escolar e o terceiro sobre a redução em 15% dos alunos no ensino superior — que mostram não apenas os resultados da política de Educação do Governo como a desfaçatez do alegado primeiro-ministro:
Via Facebook do Partido Socialista

quarta-feira, março 25, 2015

Uma geração abandonada à sua sorte

António Costa, intervindo numa conferência sobre Educação, afirmou que o principal erro do Governo português foi ter acabado com o programa Novas Oportunidades. Nuno Crato, há muito caído em combate, foi encarregue de murmurar uma reacção, para que não se pudesse dizer que quem cala consente. O pior é a realidade, com os próprios dados do Ministério da Educação a desmentirem o agonizante Crato:

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quinta-feira, março 19, 2015

Da série "Frases que impõem respeito" [903]

Abertura do ano letivo: culpa dos serviços; paralisação do Citius: culpa dos serviços; caos nas urgências: culpa dos serviços. Tanta culpa, não será culpa do governo?
      António Costa, que acrescenta que «não é admissível que o desmentido do primeiro-ministro na Assembleia da República tenha hoje sido desmentido pelos factos»

terça-feira, janeiro 20, 2015

São rosas, Senhor!

A OCDE considerou hoje que a diminuição do insucesso e abandono escolar em Portugal se ficou a dever em grande parte às reformas no ensino profissional. Acontece que tais alterações no âmbito do ensino profissional não são propriamente um êxito: umas são ainda quase inexistentes, outras nem sequer existem, como diz o Público. Então, como explicar que a OCDE se tome de amores por uma coisa que praticamente não deu sinais de vida? Já imaginaram o trabalhão de Vizeu Pinheiro, o ex-assessor de Passos Coelho e actual embaixador na OCDE, para inquinar o teor do relatório hoje apresentado?

sexta-feira, dezembro 19, 2014

O "bloqueio"

• Pedro Bacelar de Vasconcelos, O "bloqueio":
    «(…) Apesar de ser um pequeno país de 11 milhões de habitantes e de enfrentar uma situação económica muito difícil, dramaticamente agravada pelas sanções impostas pelos EUA, surpreendentemente, Cuba conseguiu manter os mais elevados níveis de educação dos seus cidadãos e construiu um sistema de saúde exemplar cuja competência e eficácia as Nações Unidas não se inibem de reconhecer e recomendar. Aqui temos um excelente tema de reflexão! Que nos sirva de contraponto para interpretar o "bloqueio" decretado noutras latitudes contra os gastos públicos na educação e na saúde, a pretexto de rigorosos constrangimentos orçamentais e da "vontade" anónima dos mercados financeiros.»

segunda-feira, dezembro 08, 2014

Do regular funcionamento das instituições


As escolas profissionais tornaram público que ainda não receberam qualquer verba neste ano lectivo, estando em causa cerca de 50 milhões de euros destinados ao pagamento de salários aos trabalhadores e à atribuição de subsídios aos alunos. Estão inscritos nestas escolas cerca de 35 mil estudantes.