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quarta-feira, outubro 28, 2015

A guarda pretoriana do poder económico


      «Ontem, logo após Passos & Portas terem anunciado o governo possível nestas circunstâncias - um grupo de ministros com prazo de validade à vista -, o PS atacou em bloco todas as escolhas. Os ministros da PàF são todos maus porque são do PSD e do CDS, ponto final. Se Cavaco Silva foi sectário, o que dizer desta resposta?»

Não é apenas Cavaco Silva que crê que duas pessoas sérias com a mesma informação chegam necessariamente à mesma conclusão. Há por aí muito boa gente que acredita piamente que governar é a aplicação de uma técnica a que poucos têm acesso, para o que é indiferente recrutar A ou B, desde que ambos provenham da aristocracia do conhecimento, na qual reside o alegado saber oculto. Esta casta de iniciados que ostenta a suposta competência tem horror à política, às diferenças na política, às alternativas em política. A relutância ao confronto de ideias não é um mero capricho, mas a defesa dos pressupostos ideológicos que enformam esta casta.

Depois de quatro anos de devastação levada a cabo por um governo de radicais de direita, André Macedo entende que a oposição — no caso, o PS — deveria fazer vénias ao defunto governo, no qual pelo menos alguns terão sabido aplicar a ciência da governação. É o aforismo de Cavaco dito por outras palavras.

quarta-feira, outubro 14, 2015

Um pouco de história


Se Cavaco Silva indigitar Passos Coelho para a formação do governo, estaremos em presença de uma situação sem precedentes após a aprovação da Constituição da República: uma minoria de direita a governar com contra uma maioria de esquerda na Assembleia da República. Não aconteceu uma situação análoga, em 1985, com o primeiro governo de Cavaco Silva? Não, então havia na oposição o PRD de Eanes, que não era um partido de esquerda.

quarta-feira, abril 22, 2015

Erro de paralaxe

Pedro Santos Guerreiro deu ontem o tom e João Pedro Henriques foi hoje atrás, dizendo que o «PS encosta à esquerda».

Há nestas posições um erro de perspectiva. O que já vinha a acontecer na década anterior, e se aprofundou nestes últimos quatro anos, foi uma transformação do PSD num partido da direita radical, abdicando até de se reclamar da «social-democracia». Para se ser rigoroso, o PSD é que nunca esteve tão longe do PS e do centro político.

O PSD aproveitou o pretexto da troika e da União Europeia para operar uma política de desvalorização do trabalho e de empobrecimento, promovendo deste modo uma enorme transferência de recursos do trabalho para o capital. Uma política de classe contra classe. Que agora se propõe continuar a dar bónus às grandes empresas (descida continuada do IRC), aos reformados com as pensões mais elevadas e às energéticas.

O documento Um Década para Portugal traz um novo equilíbrio entre políticas do lado da oferta e políticas do lado da procura — e devolve rendimento à classe média (pensionistas e funcionários) e aos sectores que foram empurrados para a pobreza por este governo (vide números hoje divulgados da pobreza infantil).

quinta-feira, janeiro 02, 2014

Em busca da Europa perdida

• João Caraça, Em busca da Europa perdida:
    ‘Não havia assim qualquer hipótese de o voluntarismo e os instrumentos da esquerda (os Estados-providência principalmente) resistirem ao confronto com a política de direita e a sua retórica de liberalização, desregulação e privatização. Talvez porque o campo da direita se tenha tornado internacional, seguindo os ditames do capitalismo informacional de hoje, ao passo que a esquerda se foi fragmentando e acantonando, tentando defender o que resta da soberania (os territórios) das nações, ou mesmo atirando-se para a frente se a oportunidade parece espreitar. Mas é claro que assim também não irá longe.

    Como se devia ter feito há 80 anos, é preciso hoje inescapavelmente mergulhar nos problemas, chamar as coisas pelos seus nomes, identificar o adversário real, transformar a crise em conflito, procurar as alianças onde existem as solidariedades que vão cimentar o mundo novo. Não onde os interesses do mundo-espetáculo nos pretendem acorrentar.’