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segunda-feira, março 23, 2015

Desinvestir no futuro

• João Galamba, Desinvestir no futuro:
    «Na economia da escola tio Patinhas em que vive Passos Coelho, ter os "cofres cheios" é um feito económico que devemos celebrar.

    Não se percebe bem o que é que há para celebrar. Os excedentes não são poupança gerada, são dívida. Aparentemente, há dívida boa, que é esta que alimenta os cofres de tesouro, e há dívida má, que é a que serve para encher os bolsos de portugueses de saúde ou de educação.

    A questão relevante não é saber se temos os cofres mais ou menos cheios do que em 2011; é saber se, no actual contexto social, económico e financeiro do país e da Europa faz sentido ter excedentes de tesouraria tão elevados. A constituição de excedentes de tesouraria deve ser visto como uma forma peculiar de investimento (público). E deve ser avaliado enquanto tal.

    Em vez de aplicar recursos públicos em saúde, em ciência, em educação ou em infra-estruturas, o Estado decide investir em depósitos bancários. Estes depósitos não criam emprego, não dinamizam a economia, não melhoram a coesão social. E já não rendem juros: no caso dos montantes depositados junto do Eurosistema, os juros até são negativos, cabendo ao Estado pagar uma taxa negativa de 0.2%.

    A única coisa positiva do investimento em excedentes de tesouraria é o facto de ser um seguro de liquidez: se tudo correr mal, Portugal pode passar um ano sem ir ao mercado da dívida. Portugal não está mais solvente, está apenas mais líquido. Isto tem valor? Tem, claro. Mas, como os recursos são escassos, ter valor, por si só, não chega. Qualquer decisão sobre aplicação de recursos públicos, venham eles de impostos, de dívida ou de transferências de capital, deve ser devidamente avaliada e comparada com alternativas. E a liquidez, no momento actual, não tem assim tanto valor. Com o BCE empenhado num vasto programa de Quantitative Easing, não parece que a situação se vá alterar.

    Num contexto em que o investimento, depois de cair 30% em três anos, recuando a níveis dos anos 80, cresce apenas 2.3% em 2014, praticamente um terço do que havia caído em 2013, investir mais de 20 mil milhões de euros em depósitos e continuar diabolizar o termo investimento público não parece fazer grande sentido. Sobretudo porque este governo não investe necessariamente menos; apenas investe noutras coisas.

    Mais ou menos avessos ao risco, mais ou menos cautelosos, mais ou menos confiantes na manutenção do actual contexto de excesso de liquidez e taxas de juro historicamente baixas, todos concordarão que, no contexto actual, facilmente se encontram formas mais equilibradas de aplicar os recursos públicos existentes.

    No curto prazo, a opção de cortar no investimento público (tradicional) e investir em excedentes de tesouraria é negativa em termos sociais, económicos, orçamentais e financeiros. No longo prazo, não parece ser melhor: o Estado gasta cerca dez vezes mais a comprar um seguro contra um futuro incerto do que a investir na construção desse mesmo futuro. É uma escolha que ilustra muito bem o programa de desinvestimento deste governo

quarta-feira, janeiro 28, 2015

O Governo de Portugal sempre do lado errado da História


Intervenção de Vieira da Silva sobre actualidade política europeia

1.ª resposta a deputados no âmbito da declaração política do PS
sobre actualidade política europeia

2.ª resposta a deputados no âmbito da declaração política do PS
sobre actualidade política europeia

sábado, janeiro 24, 2015

sexta-feira, janeiro 23, 2015

Sempre em pé (2)

Passos Coelho disse hoje que tem feito «declarações coerentes» sobre a compra de dívida por parte do BCE. O melhor é ouvi-lo de viva voz:

Que descaramento!

A decisão do BCE de adoptar o Quantitative Easing constitui uma viragem na política europeia, que deixa Passos Coelho mais isolado ao lado de Merkel e Schäuble. Desde ontem que a direita tenta disfarçar o mal-estar que a decisão do BCE provocou no seu seio. É o caso de Luís Montenegro, que procura à viva força intrometer-se entre os apoiantes da decisão do BCE.

João Galamba, no Facebook, desmonta os argumentos de Montenegro e, ironia das ironias, mostra que a possibilidade de Portugal poder beneficiar do Quantitative Easing se deve a um facto que remonta ao tempo em que o país era governado por um tal José Sócrates:
    «Alguém avise Luís Montenegro que a razão pela qual Portugal pode beneficiar das medidas ontem anunciadas pelo BCE não é a conclusão do programa de ajustamento, não são as reformas estruturais, não é o seu empenho austeritário, nem a sua submissão face aos alemães. A razão pela qual Portugal pode beneficiar do Quantitative Easing é a manutenção de um rating acima de lixo por parte da agência de rating canadiana DBRS. Pequeno pormenor (delicioso): este rating precede o programa de ajustamento e é anterior ao governo PSD-CDS.»

Às armas

Rapinado à Shyznogud

Atrás do prejuízo

Hoje no Diário Económico
Clique na imagem para a ampliar

quinta-feira, janeiro 22, 2015

Sempre em pé


Desde que recebeu instruções públicas de Merkel, Passos Coelho mostrou-se um adversário tenaz da aquisição de dívida por parte do BCE. O alegado primeiro-ministro chegou a sustentar que, «se o BCE tivesse por função resolver o problema dos países indisciplinados, imprimindo mais euros, pura e simplesmente esse seria um péssimo sinal». Mais, o pantomineiro-mor deixou então subentendido que a compra de dívida por parte do BCE poderia conduzir a uma III Guerra Mundial: «Na Europa isso já aconteceu há largas dezenas de anos e a Europa viveu uma guerra muito forte por causa disso».

Contrariando a posição alemã, o BCE decidiu hoje seguir os exemplos da Reserva Federal dos Estados Unidos, do Banco de Inglaterra e do Banco de Japão, adoptando um programa de compra alargada de títulos, o qual incluirá dívida pública e privada. As compras serão feitas ao ritmo de 60 mil milhões de euros por mês. A Portugal caberá uma fatia de 2,5%.

Quando se esperaria que o Governo se demarcasse da posição do BCE, assumindo uma posição do tipo «depois não digam que não vos avisámos», eis que o PSD manda um deputado de segunda linha congratular-se com esta «decisão histórica» do BCE (vide reacção de João Galamba — vídeo). Quem é que acredita que Passos Coelho se está a lixar para as eleições?

Quantitative Easing

«QE não garante crescimento se a austeridade continuar»