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sábado, julho 18, 2015

«O melhor ano de sempre»

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O leitor estará provavelmente desconfiado das constantes declarações de membros do Governo, em particular de Paulo Portas, sobre a evolução das exportações. O Vega9000 encarregou-se de estudar o assunto e põe tudo a limpo: «Vejo que há dúvidas sobre "o melhor ano de sempre" nas exportações. O gráfico explica.» Salvo no ano em que aconteceu aquele arreliador «abalozinho» que contaminou a economia mundial, as exportações estão a «bombar» há muitos anos. Mas já «bombaram» mais.

terça-feira, julho 07, 2015

As importações é que estão a «bombar»


Os estarolas nunca conseguiram manter o ritmo de crescimento das exportações que vinha do Governo anterior (salvo nos anos da crise de 2008-9). Os estarolas procuraram, através de uma desbragada propaganda, disfarçar a realidade: «as exportações estão a bombar», disse há dias o descarado Paulo Portas.

Hoje, o INE publicou os resultados do comércio internacional em 2014:
    «Em 2014 as exportações de bens aumentaram 1,8% face ao ano anterior, atingindo 48.177,1 milhões de euros, e as importações de bens cresceram 3,2% totalizando 58.853,8 milhões de euros. O saldo das transações comerciais de bens com o exterior atingiu um défice de 10.676,7 milhões de euros, aumentando 966,8 milhões de euros face a 2013.»

Afinal, são as importações que estão a «bombar». Com a agravante de as exportações estarem a crescer ao ritmo mais lento da era Passos e Portas. Já ninguém se lembrou de falar das exportações nas jornadas parlamentares do PSD e do CDS.

segunda-feira, maio 11, 2015

Import-export


Já há dados do comércio internacional para o 1.º trimestre de 2015. Uma boa notícia: as exportações cresceram. Uma má notícia: as importações também cresceram. Uma péssima notícia: descontando os combustíveis e lubrificantes, as importações cresceram mais do que as exportações, o que significa que se mantém a tendência negativa da balança externa observada em 2014. Como escreveu João Galamba:
    «Sem o efeito preço do petróleo e paragem da refinaria de Sines em 2014 (tem impacto nas taxas homólogas), a degradação da balança externa mantém a tendência negativa de 2014.

    A queda do preço de petróleo é importante e ajuda muito. Mas não faz milagres.»

terça-feira, maio 05, 2015

E é isto


    «(…) Em Portugal, o Governo compara muitas vezes a descida do défice entre 2010 e 2014, esquecendo que mais de metade dessa descida acontece de 2010 para 2011. E o Orçamento de 2011 não é do actual Governo, é do anterior. O PS foi muito mais eficaz em 2011 do que a Maioria em 2012 e 2013 juntos – e com muito menos austeridade. Uma das coisas mais ridículas da estratégia deste Governo foi a compressão salarial para aumentar exportações. Olhemos para os dados: 2014 foi o ano em que as exportações cresceram menos desde 2009. E em 2015 está a ser pior.»
      Passagem da entrevista de Manuel Caldeira Cabral dada ontem ao Jornal de Notícias (já referida aqui)

terça-feira, abril 14, 2015

Diz que é uma espécie de retoma


• Manuel Caldeira Cabral, Diz que é uma espécie de retoma:
    «(…) A retoma desejável e sustentada, teria de ser baseada, em primeiro lugar, na recuperação do investimento e na aceleração das exportações. Os números dos trimestres seguintes confirmaram a manutenção de crescimento, mas sem aceleração, e de um crescimento baseado na procura interna, mais do que no reforço do investimento e do crescimento das exportações.

    No último trimestre de 2014, o crescimento homólogo do PIB foi de 0,7%, metade do registado um ano antes. O investimento cresceu pouco mais de 2% face aos valores do ano anterior, o que contrasta com a queda de mais de 30% verificada com o ajustamento.

    As exportações apresentaram, em 2014, o pior crescimento dos últimos cinco anos. E nos primeiros dois meses do corrente ano cresceram ainda menos (cerca de 1% em termos homólogos).

    Todos estes dados sugerem que se mantém a retoma, mas esboçam um quadro de retoma lenta, pouco sólida, e pouco sustentável.

    (…)

    Isto é ainda mais estranho num momento em que a descida do preço do petróleo e as melhorias no quadro europeu, no crescimento e no financiamento, estão a dar um contributo positivo. Estranho porque, depois de uma contracção tão forte do PIB, do emprego, do investimento e dos salários, e de tantos sacrifícios e alegadas reformas, que deviam colocar o país a crescer com mais força, os dados apresentam uma retoma fraca e hesitante.

    A resposta do Governo tem sido apenas a de negar estes problemas, culpar os mensageiros que apresentam estes dados, e afirmar, contra a abundante evidência, que tudo está a correr bem no programa de ajustamento. Não está.

    Nos últimos quatro anos a economia portuguesa ficou mais pobre e mais fraca. Perdeu capital e perdeu força de trabalho, para a emigração e para a desmotivação. Desinvestiu na ciência, abandonou e minou a confiança dos seus cidadãos nas instituições públicas. Prometeram reduzir gorduras. Mas reduziram músculo e cérebro.

    Com um "stock" de capital mais baixo, menos trabalhadores, instituições de ciência e tecnologia asfixiadas, e menor confiança dos cidadãos e investidores nas instituições públicas e privadas, é hoje mais difícil conseguir criar a riqueza. Este foi talvez o maior erro da troika e de quem entusiasticamente quis ir mais longe do que esta. A destruição da capacidade de criar riqueza não reforça a solvabilidade de nenhum país.

    O maior problema do adiar de uma retoma mais forte é que, ao manter as mesmas condições, mantém o mesmo incentivo à saída de jovens, a mesma incerteza nos investidores, que significam que o país poderá continuar por mais alguns anos a perder "stock" de capital e trabalhadores, perdendo capacidade de produção, se não actuar urgentemente em alterar esta situação.»

terça-feira, março 24, 2015

«O impressionante efeito Sócrates nas exportações»

Há dias, a propósito de terem passado dez anos da chegada de José Sócrates a São Bento, a Economia Info publicou um trabalho intitulado O impressionante efeito Sócrates nas exportações, do qual se reproduz uma passagem:
    «(…) Uma análise ao desempenho das exportações revelam o que poderá ser lido como uma elevada eficácia na tradução da diplomacia em vendas. As exportações registam um comportamento positivo, que se torna impressionante para mercados como Venezuela, Argélia, Moçambique e Angola, como mostra o gráfico com a evolução das exportações, assumindo 2005 como ano base.


    As exportações para Argélia, Venezuela e Angola disparam por volta de 2005 e no final de 2014 atingiram um valor em 4 a 11 vezes superior. Moçambique segue logo a seguir. O aumento das exportações para a China chega mais tarde, já com a crise financeira. As exportações quer para a totalidade do mundo, quer para a Zona Euro também aumentaram, mas substancialmente menos, evidenciando o peso que a união monetária mantém no total das exportações.»

terça-feira, março 03, 2015

Fechar o departamento de vendas para poupar
é uma estratégia suicida

• Manuel Caldeira Cabral, Fechar o departamento de vendas para poupar é uma estratégia suicida:
    «Portugal não vai estar na Expo Universal de Milão, que começa em 1 de Maio de 2015. A razão parece estar entre a descoordenação e a falta de visão do Governo português. Se Portugal fosse uma empresa, eu diria que esta estratégia parece ser a de cortar no departamento comercial porque a empresa está a vender pouco. A ausência de Milão é uma machadada nas expectativas dos sectores agro-alimentar e do turismo. Mas é sobretudo a perda de noção da posição que Portugal tem de ter no mundo.

    Portugal teve em 2014 o ano de menor crescimento das exportações desde 2009. Neste ano de arrefecimento do crescimento, as exportações agro-alimentares e o turismo foram as duas excepções mais importantes, destacando-se com um bom crescimento.

    O tema da exposição de Milão - Alimentar o planeta, que a poderosa indústria agro-alimentar italiana quer aproveitar como montra dos seus produtos - fez com que a CAP, já classificasse a ausência portuguesa como uma oportunidade perdida.

    Mas a perda desta oportunidade não afecta apenas o sector agrícola. Estes eventos são também importantes oportunidades para conquistar turistas. O número de turistas italianos foi, curiosamente, um dos que mais cresceu em 2014, e entre os grandes países europeus este é ainda o mercado menos explorado. Para além disso, esta exposição, que espera ter 20 a 25 milhões de visitantes, será certamente visitada por milhões de franceses, alemães, entre outros. Onde esteve a AICEP? Quem é que se distraiu no turismo de Portugal? (…)»

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Debate de urgência pedido pelo PS:
Anemia do Investimento, Estagnação da Economia e Crise Social [3]


Hoje na Assembleia da República

Debate de urgência pedido pelo PS:
Anemia do Investimento, Estagnação da Economia e Crise Social [2]


Hoje na Assembleia da República

Comentários de João Galamba no Facebook sobre o debate parlamentar de hoje com o Álvaro do CDS:
    «Pires de Lima e as bancadas da maioria continuam a falar da retoma, mas ignoram o elefante na sala:
      "Para 2015, os resultados do presente inquérito apontam para uma taxa de variação do investimento empresarial de -2,2%. Comparando esta primeira estimativa para a variação do investimento em 2015, com a primeira estimativa para 2014 (1,1%), obtida no inquérito de outubro de 2013 (ver gráfico 2), observa-se uma redução de 3,3 p.p.".

      "No apuramento realizado para um conjunto de empresas da secção de Indústrias Transformadoras, que apresentam uma vertente mais exportadora (ver nota técnica), designadas nesta analise por “empresas exportadoras”, estima-se que o investimento tenha diminuído 3,2% em 2014. Esta redução foi menos intensa que a verificada para o conjunto das empresas desta secção (-7,6%), tendo o total de empresas apresentado um aumento do investimento (1,0%). Relativamente a 2015, perspetiva-se uma variação de -5,1% do investimento empresarial nas empresas exportadoras, que compara com uma variação de -3,2% para o conjunto da secção de Indústrias Transformadoras e de -2,2% para o total de empresas. Neste inquérito manteve-se o perfil descendente do indicador de difusão do investimento (percentagem de empresas que refere a realização de investimentos ou a intenção de investir) entre os três anos analisados. Este indicador situou-se em 87,8%, 80,9% e 76,5%, para 2013, 2014 e 2015, respetivamente".
    Não é o PS que diz, são os empresários que dizem ao INE. Ver o governo a ignorar o problema é a assobiar para o lado não é novidade: é apenas mais um exemplo de como a actual maioria está de costas voltadas para o país (e para a realidade).

    __________


    «Pires de Lima não percebe o conceito de exportações líquidas, não percebe o conceito de conteúdo importado das exportações e não percebe que um crescimento mais baixo que em 2010, e com uma procura externa líquida mais negativa, não pode ser considerado sustentável nem positivo.»

    __________


    «Confrontado com múltiplos dados do INE sobre a não retoma da economia e do investimento, Pires de Lima mascara-se de George Bush e diz: "Respeito os gráficos, mas eles não podem iludir a realidade".»

Debate de urgência pedido pelo PS:
Anemia do Investimento, Estagnação da Economia e Crise Social [1]


Hoje na Assembleia da República (1.ª intervenção)

Hoje na Assembleia da República (2.ª intervenção)

sábado, janeiro 31, 2015

Costa diz que "mexilhão" é que suportou sacrifícios da crise
(e o INE confirma)


    "A tese que o Governo quis apresentar que neste programa de ajustamento tinha havido justiça social - que aqueles que mais tinham, tinham suportado mais, e aqueles que menos tinham, tinham suportado menos - é uma ideia que é falsa", defendeu António Costa.

    Pelo contrário, sublinhou o líder socialista, "o programa de ajustamento traduziu-se num drama social não só na emigração, no desemprego, mas num aumento significativo da pobreza e das desigualdades".

    "Quase 20% da população portuguesa está em risco de pobreza. Só nos anos de 2012 e 2013 tivemos um aumento de 400 mil pessoas. Tínhamos que regressar a 2003, tínhamos que regressar aos governos de Durão Barroso, para encontrarmos o nível de pobreza que Portugal agora atingiu sob a condução deste Governo", afirmou.

    Costa sublinhou que o risco de pobreza aumentou sobretudo entre os jovens e as crianças, considerando que isso "significa o risco de reproduzir uma nova geração de pobreza e significa cortar à partida a oportunidade que todos têm que ter de realizar plenamente o seu potencial".

    "Estes dados sobre a pobreza revelam bem que o discurso que o Governo procurou fazer de que desta vez não tinha sido o 'mexilhão' a suportar os encargos e sacríficos desta crise é uma tese falsa. Ao contrário do que disse o Governo, têm sido aqueles que menos rendimentos têm que mais têm suportado a política de ajustamento", afirmou.

    O secretário-geral socialista frisou que "ao aumento da pobreza, o Governo conseguiu acompanhar com a asfixia fiscal da classe média", o que é refletido nos dados que revelam que "mais 10% da população empregada está também em risco de pobreza".

    António Costa quis também focar-se na quantificação do aumento das desigualdades fornecida pelo INE: "Aumentaram seis vezes quando se compara entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos, e quando comparamos entre os 10% mais pobres e os 10% mais ricos, a diferença é de 11 vezes favorável aqueles que têm rendimentos mais elevados", disse.

    O líder socialista referiu-se também ao Inquérito à Conjuntura, igualmente revelado pelo INE na sexta-feira, argumentando que contraria a ideia que o Governo quis apresentar de que o programa de ajustamento iria conduzir ao reforço da confiança dos empresários do investimento, "sobretudo, do bom investimento, da indústria para exportação".

    "Aquilo que o inquérito veio dizer é que as perspetivas para 2015 são de redução do investimento", afirmou, sublinhando que a retração será sobretudo na indústria transformadora.

    Costa frisou que os dados mostram que "a grande alteração" do modelo económico "assente na exportação e industrialização" não se se está a verificar.

quarta-feira, dezembro 10, 2014

Desaceleração das exportações:
negar este problema não é uma boa estratégia

• Manuel Caldeira Cabral, Desaceleração das exportações: negar este problema não é uma boa estratégia:
    «(…) O artigo em causa com o título: "Exportações em Desaceleração?", questionava se tudo está a correr bem nesta área. Não fazia nenhum "ataque cerrado à evolução das nossas exportações", limitava-se a salientar que os dados recentes revelam dificuldades de crescimento.

    A única questão relevante que altera alguma coisa na análise é a do ano de base. O SEAE acusa-me de "manipulação evidente de números" por considerar na análise e nos números aí apresentados a evolução até 2011 e depois de 2011. A verdade é que não o fiz por conveniência ou manipulação, mas apenas porque em 2011 há uma mudança de Governo e uma mudança de política com reflexos nos anos seguintes.

    Esta mudança de política segue a ideia da competitividade pelo empobrecimento. A ideia-chave era a de que a contracção da procura interna era essencial pois teria três resultados, diminuiria as importações, o que aconteceu, e teria dois efeitos positivos para as exportações, o primeiro seria o de obrigar as empresas a desviar produção do mercado doméstico, em contracção, para os mercados externos, o segundo seria o de, pela baixa de salários, aumentar a competitividade das empresas portuguesas, fazendo acelerar as exportações.

    Esta política começou a ser definida na segunda metade de 2011, com algumas medidas a entrarem em vigor ainda no final de 2011, e as mais importantes a entrarem em vigor no início de 2012 (nomeadamente com o Orçamento de Estado). Os efeitos, nomeadamente o efeito central na óptica de competitividade defendida, a descida de salários, verificam-se em 2012 e 2013, daí ser razoável comparar o que aconteceu em 2012 e 2013, e o que já sabemos de 2014 (primeiros nove meses), com o que estava a acontecer antes de esta política ser seguida.

    Será muito difícil defender que o crescimento das exportações de 2011 teve alguma coisa a ver com uma política que se materializou principalmente em 2012. Aliás, nos primeiros seis meses de Governação, o actual Governo não teve sequer bem definida nenhuma estratégia de internacionalização (cuja tutela estava por decidir se cabia ao Ministério da Economia ou ao dos Negócios Estrangeiros - o que deixou a AICEP quase seis meses sem presidente). Mas se quiser ver as coisas assim pode observar que no último trimestre de 2011 já há uma redução da taxa de crescimento das exportações. (…)»

domingo, novembro 30, 2014

Câmara de Comércio e Indústria Luso-venezuelana

    «Por diversas vezes, enquanto líder do governo, José Sócrates rumou à Venezuela com comitivas de empresários. Em Maio de 2010, por exemplo, o ex-primeiro-ministro conseguiu que uma dessas visitas terminasse com a assinatura de 19 novos acordos que valiam 1,6 mil milhões de euros. Esses acordos não envolviam apenas o grupo Lena - de que era administrador Carlos Santos Silva, detido na semana passada, dois dias antes da detenção de José Sócrates, por suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Mas envolviam também a Estaleiros Navais de Viana do Castelo, YouYsu, EDP, Janz, Efacec, Eip, Atral Cipan, Sovena, Vetagri, Montebravo, Sapropor, Primor, Conservas Ramirez, Cerealis e Sofaco.

    Durante a cerimónia, o presidente da Venezuela lançou mesmo um apelo aos empresários portugueses: "Permito-me enviar uma saudação a todos os empresários que estão lá, em Portugal, e que não têm ainda presença na Venezuela. Por favor, diga-lhes que venham."

    O computador Magalhães tornou-se o item mais conhecido das trocas comerciais entre os dois países. Mas Sócrates tinha outro indicador que usava como ponto de honra: entre 2007 e 2012, as exportações portuguesas para a Venezuela aumentaram dez vezes. Mais de 230 empresas exportavam para aquele país
      No jornal i

sexta-feira, novembro 28, 2014

Voltar à casa de partida… mas mais pobres

Hoje no Público

Quase três anos e meio depois de o Governo de Passos & Portas ter tomado posse, é possível fazer um balanço mais rigoroso da política de «ir além da troika». Os dados divulgados pelo INE sobre a evolução do PIB são elucidativos.

O frouxo crescimento registado no 3.º trimestre — em termos homólogos, um aumento de 1,1% — deve-se à decisão do Tribunal Constitucional de pôr um travão nas sucessivas doses de austeridade do Governo, o que permitiu uma aceleração da procura interna, sobretudo das despesas de consumo final das famílias. Simultaneamente, com o crescimento das importações, a procura externa líquida registou um contributo negativo para o PIB.

Foi sob o pretexto de que era imprescindível criar um modelo de crescimento assente nas exportações que o Governo arrasou a economia portuguesa. Passados três anos e meio, os ténues sinais são dados pela aceleração da procura interna. Ou seja, temos uma economia devastada, que parece saída de uma guerra civil, encontrando-se o país exactamente na casa de partida, mas muito mais pobre.

quarta-feira, novembro 26, 2014

Exportações em desaceleração?

• Manuel Caldeira Cabral, Exportações em desaceleração?:
    «(…) Em conclusão, os dados das exportações dos primeiros nove meses de 2014 não dão um cenário de desgraça, mas também não reflectem um quadro muito animador. A procura externa não está a ser um motor do crescimento. As exportações estão a crescer pouco. Verificando-se um crescimento particularmente baixo em muitos sectores industriais.

    Pode-se perguntar onde estão os sinais de mudança de modelo de crescimento face ao período anterior? Será que alguém tem ilusões de que um crescimento baseado apenas na procura interna é sustentável? E a resposta não é animadora.

    Pode-se também perguntar onde encontrar os resultados do programa de industrialização? Ou o que aconteceu à prometida aceleração das exportações puxada pela desvalorização salarial? A descida dos salários aconteceu. A aceleração das exportações não.

    É interessante ver, que mesmo os sectores que estão a crescer, como o calçado, negam o modelo de baixos salários, crescendo pela capacidade de criar valor, pela qualidade, e anunciando aumentos salariais em contraciclo com a falhada teoria do empobrecimento.»

terça-feira, novembro 11, 2014

Viver a crédito

• João Galamba, Viver a crédito:
    «Pires de Lima não foi só fazer figuras lamentáveis para o Parlamento. Durante aquelas horas também falou de economia. E não foi muito melhor.

    Sobre exportações, Pires de Lima parece não perceber, ou não aceitar, ou simplesmente apagar da sua memória, que a década que ele tanto critica, e que considera ter sido perdida, foi, em grande medida, a que tornou possível o comportamento deste indicador nos últimos tempos. A nova refinaria da Galp em Sines, a nova fábrica da Portucel em Setúbal, a Embraer em Évora, a aposta no Alqueva (o "elefante branco" socialista que Portas passou a considerar, sem se rir, a "AutoEuropa" da agricultura"), a renovação e qualificação dos sectores do têxtil e calçado - Pires de Lima vive "a crédito" de todos estes investimentos e de todas as políticas públicas que, de maneira directa ou indirecta, em maior ou menor grau, os tornaram possíveis. Sobre o contrato de exportação de computadores Magalhães para o México, no valor de 900 milhões de euros, Pires de Lima chegou mesmo ao absurdo de criticar o PS por este ter ousado sugerir qualquer tipo de relação com políticas e apostas públicas do passado.

    Como não tem outros resultados para apresentar, o ministro da economia refugia-se em rankings de competitividade e na descida do IRC. E promete futuros radiosos. A estratégia económica de Pires de Lima, que é a de Passos Coelho e a de Maria Luís Albuquerque, resume-se à tentativa de criar um aquilo que se chama de "bom ambiente de negócios". Aparentemente, mesmo que se espatife tudo o resto e se vire o país de pernas para o ar, Pires de Lima acha que basta facilitar a vida às empresas - flexibilizando o mercado de trabalho e baixando o IRC - para que o milagre do investimento aconteça. Mas o milagre tarda em acontecer. O investimento caiu cerca de 30% e, mesmo depois do "supercrédito" fiscal e da descida da taxa de IRC, está praticamente estagnado, prevendo-se que o investimento líquido seja negativo até 2018, o que corresponde a uma destruição da capacidade produtiva do país.

    (Pelo meio ainda teve tempo de dizer umas falsidades sobre a PT, omitindo que foi este governo que escolheu eliminar a Golden Share sem criar legislação alternativa; que foi este governo que nada fez para impedir a fusão da empresa com a OI, uma operação que não estava prevista quando a PT investiu parte do dinheiro da venda da Vivo; e que foi durante o mandato deste governo que a PT investiu quase todas as suas disponibilidades de tesouraria num grupo que já se sabia estar com gravíssimos problemas financeiros).

    As palhaçadas de Pires de Lima no Parlamento vieram apenas tornar aquilo que já tendia para o trágico num espétaculo grotesco. Esperemos que não dure muito.»

sexta-feira, novembro 07, 2014

O novo Álvaro dissecado por Pedro Nuno Santos



Admito que Pires de Lima, mais habilitado a vender cerveja, não estivesse preparado para ouvir o diagnóstico que Pedro Nuno Santos fez da economia portuguesa. O deputado do PS foi demolidor, mostrando através de dados oficiais que o Governo não tem nenhuma estratégia para a economia, em especial para o incremento das exportações. E o momento mais dramático para Pires de Lima aconteceu quando Pedro Nuno Santos lhe recordou que o actual governo vive a crédito dos investimentos feitos quando José Sócrates era primeiro-ministro: a refinaria de Sines, a fábrica da Portucel no distrito de Setúbal, a Embraer, os Magalhães, etc., etc..

Pires de Lima não tinha nada para contrapor aos investimentos efectuados na «década perdida». E por isso o novo Álvaro foi-se abaixo, protagonizando o lamentável episódio que deixou o país boquiaberto.