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Hoje no DN |
Estávamos em 2010. Passos Coelho enganou tudo e (quase) todos. Ana Sá Lopes, por exemplo, não poderia ter escrito um
artigo mais laudatório: “A mudança radical que ocorreu no PSD há uma semana tem passado despercebida. Pela primeira vez na sua história, o partido social-democrata elegeu um líder não católico que defende, por exemplo, a adopção por casais homossexuais (…).” E, extasiada, interroga-se: “as opções pessoais do novo líder contagiarão um partido que ao longo da sua história tem alinhado com as ideias mais conservadoras nos costumes?”
Uns dias antes, a mesma jornalista havia entrevistado Passos Coelho, que preparava, com o terrível Ângelo e o facilitador Dr. Relvas, o assalto à São Caetano. O título que Ana Sá Lopes escolheu para a
entrevista² não poderia ter sido mais premonitório: “Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?” Eis um extracto dessa entrevista:
Foi este mesmo Passos Coelho que agora impôs a aprovação do referendo. E não se limitou a dar luz verde aos sectores mais ultramontanos do PSD: hoje, o
Expresso relata que “Passos Coelho incentivou a ideia de um referendo à coadoção mal a lei foi aprovada no Parlamento em maio.” O último passo da operação ocorreu na véspera da votação da resolução, quando o testa-de-ferro da JSD esteve reunido com o alegado primeiro-ministro em São Bento, onde foi “devidamente instruído”. O que o
Expresso refere coincide, de resto, com o que consta do DN.
Mas, hoje, Passos Coelho olhou para as câmeras de televisão com um ar impávido e disse que não deu qualquer indicação sobre referendo à co-adopção. Souness bem poderia estar a pensar em Passos Coelho quando se referiu a Vale e Azevedo.
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¹ Graeme Souness, antigo treinador do Benfica, referindo-se a Vale e Azevedo [através de
João Pinto e Castro].
² Partilhado pela
Shyznogud.