O respeito pelos Direitos Humanos é um dos critérios fundamentais para averiguar se determinado país é, verdadeiramente, um Estado de direito.
Mas a defesa dos Direitos Humanos não pode ser uma actividade intermitente ou ao sabor das conveniências, conforme ficou bem claro na polémica recente sobre a nomeação da Arábia Saudita para o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas. Como pode um dos campeões da violação desses mesmos direitos estar agora no órgão que é suposto zelar pelo seu cumprimento?
Em Portugal, ganham corpo as movimentações de apoio ao cidadão luso-angolano Luaty Beirão, em greve de fome na sequência de uma acusação absurda de tentativa de golpe de Estado.
Os portugueses colocam-se, assim, uma vez mais, na primeira linha da defesa dos Direitos Humanos. Agora em Angola, como noutras alturas na China ou no Médio Oriente.
Convém, porém, lembrar que, em Portugal, Direitos Humanos básicos continuam a ser violados quotidianamente, num ambiente de lamentável apatia cívica. É o caso, por exemplo, da crescente pobreza infantil. Ou da detenção de cidadãos, durante meses e meses, sem que contra eles seja formulada qualquer acusação.
A indiferença com que uma sociedade lida com o desrespeito dos Direitos Humanos no seu seio fragiliza enormemente qualquer protesto que essa mesma sociedade possa fazer acerca da violação dos Direitos Humanos noutros países. Convém não esquecer.