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segunda-feira, setembro 07, 2015

O que está em causa nas pensões

Com uma vénia ao Luís Vargas

• João Galamba, O que está em causa nas pensões:
    «Depois de ter feito 29 perguntas, e de ter recebido 29 longas respostas, a coligação PSD-CDS desistiu de tentar parecer que estava interessada em ter um debate sério e passou directamente para uma espécie guerrilha, em que o objectivo é introduzir ruído, gerar confusão, evitar discutir o que fizeram nos últimos 4 anos e, sobretudo, evitar que haja um debate sobre o que propõem para os próximos 4.

    Olhemos para o caso do sistema previdencial da Segurança Social. Apesar dos efeitos da crise financeira no emprego, PSD e CDS herdaram um sistema com saldo positivo e com a sua sustentabilidade de médio longo prazo assegurada, fruto da reforma feita pelo PS em 2007. Foi por essa razão que, ao contrário de países como Grécia, Espanha ou Itália, Portugal não tinha qualquer recomendação da Comissão Europeia ou da OCDE para que fosse feita uma reforma do seu sistema de pensões. Não só se considerava que Portugal, ao contrário de muitos países europeus, já tinha reformado o seu sistema de pensões, como a reforma feita em 2007 passou a ser uma referência internacional. Daí a Troika não ter exigido qualquer reforma do sistema de pensões no memorando assinado em maio de 2011.

    Recorrendo à expressão de Passos Coelho, o “sarilho” na Segurança Social começou depois, já com este governo em funções. Foram as políticas deste governo, em particular o corte nos salários e pensões e a brutal destruição de emprego de 2012, que criaram um enorme rombo na Segurança Social. O défice não foi herdado, foi criado. Quando Passos Coelho fala de um buraco de 6 mil milhões de euros, Portas de 9 mil milhões e Marco António Costa de 14 mil milhões de euros, só podem estar a falar da brutal perda de receita para a Segurança Social que resultou das suas políticas.

    Todas as contas do Partido Socialista são públicas e mostram claramente que o impacto (directo) das propostas do PS no sistema previdencial ronda os 250 milhões de euros por ano. Este valor é um valor bruto, que exclui os impactos (positivos) indirectos, fruto da criação de emprego, da redução do desemprego, da redução da precariedade e do aumento dos salários. Se contabilizássemos estes valores, o impacto ao longo da legislatura seria positivo, não havendo qualquer défice, que é o que estima o PS no seu estudo que publicou sobre o impacto financeiro do seu programa (disponível aqui).

    Dê-se as voltas que se der, estamos longe, muito longe dos números atirados para o ar pela coligação. Como é evidente, tanto os impactos directos como os impactos indirectos podem ser questionados e, se for caso disso, criticados. Foi o que a coligação PSD-CDS, numa fase inicial, tentou fazer com as suas 29 perguntas. Não é o que estão a fazer hoje. Hoje entretêm-se a tentar dinamitar qualquer possibilidade de debate sério e atiram números inventados para o ar. O PS continua interessado nesse debate, mas não parece ter um interlocutor disponível.

    Enquanto inventa números sobre as propostas do PS, a coligação evita falar do seu trágico legado na Segurança Social. Cortes de pensões e alterações (pela calada da noite) na idade de reforma. Instabilidade e arbitrariedade. Criação de um défice num sistema que, até então, havia apresentado sempre saldos. Durante 4 anos, a coligação PSD-CDS tudo fez para pôr em causa a sustentabilidade do sistema público de pensões. 4 anos depois, criada uma crise de curto prazo por causa da perda de receita, fruto da destruição de emprego e da queda dos salários, quem criou o problema vem propor uma solução de privatização parcial das pensões, o chamado plafonamento. Degradar para privatizar. É assim na saúde, é assim na educação, é assim nos transportes e é assim nas pensões. É esta a reforma do Estado proposta pela coligação.

    Dizem que o fazem em nome da liberdade de escolha, mas só dão liberdade de escolha a uma percentagem muito reduzida de portugueses, aqueles que têm salários elevados. Dizem que a proposta é moderada e não envolve grande perda de receita, porque é só para quem começa agora a descontar, mas esquecem-se de dizer que a perda de receita aumenta com o tempo e que a despesa só se reduz daqui a quarenta anos, o que implica financiar um défice durante todo esse período. Não sabemos qual o valor acumulado desse défice, porque a coligação não divulga as suas contas. Mas, seja qual for esse défice, uma coisa é certa: estamos a criar um défice durante cerca de 40 anos, não para investir na economia e no emprego, mas para investir em fundos de pensões privados.

    Depois dos danos causados pela coligação nos últimos 4 anos, o PS reafirma a sua posição de defesa do sistema público de pensões, recusa qualquer corte nas pensões em pagamento e mobiliza todos os recursos para investir na criação de emprego, no combate à precariedade e na valorização dos salários, que são os principais determinantes da sustentabilidade das pensões futuras. A coligação volta a insistir em cortes nas pensões em pagamento, e, depois de criar uma crise no sistema, decreta a sua insustentabilidade e avança para aventura da privatização. Mesmo no meio de todo o ruído, a escolha é clara

segunda-feira, agosto 03, 2015

Sabe qual é o impacto no emprego e nos rendimentos
do corte de 600 milhões de euros nas pensões?


Veja as contas, que põem em relevo o desastre económico que seria gerado por esta medida com que o Governo se comprometeu perante Bruxelas a adoptar — e que é rejeitada em absoluto pelo PS.

Da série «Ai aguenta, aguenta»

Vasco Mendonça

Vá lá, não sejam piegas.

sexta-feira, julho 17, 2015

Cofres cheios: um contributo singelo


O relatório do Tribunal de Contas (TdC) sobre a Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado (ADSE) mostra que o brutal aumento dos descontos para este subsistema de saúde não visava apenas a sua auto-sustentabilidade. Só em 2014 a ADSE teve um lucro de 138,9 milhões de euros, apesar de o Estado não estar, por exemplo, a assumir despesas dos quotizados no âmbito do SNS (estimadas em cerca de 40 milhões de euros).

A taxa de desconto era de 1,5%. Em 2013, subiu para 2,5% e, em 2014, para 3,5%. De acordo com o TdC, bastaria que a taxa fosse de 2,1%, em 2015, para que os custos com os cuidados de saúde prestados fossem integralmente financiados pelos beneficiários.

Como nota o TdC, este excedente está a ser usado em proveito do Estado, servindo «apenas objectivos de consolidação orçamental do Estado». É que a entidade que gere a ADSE «tem uma propriedade muito limitada sobre os excedentes gerados (…) visto não os poder utilizar livremente, seja no financiamento da despesa de saúde ou na obtenção de uma remuneração pela subscrição de aplicações financeiras ou, eventualmente, pela aplicação noutros investimentos». «Pelo contrário», refere-se no relatório, «é o Estado quem tem beneficiado da utilização desses excedentes, provenientes dos quotizados da ADSE, a uma taxa de 0%, isto é, sem qualquer remuneração paga à ADSE».

Para além da utilização dos «excedentes, provenientes dos quotizados da ADSE, a uma taxa de 0%, isto é, sem qualquer remuneração paga à ADSE», haverá outra razão para o que deveria ser uma contribuição se ter transformado num brutal tributo: desincentivar os quotizados a permanecer na ADSE, impelindo-os a subscrever planos de saúde privados. Entre 2011 e 2014, mais de 4.000 pessoas saíram de forma voluntária da ADSE. A maioria (3/4) renunciou no último ano, coincidindo com o maior aumento das contribuições para o subsistema.

Com a desfaçatez com que habitualmente mente, Passos Coelho confirma hoje que o aumento da taxa de desconto da ADSE foi (mais) um imposto encapotado sobre os trabalhadores e pensionistas do Estado: «Na altura em que foi tomada a medida de elevar para 3,5% a contribuição para a ADSE, isso foi apresentado num contexto de necessidade de atingir um défice orçamental, de acordo com aquilo que eram as metas estabelecidas no memorando de entendimento».

Mas é falso que o aumento tenha sido colocado nesses termos antes do veto presidencial. O que Governo sustentou é que era preciso esse aumento para tornar a ADSE auto-sustentável. Maria Luís Albuquerque garantiu então que a medida visava assegurar a auto-sustentabilidade dos subsistemas de saúde e que isso deveria ser encarado como «objectivo duradouro de médio e longo prazo».

Ora o alegado primeiro-ministro — que se está a lixar para as eleições, como é sabido — disse hoje que admite reduzir a taxa de descontos para a ADSE… um dia. E a ministra das Finanças, que sustentava ter estudos que demonstravam a necessidade do aumento da taxa (tendo sido desmentida neste relatório do TdC), afiança que o excedente está parado à espera de melhores dias (o que também dá uma ideia da sua capacidade de gestão). Estamos perante burlões sem escrúpulos.

A narrativa aldrabada


• Pedro Silva Pereira, A narrativa aldrabada:
    «A entrevista do primeiro-ministro à SIC foi um verdadeiro monumento de mistificação e distorção grosseira dos factos. Começou na Grécia, passou pelos números do desemprego e do défice e acabou com o anúncio do fim da austeridade. Na questão da Grécia, chegou a ser patético. Contra toda a evidência testemunhada pelo Mundo inteiro em dias seguidos de elevada tensão negociai, Passos quis convencer-nos de que "houve sempre unanimidade no Eurogrupo", o qual, vejam lá, até deu provas de uma imensa "generosidade" para com a Grécia. Esqueçam, portanto, as resistências da Finlândia e da Alemanha e a preferência de Schäuble pelo 'Grexit' temporário; esqueçam as iniciativas e pressões de Hollande e o sonoro "basta!" de Renzi - nada disso conta. O nosso excelentíssimo primeiro-ministro, que esteve lá, viu tudo ao contrário de toda a gente: total "unanimidade" e profunda "generosidade", garante ele. E, em boa verdade, já que inventou uma história tão bonita, porque não arranjar-lhe também um final feliz? Se bem o pensou, melhor o fez. Vai daí, escolheu para si o papel principal: por acaso, a ideia para o acordo final até foi dele. Também por acaso, mais ninguém reparou nisso. Mas um criativo talentoso nunca deixa que os factos atrapalhem uma boa história.

    Nos números do desemprego, Passos andou perto da desonestidade intelectual. Começou por comparar a evolução da taxa de desemprego entre 2005 e 2011, durante os governos socialistas, omitindo que em 2011 se operou uma quebra de série por alteração da metodologia estatística do INE, o que transforma qualquer comparação linear numa pura fraude. Depois, atribuiu o aumento do desemprego nesse período ao "modelo de desenvolvimento económico socialista", omitindo a redução do desemprego verificada entre 2005 e meados de 2008 e ignorando, ostensivamente, a crise financeira internacional que a partir de 2008 fez o desemprego aumentar não só aqui mas em toda a Europa; finalmente, descreveu uma imaginária dinâmica de criação de emprego na economia, escamoteando o único balanço que interessa: ao fim de quatro anos de governação PSD/CDS, centenas de milhares de empregos foram destruídos e o desemprego é hoje mais alto do que era quando a direita chegou ao poder.

    Depois, veio a conversa dos défices de 2010 e 2011, numa tentativa esfarrapada de justificar a austeridade "além da troika" com as contas alegadamente "mal feitas" do Memorando inicial (que, aliás, o PSD também negociou). Ora, nem o défice oficial de 2010 era desconhecido ao tempo da negociação do Memorando (salvo quanto à fraude estatística operada pelo Governo do PSD na Madeira, sendo que a revisão posterior, e retroactiva, da metodologia estatística do Eurostat em nada alterou o esforço orçamental pedido para efeitos do Memorando), nem o défice registado no primeiro semestre de 2011 (também inflacionado pela fraude estatística do PSD na Madeira) justifica as medidas de austeridade que o Governo, por sua livre opção, de imediato resolveu tomar (designadamente, o corte de 50% do subsídio de Natal, que o Expresso garantiu na altura já estar decidido pelo Governo muito antes de conhecidos os números do défice) e depois ainda agravou mais em 2012 (cortando salários e pensões) e 2013 (com o enorme aumento de impostos). Ao contrário do que diz Passos, a verdade é que houve nisto tudo uma escolha de política orçamental do Governo, que sempre acreditou nas virtudes redentoras da austeridade e do empobrecimento - e gabou-se disso. Acresce, em todo o caso, que o défice de 2011 acabou por ficar muito abaixo (e não muito acima!) da meta prevista no Memorando e isto porque o país dispunha de uma medida alternativa e extraordinária (a transferência dos fundos de pensões), a que o Governo acabou por recorrer já tarde de mais. Por muito que custe, descontado esse efeito extraordinário registado nas contas do segundo semestre de 2011 e a fraude estatística do PSD na Madeira, o famoso défice do primeiro semestre de 2011, que o primeiro-ministro agora diz estar na origem de todos os sacrifícios destes quatro anos, foi MENOR do que o défice obtido na gestão orçamental do segundo semestre de 2011, já com o Governo de Passos e Portas. É por essas e por outras que estes senhores não podem ficar a falar sozinhos sobre tudo isto, como se fosse deles a verdade histórica e a pudessem manipular a seu belo prazer para efeitos de campanha eleitoral.

    Finalmente, o primeiro-ministro acabou a sua entrevista à SIC com chave de ouro, prometendo acabar com as medidas de austeridade e até esboçando uma vaga intenção de "combater as desigualdades". Mas não é nada urgente: fica para a próxima legislatura. Foi aqui que a jornalista Clara de Sousa terá achado que a coisa estava a ir um bocado longe de mais e perguntou como é que o primeiro-ministro conciliava isso com a decisão já anunciada pelo Governo de cortar ainda mais 600 milhões de euros nas pensões de reforma. Infelizmente, não se percebeu nada da resposta.»

quarta-feira, julho 15, 2015

«Não sou de cá, vim apenas ver a bola»

O Governo comprometeu-se no Programa de Estabilidade 2015-2019, enviado para Bruxelas, a fazer um corte de 600 milhões de euros em 2016 nas pensões de reforma já atribuídas. Clara de Sousa questiona-o acerca deste corte. Resposta de Passos Coelho: «Não estamos à espera de cortes nas pensões». O (alegado) primeiro-ministro diz não «estar à espera», assim a modos de quem diz que não tem nada a ver com a decisão. É o pantomineiro-mor em todo o seu esplendor.

sexta-feira, julho 10, 2015

Constituição da República Portuguesa,
esse empecilho que azucrina a moleirinha de Passos


Passos Coelho escreveu no Twitter em 2 de Maio de 2011: «Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos

O alegado primeiro-ministro confessou hoje que tinha em mente um objectivo que fracassou: «Mais de dois terços da despesa pública concentram-se justamente nas prestações sociais e nos salários. Temos limitações óbvias do ponto de vista constitucional para lidar com o problema dos salários¹.» Daí que o pantomineiro-mor conclua ser uma «ilusão» pensar-se que reforma do Estado traz «profundas» poupanças.

Nesta conferência da CIP onde discursou, o alegado primeiro-ministro procurou explicar aos patrões como pretende superar este imbróglio. O que Passos Coelho lhes disse é que, para resolver «o problema dos salários» — ou seja, a redução dos salários —, necessita de previamente resolver «limitações óbvias do ponto de vista constitucional» — ou seja, virar do avesso a Constituição da República, como o projecto de revisão encomendado a Paulo Teixeira Pinto, que foi preciso esconder em 2011, preconizava.

No fundo, em período de eleições, Passos Coelho tem agora de suavizar o que disse, em 2013, na «Universidade» de Verão do PSD: «Não acredito que se possa persistir neste absurdo»… de ter um Tribunal Constitucional que obriga o alegado primeiro-ministro a governar de acordo com a Constituição. Mas, como se vê, ele não descansa enquanto não rasgar a Constituição — para «cortar em gorduras» (salários, pensões e outras prestações sociais).

ADENDA — Se Passos Coelho já tinha concluído que a reforma do Estado não resolvia o «problema dos salários», escusava de ter obrigado Paulo Portas à tristíssima figura de mostrar que não faz ideia nenhuma do que como está estruturado o Estado.

______
¹ Já o sabíamos, mas é bom que o pantomineiro-mor o confirme: quando ele se referia em 2011 aos «cidadãos», estava a excluir os pensionistas, os funcionários públicos e todos aqueles que, por estarem desempregados ou serem pobres, auferem prestações sociais.

quinta-feira, junho 18, 2015

Mentiroso compulsivo


O Programa de Estabilidade 2015-2019, enviado pelo Governo a Bruxelas, prevê um corte de 600 milhões de euros nas pensões já em pagamento. A ministra das Finanças confirmou-o publicamente. Agora, aparece este projecto de pantomineiro a «garantir» que não vai haver cortes nas pensões. Um mentiroso compulsivo — e desavergonhado.

sábado, junho 06, 2015

Sobre o corte dos 600 milhões das pensões dos avós

• Fernando Teixeira dos Santos, Não havia necessidade!:
    «O Programa de Estabilidade e Crescimento aprovado pelo Governo em abril aponta a necessidade de uma medida de sustentabilidade das pensões que melhore o saldo do sistema público de pensões em 600 milhões de euros. O documento não concretiza como obter essa melhoria, mas a ministra das Finanças esclareceu, entretanto, que ela pode implicar cortes no valor das pensões já em pagamento. A afirmação suscitou vários esclarecimentos e desmentidos por parte de outros membros do Governo. Mas o que foi dito, está dito. As palavras são como a pasta dos dentes, quando está fora é difícil voltar a pô-la dentro. O debate político e público sobre tal afirmação e suas razões e implicações está lançado. (…)»

sexta-feira, junho 05, 2015

Jesus desvia atenção do corte dos 600 milhões das pensões dos avós

• David Pontes, A coligação PSD/CDS-PP/JJ:
    «(…) Mas essa é só uma possibilidade de análise, porque se olharmos para política, estou inclinado em considerar que há uma coligação de interesses entre PSD/CDS-PP e Jorge Jesus. Imaginem que o treinador não tinha optado por encontrar a sua "zona de conforto" entre as linhas sportinguistas. Hoje estaríamos provavelmente a cotejar as propostas do PS com as "linhas de orientação geral" da coligação. E se, a prazo, a estratégia do "não digo nada, não mudem nada" até pode beneficiar da complacência de um povo pouco dado ao risco político, uma primeira análise mostraria uma coligação avara em concretizar as suas propostas contra os socialistas que traçam metas e mostram números. O que diriam hoje os comentadores que durante meses andaram a verberar contra António Costa por não ter "propostas concretas"? Assim como assim, acabam a falar de Jorge Jesus.

    E se procurássemos no documento apresentado por Portas e Passos as propostas para a magna questão da Segurança Social ou de como vão ser cortados os 600 milhões nas pensões? Teríamos que nos defrontar com a vacuidade de um parágrafo em que se quer "assegurar a sustentabilidade da Segurança Social através da adoção de medidas que resultem de um debate alargado". O Jorge Jesus não é melhor tema?

    E a proposta de rever a Constituição para consagrar um limite à expansão da dívida pública? Se em 2014, o rácio da dívida estava em 130% do PIB e se segundo contas do Governo ela só por volta de 2030 baixará para 60% do PIB, o limite imposto pelas regras europeias, temos de concluir que o que se propõe é, pelo menos, mais de 20 anos de inconstitucionalidade. Quanto é que afinal vai ganhar Jorge Jesus? (…)»

quinta-feira, junho 04, 2015

O corte de 600 milhões nas pensões dos avós


    «Confesso não perceber a posição da Helena Garrido, directora do Jornal de Negócios, em relação às pensões. Vejamos o que escreve no editorial de hoje:
      "Finalmente o mais importante, as pensões. São o mais acabado exemplo da falta de coragem dos partidos políticos. O problema está resolvido a médio e longo prazo graças em grande parte à reforma de Vieira da Silva. A ameaça está no curto prazo que exige cortes nas pensões do presente, por pouco que seja, para evitar pensões ainda mais baixas no futuro."

    Este parágrafo não faz muito sentido. Se a Helena Garrido, e bem, reconhece que a sustentabilidade de médio longo prazo foi garantida pela reforma feita pelo PS em 2007, não se percebe qual o sentido de defender o corte de pensões em pagamento no presente para garantir pensões futuras.

    Qual o mecanismo através do qual cortes hoje tem impacto positivo no valor das pensões futuras? Sinceramente, vejo o oposto: cortes hoje deprimem fortemente a economia e o emprego (como se viu nos últimos anos), o que tem um impacto negativo, e não positivo, no futuro.

    Esperava que a Helena Garrido tivesse aprendido alguma coisa com a experiência dos últimos anos, em particular perceber que o corte no rendimento de pensionistas teve um efeito fortemente negativo na economia e no emprego.»

«Propostas da coligação são uma mão cheia de nada»

Constança Cunha e Sá, na TVI 24, sobre as «garantias» da coligação de direita:
    «O caso das pensões, é gravíssimo. Não se pode acenar com corte de 600 milhões e não haver qualquer referência à forma como foi feito e não haver sequer referência ao número. Não foi só a ministra das Finanças a ser eliminada desta apresentação. Foi o próprio Programa de Estabilidade. Estes discursos valem muito pelas omissões.»

    «A coligação não acrescenta nada ao que foi anunciado, não se compromete com nada. Isto é uma mão cheia de nada.»

terça-feira, junho 02, 2015

Da série "Frases que impõem respeito" [922]


Toda a gente percebeu que PSD e CDS vão diminuir as pensões se continuarem no Governo.
      Carlos César, que sublinha haver, da parte do Governo PSD/CDS, «um determinismo no mau trato dos pensionistas e uma espécie de tentativa de expatriação dos idosos, como se os idosos fossem os antijovens e não aqueles que nas famílias estão justamente a apoiar os jovens»

segunda-feira, junho 01, 2015

«Famílias que hoje sobrevivem com pensões dos avós,
filhos sem emprego e netos a pedirem investimento educativo»

• António Correia de Campos, Seiscentos milhões:
    «Mais cortes nas pensões. Nada tendo aprendido com o passado recente, o Governo arremete contra pensionistas anunciando que lhes vai extorquir 600 milhões de euros de pensões, desta vez a título definitivo.

    Escolheu como porta-voz a ministra das finanças (MF) e como câmara de ressonância um jantar de Jotinhas. Tirar seiscentos milhões de euros a pensionistas é reduzir o consumo, o aforro e sobretudo levar ao garrote as famílias que hoje sobrevivem com pensões dos avós, filhos sem emprego ou com ele precário e netos a pedirem investimento educativo para sair do círculo vicioso do desemprego e emigração. A MF deve conhecer os números: a perda de 600 mil postos de trabalho, mais a emigração representaram mais de 8 mil milhões de sangria de receitas na Segurança Social (SS) em quatro anos. Os 260 mil desempregados só na construção civil são o exemplo da paragem completa no sector, do regresso de muitos trabalhadores emigrantes que contribuíam para a segurança social e consumiam bens e serviços em Portugal. Os 350 mil imigrantes nacionais, dois terços no activo, impactam na natalidade e explicam as perdas de quase vinte mil nascimentos em quatro anos, 9 mil dos quais, de 2013 para 2014. Retirar 600 milhões do circuito económico, a maior parte desse valor destinado a consumo imediato, significa mais desemprego, mais emigração, mais miséria. Tão grosseiro disparate logo desencadeou o habitual: o CDS a desmarcar-se, o PSD, aflito, negando a declaração e convocando a UGT para o habitual desmentido, o Doutor Marcelo a aproveitar o erro para recuperar credibilidade crítica. O regresso à normalidade implicou conferência da coligação e uma data para o programa, coisa que até agora se considerava pouco importante, até que Costa veio ocupar os media em várias semanas. Soaram campainhas. (…)»

sábado, maio 30, 2015

«Ir além da troika»? Ir ao «infinito e mais além» da troika

Hoje no Expresso
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600 milhões

Hoje no Expresso (via Nuno Oliveira)

Da série "Frases que impõem respeito" [921]


O PS garante as pensões já formadas, as pensões em pagamento, e garante o princípio da confiança, com a certeza que garantir aos pensionistas de hoje a confiança que continuarão a receber as suas pensões é também garantir aos pensionistas de amanhã que podem ter confiança num sistema que honra hoje as suas obrigações como honrará amanhã as obrigações que tiver para com eles", declarou o secretário-geral do PS, reforçando ainda garantias sobre o que fará o partido em relação ao sistema de pensões.
      António Costa, que reforçou a sua posição, acrescentando que «para o PS não há qualquer disponibilidade para, hoje ou amanhã, fazer qualquer tipo de compromisso que conduza ao corte de pensões proposto pelo Governo»

sexta-feira, maio 29, 2015

Ó vítimas das câmeras indiscretas


A ministra das Finanças continua a percorrer o circuito da carne assada, preparando, pela mão do inenarrável Marco António, a evolução na continuidade do passismo. Em Ovar, Maria Luís Albuquerque sentiu-se em casa: entre vivas à JSD, tinha à sua frente o ambiente propício para atear o conflito de gerações. Fê-lo, abrindo o jogo.

Tal como o oficial da PSP em Guimarães, esta versão recauchutada do serial killer Gaspar esqueceu-se de que havia uma câmera a filmá-la. Foi o suicídio da coligação de direita:

Via Rui Pedro Nascimento