quinta-feira, junho 01, 2006

“Ou há moralidade ou comem todos”

Há assuntos que gostaria de tratar, mas não os conheço suficientemente. Os leitores mais persistentes exigem que me debruce sobre tudo o que lhes dá na real gana. Não é fácil. Um desses assuntos é o que diz respeito ao juiz Rui Teixeira.

Tanto quanto me apercebi, há quatro juízes que estão em Timor a prestar serviço no âmbito da cooperação. Dois estarão a receber um ordenado lá e outro ordenado cá, enquanto os restantes dois, entre os quais o juiz Rui Teixeira, só estariam a receber o ordenado pago em Timor. A este juiz não terá agradado cooperar apenas com o ordenado pago em Timor, tendo decidido por isso regressar à pátria, ou seja, a Torres Vedras.

De facto, cabe perguntar:

    • Por que uns ganham cá e lá (e outros não)?
    • É legal esta acumulação de remunerações?

Os leitores terão razão: ou há moralidade ou comem todos, para recorrer à filosofia do sapateiro de Braga.

Vejamos um outro caso: o juiz desembargador jubilado Marques Ferreira também está em Timor ao abrigo da cooperação. Como se justifica que este juiz jubilado, cujo estatuto é em tudo idêntico ao dos magistrados no activo, aufira uma remuneração em Timor? Que disposição de excepção lhe permite acumular o vencimento de jubilado com o de cooperante em Timor?

À primeira vista, os necessitados estão em Timor. Não são os que para lá vão.

10 comentários :

Anónimo disse...

Ó Abrantes, continuas parvo como sempre.
Não há qualquer acumulação de remunerações.
A comissão de serviço do Dr Rui Teixeira, nos termos pedidos pela ONU, foi que continuava a ser remunerado com o vencimento de cá, nada recebendo das autoridades timorenses.
Deixa-te de boatar.

Anónimo disse...

Mentira, Miguel.
O Rui Teixeira não recebeu qualquer ordenado em Timor.
O problema é exactamente esse: é que nem recebeu de cá nem de lá.
E trabalhar para aquecer, só se quiseres ires tu para lá.
O povo agradecia.

Anónimo disse...

Imagine-se que o autor do CC trabalha (e isto é apenas um "suponhamos") numa agência de comunicação.
Imagine-se ainda que recebe uma remuneração mensal pelo trabalho desenvolvido.
Entretanto, chegado o seu tempo, reforma-se.
Pertence agora a um grupo, que será extinto numa data futura, de cidadãos pensionistas (que recebem uma pensão do Estado).
Lê os jornais, lê os blogues, selecciona mentalmente os artigos que mais interessariam aos seus clientes, imagina os textos que sobre eles escreveria se estivesse no activo. Viaja. Dedica-se aos prazeres da vida.
Eis que surge uma oportunidade e alguém, lembrando-se dos diligentes serviços prestados no activo, convida-o para ir trabalhar para Timor.
Devia “Miguel Abrantes” aceitar ir para lá “à borla”, mantendo apenas a sua pensão cá ?
Mas então qual a vantagem de aceitar a missão ?
Se ficar cá sem fazer nada recebe uma pensão. Se aceitar ir para o outro lado do mundo trabalhar recebe a mesmíssima pensão.
Ao acréscimo de trabalho deve corresponder uma remuneração nula ? Qual o incentivo para aceitar uma tal missão ?
Irá “Miguel Abrantes” transformar-se na nova Madre Teresa de Calcutá ?
Não perca os próximos episódios !

Miguel Abrantes disse...

Qui Jun 01, 06:57:31 PM


Anónimo do "supónhamos" [faltou o acento para ter graça]:

Há leis. E as leis devem ser cumpridas. Mesmo pelos juízes.

Se "o autor do CC trabalha (e isto é apenas um "suponhamos") numa agência de comunicação", não terá de cumprir o que a lei estabelece para os magistrados jubilados. Poderia ir de consciência tranquila para Timor.

Ficou esclarecido?

Miguel

Anónimo disse...

Caro Miguel "Pleonasmo" Abrantes:

"Há assuntos que gostaria de tratar, mas não os conheço suficientemente."

Para um Especialista, esta afirmação é de uma humildade extrema...

Parabéns.

Anónimo disse...

No entanto seria importante que o CC tentasse esclarecer este caso do juíz Rui Teixeira, pois assim lido e visto pela rama pode dar ideia que o magistrado está a ver concretizada a ameaça do impoluto e imparcial opinador Jorge Coelho quando refere que "quem se mete com o PS leva".

O Contabilista

Anónimo disse...

Anónimo “Miguel Abrantes” (Qui Jun 01, 07:21:36 PM ):

Julgo que a sua intenção seria a de escrever “supônhamos” [ com acento circunflexo, para ter graça ].
Entre explicitar uma miséria ortográfica (acrescentando um acento circunflexo a uma palavra que não tem qualquer acento) e deixar implícita essa forma de leitura com a colocação da palavra entre aspas, achei que tinha mais graça esta última opção (que apelava à inteligência do leitor).
E vejo que o “Miguel Abrantes” chegou lá, percebeu a intenção, e, mesmo trocando o acento (que deveria ser circunflexo), também achou graça.
Quanto ao pretenso esclarecimento fiquei sem saber se o “Miguel Abrantes”, como “jornalista jubilado” de uma agência de comunicação e protagonista no pequeno conto das Qui Jun 01, 06:57:31 PM , vai afinal para Timor iniciar uma bem sucedida carreira como uma nova Madre Teresa de Calcutá.
Pensão cá, trabalho “à borla” lá (se a lei não proibir a remuneração de trabalho honesto lá será que vai obrigar a nova Madre Teresa a receber uma remuneração) ?

Anónimo disse...

Eu julgava que "cooperação" era uma espécie de "solidariedade" para com os nossos amigos mais necessitados, mas afinal parece que é uma nova profissão, só alcance de "alguns", eu se recebesse o que o juíz ou outro qualquer pensionista bem aviado, tinha vergonha na cara e realmente ia AJUDAR, pois bastava-me a estadia e as viagens, não era?

É isto a que eu chamo cooperação, o resto è mercenarismo...

Anónimo disse...

Lá porque o senhor pôs o Pedroso Junior à sombra não havia necessidade destas trapalhadas...

Caro "Miguel" anterior - cooperação não é caridade - trabalhar de graça um mês pode ser solidariedade e compaixão, não receber 4 meses é... "quem se mete com o PS leva...".

Deixa-te de tretas, "Miguel Abrantes". Assume e encaixa.

Anónimo disse...

É uma boa ideia esta do Abrantes.
Porque é que não fazes um favor à humanidade e não vais cooperar para Timor à borla, em vez de seres o mercenário que recebe pela frente e por trás (sobretudo por trás) ?