sexta-feira, junho 02, 2006

Ó Patrick, isto não é o Texas!




Patrick entra esbaforido e atira à queima-roupa: — Tenho aqui o projecto que vai relançar a economia nacional.

Ó Senhor Patrick, diz o zeloso funcionário da Agência Portuguesa para o Investimento (API), vamos a isso…

É logo posta à disposição do Senhor Patrick [é pelo nome próprio que as pessoas são tratadas no tribunal, não é?] uma mesa, na qual ele dá largas à sua genial ideia. Propõe-se criar uma refinaria em Sines. Porque se tratava de um projecto patriótico, apelidou-o de Vasco da Gama, o qual, por acaso, não foi tido nem achado no negócio.

Para uma economia débil como a nossa, o “projecto” vinha bem embrulhado. O Senhor Patrick garantia:

    • Exportações líquidas de 1.500 milhões de euros;
    • Incorporação nacional no investimento de nada menos de 65 por cento;
    • Custo do investimento orçado em 4.4 mil milhões de euros;
    • Emissão de CO2 de 2.3 milhões de toneladas;
    • Custo da emissão de CO2 de 57 milhões de euros por ano.

À medida que ia concretizando o “projecto”, a coisa ia assumindo os contornos de um monstro:

    • As exportações líquidas seriam apenas de 994 milhões de euros;
    • A incorporação nacional no investimento andaria entre 15 e 20 por cento;
    • O custo do investimento subiria para 6 mil milhões de euros;
    • A emissão de CO2 quase triplicava (6.3 milhões de toneladas), embora depois já só duplicasse (5.2 milhões de toneladas);
    • O custo da emissão de CO2 triplicava (158 milhões de euros por ano).

Mas há mais. Inicialmente, a refinaria teria necessidade de um terreno de 250 hectares, mas no decurso das negociações o Senhor Patrick descobriu que precisaria de espaço para mais uns barracões, pelo que exigia 371 hectares. Não tendo previsto no projecto inicial tancagem no porto de Sines, exigia também 14 hectares. Os outros clientes do porto que se remediassem com a marina de Vila Moura.

O Senhor Patrick não estava interessado em incentivos fiscais. O que queria mesmo era “financiamentos em cash” (como referiu ontem à TSF): 1.200 milhões de euros em subsídios a fundo perdido.

Os jornais referem hoje que o Senhor Patrick vai agora vender o projecto a Marrocos. Mohammed VI que o atenda ao som de As time goes by.

11 comentários :

Anónimo disse...

Ó Abrantes, e se te fosses foder com o Patrick ?

Anónimo disse...

«O protocolo preliminar de entendimento entre o empresário e o ministério da Economia para a construção da refinaria Vasco da Gama foi ontem divulgado por Patrick Monteiro de Barros, depois de findo o prazo de confidencialidade acordado entre as partes, segundo as informações avançadas pela agência «Lusa».
O ponto 6 do anexo III do protocolo previa a «reserva e atribuição gratuita de licenças de emissão de gases com efeito de estufa na quantidade necessária ao integral funcionamento da refinaria e outras instalações acessórias», cita a mesma agência. A atribuição das licenças, de forma gratuita, era garantida através do Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão (PNALE) de 2008 a 2012 e anos seguintes, refere ainda o texto do protocolo.»

O Ministro vai desmentir (contra a evidência da prova documental) ou vai demitir-se ?

Anónimo disse...

... e outras instalações acessórias... lol

Anónimo disse...

Há uns meses atrás, este homem ensaiou a venda de uma centralzita nuclear a Portugal. Como a ideia foi rejeitada, voltou ao ataque com a refinaria e a tal central co-coisa nada poluente. Pelo menos há que lhe conceder: é persistente na caça ao nosso cacau. Mas tem mau perder...

Anónimo disse...

Este post é um ataque ao Patrick ou uma defesa cerrada à "boa-vontade" e inteligência do Governo PS...?

Anónimo disse...

Patrick 1 – Pinho 0.
Cordeiro 1 – Sócrates 0.
Mas então este Governo não ganha uma ?

Anónimo disse...

"Miguel Abrantes", ou quem ele representa, afinal, tem mau perder.

Anónimo disse...

Marrocos 1 – Portugal 0.
Força Pinho ! Vai em frente ! Estamos contigo !

Anónimo disse...

“Sendo aquele valor sensivelmente idêntico ao total de incentivos aprovados no actual Quadro Comunitário de Apoio para a totalidade das candidaturas sob acompanhamento da API, e não sendo os impactos na economia nacional proporcionais ao apoio exigido, esta condição não poderia ser aceite”, diz a API em comunicado.

A agência presidida por Basílio Horta, refere ainda que o promotor alterou o projecto, que passou a prever a instalação de uma capacidade de geração de energia muito superior aos 100 MW previstos no memorando de entendimento, com um impacto muito significativo no volume de emissões de CO2”.

Anónimo disse...

Cada cavadela, cada minhoca - depois da vitória estrondosa contra o Cordeiro, agora ainda tens de justicar a trapalhada das centrais...

Anónimo disse...

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