quarta-feira, setembro 13, 2006

Quando o jogo falado chega ao STJ


O Presidente Avelino Ferreira Torres havia feito umas tropelias no estádio baptizado com o seu próprio nome. O clube da terra iria sofrer as consequências. O atento José Veiga, então maior accionista da SAD do Estoril Praia, quer que a interdição do estádio coincida com o jogo que a sua equipa terá de disputar no Marco de Canaveses. Rapa do telefone e fala com o incontornável major. Valentim Loureiro aconselha-o a utilizar a sua influência nos jornais (“Pressiona-os”) e a sensibilizar o presidente do Conselho de Disciplina da Liga de Clubes, Juiz Desembargador António Gomes da Silva, embora prometa também interceder: ““Eu falo com o gajo”.

Coincidência ou não, Veiga conseguiu o que pretendia: o jogo realizou-se no estádio do Boavista e arbitragem não foi famosa. O actual responsável pelo futebol do Benfica «não se esqueceu de agradecer a ajuda de Valentim Loureiro. “Vou-lhe dar uma beijoca”, brincou Veiga, ao que Valentim respondeu: “se não fosse eu…”.»

A história vem no Público de ontem, que segue o trajecto das certidões extraídas no âmbito do processo Apito Dourado:

    “Na sequência destas e de outras escutas, José Veiga foi interrogado e constituído arguido no processo Apito Dourado, tendo sido extraídas pelo menos duas certidões para o Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa.

    O PÚBLICO sabe que não foi feita qualquer outra diligência, embora o arquivamento pareça ser o caminho mais provável. É que, paralelamente, foram extraídas certidões das mesmas escutas, que foram enviadas para o Supremo Tribunal de Justiça. O alvo da investigação era, nesse caso, Gomes da Silva, juiz desembargador no Tribunal da Relação de Guimarães, mas o Ministério Público considerou que as conversas telefónicas não eram suficientes para o indiciar por qualquer crime.

    Gomes da Silva viu ainda ser arquivados dois casos que envolviam o clube liderado por Pinto da Costa. Diziam respeito à punição de José Mourinho pelo alegado rasgão da camisola de Rui Jorge, do Sporting, e à eventual pressão dos azuis e brancos para castigar Deco de forma mais branda, depois daquele ter lançado a chuteira contra o árbitro Paulo Paraty, no jogo Boavista-FC Porto.”

5 comentários :

Anónimo disse...

«conversastelefónicas não eram suficientes»
Para os 'doutos' juízes da Lusitânia, talvez possam servir as frases escritas nos WC das autoestradas. Sempre é matéria escrita.

Anónimo disse...

E se estes homens estivessem tudos juntos numa administração de empresa pública?

Anónimo disse...

O Miguel anda a dormir

Li isso em Maio no Diario notcias, com muito mais sumo


http://dn.sapo.pt/2006/05/27/desporto/caso_mourinho_e_jorge_decidido_basti.html

Anónimo disse...

Convém não confundir o STJ (que é um tribunal e, por isso, um órgão de soberania constituído por juízes) com o serviço do Ministério Público (constituído por procuradores adjuntos do PGR) que, só por razões de logística, funciona no mesmo edifício, mas em ala própria.

Anónimo disse...

Actualmente, o STJ, na sua secçáo criminal é constituido por Juizes Conselheiros maioritariamente saídos das fileiras do MP.

Estranho, não?!
E ao mesmo tempo, uma lição para quem olha para o STJ como um organismo bacteriologicamente puro de influências do MP.