sexta-feira, novembro 03, 2006

O regresso da comédia




Alberto João Jardim teve ontem direito a show no horário nobre — com encores e tudo o mais. Em vez das personagens gastas da Maximiana e do Diácono Remédios, tivemos direito a ver as figuras castiças do democrata e do autonomista durante mais de uma hora. O espectáculo foi bom, embora as figuras tenham parecido tão inverosímeis que, por vezes, nem um vago sorriso provocavam.

Alberto João quer ser fiscalizado pelo Tribunal de Contas. Só se for masoquista. As últimas auditorias efectuadas pelo Tribunal de Contas foram demolidoras para o Governo Regional. E, para mais, já não está na Secção Regional aquele juiz compreensivo que deixou prescrever uma caterva de processos e se jubilou à pressa.

Veja-se que o último parecer sobre as contas da Região Autónoma da Madeira (o de 2004) desmonta o regabofe que Alberto João permite e promove. E da leitura do documento parece resultar que a impunidade de Alberto João está para durar: encontram-se, por exemplo, “Recomendações ainda não acolhidas e que se reiteram”. E não se pense que tais recomendações envolvem questões de pormenor. Leiam-nas e perceberão por que a expressão “destrambelhamento financeiro”, utilizada por Vital Moreira, peca apenas por defeito.

Por outro lado, Alberto João admite que daqui a uns anitos a Madeira possa ser solidária com o contenente — quando ele já por lá não andar. Chama-se a isto autonomismo personalista.

Mas o verdadeiro Alberto João é aquele que falou do Tribunal Constitucional. Começou por dizer que tem esperança em que este órgão julgue inconstitucional a lei das finanças regionais, para, logo a seguir, sustentar que os seus acórdãos são disparatados. E revelou a sua erudição (no caso, constitucional), quando explicou, compenetrado, que os juízes do Tribunal Constitucional são designados pelos partidos (sabendo-se que os juízes são eleitos por uma maioria de dois terços dos deputados à Assembleia da República ou cooptados pelos seus pares). Aliás, foi ele que defendeu que devia haver um tribunal constitucional só para a Madeira — suportado, claro, pelo orçamento do contenente.

A entrevista chegou a ser deprimente. Embora Judite de Sousa não o tenha apertado, Alberto João não está habituado ao contraditório. Substituiu a resposta às perguntas pela leitura compulsiva de uns números que levava escritos numa folha meio amarrotada. Alberto João só se dá bem naquele ambiente insular em que é ele a mandar — nos jornalistas, nos polícias e nos magistrados.

2 comentários :

Anónimo disse...

CADEIA COM ESTE GAJO, FARTA-SE DE ROUBAR E DE ANCHER OS BOLSOS DOS AMIGOS E COMPADRES DO psd, E VEM AGORA ARMADO EM gente SERIA, DEBITANDO SÓ ASNEIRAS. A TV PUBLICA NÃO DEVE SERVIR DE PALANCA PARA TAMANHO DINAUSAURO.
O MARQUES MENDES, GUILHERME SILVA, E OUTROS TAIS, QUE O AGUENTE LÁ NA REPUBLICA DAS BANANAS MADEIRENSES.
PSD

Quintanilha disse...

E Judite de Sousa prestou-se aquela comédia. O PSD agradece!