Não peçam a João José Brandão Ferreira que aceite a democracia, compreenda o fim da colonização ou se entusiasme com a abertura ao exterior. Este oficial reformado da Força Aérea vive há 30 anos num profundo coma e, por isso, é uma autêntica maldade do Público tê-lo como comentador de assuntos da “Instituição Militar”.
Já antes, quando Brandão Ferreira publicava as suas opiniões no Expresso, tive oportunidade de conversar com um espanhol que preparava um doutoramento sobre as Forças Armadas, que me perguntava, incrédulo, como podia em Portugal um militar falar assim da tropa.
O último artigo de Brandão Ferreira no Público, de segunda-feira passada (“Forças Armadas: pouco a pouco, a inanidade”), é um inócuo exercício de sonambulismo: as Forças Armadas “que restam a este cantinho Ocidental da Europa participavam, com lustre, em numerosos eventos” como festivais aeronáuticos, “com patrulhas acrobáticas de renome internacional”, organizava um “Tatoo Militar” e por aí fora.
Mas, na hora actual, diz Brandão Ferreira, “a ordem é fechar, entregar as chaves e alienar.” “A sanha militar é de tal ordem que a PSP (…) deixou de saber desfilar”, “o Exército tem o team de saltadores acrobáticos em pára-quedas ‘Falcões Negros’ (…) meio destroçado”. “Sobra a GNR que, pelo andar da carruagem, ficará sozinha em campo, substituindo o Exército, a Força Aérea e a Armada. Resta-lhe o ‘carrossel’ de motas e a charanga a cavalo”.
Há um quadro de novas ameaças que inclui o terrorismo internacional? Saia um desfile militar à rua. A criminalidade organizada põe em causa a integridade do território nacional? Mande-se uma banda militar tocar. As novas missões das Forças Armadas mandam-nas ajudar os bombeiros em caso de catástrofe? Faça-se uma acrobacia aérea. Vivemos em época de vacas magras? Avance a charanga a cavalo.
“Tudo vai desaparecendo, sem nos darmos conta. Sem um lamento; sem uma justificação. Sem um murro na mesa. É o ocaso, sem um ‘ânimo’ de estertor.”
Hoje, Brandão Ferreira deu “um murro na mesa”. Com outros camaradas de armas aposentados, dirigiu-se à Procuradoria-geral da República e fez entrega de uma participação contra o ministro das Obras Públicas por declarações proferidas em… Abril passado. Falando aos jornalistas, Brandão Ferreira disse que é "inadmissível em qualquer parte do mundo" afirmar que a "Ibéria" é uma "nova ‘realidade’", porque, ao dizê-lo, Mário Lino "ofende e põe em perigo a independência de Portugal". E rematou: se Mário Lino "quer ser castelhano, que vá para lá”.
Os jornalistas não lhe perguntaram se é possível pertencer à Europa e ser contra a Ibéria, se é possível ser pela globalização e contra a Espanha. Temos homem, é o que interessa. Siga a charanga a cavalo.
Já antes, quando Brandão Ferreira publicava as suas opiniões no Expresso, tive oportunidade de conversar com um espanhol que preparava um doutoramento sobre as Forças Armadas, que me perguntava, incrédulo, como podia em Portugal um militar falar assim da tropa.
O último artigo de Brandão Ferreira no Público, de segunda-feira passada (“Forças Armadas: pouco a pouco, a inanidade”), é um inócuo exercício de sonambulismo: as Forças Armadas “que restam a este cantinho Ocidental da Europa participavam, com lustre, em numerosos eventos” como festivais aeronáuticos, “com patrulhas acrobáticas de renome internacional”, organizava um “Tatoo Militar” e por aí fora.
Mas, na hora actual, diz Brandão Ferreira, “a ordem é fechar, entregar as chaves e alienar.” “A sanha militar é de tal ordem que a PSP (…) deixou de saber desfilar”, “o Exército tem o team de saltadores acrobáticos em pára-quedas ‘Falcões Negros’ (…) meio destroçado”. “Sobra a GNR que, pelo andar da carruagem, ficará sozinha em campo, substituindo o Exército, a Força Aérea e a Armada. Resta-lhe o ‘carrossel’ de motas e a charanga a cavalo”.
Há um quadro de novas ameaças que inclui o terrorismo internacional? Saia um desfile militar à rua. A criminalidade organizada põe em causa a integridade do território nacional? Mande-se uma banda militar tocar. As novas missões das Forças Armadas mandam-nas ajudar os bombeiros em caso de catástrofe? Faça-se uma acrobacia aérea. Vivemos em época de vacas magras? Avance a charanga a cavalo.
“Tudo vai desaparecendo, sem nos darmos conta. Sem um lamento; sem uma justificação. Sem um murro na mesa. É o ocaso, sem um ‘ânimo’ de estertor.”
Hoje, Brandão Ferreira deu “um murro na mesa”. Com outros camaradas de armas aposentados, dirigiu-se à Procuradoria-geral da República e fez entrega de uma participação contra o ministro das Obras Públicas por declarações proferidas em… Abril passado. Falando aos jornalistas, Brandão Ferreira disse que é "inadmissível em qualquer parte do mundo" afirmar que a "Ibéria" é uma "nova ‘realidade’", porque, ao dizê-lo, Mário Lino "ofende e põe em perigo a independência de Portugal". E rematou: se Mário Lino "quer ser castelhano, que vá para lá”.
Os jornalistas não lhe perguntaram se é possível pertencer à Europa e ser contra a Ibéria, se é possível ser pela globalização e contra a Espanha. Temos homem, é o que interessa. Siga a charanga a cavalo.
8 comentários :
Como não li hoje os jornais, não tinha visto tal coisa. Estou pasmado!
Os traidores hão-de sempre atravessar-se na história dos povos..
Perguntem aos castelhanos se acham que a UE é imcompatível com o facto de manterem o pé em cima do pescoço dos bascos, dos galegos e dos catalães...
Vendam-se, cobardes mas não façam publicidade da vossa cobardia como se amar a Pátria fosse estupidez...
incompatível
só desprestigia o jornal pq o dito está, ao que parece, ao seu melhor nível...
Caro Miguel, cá o ZeBoneOAparvalhado,cumpriu o serviço militar obrigatorio durante 3 anos, ganhando 17$50 mensal, descontando para o desaperecimento dos talheres, para a graxa, para a agua... o Sargento punha-me na mão 7$50, com direito a continencia.
Posto isto, apesar de me terem tirado 3 anos da minha juventude, aprendi a amar Portugal.
Sempre pronto para dar a vida por este cantinho.
Portanto, o que diz o Brandão, não sei nem me interessa, só sei que a chuva não molha militar.
Ja me tens lido, sabes que sou um inreverente, sempre fui, não fiz a mocidade nem a catequese, como alguns anti fascistas da treta, uma costela Judia me faz arrepios ao incompreensivel, mas não abdico, daquilo que entendo ser o amor á patria.
Estou convencido que o Lino não queria "entregar-se" a Castela, disse-o, numa forma de coperação com um vizinho, que nos é hostil, sempre foi e há-de continuar a ser.
Portanto, sigo á risca os ditos dos meus "de castela nem bom vento nem bom casamento".
O País da democracia, a Inglaterra, não menospreza as suas forças armadas,aqui passa-se o contrario, algum complexo ainda mina a nossa sociedade, preferem que as traineiras castelhanas lavrem as nossas prais do algarve ou despejem o lixo nas nossas fronteiras - lembras-te do petroleiro na Galiza?
Nota: a mim estado não me paga um avo, não devo nada ao País, tambem não cobro, como muitos democratas da última hora.
Defendo umas forças armadas, policiais e outras,operacionais, disciplinadas, com uma clausula importante, so vai para lá, quem quer, ninguem os obriga. No meu caso eu fui obrigado e com muito orgulho.
Nem recebo pensão vitalicia por ter defendido a minha, nossa, liberdade, apos o 25 de Abril, porque, se hoje podemos estar aqui a viver a democracia, não se deve só ao Mario Soares e ao Salgado Zenha, deve-se aos muitos anonimos, como eu - Quem não se lembra da manifestação que ligou o Rato á antiga Emissora Nacional e no qual estava preparado um Mercedes Militar e 2 Jeeps carregados de granadas ofensivas para atirar á "cabeça " da manifestação, em cima de carrinha de caixa aberta vinho o MS e o SZ, so não explodiram, as ditas, a mim se deve.
Um democracia, onde não haja, respeito, verdade e aprumo de cidadania, é bem pior que no tempo do Botas, alias meu vizinho-
ZeBone.
meus caros, fui militar, fiz 2 comissões em moçambique, 1967/1969 e 1970/1973,tenho 2 anos de cabo-delgado,estive na operação nó-gordio. Não renego o meu passado.Não posso concordar nem me revejo nas afirmações desse sr.Brandão. O fascismo já terminou à mais de 30 anos.Como é que um individuo desta natureza tem acesso a uma tribuna livre,só para dizer e borrifar disparates? Sou portugues, iberista e europeu.Este sr. ficou parado no tempo, as suas afirmações estão deslocadas da realidade e não devem ser levadas em conta, o militarismo passou à historia.Será que não entende isto?
Daria vontade de rir, se não fosse triste e patético.
Aproveitei para mandar ao Público, uma carta sobre "a 'inanidade' das FA", em resposta ao oficial em apreço.
Que não vai sair.
Quanto au autor em apreço, demos-lhe alguma compreensão democrática. Trata-se de um patriota parado no tempo, como os generais da brigada do reumático de Marcelo Caetano.
A 'inanidade' das FA, que é um facto, tem muito mais a ver com os generais chefes seleccionados pelos nossos benditos governos, do que com quer que seja enquanto responsável governamental. Que não conhecem o meio, não sabem, nem querem saber.
Sabem o que aconteceu quando um jovem general de 57 anos, do ramo do Humberto Delgado, disse «que não havia necessidade de mais dinheiro para as FA, mas de administrá-lo melhor»?
Competindo-lhe passar a chefiar as FA, foi preterido por decisão de uma das inteligentes sumidades da elite política: Veiga Simão, Ministro ds Defesa, com os arranjos de corredor do costume - Governo e PR.
Zulu
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