My name is Moreno, Carlos Moreno [intervalo]

Acabei de imprimir o relatório do implacável Moreno. Abro-o e delicio-me:

• As primeiras 28 páginas são preenchidas com o “sumário executivo” (traduzido à letra do inglês);
• Depois, até à página 61, reproduz-se a legislação em vigor como quem está a encher um chouriço;
• Seguem-se as “descobertas” de Moreno, ou seja, o relatório propriamente dito, que se estende até à página 101 (para incluir a declaração de voto do Juiz Conselheiro Freitas Pereira);
• As restantes 150 páginas respeitam aos comentários ao projecto de relatório elaborados pelos três governos visados: o de Barroso, o de Santana e o de Sócrates.

Portanto, tirando a palha amontoada, o relatório contém 40 páginas — ainda assim, repleto de mapas. Lê-se com facilidade.

Muito embora a sua leitura não requeira uma instrução esmerada, há quem não tenha entendido patavina. É o caso de um cavalheiro que faz constar por aí que é magistrado do Ministério Público. Apresenta ele em defesa de Moreno dois argumentos de autoridade:

• O relatório foi elaborado por uma mui eficiente equipa, constituída por quatro técnicos, sob a coordenação de uma outra técnica, que foi ela própria supervisionada por mais dois coordenadores gerais, coadjuvados por um consultor jurídico, e aprovado por seis juízes (é a primeira vez que alguém que se reclama da magistratura considera que os membros do Tribunal de Contas são juízes); e
• O relatório tem um “arranjo gráfico” aprimorado e os quadros são “exemplares”.

Mais logo, talvez depois do jogo da noite, volto ao relatório do implacável Moreno. Eu explicarei por que o relatório tem erros crassos e é falacioso. O tal cavalheiro fará o obséquio de explicar por que, se se verificaram irregularidades de tomo (como sustenta), o implacável Moreno, que actua na 2.ª Secção do Tribunal de Contas, não levou em mão o relatório à 3.ª Secção, na qual pontifica o também famoso Dr. Cluny, para apuramento da responsabilidade financeira.

O povo em geral ficará, então, esclarecido.