- “No espaço de três dias houve duas manifestações: a dos professores e a dos banqueiros (…).
Entre estas duas manifestações havia algo em comum: a contestação à avaliação.
Os professores defendiam que aceitavam a sua avaliação, mas contestavam o método e o momento. Os banqueiros aceitam a avaliação dos activos dos seus balanços, mas recusam o método e o momento de o aplicar. Curioso…”
• Joseph Stiglitz, “The three trillion dollar war”:
- “A mentira prevaleceu sempre: da existência de armas de destruição maciça em território iraquiano à suposta ligação de Saddam Hussein à Al-Qaeda. A verdade, porém, é outra: o Iraque só se tornou num “ninho de terroristas” depois de os EUA invadirem o país.
A administração Bush disse que a guerra custaria 50 mil milhões de dólares. É este o montante que os EUA gastam actualmente no Iraque a cada três meses. Contextualizemos: um sexto deste valor permitiria aos EUA pôr de pé um sistema de Segurança Social robusto para os próximos 50 anos, sem reduzir benefícios nem aumentar as contribuições.
Acresce que a administração Bush reduziu a carga fiscal para os escalões mais elevados no início da guerra, apesar de ter um défice orçamental elevado. Resultado? Sobrecarregou a despesa pública para pagar a guerra. É a primeira guerra que não exige sacrifícios aos cidadãos norte-americanos através do habitual aumento de impostos. O ónus vai recair sobre as gerações futuras.
Se nada mudar, teremos de somar à dívida nacional dos EUA – que rondava os 5,7 biliões de dólares quando Bush assumiu o cargo de presidente – mais 2 biliões de dólares devido à guerra, além dos 800 mil milhões do “consulado” Bush antes da guerra.
Terá sido incompetência ou desonestidade? Ambas as coisas, seguramente (…).
A guerra só teve até agora dois vencedores: as petrolíferas e os fornecedores militares. O preço das acções da Halliburton, empresa de serviços petrolíferos presidida por Dick Cheney antes deste assumir o cargo de vice-presidente, dispararam.”
• Teodora Cardoso, As pseudo-soluções:
- “(…) a crise transmitiu-se à economia, em especial nos Estados Unidos, onde os empréstimos "ninja" (no income, no job or assets) e as taxas de engodo (baixas nos primeiros dois anos, saltando depois para níveis "de mercado") eram um desastre à espera de acontecer quando os preços das casas parassem de subir. Dado que o crescimento da economia americana assentava fortemente no consumo e no imobiliário, têm-se multiplicado as medidas destinadas a travar a queda, desde as devoluções de impostos às descidas das taxas de juro. Face à crise de confiança instalada e à subida dos preços da energia e das matérias-primas, estas medidas – que funcionaram no passado – levaram agora à derrocada do dólar e ao relançamento de expectativas de inflação que se juntaram aos problemas do próprio sistema para agravar a situação nos mercados financeiros.
Portugal, como qualquer outro país, não pode ficar imune a esta crise – e deixemo-nos de eufemismos, porque não só se trata de uma crise, como da mais grave a que nos foi dado assistir. Reduzir o seu debate à necessidade de baixar impostos, replicando medidas que não funcionaram, mesmo nos Estados Unidos, onde poderia haver alguma justificação para elas, só pode explicar-se pelo desconhecimento dos factos – que, no entanto, estão abundante e competentemente tratados na imprensa internacional – ou pela obsessão e confusão ideológica que, de novo, nos atacaram com um vigor antes só visto no PREC.”
• Vital Moreira, "Luta de classes" no sector público [vide A Aba da Causa]:
- “A leitura que a generalidade dos cidadãos faz nestes casos é que se trata de uma luta de interesses particulares contra o interesse público. Bem podem, por exemplo, os professores tentar invocar em apoio dos seus protestos a "defesa da escola pública".
A verdade é que a defesa da escola pública nada tem a ver com a defesa dos interesses privativos dos professores e que, pelo contrário, a escola pública só pode ficar a ganhar com as mudanças em curso, incluindo maior rigor e exigência na selecção, avaliação e progressão profissional dos professores.”
1 comentário :
É isso aí, Miguel Abrantes !
Os professores de hoje serão os banqueiros e bancários de amanhã !
E você, com uma dôr de corno que não tem tamanho !
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