As maminhas do São João

Os cirurgiões do Hospital de João vêm-se entretendo a remendar os refegos das maminhas das funcionárias ali à mão.

Em vez de reconhecer os feitos do São João, recomendando a atribuição de um Guiness pela qualidade por m² das maminhas, a Inspecção-Geral de Saúde decidiu investigar “as reduções e os aumentos mamários”: terá havido um gasto excessivo de silicone (sabendo-se que o SNS não comparticipa as cirurgias estéticas) ou a ordem de inscrição dos doentes poderá ter sofrido tratos de polé?

Continuando sem saber que a Ordem dos Médicos não é um sindicato, o inevitável Pedro Nunes saltou em defesa dos cirurgiões.

Diz o bastonário que o São João é um hospital escolar, pelo que “é natural que se façam este tipo de operações para treino”, o que faz supor que as mulheres operadas não sejam bem funcionárias — mas cobaias.

Pedro Nunes entende também que não está definido que cirurgias estéticas podem ser comparticipadas pelo SNS, pelo que, “[e]nquanto não houver essa definição, cabe a cada médico ou, em última análise, ao director de serviço decidir o que se faz no serviço”. Nem mais.

Desde que vi as populações das Anadias em fúria, quando se preparava o controlo da assiduidade dos médicos, fiquei convencido que este homem vai longe — e, hoje, não deixou passar a oportunidade para sugerir que a recauchutagem das maminhas se poderia resolver com umas convenções. Ai se podia.