No jardim da Celeste, giroflé, giroflá…

A inventona de Belém foi uma coisa séria e ocorreu em duas fases, a última das quais bruscamente no Verão passado. Tivemos encontros secretos, entrega a jornalistas de dossier feito por Fernando Lima com dados pessoais de um assessor do primeiro-ministro, manchetes de jornais, uma desastrada comunicação ao país do Chefe do Estado, remoção precipitada para os bastidores do braço direito do inquilino de Belém, intervenções avulsas a alimentar a inventona, quer de Cavaco [“deixem passar as eleições e tentarei, de forma discreta, obter informações sobre questões de segurança”, tendo acrescentado, a insistência de uma jornalista, que “a senhora não é ingénua. Eu também não”], quer da então líder da oposição, a malograda Dr.ª Manuela [“Não quero saber se há escutas ou não há. A verdade é que as pessoas sentem que há”], e dois jornalistas triturados (José Manuel Fernandes e Luciano Alvarez, autores materiais da inventona).

Hoje, João Pedro Henriques, «[n]uma referência implícita ao "caso das escutas", que agitou o País no Verão de 2009», sintetiza a inventona nestes termos: “um assessor de imprensa do PR insinuou que o staff de Cavaco estaria sob vigilância do Governo”. Coisa mais doce. Só faltou mesmo dizer que, se não fosse o Governo ter feito as escutas, ninguém viria a saber das insinuações…