Entre economistas conta-se uma anedota que é mais ou menos assim:
Um físico, um químico e um economista estão presos numa ilha deserta. Os três estão com fome, mas a única coisa que lhes resta para comer são latas de feijão. Naturalmente, não dispõem de um abre-latas, pelo que põem a imaginação a trabalhar para encontrar uma forma de abrir as latas.
O físico diz:
"- Vamos tentar com que a luz do sol incida sobre a tampa - talvez esta derreta e abra um buraco."
O químico, insatisfeito, riposta:
"- Não, vamos atirar água salgada para cima da tampa - talvez ela enferruje."
O economista, impaciente, interrompe:
"- Estão a perder tempo com ideias complicadas. Vamos apenas assumir que temos um abre-latas".
Louçã, quando fala em soluções de governação à esquerda, raciocina como o economista da anedota. Louçã pede às pessoas que "assumam" que o Bloco de Esquerda é Governo, de modo a que possa aplicar as suas soluções milagrosas para a economia portuguesa. Quando alguém coloca os pés no chão e lhe pergunta como é que o Bloco de Esquerda pode alguma vez ser Governo quando não passa dos 7% nas sondagens, e quando apenas aceita coligar-se com um partido que não vai muito mais além nas intenções de voto, imaginamos Louçã a dizer: "Estão a perder tempo com ideias complicadas".
Depois de prometer mudar por completo o panorama da política nacional, Louçã prepara-se para reduzir a representação parlamentar do Bloco de Esquerda a um grupelho de extrema-esquerda cuja razão de existir é o de protestar contra o "capitalismo".
O erro de Louçã foi, afinal, de palmatória: não percebeu que, ao longo de último ano, transformou o BE num partido cuja estratégia em praticamente nada difere da do PCP. Não foi para isto que uma larga fatia de eleitores votou no BE: esses não querem regressar ou reconstruir as clivagens que marcaram o PREC, e que levaram à separação definitiva entre a esquerda revolucionária e a reformista.
Que Louçã tenha cometido semelhante erro não é por falta de inteligência ou instinto político: é porque não "dá" para tirar o PSR de dentro dele.
- Pedro T.
4 comentários :
Sobre Louça,já disse o que tinha para dizer,é um homem desesperado...Lamento é a afirmação do Coelho do continente:A vitoria ainda não está garantida. Por esta prosa parece que vai à frente nas sondagens. A da Católica´e a mais credivel,a do Expresso e a do Correio da Manhã,não merecem credito nenhum... foi uma inventona par diminuir os estragos...
Interessante o domínio que por aqui existe sobre o que os leitores do BE querem, não querem ou deixam de querer.
Por acaso deixe de votar PS para apoiar o BE e ainda não deixei de preferir um bom partido de protesto, com voz e ideias alternativas que nos façam pensar, do que um partido sem alma, seguindo a lógica de rebanho para algum dia ter acesso a alguns ministérios em coligação.
But that's just me...
Ao meu vizinho de cima eu digo: Há muito capitalista que ganhe quem ganhar a vida deles corre sempre... Há muitas pessoas como o senhor que ganhe a direita ou a esquerda o ordenado do Estado vem sempre ao fim do mes,e portanto dão-se ao luxo de andar a brincar à extrema esquerda.Eu caro amigo,não posso fazer isso,tenho que fazer uma opção entre um dos dois partidos que podem governar.Como trabalhador do privado,vivendo de resultados na economia real, não tenho duvidas de que votando no Ps me vejo livre de um governo de direita,votando no seu partido Bloco ou PCP,eu tenho a direita no poder.Já sei que vai dizer que são parecidos...eu digo-lhe a si que só quem não trabalha ou mama na teta do estado pensa assim.Por ultimo. As medidas vão ser mais gravosas depois do chumbo do Pec 4 mas ai o Ps não tem responsabilidades questione o seu lider que cá os meteu e covardemente... em vez de lhes dizer na cara o que não aceitavam do FMI ou do BCE,bem debitar lágrimas de crocodilo na convenção do casal ventoso. Sabe,a panela para os partidos como o Blocotem que ter sempre os trabalhadores a cozer em lume brando como convem.Guarde as suas opiniões para os seus,pois mostarda no cu dos outros para si é refresco.
Louçã conseguiu o impossível! Num país a braços com um desemprego galopante, uma banca que vê as suas deficiências serem pagas pelo povo trabalhador, com um governo que nunca quis ser popularucho, não conseguir congragar à sua volta o descontentamento geral com ideias de esquerda mas possíveis de realizar. Preferiu a utopia esquecendo talvez que a utopia não enche barrigas.
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