As recentes declarações de PPC sobre o BCE, apropriadamente em visita a uma feira de cavalgaduras, já levaram um eminente professor de economia a perguntar-se a quantas aulas teria faltado.
A questão é se terá assistido a algumas? E se isso teria feito alguma diferença?
- Afonso
16 comentários :
Um primeiro ministro de um pais faz uma declaração disparatada desse calibre e ninguém questiona nada nos media...está bonito isto está
Que queriam dum homem que levou 2o ano de boa via para tirar o curso, se é que o tirou...
Impressiona a vontade que algumas pessoas têm para acreditar nalguma coisa(num futuro decente, pelo menos...)e então fingem-se de "mortos" e deixam passar todos os disparates para ver se ninguém repara...Lamentável!
Mas alguém ainda acredita que, por este caminho, vamos a algum lado?
Gostei de ouvir o Fernando Santos,que vive na Grécia há alguns anos, a explicar ao Prof. Marcelo a realidade grega e o insucesso de tudo o que aqui está a ser aplicado.
Não sei bem qual é o caminho...mas este não é , concerteza...
Parece-me que, para lá do puro nexo de causalidade, era às ressonâncias menos rigorosas do sino da culpabilidade -- que até os meus amigos socialistas do CC costumam ecoar com alguma frequência -- que o nosso Primeiro estava a tentar apelar.
Qualquer coisa como: «a culpa da ascensão do Hitler foi da histórica hiperinflação alemã que se seguiu a Versalhes» e «a culpa da Segunda Guerra Mundial foi do Hitler».
A parte interessante é que, se o primeiro nexo de culpabilidade é defensável, o segundo, para um espírito justo e informado, deixou de o ser há muito tempo. Mas suponho que não será essa a vossa opinião. Ou do economista Lains.
Ser ou não ser....
É importante saber se "ele" é economista ? Se era "professor de economia" na Lusiada ? O que se confirma, é que qualquer " Zé Manuel Fernandes" é professor Universitário....
Por exemplo: Dizem que Relvas "ajudou" o "BPN" em negócios no Brasil....
MOEDAS: trata por tu os mercados....
Passos Coelho, além de ser "economista" era também gestor de fundos ...no Angelo, além de Professor de Economia....
Duarte Lima: era Gestor de fortunas.....
Etc..etc...Não estou a insinuar nada, é uma constatação...Os Portugueses estão f...daidos...
... O que equivale a dizer que Lains e CC, a menos de opinarem que o primeiro nexo não se verifica e a ditadura é um resultado normal da democracia, ficam reduzidos ao argumento do nosso amigo, o Primeiro-sem-qualidades (que não será o último).
;^)
Marginalmente, e para vossa eventual diversão, informo com agrado que estas colunas de comentários do CC me permitem apontar a alguns amigos que o braço armado do socratismo (como eles gostam de classificar o vosso blogue) é de longe mais tolerante -- e inclusivé tolerante da «extrema direita» (aspas a registar e sublinhar três vezes, uma vez que referem percepções alheias) -- do que a direita badalhoca que anda para aí a dizer que é «liberal».
Eleitor enganador, diz-nos lá, para além de acreditares que existem bruxas, mas lá provas é que ainda não há, tu também és "só"... ELEITO, não és, maganão?
Orang o Tango, acreditar que a Segunda Guerra Mundial foi causada, na Europa, por um complexo de factores na linha directa da Grande Guerra, muito longe do alegado projecto de «conquista do mundo» por parte de um simples homem, não é acreditar em bruxas.
Acreditar em bruxas é, por exemplo, ignorar a comparticipação entusiástica da Polónia no desmembrar da entidade fictícia que dava pelo nome de Checoeslováquia (sim, com anexação de parte do seu territorio), ou o seu tratamento das minorias no pré-guerra, incluindo o ministrado à alemã e o despejo de judeus polacos para a Alemanha através da recusa em os aceitar de volta como era seu direito e desejo.
Acreditar em bruxas é também esquecer que foram os Aliados ocidentais que declararam a guerra à Alemanha, enquanto a URSS tentava reconquistar a Finlândia, invadia a Polónia ao lado da Alemanha e esmagava os países bálticos, entrando em Riga no mesmo dia em que os alemães entravam em Paris.
Acreditar em bruxas é olhar para o mapa actual da Europa oriental, desde o Báltico ao Mediterrâneo, desde a Chéquia e a Croácia à fronteira ocidental da Rússia, e acreditar que este mapa da Europa em maior liberdade é mais parecido com o do Churchill e do Tito, do Masaryk e do Estaline, que com o do Hitler.
E também não aprender nada sobre as atitudes injustas para com a Alemanha ao longo de toda a sinistra segunda Guerra dos Trinta Anos (1914-45), nem procurar extrapolar para os actuais PECs (Processos de Extorsão em Curso) europeus.
[Quanto a eleições viciadas: no sentido bíblico, que eu saiba, não]
Aceitar e acomodar a opinião alheia não é o mesmo que fazer vista grossa a completos disparates. E o que o PM disse foi um completo disparate que apenas pode vir de quem tem uma visão deturpada e ideológica daquilo que são os factos históricos.
Bom, mas então qual das três asserções seguintes é que o prezado anónimo das 06:30 rejeita?
1) A hiperinflação alemã foi causa da ascensão do Hitler.
2) Hitler foi causa da Segunda Guerra Mundial.
3) A hiperinflação alemã foi causa da Segunda Guerra Mundial.
Será de presumir que, aceitando 1 e 2, rejeita 3, só para agradar ao Lains e não dar ao Coelho o que ao Coelho pertence, pelo menos do ponto de vista da lógica interna?
Considerei mais acima, para ajudar a reflectir sobre as lições terríveis do século XX, infelizmente ainda por aprender, aquilo a que chamei uma segunda Guerra dos Trinta Anos, 1914-45. Datas não rigorosas, é claro. Mas em boa verdade a fixação de 1917 como início da globalização destrutiva, com a entrada em liça dos EUA e a guerra civil revolucionária na Rússia, e 1947 como início do fim (como diria o comissário Álvaro, arreganhando os dentes) do tratamento cartaginês infligido aos vencidos pelos vencedores, fica mais redonda e sugestiva. Seja então a segunda Guerra dos Trinta, 1917-47, mais ano, menos ano, mais milhão, menos milhão de vidas...
Eleitor, não seria necessário recuar tantos Séculos para afirmar essa coisa indefensável - a II Guerra Mundial não foi causada por Hitler. Bastaria tentar argumentar honestamente, respondendo a esta simples questão: se não foi causada por Hitler, foi causada por quem, ou por quê? Pelo Rei Segismundo da Polónia? Pelo Grão-Duque da Bessarábia?! Pelo Calvino?...
Mas deixe lá, por mim, está dispensado de me responder. Há discussões que, de tão bizarras, me entediam ao ponto de não conseguir sequer pensar em participar nelas...
Orang, o Tango.
«[S]e não foi causada por Hitler, foi causada por quem, ou por quê?»
Imagine o meu amigo que mais «por quê» que «por quem», apesar do belicismo à outrance de políticos como Churchill ou o coronel Beck...
«Pelo Rei Segismundo da Polónia?»: morno, morno...
«Pelo Grão-Duque da Bessarábia?!»: frio, frio...
«Pelo Calvino?...»: hmmm... menos frio, menos frio...
Mas adiante e deixemos as anedotas condensadas para o Reader's Digest.
Como escrevi acima, a Segunda Guerra Mundial foi causada, na Europa, por um complexo de factores na linha directa da Grande Guerra, muito longe do alegado projecto de «conquista do mundo» por parte de um simples homem. E até compreendo a sua relutância em examinar de perto a visão da história para bem-aventurados -- porque deles é o reino dos céus -- que lhe foi incutida como óbvia e acima de qualquer dúvida ou suspeita desde a mais tenra idade. No entanto, se a curiosidade for mais forte que o receio, posso aconselhar-lhe algumas leituras muito úteis que já indiquei aqui: leituras recomendadas. E, já agora, mais esta, padecendo de alguma nostalgia imperialista eurocêntrica, mas apesar disso objectiva e bem escrita.
Pequeno acerto: à parte de culpa do coronel Beck, não se pode chamar «um belicismo à outrance» com tanta propriedade como «uma absoluta intransigência e teimosia no que respeita à questão dos acessos a Danzig em que a razão estava em boa parte do lado da Alemanha». Foi esse o detonador imediato da curta guerra germano-polaca, e foram a França e a Inglaterra que declararam a guerra à Alemanha e não o contrário.
Nunca é a espingarda que "dispara". É sempre um dedo que prime o gatilho.
A agressão internacional é causa legal para a declaração de guerra. Sabia?
Sem dúvida uma ilustração divertida, anónimo das 01:03:
-- DEDO: o da «Mão Negra», o movimento sérvio de Dragutin Dimitrievich com o seu diminuto (mas fatídico) ponto de contacto com o gatilho na pessoa do jovem estudante Gavrilo Prinzip (nessa sua interessante visão a coisa é mandelbrotiana: também há um dedo do Gavrilo num gatilho, um cão num grão de pólvora etc.).
-- ESPINGARDA: o mecanismo das alianças e sucessivos inícios de mobilização hostil no conhecimento da mecânica das alianças e pela seguinte ordem temporal:
1) O dedo da Mão Negra dispara o tiro (5 de Julho de 1914).
2) Ultimato da Áustria-Hungria à Sérvia (23 de Julho) com um prazo de 2 dias; a declaração de guerra apenas é feita a 28 de Julho.
3) Mobilização da Áustria- Hungria na frente sérvia (25 de Julho).
4) Mobilizaçao da Rússia (30-31 de Julho).
5) Mobilização da Áustria-Hungria (31 de Julho).
6) Mobilização da Alemanha e declaração de guerra à Rússia (1 de Agosto).
7) Mobilização da França (1 de Agosto).
8) Declaração de Guerra da Alemanha à França (3 de Agosto).
9) A Alemanha invade a Bélgica com a explicação à Inglaterra de se tratar de uma necessidade frente aos planos bélicos franceses [*] (4 de Agosto).
10) Inglaterra declara guerra à Alemanha (4 de Agosto).
11) Rússia e Áustria-Hungria em estado de guerra (17 de Agosto).
12) Inglaterra declara a guerra à Àustria-Hungria (12 de Agosto).
13) Et cetera por aí fora: porrada em barda durante mais de meio-século com toda a gente a levar no toutiço até dizer «chega!», coisa que ainda ninguém disse e parece que ninguém vai dizer enquanto se pensar que são os outros que vão levar.
Divertido, mas perdoar-me-á se insistir que, apesar de tudo, não se pode culpar, digamos, o acto do estudante Prinzip pela violação da mulher do ex-chanceler Kohl, por mais verdadeiros que ambos sejam e o nexo de causalidade exista, como são e de facto existe.
O monstro é muito mais vasto e tem sono ligeiro.
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[*] A violação de neutrais é um recurso sem dúvida ilegal, mas frequente desde sempre e muito elogiado quando a vitória sorri (desde que tenha sido para proteger dos maus, o que curiosamente acontece sempre). Exemplos desse tipo de agressão, ilegal mas bonificada, durante a Segunda Guerra Mundial: Noruega pela Inglaterra (e Alemanha praticamente em simultâneo, após formação e partida do corpo expedicionário inglês), Islândia pelos Estados Unidos, Iraque e Pérsia pela Inglaterra (e URSS no segundo caso), Portugal pela Austrália (ocupação australiana de Timor-Leste anterior à ocupação japonesa, sob o protesto, impotente em ambos os casos, do governo português) etc.
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