J. Bosco |
Os estados-
O comunicado é notável em primeiro lugar por omissão. Nem uma palavra acerca daquilo que provocou a crise política e está a desesperar o povo português: o enésimo pacote de austeridade, que pretende transferir directamente dinheiro dos trabalhadores para o patronato e esbulhar os reformados.
Em segundo lugar, o comunicado é o documento mais inovador que se produziu no plano constitucional desde a Constituição da República de 1976. Agora, temos um órgão de soberania, o Governo, que passa a ser coordenado do exterior por uma tal Comissão Coordenadora da Coligação, que vai orientar a actividade dos ministros do PSD e do CDS. Poderia perguntar-se porque não é atribuída essa incumbência ao primeiro-ministro e ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros? A resposta é simples: estão zangados e, se calhar, nem se falam.
Portanto, para os devidos efeitos, ficamos a saber que o país conta com um novo órgão, uma nova espécie de PPP (parceria político-partidária) que nos vai governar na sombra.
A terceira novidade, que não é realmente novidade nenhuma, é a frontalidade, para não dizer desfaçatez, com que os negociadores tratam do que interessa. Podem não estar de acordo em coisa nenhuma, mas não se esqueceram de combinar a divisão de cargos autárquicos, perante a proximidade das eleições. Inimigos, inimigos, negócios em conjunto.
Quarto aspecto notável do comunicado é o toque de hipocrisia com que se manifesta o respeito por um povo desesperado e furioso, que saiu à rua a chamar os piores nomes ao Governo. Diz-se no comunicado que os partidos respeitam muito esse povo e as manifestações de protesto. Está à vista. Por isso mesmo, os visados se preocupam tanto com as reivindicações populares.
4 comentários :
O gajo que esta a fumar cachimbo com o pele vermelha é o Crespo, não é?
e o pele vermelha é o oitávio teixeira, pode?
Pode considerar-se isto um não-comunicado?
Não ignatz, aquele é o jerónimo, himself.;)
Enviar um comentário