- ‘Tendo pertencido a um governo presidido por António Guterres, guardo deste dirigente político gratas recordações. Guterres alia uma inteligência brilhante – que o converteu num dos melhores estudantes do Instituto Superior Técnico da sua geração – a uma sensibilidade ético-social invulgar. Foi essa sensibilidade que o levou a reconhecer sem esforço que "ainda não fomos capazes – e eu próprio porventura também o não fui – de re-situar o país por forma a podermos garantir aos nossos cidadãos melhores níveis de emprego e de bem-estar".
A confissão de Guterres refere-se a um facto óbvio: sobretudo a partir da década de oitenta, as políticas adoptadas pelos sucessivos governos privilegiaram grandes obras públicas, co-financiadas pela União Europeia, mas negligenciaram a nossa estrutura produtiva (agricultura, pescas, pecuária, indústria), que se tornou ainda mais débil por incapacidade própria e por força das políticas comunitárias. Assim, todos os restantes governantes (incluindo o Presidente da República) têm uma quota-parte de responsabilidades neste estado de coisas.
Na versão apresentada por alguns agentes políticos, há, no entanto, uma ideia sobre Guterres que não podemos deixar transitar em julgado. Trata-se daquela acusação injusta de que terá "fugido", abandonando o cargo de Primeiro-ministro. É necessário ter presente que Guterres não trocou o cargo de Primeiro-ministro por nenhum outro (e podia tê-lo feito antes) e só pediu a demissão por ter concluído que não reunia condições para continuar a governar depois de uma pesada derrota autárquica e numa situação em que não dispunha de maioria absoluta.’
4 comentários :
Essa declaração de António Guterres, no próprio dia que ele as proferiu foram tratadas, na abertura de um noticiario da Antena 1, por uma parva de uma jornalista chamada São José da seguinta forma:"António Guterres bateu com a mão no peito..."
E, hoje, na AR a nova estrela parlamentar laranja Luis Meneses dirigindo-se a bancada do PS perguntava quando é que o partido fazia como Guterres assumindo "mea culpa".
Uma e outro,para ser benevolo,não entenderam nada do que Gueterres quis dizer.
Lamento que a posição de Guterres, não tenha motivado ao "cara de Pau" fazer a auto-crítica...
Ele permitiu a formação do maior "GHANG" jamais constituido em Portugal....O "CAVAQUISMO" Estou a ser meigo, ao referir "PERMITIU"....Foi a "ÉPOCA"
maios negra da democracia Portuguesa!!!!venderam a nossa industria, pescas e agricultura. Utilizaram os Fundos Europeus em "torneira aberta" para os amigos.... até Formaram o Banco do
Partido, que deu no que deu....E ainda possuem "topete" de fazer arruaça.... Começo a têr dúvidas, se chegam a Abril. Já não disfarçam as guerrilhas, que não permitem governar. Hoje, é evidente, só tapam as fendas..Boa viagem, desta vez não há Nogueiras e Pcp/BE que vos salve....
É bom lembrar, já agora, que também Socrates não saiu de primeiro ministro para um cargo nas PPPs ou nas corporações que supostamente sustentava...nem Socrates nem nenhum dos seus ministros.
Mas isso não convém a ninguém saber, nem falar...
É lamentável falar sobre António Guterres.
O único 1º-Ministro deste País, até hoje, que "não tinha maioria absoluta"... NEM DEIXAVA DE TER!
De facto, o PS detinha METADE dos Deputados da A. R., o que lhe dava uma absoluta legitimidade para levar a Legislatura até ao fim, mas Guterres decidiu claudicar e marcou o fim da esperança neste País: Portugal nunca mais foi o mesmo desde que o PSD e o CDS voltaram a pôr as unhas no Poder e as patas no "pote"!
A verdade é que Guterres foi fraco e mole, quando os tempos exigiam coragem e força. A inteligência não é tudo. Pode até não valer um corno! Veja-se, por exemplo, o relapso Gaspar...
Em Política, a inteligência tem de andar sempre aliada à honradez, à força e à coragem, senão de pouco ou nada vale.
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