domingo, janeiro 13, 2013

O Caldas na hora da verdade


Estão recordados da carta de Paulo Portas a informar os militantes do CDS-PP de que “o nível de impostos [em Portugal] já atingiu o limite”? A resposta de Vítor Gaspar a Portas demorou algum tempo a chegar, mas chegou: o OE-2013 vai conter um “enorme aumento de impostos”. O CDS-PP esbracejou, assegurou que haveria alterações substanciais do Orçamento na discussão parlamentar na especialidade e foi desaparecendo de cena quando Gaspar ignorou as “exigências” do Caldas.

Portas, dizia ele, tinha outra mezinha: a redução da despesa do Estado. E foi por isso que, quando Marques Mendes anunciou o corte de 4 mil milhões de euros, o CDS-PP reuniu apressadamente o conselho nacional para embarcar neste comboio:
    «Na sua intervenção inicial perante o Conselho Nacional do CDS-PP, que está a decorrer em Lisboa, Paulo Portas anunciou a convocação da comissão política e deixou um repto ao partido para que prepare propostas para o corte de quatro mil milhões de euros, contaram fontes do CDS-PP.

    O corte de quatro mil milhões de euros é encarado pelo líder do CDS-PP, que é ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, como "um corte de despesa estrutural" e não uma "refundação do Estado" ou uma "refundação do Estado social".

    Portas deixou algumas ideias para esse corte, como uma maior contratualização entre o Estado e o setor social e as Misericórdias, mudanças no setor empresarial do Estado (com um peso grande nas empresas de transportes).

    O presidente do CDS-PP afirmou também aos conselheiros nacionais que é preciso fazer uma "averiguação" de quem possa estar a "acumular prestações sociais", nomeadamente prestações que advêm da níveis diferentes da administração, como o local, regional ou central.»

Deverá ter sido por este empenho no corte dos 4 mil milhões de euros que os membros do CDS-PP no Governo não regatearam esforços no apoio ao FMI, como o próprio FMI reconhece no relatório apresentado, em particular Miguel Morais Leitão, secretário de Estado de Paulo Portas. Acontece que, perante o clamor que se seguiu à divulgação do relatório do Governo/FMI, Paulo Portas voltou a ziguezaguear: este tem “coisas boas que devem ser trabalhadas, coisas discutíveis que devem ser debatidas e coisas inaceitáveis que não devem ser consideradas”.

Para quem entenda como Paulo Portas que não há alternativas à política de “ir além da troika”, como pode o CDS-PP estar contra o “enorme aumento de impostos” e, simultaneamente, contra a destruição do Estado Social preconizada no relatório do Governo/FMI? Está a aproximar-se a hora da verdade lá para os lados do Largo Caldas.

3 comentários :

james disse...

Este pantomineiro vai roer a corda em breve, parece-me.

Anónimo disse...

O "partido do contribuinte"...

(risada prolongada)

...só serve para fazer número na coligação.

Paulo Portas homem inteligente e perspicaz, foi vítima do seu próprio ego.

Agora, é manipulado e enxovalhado por indíviduos que nem aos calcanhares lhe chegam.

É a vida, como dizia o outro.

Anónimo disse...

Acho que Portas é muito falado por aqui e considerado possuir uma inteligência excepcional.
Pois desenganem-se, o tipo quer é estar em palco. Se lhe tirassem aquelas viagens e aqueles encontros com os VIPs deste mundo, era o seu maior desgosto e a esperança devoltar ao poder ficaria seriamente prejudicada, se não arruinada. Ele não quer saber do país nem nunca quis, quer é manter-se em cena. Apesar do partido dele não me dizer nada, penso que o antigo lider Manuel Monteiro é de longe mais honesto e melhor político. Portas é apenas um grande oportunista.