terça-feira, janeiro 08, 2013

O que estamos nós a fazer aqui?

• João Pinto e Castro, O que estamos nós a fazer aqui?:
    ‘O que tem este novo Sacro Império Germânico que ver com a União Europeia que nos empenhámos em construir nas últimas décadas? Nada, como é evidente. Porque haveremos então de continuar a fingir que a União Europeia continua a existir? Os britânicos serão provavelmente os primeiros a decidir que não estão dispostos a ser comandados pela Alemanha, mas é possível que, a prazo, se lhe sigam a Itália, a Espanha e, por último, a própria França. Com a Alemanha ficarão decerto a Áustria (consumando por fim o adiado Anschluss) e a Holanda (uma gigantesca plataforma logística da Renânia-Vestefália). Quanto à Polónia, com uma longa experiência do que a casa gasta, não tardará a pôr-se a milhas.

    Por cá reina a ilusória esperança de que, no intuito de salvar o euro, o bom senso acabará por ditar o aprofundamento da união, e que isso inevitavelmente implicará uma espécie de federação democrática. No horizonte dessa esperança encontram-se a união bancária, a união fiscal e a mutualização parcial das dívidas (vulgo eurobonds). No fim desse radioso caminho esperar-nos-ia, finalmente, a desejada união política. Valeria, assim, a pena sujeitarmo-nos a todas as sevícias concebidas pela troika. Sucede, porém, que, quando apreciou o Tratado de Lisboa, o Tribunal Constitucional Alemão recusou liminarmente a perspectiva da diluição da soberania germânica num futuro estado federal europeu. Nessas circunstâncias, o federalismo de que tanto se fala poderá ser burocrático e financeiro; mas jamais político, menos ainda democrático. Não haverá nele lugar para a consideração dos interesses particulares de povos como nós.

    De 1910 até quase ao fim do século XX, Portugal cresceu quase sempre mais do que a Europa e, em particular, do que a Espanha. Dir-se-ia que, apesar de consideráveis erros cometidos ao longo de três regimes políticos diversíssimos, soubemos governar-nos. Foi então que optámos por subcontratar partes cada vez maiores da nossa política económica à União Europeia – processo coroado com a adesão ao euro – e o resultado está à vista.

    Por muito nefasta que nos seja esta circunstância, não está evidentemente nas nossas mãos tomar agora a iniciativa de sair do euro. Mas um mínimo de lucidez recomenda que nos questionemos sobre o que estamos nós aqui a fazer – e que comecemos a ponderar, à luz dos nossos interesses geoestratégicos, que alianças alternativas deveremos buscar caso se confirme o presente rumo de desagregação da União Europeia.’

5 comentários :

Casimiro Baltazar da Conceição disse...



João Pinto e Castro, lamentávelmente, parece começar a ficar bastante desnorteado (talvez com o exemplo nefasto do contexto mediático em que vivemos...).


Este Artigo é uma aldrabice pegada, que não resiste a uma análise trivial. No meio de evidências incontestáveis (Portugal cresceu em média mais do que a Europa e do que a Espanha desde 1910 até 2000), enfia conclusões erróneas de palmatória.


Exemplos: aplica o "soubémos governar-nos" a todo este per+iodo histórico, olvidando que o crescimento do Estado Novo se ficou sobretudo a dever, nos anos 40, à 2ª Guerra Mundial e, nos anos 60, ao crescimento da economia "angolana", cujo PIB fazia então parte do português. Isso é que era "sabermos governar-nos"? Compreendi-te.


Mas para o fim ainda borra mais a pintura, quando trata o tempo como um esfregão de arame: afirma ele que Portugal optou "por subcontratar partes (...) da nossa política económica à União Europeia - processo coroado com a adesão ao euro" (referindo-se portanto à nossa entrada na CEE), supostamente após o tal crescimento do heróico "soubemos governar-nos", quando grande parte - talvez mesmo a mais substancial! - desse crescimento se deu, precisamente, a partir do momento em que aderimos à CEE, não antes!


Por isso, sem prejuízo de todo o seu último (e consensual) parágrafo, nunca devemos esquecer que tudo aquilo que temos hoje de bom o devemos, quase exclusivamente, à União Europeia - pelo menos tal como ela era a 12 e sobretudo a 15. Não decerto ao Ultramar (e onde é que já vão o ouro do Brasil e as "especiarias" da Índia...).

Anónimo disse...

@Casimiro: A tua argumentação é de facto, como tu próprio dizes, uma "análise trivial".
Dizes "compreendi-te" mas depois só provas que não compreendeste nada.

Casimiro Baltazar da Conceição disse...



Já tu nem compreendes o que diz o Pinto e Castro, nem o que eu escrevi. Porventura pouco entenderás até do que tentaste "argumentar". Enfim, rapaz, estás muito abaixo do trivial, do básico e do elementar...

Alberto Caseiro disse...



Anónimo, a "análise trivial" do Casimiro é dedicada a mentes como a tua. Mas, infelizmente, parece que nem assim...

Júlio de Matos disse...



Pois se até uma análise trivial, que despenteia completamente o Artigo do senhor doutor Pinto e Castro, o anónimo não consegue contestar, imagine-se uma coisa mais elaborada...