terça-feira, abril 16, 2013

Reparações de guerra: a Grécia e Portugal


Depois de ter mandado investigar, o Ministério das Finanças grego apurou que a Alemanha deve mais de 162 mil milhões de euros à Grécia pelas indemnizações compensatórias que não foram pagas ao país após três anos de ocupação nazi durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar de o governo grego considerar que o assunto é sensível, especialmente pelo atraso das transferências da troika para o país, Christos Staikouras, ministro da Finanças adjunto, afirma que o assunto está em “aberto”.

Soube-se, entretanto, que a Alemanha deve 2,3 mil milhões de euros a Portugal por indemnizações da I Guerra. Acham que o ministro das Finanças da troika também vai averiguar o montante em dívida, como fez a Grécia, e reclamar o seu pagamento?

15 comentários :

Rosa disse...

Muito curioso, mesmo...

Gungunhana Meirelles disse...

Como os Aliados devem rios de dinheiro à Alemanha, já não digo de indemnizações pela onda de violações, desportações e assassinatos em massa da paz cartaginesa de 1945, mas pelo roubo maciço, trabalho escravo no estrangeiro e desertifição industrial do Plano Morgenthau posto em prática entre 1945 e 1948, a que nem as patentes industriais e científicas escaparam, o melhor talvez seja passar a dívida aos nossos amigos anglo-americanos, franceses e russos.

Bom, e já agora porque não inaugurar também algumas indemnizações portuguesas a Angola e aos países da Costa da Mina, pelos recursos naturais que nessas latitudes tropicais costumávamos pescar desde os tempos do Infante D. Anrique?

Anónimo disse...

Mas os Angolanos e os Costa Marfinenses fazem parte da Troika? Essa é "breaking news"!

Zé Mário Bronco disse...

De que falas Gunhana? Bateste com a cabeça na mesinha da cabeceira? Já não te via por aqui há algum tempo é sempre bom ver que continuas o mesmo camelo de sempre. Haja Saúde!

Gungunhana Meirelles disse...

Anónimo: se de reparações falamos, «fazer parte da Troika» não deve ser o critério.

Como ja alguém disse, é converter aquelas plaquinhas de contabilidade em escritas cuneiformes para Excel e há-de aparecer qualquer coisinha para alguém ir buscar. Que fazer quanto às reparações do (e ao) império romano fica como exercício.

Anónimo disse...

oh gungunhana, então a alemanha não tem nenhuma consequência se não honrar os seus compromissos?
porque essas reparações de guerra foram um compromisso assumido, ou não?

Gungunhana Meirelles disse...

Anónimo, o mais complicado para os principiantes é desmontar o bê-á-bá da semântica pós-guerreira, continuação da outra pelos mesmos meios. A explicação curta, quiçá susceptível de aliviar um pouco a pressão do «bourrage de crâne», pode ser assim enunciada: na vida real, como nas distopias ficcionais, é preciso procurar para encontrar a história desaparecida.

Para ganhar tempo, comece hoje mesmo, mas não conte comigo para tudo.

Anónimo disse...

estou a ver, gungu, estou a ver.
mas olha, eu ja sabia que nao podia contar contigo para responder a perguntas dificeis.
já para cagares sentenças sobre as dividas de portugal sem mencionares ou levares em consideração o bê-á-bá da semântica pós-guerreira um gajo sabe que pode contar contigo. infelizmente.

Anónimo disse...

Reparações da(s) guerra(s) em 2013? São estes pequenos nadas que mostram a diferença entre gente honesta e caloteiros sem princípios nem vergonha na cara.

Como se a dívida portuguesa fosse, já nem digo produto de um Diktat criminoso imposto pela força das armas, mas simplesmente culpa da Alemanha, e não de Portugal e do universo de credores que a compraram...

Parece que o novo crime dos alemães é o de não se reponsabilizarem por todas as inépcias de todos os caloteiros com saudades dos bons velhos tempos da sangueira europeia. O melhor é apresarmos outra vez os barcos alemães na barra do Tejo para, com sorte, criarmos outro casus belli, já que as alegações imbecis e insultuosas só por si não chegam...

Anónimo disse...

a pergunta que fica no ar é: mas então reparações das guerras assumidas no fim do conflito, são quando? em 2013 já se viu que não porque pelos vistos dá azar...
e já agora, extrapolando, reparações das dívidas do estados, quando? poder-se-à comparar a responsabilidade dos Estados pela crise financeira internacional com a responsabilidade dos mesmos Estados por guerras que eles mesmo iniciaram?
é que, segundo consta, se esperarmos mais uns anos parece que já ninguém pode reclamar o que lhe devem...
e outra dúvida que me assola, a nossa dívida é para com a Alemanha? ou isso é só "queijo na ratoeira"?

Levi van der Espinoso disse...

Mais tarde ou mais cedo o boche há-de aprender. Nós é que não, e assim é que é bom. Viva Portugal!

Gungunhana Meirelles disse...

Anónimo das 04:54:00, não tinha percebido que estava de boa fé, de modo que adio os meus afazeres por 10 minutos, mas mais não posso. Terá de procurar por si próprio.

«responsabilidade dos mesmos Estados por guerras que eles mesmo iniciaram»

Foi a Alemanha que declarou a guerra a Portugal em 1916, mas foi Portugal -- até então país neutral ansioso por participar na guerra contra o desejo até do seu aliado inglês -- que provocou essa declaração através do apresamento dos barcos alemães ancorados em Lisboa. A partir daí, a participação militar de Portugal foi uma vergonha nacional, tanto na Flandres como em Moçambique, e a sua cumplicidade, como convidado menor na extorsão de Versalhes imposta a uma Alemanha sujeita, depois do armistício, a um dos bloqueios navais mais mortíferos da história, uma vergonha ainda maior.

«e outra dúvida que me assola, a nossa dívida é para com a Alemanha? ou isso é só "queijo na ratoeira"?»

É queijo rançoso. A dívida que nos assola é para com todos os que compraram as obrigações do estado português e esperam os pagamentos que lhes são devidos. E os esforços dos militantes belicistas que ainda não se despediram da calamidade europeia de 1914-1945 -- que o futuro poderá talvez conhecer, pela semelhança geográfica das devastações, como a Segunda Guerra dos Trinta Anos -- consistem em tentar pôr, mais uma vez, a Alemanha a pagar.

Nikos "Dachaulidis" Zachariadis disse...

Olá portugueses! Ora vejam só esta nota picaresca sobre transferências internacionais: When the Third Reich came to the aid of Greece...

Nikos

Anónimo disse...

eh pah, que grande influencia que teve o apresamento de barcos alemães em 1916 numa guerra dita mundial que começou em 1914... realmente é preciso procurar a historia.
mas convinha que fosse a historia correcta. ora quando me referia a guerras que esses paises inciaram referia-me á segunda grande guerra e à actuação da alemanha, que como toda a gente sabe invadiu a Polónia porque... bem, para simplificar podemos quase dizer que foi porque lhes apeteceu.
neste caso o gungunhana ja concorda com as reparações à grécia?
quanto á primeira grande guerra e ás reparações a portugal receio que mesmo que fossem pagas pouco ajudassem a resolver o nosso problema, sendo essa portanto uma discussão marginal que apenas ajuda a desviar as atenções do ponto do post, a saber: que o governo de portugal não está a tentar ajudar o País a sair da situação desesperada em que ele se encontra mas sim a ajudar os credores a receberem a totalidade do dinheiro que investiram em Portugal, "custe o que custar". e isto talvez porque, tal como o gungunhana, achem que a crise financeira mundial e a consequente crise das dividas soberanas foram uma espécie de "vergonha nacional".
quanto a segunda parte da sua pseudo-resposta, digo apenas que aqui ninguém quer pôr a alemanha a pagar nada, quer-se apenas evitar que a alemanha esteja a lucrar muito com as desgraças alheias, que por acaso até são as nossas.
o gungunhana schmit meirelles é que acha que mal, acha que não devemos lembrar á alemanha os perdões de divida a que eles ja tiveram direito, nem devemos exigir tratamento semelhante. acha que devemos pagar e calar. melhor, pagar, sofrer e calar.

Gungunhana Meirelles disse...

«eh pah, que grande influencia que teve o apresamento de barcos alemães em 1916 numa guerra dita mundial que começou em 1914...»

Eh pá, que grande influência que teve a entrada em guerra de Portugal no facto de Portugal ter entrado em guerra. Eh pá, que grande influência que tem a paciência no meu tempo disponível. Boa sorte nas suas pesquisas, foi um prazer.