quarta-feira, novembro 13, 2013

Os negócios que esta gente descobre


Não foi apenas o país que ficou boquiaberto com o borrão da refundação do Estado. O próprio governo parece ter ficado estupefacto com a obra-prima do Dr. Portas. Na ausência de coordenação da actividade governamental, os ministérios colocaram o borrão no franjinhas e cada um continuou a tratar da sua vidinha.

É o caso do ministro Maduro, que está a fazer a sua própria refundação do Estado, como quem diz: — Este não é o meu borrão. Através do Público, foi dado a conhecer um esboço vago de um projecto de criação de lojas do cidadão nas estações dos CTT (em fase de privatização), matéria que não constou do malogrado borrão do Dr. Portas.

O anterior governo estava a preparar, no âmbito do Simplex, a criação de lojas do cidadão (de segunda geração) nos municípios e nas freguesias, aproveitando as suas instalações para cobrir o território nacional. O ministro Maduro quer privilegiar outro caminho: estando prevista a privatização dos CTT, dispõe-se a privatizar tarefas que o Estado executou desde sempre em exclusivo.

É o que resulta de um comunicado do ministro Maduro de Outubro passado, no qual se anuncia que as estações do CTT (em fase de privatização) concentrarão “numa mesma plataforma electrónica os diversos backoffices do Estado”, sublinhando-se que “é nestes espaços que se pode obter a grande maioria dos documentos oficiais”.

Para este ajudante do ministro Maduro, o propósito de entregar a uma empresa privada tarefas do Estado não lhe tira o sono: “Para nós [sic], não nos faz confusão porque a empresa é concessionada [ou concessionária, Jaquim?] de serviço público”.

Uma coisa é certa: quando se pensa que já não há mais nichos de mercado a conquistar, esta gente vai ao Estado e arranca mais um pedaço. E põe o Estado a pagar: para já, o projecto começa em 22 balcões dos CTT, onde serão gastos dez milhões de euros.

2 comentários :

Anónimo disse...

Vão privatizar os CTT, já ouvi dizer que o Portas queria dar as escolas aos professores (dar é como quem diz) eu cá por mim se pusserem a concurso ainda me vou candidatar a uma repartição de finanças. E acreditem que vou baixar o IVA, o IRS, o IMI e todos os impostos.

Anónimo disse...

"[ou concessionária, Jaquim?] "

é a mesma coisa. se é concessionária alguém a concessionou, logo é concessionada por alguém.

O erro não está aí. O erro está em alguém considerar que o facto de esta empresa prestar serviço público se dever a uma espécie de cocnessão quando a prestação de serviço público faz parte das suas mais evidentes e básicas missões.

De quaqlquer modo sabe-se que foi o PS com Sócrates que pôs os CTT nas empresas a privatizar. Que diz agora o PS?