quinta-feira, janeiro 30, 2014

Saída em falso

• Fernando Medina, Saída em falso:
    ‘Debater o interesse nacional nestes termos é, pois, um absurdo. Convém, desde logo, constatar uma realidade aritmética com taxas de crescimento e de inflação previsivelmente baixas, a única forma de assegurar a estabilização da dívida pública nas actuais condições de mercado é com saldos orçamentais primários elevados (para os que defendem a inevitabilidade de um caminho de redução rápida da dívida, numa leitura muito própria do tratado orçamental, a exigência de superavit é muito maior).

    Se a União Europeia funcionasse de forma regular, e se o nosso sistema político tivesse outra capacidade de compromisso, o debate seria outro: queremos um "pós-troika" assente em financiamentos com as actuais taxas de mercado, o que implica insistir na ideia de que seremos capazes de gerar um excedente orçamental elevado? Ou queremos antes defender na Europa a construção de uma solução mais realista, que reduza os encargos da dívida para patamares compatíveis com os previsíveis níveis de crescimento e correspondente trajectória orçamental? Percebe-se bem que um debate nestes termos não interesse ao Governo: a "saída da troika", num quadro de degradação menos visível dos indicadores económicos, parece-lhe mais do que suficiente para cantar vitória. Ao mesmo tempo, para os sectores mais informados da direita, esta solução tem a vantagem de deixar o país ainda mais amarrado à estratégia de austeridade que têm defendido: a austeridade continuará a ser necessária, agora já não para "tirar a troika" mas para "a troika não regressar".

    Mas todos aqueles que não acreditam na viabilidade deste caminho ganhariam em substituir o debate acerca das formas de saída da troika pelo debate das escolhas substantivas. São essas as escolhas que interessam e que podem levar o país a ganhar alguma coisa.’

4 comentários :

Ant.º das Neves Castanho disse...



Concluindo: três anos passados sobre o chumbo do PEC 4, a Esquerda continua sem saber o que fazer sem o Sócrates, as Finanças Públicas continuam exatamente NA MESMA e o Povo e a Economia do País a caminho da ruína total!

Numa perspetiva de curto/médio prazo, parece pois que o derrube do Sócrates foi um ótimo negócio para a Direita portuguesa...

Pelos vistos, vamos ter de esperar pela análise de longo prazo, para fazermos o juízo final.

lidiasantos almeida sousa disse...

Fiz um comentário no artigo do Fernando Medina. Veremos se o Jornal de Negócios publica

lidiasantos almeida sousa disse...

O meu comentário já lá está se quiserem podem transcrever aí. O Medina é grande, pena não ser um tribuno, falta-lhe VOZ, posição Corporal e trabalho fisionómico,
De qualquer maneira é muito melhor que o Seguro. Se o Passos é uma ALFORRECA o Seguro é uma esponja.
Lamento mas para mim um traidor é sempre um traidor, como disse Julius César ao subir a escadaria do Senado,e foi brutalmente apunhalado pelas costas. Ainda teve tempo de se virar e dizer: Até tu Brutus?

james disse...

Lol.