sábado, março 01, 2014

Sobre os pedidos de fiscalização preventiva
apresentados fora de prazo

Em vésperas de tomar uma decisão sobre o envio para apreciação pelo Tribunal Constitucionalda Lei do Orçamento do Estado para 2013, Cavaco Silva afirmou: “Tomarei a decisão tendo em conta os pareceres jurídicos aprofundados que mandei fazer e tendo em conta a minha avaliação do superior interesse nacional”.

Sabe-se o que aconteceu depois: o Presidente fez apenas um pedido de fiscalização sucessiva, com uma posição híbrida sobre os cortes dos subsídios e uma postura menos branda relativamente à contribuição extraordinária de solidariedade (CES).

Agora, na tournée pelo Novo Mundo, Cavaco Silva voltou a fazer a mesma cena, muito embora já tenha prescindido de suscitar a fiscalização preventiva da CES [vídeo]: “Os portugueses sabem bem que, como Presidente da República, sigo sempre o mesmo critério: estudo em profundidade os diplomas, peço pareceres jurídicos e decido sem ter em mínima conta pressões vindas da esquerda, da direita ou do centro. É assim que eu decido em relação a essas matérias e assim continuarei a decidir no futuro. Para mim contam muito os pareceres jurídicos que eu recebo em relação aos diplomas e também ao estudo que deles eu faço.

De uma coisa estamos todos certos: os jurisconsultos de Belém ainda não tiveram oportunidade de explicar ao Presidente que “[[e]ventuais dúvidas de inconstitucionalidade, se existem, esclarecem-se em fiscalização preventiva, antes de haver lei. Já em fiscalização sucessiva, o Tribunal só pode ser chamado a declarar a inconstitucionalidade e só a pedido de um número limitado de entidades. Por isso, na realidade, o requerimento do Presidente da República é, afinal, um requerimento serôdio de fiscalização preventiva, todavia com os inconvenientes, graves, de ser apresentado fora do tempo e já com o Orçamento em execução...

Ou dito de outro modo: “A possibilidade de o Presidente promulgar o Orçamento do Estado para pedir depois a sua fiscalização sucessiva é uma espécie de fraude à lei, porque perverte a razão de ser dos poderes presidenciais. Se o Presidente promulga, os portugueses têm de confiar no significado constitucional desse juízo, não devendo pensar que ele agiu com reserva mental.

O emaranhado de contradições em que Cavaco Silva se envolveu para dar cobertura ao Governo está a transformá-lo num farrapo político. Nem os estarolas lhe agradecerão.

5 comentários :

João Santos disse...

Cavaco a mostrar a Califórnia à Dª Maria.
Porque não foi à Europa onde estão tantos portugueses obrigados a emigrar?
Está muito frio para Dª Maria. Os impostos dos portugueses servem para tudo!

arebelo disse...

Tal como já alguém escreveu,"nem o Sá Carneiro quereria tanto,uma maioria,um (des)governo e um Cavaco"!

ignatz disse...

cadê os pareceres, alguém viu? devem tar a embrulhar os mirós.

Evaristo Ferreira disse...

Cavaco Silva tudo faz e fez para servir a rapaziada que precisava de governar com a Troika. Todos juntos apelaram à mobilização das agências de "rating", ao FMI e aos amigos do Financial Times e do Economist para fazerem a vida cara a José Sócrates.
Empandeiraram este país.

Não nos resta esperar que morra disse...



Este anibal Cavaco Silva já era um farrapo político em 1995, quando saíu de cena envolto num nebuloso tabu, e mais escavacado ficou em 1996, quando foi derrotado eleitoralmente por Jorge Sampaio nas Presidenciais.

Agora, para além de um farrapo político, é um PALHAÇO moral (e continua a ser um COBARDE físico).

E nós NÃO vamos ajudá-lo a acabar a sua vidinha "apolítica" com um mínimo de dignidade! Ele que não tenha QUAISQUER ilusões.