sábado, janeiro 31, 2015

Costa diz que "mexilhão" é que suportou sacrifícios da crise
(e o INE confirma)


    "A tese que o Governo quis apresentar que neste programa de ajustamento tinha havido justiça social - que aqueles que mais tinham, tinham suportado mais, e aqueles que menos tinham, tinham suportado menos - é uma ideia que é falsa", defendeu António Costa.

    Pelo contrário, sublinhou o líder socialista, "o programa de ajustamento traduziu-se num drama social não só na emigração, no desemprego, mas num aumento significativo da pobreza e das desigualdades".

    "Quase 20% da população portuguesa está em risco de pobreza. Só nos anos de 2012 e 2013 tivemos um aumento de 400 mil pessoas. Tínhamos que regressar a 2003, tínhamos que regressar aos governos de Durão Barroso, para encontrarmos o nível de pobreza que Portugal agora atingiu sob a condução deste Governo", afirmou.

    Costa sublinhou que o risco de pobreza aumentou sobretudo entre os jovens e as crianças, considerando que isso "significa o risco de reproduzir uma nova geração de pobreza e significa cortar à partida a oportunidade que todos têm que ter de realizar plenamente o seu potencial".

    "Estes dados sobre a pobreza revelam bem que o discurso que o Governo procurou fazer de que desta vez não tinha sido o 'mexilhão' a suportar os encargos e sacríficos desta crise é uma tese falsa. Ao contrário do que disse o Governo, têm sido aqueles que menos rendimentos têm que mais têm suportado a política de ajustamento", afirmou.

    O secretário-geral socialista frisou que "ao aumento da pobreza, o Governo conseguiu acompanhar com a asfixia fiscal da classe média", o que é refletido nos dados que revelam que "mais 10% da população empregada está também em risco de pobreza".

    António Costa quis também focar-se na quantificação do aumento das desigualdades fornecida pelo INE: "Aumentaram seis vezes quando se compara entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos, e quando comparamos entre os 10% mais pobres e os 10% mais ricos, a diferença é de 11 vezes favorável aqueles que têm rendimentos mais elevados", disse.

    O líder socialista referiu-se também ao Inquérito à Conjuntura, igualmente revelado pelo INE na sexta-feira, argumentando que contraria a ideia que o Governo quis apresentar de que o programa de ajustamento iria conduzir ao reforço da confiança dos empresários do investimento, "sobretudo, do bom investimento, da indústria para exportação".

    "Aquilo que o inquérito veio dizer é que as perspetivas para 2015 são de redução do investimento", afirmou, sublinhando que a retração será sobretudo na indústria transformadora.

    Costa frisou que os dados mostram que "a grande alteração" do modelo económico "assente na exportação e industrialização" não se se está a verificar.

2 comentários :

Anónimo disse...

Tudo o que diz António Costa é absolutamente verdade... só não diz que as raízes desta situação foram iniciadas pelo PS. Quem começou a fechar urgências em hospitais? Quem começou a alterar as leis laborais? Quem começou a fechar maternidades? Quem está a fazer restrições a circulação de veículos mais antigos (leia-se quem não tem poder de compra para veículos mais modernos) em Lisboa? Quem impediu a regionalização) etc, etc? Este actual governo não interessa, mas é uma extensão do anterior do PS o qual deu inicio o ataque a quem trabalha. Façam um embrulho do PS, PSD e CDS e deitem-nos ao mar.
Martins

linguado disse...

Desculpe o mau jeito Sr. Martins. Como em tudo na vida, o mais importante não é como começa o "ataque", mas como se desenvolve e acaba.Amaro.