quinta-feira, março 05, 2015

Sócrates dá um safanão a Passos Coelho

Como salienta Eduardo Ferro Rodrigues, José Sócrates «ficou indignado com o facto de o primeiro-ministro ter violado um direito constitucional que tem, que é o da presunção de inocência». Assim sendo, através de uma carta publicada hoje pelo Diário de Notícias, José Sócrates não deixou Passos Coelho sem resposta, acusando-o de lhe fazer «um cobarde ataque pessoal» que revela «o seu carácter e o quanto está próximo da miséria moral». Diz mais: «Afirmei desde o início que este processo tem contornos políticos e o uso deste processo por parte do senhor Primeiro Ministro é a prova que eu tinha razão A perseguição política e a tentativa de condicionamento do resultado das próximas eleições ficou agora clara aos olhos dos portugueses

Eis a carta de José Sócrates, na qual reafirma «mais uma vez que não enriqueci nem beneficiei ninguém enquanto exerci o cargo de Primeiro-Ministro»:

11 comentários :

RFC disse...

Bem escrito, muito bem escrito. Num período em que Pedro Passos Coelho se enleia em tangas sobre a sua vida nebulosa sobre as dívidas à Segurança Social e ao fisco, assinale-se que, perante um ataque soez de Pedro Passos Coelho, o seu antecessor José Sócrates lhe responde numa curta declaração sobre as relações de respeito institucional que devem ser preservadas entre os pares de cargos públicos. É da ética republicana que se fala e esta, como se costuma dizer, ou se tem não se tem.

Uma nota, final. Esta carta é muito melhor que os artigos na TSF (chamemos-lhe a partir da versão original), o artigo do P. online e a notícia miserável que o Expresso escreveu durante a madrugada. As versões estão todas online e, quando eu disse algures que o PSD/CDS tem uma *célula* pronta a entrar em acção no grupo Impresa, este exemplo é perfeitamente claro sobre a justeza do meu apodo: uns dinamitistas, como se dizia na década de 1920.

Rosa disse...



Claro, direto, conciso e inteligente, José Sócrates!
E acima de tudo, digno!

Anónimo disse...

Mesmo numa prisão, sempre com classe. E com altura. No fundo, foi sempre isto que os badamecos do PSD / CDS nunca lhe perdoaram.E não descansaram enquanto não levaram a perseguição ao seu limite. Que pena ter passado de moda a receita do Eça, as "bengaladas dum homem de bem". É do que estes gandulos andam a precisar.

A.R. disse...

Moral e intelectualmente não há comparação possível.

arebelo disse...

Há tempos a "patroa"do bordel que sustenta a tvi com audiências rascas,a uma pergunta sobre a imoralidade do produto ordinário que produz,respondeu que a moral nunca deu dinheiro a ganhar a ninguém.O que transposto para a esfera da política suja da direita,significa que não é com práticas democráticas no respeito pelo valores que enformam o estado do Estado de Direito que se ganham votos!Como está abundantemente demonstrado!

Anónimo disse...

Mesmo que sejam opositores a José Sócrates, reconheçam o óbvio:ele é, neste momento, uma das raras figuras públicas que mantém acesa a luz da ética política, luz sem a qual qualquer país entra inevitavelmente em agonia coletiva.

RFC disse...

Adenda (porque lhe assenta como uma luva o que se disse sobre a *célula* PSD/CDS da Impresa).

Poder-se-ia esperar que Henrique Monteiro fizesse um artigo à altura de um título com óbvias conotações agambenianas, moderno, pelo menos eu convenci-me disso quando o li na front page do Expresso. O próprio, disse-o em tempos, apaixonara-se pela filosofia moral e convencera-se que o que dizia tinha uns laivos de Kant (há um post no CC, engraçadíssimo, que dá as etapas da dissecação de uma rã a propósito da carta que o mesmo José Sócrates escreveu ao seu Comendador Marques da Correia, lembram-se?). Pois comecei a ler e travei logo a fundo: qual Agamben, pá? E depois meti-me nos neurónios alheios em que o Monteiro dizia ao Henrique que o melhor era não se meter a cavalgar essas ondas modernas e a ficar-se por aquilo que sabe mesmo fazer, uma moralidade tortuosa que se vende por kantiana e por umas blagues popularuchas com o peso dos cabazes na feira da Malveira. E aí está, conseguiu-o + uma vez sem esforço.

«É estranho que tanta gente entenda que não se pode falar sobre o caso Sócrates, porque de nada ele está acusado, para logo a seguir falar das contas da Segurança Social de Passos, que não está acusado de nada. Dirão que é a política, mas como já aqui escrevi é a política baixa e rasteira. Não passa disso. Lembra o provérbio diz o roto ao nu, embora neste caso seja Sócrates o mais exposto dos dois.»

Henrique Monteiro no Expresso, ao fim da tarde.

RFC disse...

Adenda da Adenda, que escapou o título da prosa de Henrique Monteiro:.

«Sócrates e Passos: a fala do homem nu», wow!!

Anónimo disse...

O imbecil do Henrique Monteiro nem percebe que a diferença é que Socrates se afirma e continua a afirmar inocente das acusações que lhe fazem. Já Passos não só admitiu tudo como ainda avisou que vem por aí mais.
Portanto o Monteiro que vá aprender a distinguir ou se vá encher de moscas. Idiotazinho de merda.

Anónimo disse...

Quando Jose Sócrates se deixa movimentar pela raiva, pelo ódio (a que tem direito) ...fica a perder.

Eu disse...



henrique monteiro ? quem é ??