• Francisco Proença de Carvalho, Fora de controlo:
- «(…) Portugal torna-se a cada dia um país mais perigoso, não porque tenha muitos criminosos, mas porque tem um Estado com armas poderosas que não sabe utilizar devidamente. Multiplicam-se os exemplos. Para combater um problema de receita fiscal, os sucessivos governos têm vindo a desequilibrar totalmente a balança das relações entre fisco e contribuinte. Vigora o princípio "primeiro pagas, depois reclamas e, se tiveres razão, logo se vê quando te devolvemos o teu dinheiro" e criou-se uma autêntica rede de fiscalização ao estilo imaginado por Orwell há mais de 60 anos, mas não se garantiram os controlos devidos para que a vida dos contribuintes não seja devassada e publicamente exposta. E não estão em causa apenas os rendimentos do contribuinte. Cada vez que damos o NIF num restaurante, alguém (que não sabemos quem) fica a saber se nós preferimos vinho do Douro ou do Alentejo, caldo verde ou caviar. Com este Estado descontrolado e irresponsável, parece evidente que, mais tarde ou mais cedo, a factura da sorte, poderá tornar-se, para muitos, a factura do azar. A Justiça é outro exemplo de um Estado descontrolado com cada vez mais poder de fogo sobre os cidadãos. Abusa-se das escutas, mas não se garante que elas não venham parar às redacções de um qualquer tablóide; dá-se poder a juízes, procuradores e polícias, mas não se responsabiliza os que através de cobardes e manipuladas violações do segredo de Justiça condenam previamente cidadãos na praça pública, sem qualquer defesa possível e condicionando, a partir daí e para sempre, todo o processo judicial, com gravíssimo prejuízo para a realização de uma autêntica Justiça democrática e favorecendo uma Justiça corporativa, que começa a ser tendência dominante. (…)»
2 comentários :
Este blog a cada dia me surpreende sempre pela grande qualidade dos textos que aqui oferece! Bem hajam e um grande obrigada! Ainda bem que existem por que a comunicação social portuguesa está cada vez mais intragável, tirando algumas belíssimas excepções. Jornalistas como Fernanda Câncio (e uma meia dúzia mais)cada vez são mais raros. É uma pena porque o seu trabalho é magnífico! Já joéis netos e a outra catrefada toda de ditos "jornalistas" do dn, esfomeados por ir ao pote e agora fartamente alimentados pelo psd, são perfeitamente dispensáveis e até é um favor (e um benefício à saúde pública!)que fazem a Portugal se deixarem de escrever na comunicação social. M.
Cuidado com a selecção dos jornalistas, porque nem sempre o que parece é. Esse elogio despropositado a Fernanda Câncio, está um pouco emaranhado com a defesa, do indefensável José Sócrates. Há mil e uma maneiras de ir ao pote. Atacar este Governo, que é irresponsável e medíocre é fácil, mas não desculpas toda a mísera situação que vem de governos anteriores.
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