Fred Mandell (2001)
É injusto sustentar que o José andava por aí com o exclusivo propósito de defender o Ministério Público (e Souto Moura). Ele também escrevia, por exemplo, sobre música anglo-americana (às vezes, excessivamente colado ao mainstream).
O José fez, desde o início, uma marcação cerrada ao CC — e a verdade é que houve momentos em que nem a lei (v.g., a tributação do subsídio de habitação compensação) nem a realidade (v.g., as remunerações dos magistrados) o atrapalhavam, quando estava em causa a defesa de “direitos adquiridos”. Vim a descobrir mais tarde que o José patrulhava todos os blogues em que pudesse, ainda que remotamente, ser feita uma alusão ao Ministério Público (ou aos “direitos adquiridos”).
Apesar de, a certa altura, ter passado à clandestinidade nos seus raids às caixas de comentários do CC, o José deixava muitas vezes (propositadamente) uma indicação para que eu pudesse sinalizar a sua passagem. Nunca atribuí excessiva importância a determinados tiques de que dava mostras — é um defeito de fabrico da magistratura do Ministério Público.
O José é uma pessoa decente — independentemente de, há dias, lhe ter passado pelo cocuruto a ideia de me dar “uma resposta pública à altura” [20 chibatadas no coreto?], em lugar de me encostar à parede com “um processo crime”.
Hoje, o José anunciou, com acrimónia, que suspende a sua participação na blogosfera (para “um retiro de reflexão”), manifestamente em consequência de ter sido indigitado para a procuradoria-geral da República uma figura que, tudo o indica, não estará na disposição de ser refém de lógicas de grupo no seio do Ministério Público.
Mas nem tudo se perde com esta precipitada decisão do José: para o ano, as pendências serão, com toda a probabilidade, menores. E cá estarei para lhe dar os parabéns.
Com um abraço amigo, aqui fica uma música de Neil Young (tantas vezes elogiado pelo José):
Helpless
12 comentários :
Quem é o José?
Cara Maria:
Se o José não quer revelar a sua identidade, que, aliás, é uma questão irrelevante, não será neste blogue que isso acontecerá.
Peço-lhe que respeite a vontade do José – e a minha.
Caro José:
Não percebi a sua reacção. Deve estar lembrado que já uma vez, logo que criei este blogue, colocaram a sua alegada identificação numa das caixas de comentários e que, então, não sabendo ainda como eliminar comentários, fechei as referidas caixas até aprender o truque da censura.
Acho que, às vezes, é demasiado impulsivo. Não leve a mal esta sugestão: respire fundo antes de agir.
Talvez um dia – quando o Estado de direito estiver normalizado – possamos conversar sobre música.
Um abraço
Caro Abrantes:
Todos temos os nossos calcanhares, herdados de Aquiles.
O seu, aqui no blog, já sei qual é.
E você sabe que eu sei.
Ao contrário do que disse, não vou usar do direito de reciprocidade e revelar a sua identidade.
Num blog, como este que gosto de ler de vez em quando e que reconheço ter algum valor, sempre que foge às obsessões habituais, costuma ser brilhante.
Nâo se deslustre por isso com referências personalizadas, em tom sarcástico evitável e algumas vezes ofensivo. Foi o caso do postais ad hominem para o Cluny ( pessoa que conheço mas com quem falei brevemente,apenas uma vez, num local público e para lhe dizer que discordava da greve).
Portanto, diga mal, se lhe apetecer, mas com alguma classe, já agora.
E já sei que não vale a pena pedir para dizer mal de tudo o que está mal, porque V. está do lado dos situacionistas e dos que governam actualmente.
No fundo, sectarizou-se. Diminuiu-se portanto.
Seja. Continue.
Cumprimentos.
Categoria pessoal - falta ao Abrantes e sobra ao Jose.
Caro Miguel:
Só se minimiza e se diminui quando ataca pessoalmente e fulaniza a sua cruzada. Será que não vê que assim se percebe o seu jogo e o jogo de quem está acima de si e fragiliza o blog e o deus ex machina dele?
Caro José:
Vou ser breve, até porque não tenho o direito de interromper o seu “retiro de reflexão”:
1. Não entendi a alusão ao “direito de reciprocidade”, porque eu não revelei absolutamente nada acerca de si. Pelo contrário, apaguei, por duas vezes, supostos elementos sobre a sua identidade.
2. A alusão ao “situacionismo” não me parece aplicável a quem procura, dentro das suas limitadas capacidades e meios, denunciar “regalias” e “privilégios” de corpos profissionais que se enquistaram no aparelho do Estado.
3. A ideologia tem horror ao vácuo. Não me estou a referir a si, mas ao SMMP. É preciso arranjar causas nobres atrás das quais se escondem interesses mesquinhos. Os magistrados do MP estão a ser levados para um beco sem saída - e olhe que há magistrados que têm a mesma opinião do que eu.
4. Aceito uma crítica: o blogue está demasiado centrado na justiça. Sozinho é difícil ir a todas… mas esse salto vai ter de acontecer.
Cumprimentos
Kamizake (L.P.)
É um privilégio para o CC, e útil para os seus leitores, que tenha passado a pôr a assinatura nos comentários.
Cumprimentos
tiro ao lado, Abrantes...
parabens miguel, da-lhes com rigor e elevação.
kavako
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