domingo, abril 27, 2008

O dia em que a elite cooptou o ex-secretário-geral Arnault




Voltando à crónica de sexta-feira de Pulido Valente:
    «O que divide o PSD não é o programa ou a ideologia, em sentido estrito, mesmo porque o programa e a ideologia contam pouco num movimento populista. O que divide o PSD é uma questão política, a questão nua e crua do poder: quem manda ou não manda no partido. Mandam os "notáveis", como Ferreira Leite, que no seu tempo Cavaco recrutou, e a "classe média respeitável" da universidade e do "sector privado"? Ou manda o pessoal das câmaras, das distritais, das concelhias, das secções? Manda Arnaut ou Ribau? Morais Sarmento ou Marco António Costa? A resposta determina a divisão do bolo. A guerra é pelo bolo — pelo subsídio e pelo negócio, por lugares no Parlamento, na "Europa", no funcionalismo — e não desaparece pondo à frente do PSD um ícone de uma era de ouro remota e acabada.»

3 comentários :

Anónimo disse...

Isso agora n�o interessa nada!

Anónimo disse...

É TUDO MAIS DO menos.
Todos juntos não valem uma mão do Socrates.

Anónimo disse...

Se Sócrates tivesse reduzido a democracia com o objectivo de condicionar a acção da oposição como esta o acusa, não teria o sucesso que alcançou graças à desorientação da oposição.

O PSD foi o que se viu, a crise começou com a partida de Durão Barroso, primeiro foi a escolha de Santana Lopes cujo resultado foi uma derrota nas legislativas, depois veio o pântano de um Marques Mendes que nunca chegou a saber como actuar enquanto oposição, de seguida veio o “prec” de Luís Filipe Menezes, agora estamos perante um bordel espanhol com paredes de vidro. Ainda estamos a mais de um ano do termo da legislatura e o PSD já teve três líderes, realizou duas eleições directas e organizou um congresso, falta agora mais um congresso de consagração do próximo líder, mais umas sessões de peixeirada.

No CDS o espectáculo não é menos triste, Portas partiu e Ribeiro e Castro ficou, Portas voltou e Ribeiro e Castro partiu. Desde então Portas arrasta-se tentando desesperadamente disfarçar o seu falhanço político com pequenas sessões de pancada política com o ministro da Agricultura ou propondo alterações no Código Penal em função dos noticiários. É um Portas sem projecto político, vazio e sem futuro político que luta pela sua sobrevivência.

O PCP tem vivido alguma acalmia graças à arte de Jerónimo de Sousa que deixou para o Avante o discurso da ortodoxia extrema, apresentando-se em público como um vendedor de sonhos, em público fala como um defensor incondicional da democracia, em privado manda os militantes para a porta do PS para chamarem fascista a Sócrates. Mesmo assim não se escapou às críticas por ter estabelecido um limite de idade inferior à sua para os cargos dirigentes da CGTP, promovendo desta forma ao saneamento de parte da cúpula da central sindical. Brevemente vai ter um congresso de onde nada transpirará para o exterior, mas não se escapará ao debate promovido pelos renovadores a partir do exterior.

Tem-se escapado o BE ainda que com menor fulgor de outros tempos e obrigado a dividir a atenção entre a oposição ao governo e a batalha surda que trava com o PCP para liderar o eleitorado à esquerda do PS. Depois de uma fase de algum apagamento, Louçã tem vindo a reaparecer, reafirmando-se como um político astuto e mais transparente nos valores e objectivos políticos do que Jerónimo de Sousa.

Se não fossem os professores, as asneiras dos ministros das Obras Públicas e da Economia, a condução de algumas reformas com o pressuposto de que os funcionários do Estado são inimigos do país, os disparates de figuras menores como a directora da DREN ou o inspector-geral da ASAE, e o José Manuel Fernandes do Público o governo teria tido uma legislatura mais descansada, com menos oposição interna do que Kim Jong-Il.