segunda-feira, maio 19, 2008

O Paradoxo do Ornitorrinco [5]





Todos se recordarão das preocupações de Pacheco Pereira com o dinheiro gasto nas directas entre Menezes e Marques Mendes. Todos ficámos com uma leve impressão de que Mendes tivera de se socorrer dos mealheiros dos filhotes para financiar a sua campanha, enquanto Menezes esbanjara os euros que brotavam como cogumelos das férteis terras de Vila Nova de Gaia.

Então, Pacheco Pereira insistiu muito, e bem, que fossem apresentadas contas das despesas efectuadas, não obstante a lei não o exigir relativamente às campanhas internas dos partidos.

Estranhamente, o mesmo Pacheco nem uma palavra diz agora sobre o assunto. Sabe-se que Passos Coelho constituiu uma empresa para gerir os fundos doados à sua campanha. Desconfia-se que Santana já não é um bom investimento: “Temos estado a gastar do nosso bolso. Alugamos a sede a um fundo imobiliário por 1500 euros.” E, apesar do secretismo que envolve a candidatura de Manuela Ferreira Leite, tomámos conhecimento, através do Público, que o habitual folclore dos cartazes deu lugar a uma campanha bem mais profissionalizada: “Manuela Ferreira Leite (…) dispõe de um call center a partir do qual são feitos telefonemas pessoais aos militantes, em nome da candidata, convidando para acções de campanha e apelando ao pagamento de quotas.”

Estas coisas custam dinheiro. Muito, suponho. Não quer Pacheco Pereira, que tanto bateu nesta tecla no passado, continuar a defender o compromisso com Portugal de os candidatos deverem apresentar as contas das suas campanhas?

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