sexta-feira, setembro 25, 2009

Leituras [1]

• Daniel Amaral, A escolha:
    Quando um jogo não ata nem desata, o resultado fica à mercê de detalhes: um lance infeliz, um golpe de génio, um ‘penalty' que o árbitro inventou. Ao longo desta campanha, retive duas imagens antagónicas. De um lado, Sócrates: o ar sereno de quem tem um projecto e acredita nele - investir, desenvolver, fazer o país avançar. Do outro, Manuela: a voz crispada de quem não sabe o que quer mas quer o oposto - travar, desistir, parar tudo.

    Avançar ou parar: um detalhe. A chave do jogo?
• Ferreira Fernandes, Cuspir no voto que pedem:
    Repito: gostava de ouvir Francisco Louçã dizer já não ser revolucionário e que acredita que eleger deputados para a Assembleia da República (esta mesma, a democracia representativa) é a melhor forma de governar (já sabemos, eu, Churchill e mais uns quantos, que má, mas a melhor). Sim, Louçã? Alguns portugueses precisam, com urgência (até domingo), que Louçã tire isso a limpo. Digo alguns porque eu, não. Não preciso, ouvi o cabeça de lista do Bloco de Esquerda por Castelo Branco, onde o BE pode eleger um deputado, dizer que "a democracia representativa está falida". Então, está a candidatar-se a quê?
• Magalhães e Silva, Muito Bom?:
    Mas quando li a transcrição das famosas escutas telefónicas com que se pretendia prender Paulo Pedroso, comentei, de imediato, que a Assembleia, em vez de clamar à cabala, devia ter dito ao Juiz: "Pode constituir arguido o Senhor Deputado. Mas com estes fundamentos, não prende. E se houver o menor rumor de que a AR quis impedir a prisão, fica a saber que, em defesa do prevalente prestígio desta Casa, daremos nota ao País dos fundamentos com que V. Exª queria prender."

    Não foi assim. Mas ninguém se admirará que enquanto a prisão de Paulo Pedroso for considerada erro grosseiro Rui Teixeira não possa ter Muito Bom.
• Pedro Adão e Silva, É da natureza dele:
    Naturalmente que ninguém esperaria que se chegasse tão longe, ao ponto de, aparentemente, se ter tentado, com a conivência ou não de Cavaco, não se sabe, um 'putsch' por meios mediáticos.

    A meio da semana, quando o que restava era compensar os danos colaterais da demissão de Fernando Lima, Pacheco Pereira apelou a que Cavaco dissesse tudo o que tinha a dizer sobre o tema. Fazia sentido: era a única saída viável para a posição em que o PSD se colocou ao focar a campanha na verdade, quando o que preocupa os portugueses são as questões económicas e sociais.

    O apelo, contudo, embateu num obstáculo. Cavaco Silva, com o seu característico realismo, já estava a pensar em segunda-feira. Deixou cair Fernando Lima, como havia deixado cair Fernando Nogueira e, pelo meio, foi Ferreira Leite que ficou sem discurso e sem campanha.

3 comentários :

Anónimo disse...

Sei de um juiz que é exímio a despachar "d.s" data supra, ou, mais rápido do que a sombra..

Consta que enquanto esteve em crime, tinha um record de sentenças anuladas - falta de senso e falta de rigor técnico.

Mas parece que lá os colegas que o se deixam impressionar...

Consta que há anos havia um juiz que, assim que mudava de comarca, despejava os processos todos no Tribunal Constitucional... e lá continuava sossegado até... mudar de comarca outra vez... Parece que às tantas foi apanhado e recebia de volta do TC os processo também à velocidade da luz... já havia jurisprudência...

Também consta que outro juiz assim que chegava ao novo posto tinha uns truques. Via o que é que havia contra o Estado... contra-ordenações normalmente, e despacho logo (alguns com julgamento marcado e tudo) contra... o Estado e com fundamento em... falta de fundamentação (ainda que fossem dos actos mais fundamentados). A lógica era a seguinte: se é contra o particular... ele recorre, como já recorreu e a história não acaba. Se for contra o Estado o processo só continua se o meu colega da sala ao lado (MP) recorrer... Mas ele tem tanto trabalho!

Anónimo disse...

Mistério da avaliação dos juizes!

Anónimo disse...

Toda a actividade dos órgãos de soberania é amplamente escrutinada por todos.

Porque é que os juizes e a sua avaliação e critérios são objecto do maior secretismo?